SÃO PAULO - BRASIL

“O Senhor fez em mim maravilhas.” (Lc 1,49)

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"O Senhor fez em mim maravilhas." (Lc 1,49)

O SACRAMENTO DA PENITÊNCIA E DA RECONCILIAÇÃO

Um dos destaques da nossa última Assembléia Diocesana foi justamente a valorização do sacramento da Penitência: Priorizar o sacramento da Penitência junto a Pastoral da Escuta.” (n.3 – Pilar do Pão) Tradicionalmente, no tempo quaresmal, aumenta a procura dos fiéis por este sacramento, e mesmo as paróquias promovem os chamados mutirões de confissão, quando vários sacerdotes se dispõem a atender juntos numa determinada comunidade, após uma adequada celebração penitencial. O gesto realça a importante dimensão comunitária da reconciliação.

O Catecismo da Igreja Católica (CIC) traz uma ótima instrução sobre este sacramento. Transcrevemos abaixo alguns trechos.

«Aqueles que se aproximam do sacramento da Penitência obtêm da misericórdia de Deus o perdão da ofensa a Ele feita e, ao mesmo tempo, são reconciliados com a Igreja, que tinham ferido com o seu pecado, a qual, pela caridade, exemplo e oração, trabalha pela sua conversão» (CIC n.1422)

Os vários nomes do sacramento explicitam o seu sentido:

-Chama-se sacramento da conversãoporque realiza sacramentalmente o apelo de Jesus à conversão e o esforço de regressar à casa do Pai da qual o pecador se afastou pelo pecado. (CIC 1423)

-Chama-se sacramento da Penitênciaporque consagra uma caminhada pessoal e eclesial de conversão, de arrependimento e de satisfação (cumprimento da penitência) por parte do cristão pecador.

-Chama-se sacramento da confissãoporque o reconhecimento, a confissão dos pecados perante o sacerdote é um elemento essencial deste sacramento. Num sentido profundo, este sacramento é também uma «confissão», reconhecimento e louvor da santidade de Deus e da sua misericórdia para com o homem pecador.

-Chama-se sacramento do perdãoporque, pela absolvição sacramental do sacerdote, Deus concede ao penitente «o perdão e a paz»

-E, finalmente, chama-se sacramento da Reconciliaçãoporque dá ao pecador o amor de Deus que reconcilia: «Deixai-vos reconciliar com Deus» (2 Cor 5, 20). Aquele que vive do amor misericordioso de Deus está pronto para responder ao apelo do Senhor: «Vai primeiro reconciliar-te com teu irmão» (Mt 5, 24). (CIC 1424)

 

Diz, ainda o Catecismo que a penitência interior do cristão pode ter expressões muito variadas. A Escritura e os Santos Padres insistem sobretudo em três formas: o jejum, a oração e a esmola que exprimem a conversão, em relação a si mesmo, a Deus e aos outros. Ao lado da purificação radical operada pelo Baptismo ou pelo martírio, eles citam, como meios de obter o perdão dos pecados, os esforços realizados para se reconciliar com o próximo, as lágrimas de penitência, a preocupação com a salvação do próximo, a intercessão dos santos e a prática da caridade «que cobre uma multidão de pecados» (1 Pe 4, 8). (CIC 1434)

A conversão realiza-se na vida quotidiana por gestos de reconciliação, pelo cuidado dos pobres, o exercício e a defesa da justiça e do direito, pela confissão das próprias faltas aos irmãos, pela correção fraterna, a revisão de vida, o exame de consciência, a direção espiritual, a aceitação dos sofrimentos, a coragem de suportar a perseguição por amor da justiça. Tomar a sua cruz todos os dias e seguir Jesus é o caminho mais seguro da penitência. (CIC 1435)

A conversão e a penitência quotidianas têm a sua fonte e alimento na Eucaristia: porque na Eucaristia torna-se presente o sacrifício de Cristo, que nos reconciliou com Deus: pela Eucaristia os que vivem a vida de Cristo nutrem-se e fortificam-se: «ela é o antídoto que nos livra das faltas quotidianas e nos preserva dