SÃO PAULO - BRASIL

“O Senhor fez em mim maravilhas.” (Lc 1,49)

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"O Senhor fez em mim maravilhas." (Lc 1,49)

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Artigos Direito e Família Cristã

Ser Igreja Católica: Orgulho e Responsabilidade

O tema que assume o papel de “espinha dorsal” desta edição de nossa Folha Diocesana – Pão em todas as mesas – que foi também o tema do 18º Congresso Eucarístico Nacional propõe-nos que, a partir da força da Eucaristia, sejamos Igreja em missionária, em socorro dos mais necessitados do alimento material e espiritual, a fim de que, repartindo o pão com alegria, não haja necessitado entre nós.

Em primeiro lugar, nesse campo, lembramos que a alimentação é um direito social que, a partir da Emenda Constitucional nº 64, de 2010, passou a ser previsto expressamente no artigo 6º da Constituição Federal, que deve ser garantido primordialmente pelo Estado. Assim sendo, para efetivação desse direito, temos o dever moral de contribuirmos com o Poder Público por meio do correto recolhimento dos impostos que por nós são devidos, bem como elegendo bons administradores públicos.

Em segundo lugar, temos que ter em mente que a ação social, a despeito do que dissemos, não é monopólio do Estado, ao contrário, é mandato de Jesus dirigido a todos cristãos: “…porque tive fome, e destes-me de comer, tive sede e destes-me de beber…em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes pequeninos irmãos, a mim o fizestes” (Mt. 25, 35-40).

A Igreja Católica, apesar das suas diversas crises ao longo dos séculos, tem sido fiel a este mandamento. Exigiria diversos volumes trazer uma lista completa das obras de caridades católicas promovidas ao longo da história por pessoas, paróquias, dioceses, mosteiros, missionários, frades, freiras e organizações leigas. Em verdade, a caridade católica não tem paralelo com nenhuma outra, em quantidade e variedade de boas obras, nem no alívio prestado ao sofrimento e misérias humanos.

Como devemos nos orgulhar em sermos membros da mais antiga instituição da humanidade, que, contendo 1,2 bilhões de fiéis, é a maior instituição de caridade do planeta. Segundo os dados do último “Anuário Estatístico da Igreja”, publicado pela Agência Fides por ocasião da Jornada Missionária, a Igreja Administra 115.352 Institutos de assistência social e beneficência em todo o mundo.

Nesse ponto, sobretudo, cumpre dizer que a caridade, tal como conhecemos hoje, foi inventada pela Igreja Católica. Isso porque antigamente a maior parte dos gestos de caridade envolvia um interesse próprio, consistente em algum tipo de troca, ainda que a contrapartida ao doador consistisse em atrair as atenções a sua grande liberalidade. Servir de coração alegre os necessitados e ampará-los sem nenhuma expectativa de recompensa ou reciprocidade compõe um espírito de generosidade próprio dos cristãos, prestados mesmo àqueles que não pertenciam à comunidade dos fiéis.

Em terceiro e último lugar, saibamos: Deus nos convida a avançar! O Evangelho correspondente ao dia de hoje, no qual escrevo este artigo, é inquietante. Nos lembra de que devemos fazer todo o esforço para entrar pela porta estreita. Jesus acrescenta que muitos tentarão por ela entrar e não conseguirão (Lc. 13, 22-30). A Palavra, como uma manifestação do Amor que quer salvar, é dura. Frise-se: muitos daqueles que se esforçam, esclarece o Mestre, não entrarão. Estes talvez sejamos nós.

Por isso, nos esforcemos ainda mais. Para fazer de nossa família a primeira comunidade de comunhão, amor e partilha, tornando-a uma autêntica e apaixonante escolha de amor para o mundo. E para fazer crescer em nós o amor a Deus, e, em consequência, a todos os nossos irmãos e irmãs mais necessitados. Que estes, por uma generosidade ainda mais alargada de nosso coração, possam encontrar o pão em suas mesas.

 

Marcos Antônio Favaro – Procurador Jurídico, Pós-Graduado
em Teologia, Mestre em Direito na PUC-SP

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Artigos Falando da Vida

Fome e Saúde mental

Que possamos, de fato, ter Pão em todas as mesas.

Estamos em novembro e a esta altura já conhecemos quem vai governar o Brasil nos próximos quatro anos. Não importa quem seja o vencedor, o nosso pais vai perder muito se não resolver o problema crucial que, segundo a ONU, atinge 28,8% da população brasileira, a fome. Esse quadro piorou muito desde 2020; hoje são 33 milhões de pessoas que convivem com escassez de alimentos no território nacional. Para um país que é considerado o celeiro do mundo, essa estatística assume um caráter de escândalo que precisa ser enfrentado de todas as maneiras independentemente de ideologia política.

As consequências da fome vão muito além de um prato vazio na mesa. Ela representa uma escalada de problemas que começa na gestação e atinge de forma irreversível o período mais importante do desenvolvimento humano que é a infância. Uma criança que não se alimenta adequadamente, tem baixo rendimento escolar e a sua trajetória ficará comprometida até a vida adulta. É triste consultar o mapa da fome e constatar que ela tem cor, sexo e endereço, pois atinge em maior número, pessoas pretas, mulheres que vivem na região Norte e Nordeste, que não conseguem alimentar seus filhos dignamente.

A relação entre fome e saúde mental, pode ser melhor compreendida, a partir do conhecimento sobre como os traumas vividos na infância podem impactar o indivíduo na vida adulta. É sabido que o inconsciente armazena informações especialmente aquelas que são carregadas de grande carga emocional. Essas experiências traumáticas são combinadas com eventos futuros desencadeando assim, sofrimento psicológico sob a forma de transtornos que vão desde a depressão até problemas mais sérios como distúrbios psiquiátricos. Pois bem, a experiência da fome é uma forma nefasta de violência e gera um trauma que não será apagado posteriormente do inconsciente, mesmo com o excesso de comida.

A fome tem solução e o principal responsável é o Estado que tem a obrigação de desenvolver políticas públicas que amenizem a desigualdade social. Não tem sentido ver poucos com tanto e tantos com pouco ou quase nada. Mas a responsabilidade é de toda a sociedade, não podemos cruzar os braços enquanto cidadãos, sobretudo cristãos. Como seria bom se cada um de nós tivéssemos o dom da Empatia e Compaixão assim como tem o Padre Júlio Lancelotti. Poderíamos ver refletida no outro, a nossa própria humanidade e ao invés de temer, fugir e condenar, fôssemos capazes de abraçar e alimentar aquele que tem fome não só de pão, mas de amor e fraternidade.

 

Romildo R. Almeida – Psicólogo clínico

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Artigos Bíblia

Israel do Tribalismo à Monarquia

Com o declínio da dominação egípcia sobre a Palestina, no século XIII a.C., o sistema de tribos se afirmou até o século XI, quando então Israel passou da experiência tribal para a experiência com a monarquia.

Foi um processo lento e não tão simples como se pareça ser. De fato, entre as tribos de Israel já havia um certo desejo de imitar a monarquia dos reis cananeus (veja o desejo dos israelitas de elegerem Gedão como seu rei em Jz 8, 22 – 23, assim como o desejo de Abimelec de se fazer rei, como em Jz 9). Entretanto, podemos perceber que a monarquia não era benquista pelos setores tribais representados por Samuel (veja 1 Sm 8), que colocavam muitos pontos contra tal sistema de governo.

Por algum tempo, Israel, vivendo no sistema tribalista, apresentava essas características:

– o poder era descentralizado: tudo era decidido em Assembleias, como a Assembleia de Siquém (conforme Js 24)

– toda a produção era colocada em comum para todos num clã;

– observação estrita e rigorosa da Aliança desde a época de Moisés;

– o comando militar era realizado através de líderes carismáticos (juízes) que ocasionalmente se armavam, reuniam suas tropas e iam a combate;

– havia certa entreajuda entre as tribos, que ora se uniam contra um inimigo comum, ora se uniam para tomar decisões entre si.

Na época do tribalismo Israel teve a grande vantagem de encontrar os reis cananeus, vassalos do faraó, desprotegidos devido à crise interna do Egito, que não conseguia enviar tropas à Canaã para sufocar rebeliões dos chamados hapirus. Estes vinham das montanhas e combatiam os reis cananeus, mesmo nas planícies (Jz 4 – 5).

O uso do ferro aprendido com os quenitas e a caiação de poços trouxeram muitas vantagens para Israel se firmar e conquistar cidades cananeias.

Porém, alguns problemas surgiram no horizonte do Israel tribal:

         – invasões frequentes de filisteus e madianitas, que traziam tecnologias de guerra (os madianitas, o camelo e os filisteus o largo uso do ferro e a disciplina militar);

– Reis Cananeus que realizavam coalizões contra Israel: de fatos, ao lado dos reis cananeus que se uniam contra Israel ;

– Sincretismo, desvios e crise da fé e Idolatria: a religião dos cananeus era muito tentadora para os israelitas; muitos se desviaram facilmente da fé no Deus da Aliança (Jz 2, 11 – 15);

– Falta de unidade e coesão entre tribos/clãs: vemos este flagrante no Cântico de Débora (Jz 5); enquanto algumas tribos combatiam, outras tribos cada qual cuidava de seus problemas particulares;

– exército esporádico mostrava uma frágil defesa da terra, das famílias e do povo, enquanto os inimigos como os filisteus possuíam um exército bem organizado e disciplinado para combater contra Israel (1Sm 4), ao ponto de terem conseguido até mesmo capturar a Arca da Aliança e matar os filhos de Eli, Hofni e Fineias;

– relaxamento na vida de fé dos levitas e na vida familiar: imperava uma certa anomia, mesmo dentro das famílias e entre as tribos (Jz 19, 1 – 10)

– conflitos entre as tribos: a tribo de Benjamim, por exemplo, chegou a ser exterminada pelas outras tribos (Jz 20, 29 – 48).

         Esses problemas enfrentados pelas tribos de Israel irão provocar numa parte do povo o desejo de se constituir a Monarquia, ao modo dos reis cananeus com quem as tribos tiveram contato bélico ou cultural.

Mesmo contra seus princípios, Samuel, último juiz, acaba sendo intimado por Deus para ungir Saul como chefe (nagid) em Israel, dando assim todo o teor monárquico à figura de Saul, tornando-o o principal entre os israelitas.

Essa transição, como dissemos acima, não foi rápida, mas, com o tempo se tornaria irreversível, apesar dos esforços das lideranças do povo de Israel em manter certos valores da experiência tribal.

 

Pe. Éder Aparecido Monteiro – Vigário Paroquial – Paróquia Sta. Cruz Pres. Dutra

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Artigos Movimentos Diocesanos

Escola da Palavra – Forania Rosário

O estudo da Palavra de Deus é uma das prioridades da Diocese de Guarulhos.

A Escola da Palavra é um trabalho realizado nas foranias que visam atender essa prioridade, aproximando o povo de Deus da Sua Palavra.

Na Forania Rosário esse trabalho se iniciou em 2017 com o estudo da Primeira Carta aos Tessalonicenses. Nesse início de trabalho, contamos com o apoio e incentivo da equipe de assessores da Forania Aparecida e com ela caminhamos até o ano de 2021.

Em 2022, passamos a caminhar com autonomia no intuito de fazer a forania assumir identidade própria e preparar novos agentes para realização deste trabalho.

A equipe da Escola da Palavra é formada por cristãs leigas que se dedicam ao estudo da Palavra, fazendo cursos diversos e participando de formações específicas para depois,  partilhar com os grupos os estudos do livro escolhido pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispo do Brasil), para o mês da Bíblia.

Este ano o livro estudado foi Josué, que nos apresenta a questão da partilha da Terra como dom e herança de Deus para todos.

Os encontros duram em média 2 meses e acontecem 1 vez por semana. Anualmente, convidamos um estudioso da Bíblia ou um teólogo para a aula inaugural e fechamos os encontros com a missa de encerramento.

Os participantes são incentivados a aprofundar o texto, que para ser compreendido necessita que conheçamos quando, por quê, onde, como, pra quem e por quem foi escrito. Conhecer o contexto é essencial para entender o texto, afinal, texto sem contexto é pretexto.

Nos encontros, a equipe apresenta o texto bíblico, faz uma breve contextualização e convida os participantes a conversarem e refletirem em grupos sobre as ideias principais apresentadas no texto. Concluída essa fase, eles são convidados a trazer o texto para nossa realidade e a fazer um compromisso com a Palavra refletida.

Tudo isso é feito sem que esqueçamos de rezar para dar início ao encontro e pedir a luz do Espírito Santo e encerrá-lo louvando e agradecendo a Deus pelos momentos tão importantes de encontro comunitário, de escuta e partilha da Palavra de Deus.

Equipe da Escola da Palavra da Forania
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Artigos Liturgia

O preceito dominical (Parte II)

Por que ir à Missa aos domingos?

“Não é suficiente responder que é um preceito da Igreja; isto ajuda a preservar o seu valor, mas sozinho não basta. Nós, cristãos, temos necessidade de participar na Missa dominical, porque só com a graça de Jesus, com a sua presença viva em nós e entre nós, podemos pôr em prática o seu mandamento, e assim ser suas testemunhas credíveis” (Papa Francisco).

A Santa Missa, aos domingos, fundamenta e confirma toda a prática cristã. Por isso, temos a obrigação de participar da Santa Missa nos dias de preceito, especialmente no domingo, a menos que estejamos justificados por algum motivo sério como, por exemplo, doença, ou sejamos dispensados pelo nosso pároco. Se deliberadamente faltamos a essa obrigação, cometemos um pecado grave.

A participação na celebração comum da Eucaristia dominical é um testemunho de pertença e fidelidade a Cristo e à sua Igreja. Ao participarmos da Missa dominical, atestamos a nossa comunhão na fé e na caridade; damos testemunho da santidade de Deus e da nossa esperança na salvação; e reconfortamo-nos mutuamente, sob a ação do Espírito Santo.

Nos domingos temos a plenitude da missa pois na Eucaristia, realiza-se a plenitude de culto que a humanidade deve a Deus, incomparável com qualquer outra experiência religiosa. Uma expressão particularmente eficaz dessa plenitude verifica-se precisamente quando, no domingo, toda a comunidade congrega-se, em obediência à voz do Ressuscitado.

Ele a convoca para lhe dar a luz da sua Palavra e o alimento do seu Corpo, como fonte sacramental perene de redenção. A graça, que emana dessa fonte, renova a nossa vida, a nossa história. Como nos ensina o Papa: “sem Cristo estamos condenados a ser dominados pelo cansaço do dia a dia, com as suas preocupações, e pelo medo do amanhã. O encontro dominical com o Senhor dá-nos a força para viver o presente com confiança e coragem, e para progredir com esperança. Por isso nós, cristãos, vamos encontrar-nos com o Senhor aos domingos, na celebração eucarística”.

O Espírito Santo está presente, ininterruptamente, em cada dia da Igreja. Entretanto, na assembleia dominical reunida para a celebração semanal da Páscoa, a Igreja Católica coloca-se especialmente à escuta d’Ele e com Ele tende para nosso Senhor Jesus Cristo, no desejo ardente do Seu regresso glorioso: “O Espírito e a Esposa dizem: ‘Vem!’” (Ap 22, 17).

Nós, cristãos, vamos à Missa aos domingos para encontrar o Senhor Ressuscitado, ou melhor, para nos deixarmos encontrar por Ele, ouvir a sua palavra, alimentar-nos à sua mesa e assim tornar-nos Igreja, isto é, seu Corpo místico vivo no mundo.

 

Padre Fernando – Comissão Diocesana de Liturgia

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Artigos Vida Presbiteral

O Episcopado: fazer presente a Igreja de Jesus – VII

Progredimos em nossa jornada na explicitação da vocação ao ministério ordenado e em seus graus. Nas últimas matérias falamos sobre o grau do diaconado e presbiterado. Agora é a vez do último grau do sacramento da ordem. Em nossas catequeses, quando falamos sobre este sacramento, as pessoas nem imaginam sua importância e abrangência. A Igreja, zelosa em nos fazer conhecer a verdade manifestada por Cristo, apresenta o sacramento da ordem. Vejamos mais uma vez o que diz o catecismo: “a Ordem é o sacramento graças ao qual a missão confiada por Cristo aos Apóstolos continua a ser exercida na Igreja, até ao fim dos tempos: é, portanto, o sacramento do ministério apostólico. E compreende três graus: o episcopado, o presbiterado e o diaconado”.

Mas quem é o bispo? Recorramos à língua latina e grega. A palavra bispo em latim é escrita “episcopus” e em grego “Episkopien”, atribuída aos apóstolos e a seus sucessores. Tomemos cuidado com os muitos que, por aí, se dizem bispos e bispas. Saibamos discernir e compreender a fé que professamos. Na Igreja de Cristo, a Igreja Católica, os bispos são escolhidos após criteriosa consulta e sagrados para o exercício deste ministério tão excelso. Não se autoproclamam. Recebem de Deus este encargo.

A função do bispo é o cuidado com o rebanho de Cristo e o fazer presente a Igreja de Cristo. O grande doutor Agostinho de Hipona já nos disse: “Onde está o bispo, aí está a Igreja”. É grande a tarefa e árdua ao mesmo tempo, o exercício de fazer presente a Igreja de Cristo. O múnus laborioso precisa ser acompanhado com nossas preces e súplicas. Não esqueçamos de rezar por nosso bispo.

Como sucessor dos apóstolos, o bispo deve zelar, com solicitude pastoral, pelo rebanho que lhe foi confiado. Dom Pedro Carlos Cipolini, Diocese de Santo André, em artigo no site da CNBB, respondendo à pergunta quais as tarefas e ofícios dos bispos, diz: “É o próprio Jesus Cristo que age na Igreja através de seus ministros. Para isso os bispos recebem a efusão dos dons do Espírito Santo, mediante a imposição das mãos (desde os tempos apostólicos) na ordenação episcopal (cf. At 1,8; Jo 20,22-23; 2Tm 1, 6-7). O bispo recebe a plenitude do sacramento da Ordem para ser ministro de Cristo e dispensador dos mistérios de Deus e garantia da unidade de sua Igreja (cf. 1Cor 4,1); dar testemunho do Evangelho pela pregação (cf. Rm 15,16), administrar a justiça e o Espírito (cf. 2Cor 3,8-9). A sagração episcopal confere ao bispo a tarefa de santificar, ensinar e governar a Igreja que lhe é confiada. O Concílio Vaticano II assim se expressa: “Os Bispos, pois com seus auxiliares, os presbíteros e diáconos, receberam o encargo de servir a comunidade, presidindo no lugar de Deus ao rebanho do qual são pastores, como mestres da doutrina, sacerdotes do culto sagrado e ministros do governo (LG n. 20).”

É, pois, um sacramento conferido àquele que foi eleito por Deus e nomeado para tal ministério. Ministério que, como vimos, é responsável pelo múnus de santificar, governar e ensinar. O decreto Christus Dominus de São Paulo VI, sobre o múnus pastoral dos bispos na Igreja, define com clareza o tríplice múnus:

Sobre o múnus de Ensinar: “No exercício do seu múnus de ensinar, anunciem o Evangelho de Cristo aos homens, que é um dos principais deveres dos Bispos, (2) chamando-os à fé com a fortaleza do Espírito ou confirmando-os na fé viva. Proponham-lhes, na sua integridade, o mistério de Cristo, isto é, aquelas verdades que não se podem ignorar sem ignorar o mesmo Cristo. E ensinem-lhes o caminho que Deus revelou para ser glorificado pelos homens e estes conseguirem a bem-aventurança eterna (3).

Mostrem, além disso, que as coisas terrestres e as instituições humanas no plano de Deus Criador se ordenam também para a salvação dos homens e podem, por conseguinte, contribuir não pouco para a edificação do Corpo de Cristo.

Ensinem, por isso, quanto, segundo a doutrina da Igreja, valem a pessoa humana, com a sua liberdade e a própria vida corpórea; a família e a sua unidade e estabilidade, a procriação e a educação dos filhos; a sociedade civil, com as suas leis e profissões; o trabalho e o descanso, as artes e a técnica; a pobreza e a riqueza. Exponham, por fim, os princípios com que se hão de resolver os problemas gravíssimos da posse, do aumento e da justa distribuição dos bens materiais, da paz e da guerra, e da convivência fraterna de todos os povos (4)”.

Sobre o múnus de Santificar: “No exercício do seu múnus de santificar, lembrem-se os Bispos que foram escolhidos dentre os homens e constituídos a favor dos homens nas coisas que se referem a Deus, para oferecerem dons e sacrifícios pelos pecados. Na verdade, os Bispos têm a plenitude do sacramento da Ordem, e deles dependem, no exercício do seu poder, quer os presbíteros — que são consagrados verdadeiros sacerdotes do Novo Testamento para serem cooperadores providentes da ordem episcopal — quer os diáconos, ordenados para servir o Povo de Deus em união com o Bispo e com o seu presbitério; os Bispos são, portanto, os principais dispensadores dos mistérios de Deus, como também ordenadores, promotores e guardas da vida litúrgica na igreja a si confiada (8).

Não se poupem, por isso, a esforços para que os fiéis, por meio da Eucaristia, conheçam e vivam cada vez mais perfeitamente o mistério pascal, de modo a formarem um corpo bem compacto na unidade da caridade de Cristo; (9) «insistindo na oração e no ministério da palavra» (Act. 6, 4) esforcem-se por que todos aqueles que estão entregues aos seus cuidados sejam unânimes na oração (10), e, por meio da recepção dos sacramentos, cresçam na graça e sejam testemunhas fiéis do Senhor.

Como santificadores, procurem os Bispos promover a santidade dos seus clérigos, dos religiosos e dos leigos, segundo a vocação de cada um (11), lembrando-se da obrigação que têm de dar exemplo de santidade pela caridade, humildade e simplicidade de vida. Santifiquem de tal modo as igrejas que lhes estão confiadas, que nelas brilhe plenamente o modo de sentir de toda a Igreja de Cristo. Por isso, promovam o mais possível as vocações sacerdotais e religiosas, e de modo particular, as missionárias”.

Sobre o múnus de Governar:No exercício do seu múnus de pais e pastores, comportem-se os Bispos no meio dos seus como quem serve (12), como bons pastores que conhecem as suas ovelhas e por elas são conhecidos como verdadeiros pais que se distinguem pelo espírito de amor e de solicitude para com todos, de modo que todos se submetam facilmente à sua autoridade recebida de Deus. Reúnam à sua volta a família inteira da sua grei e formem-na de tal modo que todos, conscientes dos seus deveres, vivam e operem em comunhão de caridade.”

Numa sucessão ininterrupta que liga diretamente aos 12 escolhidos por Jesus, os bispos continuam a trazer e fazer presente a Igreja de nosso Senhor Jesus Cristo. A solicitude pastoral do pastor e o zelo por suas ovelhas manifestam o Cristo Bom Pastor que dá a vida por suas ovelhas. Rezemos para que não falte ao rebanho a solicitude do pastor e nem ao pastor a obediência do rebanho.

 

Padre Cristiano Sousa – Representante dos Presbíteros

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Artigos CNBB Enfoque Pastoral

Mensagem da Presidência da CNBB – Conclusão do processo eleitoral 2022

A presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou no dia 31 de outubro, uma mensagem sobre a conclusão das Eleições 2022.  O momento, segundo a mensagem, “convoca-nos, ainda mais, para a reconciliação, essencial ao novo ciclo que se abre”.

A presidência da CNBB aponta o caminho que todos os brasileiros, indistintamente, precisam trilhar: acompanhar, exigir e fiscalizar aqueles que alcançaram êxito nas urnas. “O exercício da cidadania não se esgota com o fim do processo eleitoral”, diz o documento.

Em um trecho da mensagem, a CNBB cumprimenta candidatos eleitos, deputados, senadores, governadores e presidente da República e “parabeniza ainda o Tribunal Superior Eleitoral por sua atuação no zelo de todo o processo democrático”.

“Todos possam caminhar unidos para a construção da política melhor, aquela que está a serviço do bem comum, conforme define o nosso amado Papa Francisco. São os votos da CNBB. É o que suplicamos em preces para o nosso país”.

Conheça a íntegra da mensagem abaixo:

PRESIDÊNCIA DA CNBB: “O EXERCÍCIO DA CIDADANIA NÃO SE ESGOTA COM O FIM DO PROCESSO ELEITORAL”

Saúde e paz!

A conclusão das Eleições 2022 convoca-nos, ainda mais, para a reconciliação, essencial ao novo ciclo que se abre. Agora, todos, indistintamente, precisam acompanhar, exigir e fiscalizar aqueles que alcançaram êxito nas urnas. O exercício da cidadania não se esgota com o fim do processo eleitoral.

A CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – cumprimenta candidatos eleitos, deputados, senadores, governadores e presidente da República. Parabeniza ainda o Tribunal Superior Eleitoral por sua atuação no zelo de todo o processo democrático.

Todos possam caminhar unidos para a construção da política melhor, aquela que está a serviço do bem comum, conforme define o nosso amado Papa Francisco. São os votos da CNBB. É o que suplicamos em preces para o nosso país.

Com a materna intercessão de Nossa Senhora Aparecida – Rainha e Padroeira do Brasil, Deus muito abençoe a sua vida e a sua família.

Fraterno abraço, com apreço.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte (MG)
Presidente da CNBB

Dom Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre (RS)
Primeiro Vice-Presidente da CNBB

Dom Mário Antônio da Silva
Arcebispo de Cuiabá (MT)
Segundo Vice-Presidente da CNBB

Dom Joel Portella Amado
Bispo auxiliar da arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)
Secretário-geral da CNBB

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Artigos Voz do Pastor

Celebrar, Encantar, Avançar

Achei interessante o tema da Assembleia Ordinária do CNLB Sul 1 que acontece neste primeiro final de semana de novembro: “Celebrar, Encantar, Avançar”.

Neste momento em que escrevo, não aconteceram ainda as eleições do 2º. Turno para o nosso País e Estado. Que fique bem claro! Independentemente do resultado das urnas, é preciso “celebrar, encantar, avançar.”

“Celebrar” faz parte de dois pilares das Comunidades Eclesiais Missionárias: Palavra e pão. Celebrar é atualizar em nossas vidas o mistério pascal de Nosso Senhor Jesus Cristo (de modo especialíssimo na Celebração Eucarística). Nunca poderíamos avançar sem celebrar. Pela Palavra e os Sacramentos somos gestados na fé. A nossa fé vence o mundo. Ao mesmo tempo que o “mundo” (mundanismo) precisa ser vencido, precisamos com a nossa fé ser presença no coração do mundo. Estamos a serviço da salvação do mundo. É na missão que a Igreja precisa “avançar” para águas mais profundas (cf. Lc 5,4).

Fica difícil avançar sem se “encantar” ou se “reencantar”.

Em nossa diocese – que bom! – temos tido, em geral, boa participação em nossas celebrações. Infelizmente, a resposta ativa do que é celebrado, tem ficado a desejar na obra da evangelização. Alguns dos nossos agentes de pastoral estão desencantados. Outros estão se confundindo nas polarizações políticas e partidárias. Outros, ainda, abertamente declararam que não estão mais disponíveis para os serviços pastorais que estavam realizando antes da pandemia. Desta forma os pilares da caridade e da missionariedade ficam rachados. A Comunidade Eclesial Missionária não pode assim se sustentar.

Para “encantar”, é necessário primeiramente a conversão pessoal no seguimento de Jesus Cristo. Este seguimento de Jesus só pode ser realizado em comunidade. Foi assim desde os tempos apostólicos. A Igreja é por natureza missionária. O discípulo de Jesus é discípulo missionário. A conversão pessoal verdadeira faz brotar o desejo de anunciar aos outros a obra salvadora de Jesus. Nossas pastorais e movimentos precisam se “reencantar” com o ardor missionário. Temos falado tanto em ser Igreja em saída e agora estamos precisando também ser “Igreja em entrada”. Sem entrada não há saída. Recobremos no Senhor a nossa força missionária!

Nunca irei me cansar de dizer que o anúncio do Evangelho possui uma dimensão sociotransformadora. Aqui está o pilar da caridade, que se concretiza na prática das nossas Pastorais Sociais e Defesa da vida, da concepção até a morte natural. Não é trabalho assistencialista e muito menos uma ONG. É vivência do Evangelho. O resultado das eleições pode ter desanimado a alguns, animado a outros, mas a necessidade de vivenciar os valores do Reino de Deus em nossa sociedade para que possa se tornar mais justa, fraterna e solidária não depende das urnas, depende do testemunho dos discípulos de Jesus. Quem não está “encantado” com o Evangelho pode acabar refém do mundanismo. Quem não está “encantado” com o mistério pascal de Jesus Cristo pode acabar se deixando instrumentalizar e deixar que instrumentalizem a nossa própria fé.

Em novembro temos os encontros sobre a vocação laical. Desejo que os grupos de rua e reflexão possam ir trabalhando com este material colocado aqui na Folha Diocesana. Na solenidade de Cristo Rei será aberto o 3º Ano Vocacional no Brasil. Que possamos redescobrir a nossa vocação cristã e o serviço ao qual o Senhor nos chama para vivenciá-la. Ainda no mês de novembro, antes do início do Advento, teremos a abertura nas foranias da Novena do Natal de 2022, sobre a família. Este é um ótimo momento missionário para as nossas comunidades retomarem a esperança e a alegria do Evangelho.

Sejamos construtores da paz!

 

Dom Edmilson Amador Caetano, O.Cist. – Bispo diocesano

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Educando Crianças

Como elogiar uma criança sem prejudicá-la?

Imagine que o seu chefe fez um elogio dizendo que você é muito inteligente e tem grande potencial para crescer na empresa. Claro que você se sentiria feliz, mas talvez isso aumentaria a sua responsabilidade e afetaria a sua segurança em aceitar novos desafios. Se elogios dirigidos à pessoa afetam a vida de um adulto, imaginem o que fazem na mente de uma criança. O problema não está no ato de elogiar e sim na maneira como ele é feito; como veremos, o correto é elogiar o esforço e não o resultado.

Crianças educadas na presença de adultos, normalmente recebem muitos elogios dentro da família. São tratadas como as mais lindas, mais inteligentes, mais capazes, etc. Quem elogia, faz na boa intenção de aumentar a autoestima incentivando a busca de bons resultados. Mas a Psicologia demonstra que os elogios podem ter efeito contrário gerando comportamentos de insegurança e esquiva. A Psicóloga americana Carol Dweck, da Universidade Stanford, aplicou um teste de inteligência em 400 crianças onde a metade delas recebeu elogio pessoal com a frase: Parabéns, você é muito inteligente e as demais com a frase impessoal: Parabéns pelo seu esforço.

Num segundo teste, aqueles que receberam elogio pessoal apresentaram resultado 20% inferior ao outro grupo. O estudo mostrou que faz muita diferença elogiar o processo ao invés da pessoa. A criança super estimulada positivamente tende a ficar insegura e a evitar novos desafios, pois teme não conseguir repetir as façanhas que renderam elogios anteriores. Faz sentido, pois ninguém quer ter frustrações, sobretudo considerando que vivemos sob a Ditadura da felicidade que prega que temos que estar felizes o tempo todo.

Uma educação que visa o equilíbrio e o bem-estar, precisa levar em conta que a tristeza e o fracasso fazem parte da vida e são importantes no processo de amadurecimento. As experiências negativas, nos ajudam a refletir e aceitar as coisas como elas são e não como gostaríamos que fossem. A melhor maneira de elogiar é focalizar o processo ao invés do resultado. Que tal se no lugar de frases como: Parabéns você é o melhor, disséssemos: Fiquei muito feliz com o seu esforço? Sem dúvida, sairia um peso muito grande dos ombros de quem ouve e uma frase muito mais honesta da boca de quem elogia.

 

Romildo R.Almeida – Psicólogo clínico

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Projeto Roda de Conversa com o Padre – Pastoral do Menor

O “Projeto Roda de Conversa com o Padre” no âmbito das unidades da Fundação CASA* foi retomado com Dom Edmilson no mês de maio. De lá para cá, mensalmente um dos padres da nossa diocese visitou as Casas Guarulhos e Guaiy.

Além da Casa Serra da Cantareira também solicitar o projeto, recebemos relatos da direção das unidades, cujos mencionam que as visitas dos leigos e membros de nossa pastoral é de considerável importância para esse momento de reestruturação psicossocial dos adolescentes, entretanto, nada se compara quando um de nossos sacerdotes, sejam seminaristas, diáconos ou padres visitam os meninos.

A aproximação e o respeito por esta “autoridade” religiosa são de uma espiritualidade indescritível, nos fazendo crer, ainda mais, que o amor tudo pode, tudo vence e tudo supera, assim como S. Paulo nos traz em uma de suas mais belas cartas.

Estiveram na F. Casa recentemente os Padres Alex, Salvador, Fábio Herculano, Bruno Batista, Weber e já confirmada a presença do Padre Rodrigo, além de termos cadastrado como membro ativo o recém ordenado Diácono Jair,                   os prés- diáconos José Célio e Silvio (divinos presentes).

Que Nossa Senhora renove o SIM de todos membros da Pastoral do Menor e abençoe todos os religiosos da nossa diocese que colaboram com esta missão.

Um abraço caloroso a irmã Maria das Virgens que sempre se recorda de nós e usando as palavras do Padre Salvador: “Expresso a minha alegria por esta experiência excepcional de ENCONTRO E DE ESCUTA”. Assim como foi pontuado por ele na benção que nos enviou através de áudio por Wattsapp é importante a presença da MÃE igreja nesses locais, que faz os adolescentes se sentirem confiados e esperançados.

E se você que nos lê, quiser conhecer esse trabalho, fazer parte do grupo em ação e oração faça contato com a Pastoral do Menor.

* A Fundação CASA é uma autarquia do governo do estado de São Paulo que desenvolve programa sócio – educativo para adolescentes privados de liberdade

João Rafael, Heitor Manuel e Luiz Gabriel (colaboradores mirins leigos) com a Irmã Maria das Virgens

 

 

 

 

 

Bruna de Melo Souza TeixeiraPastoral do Menor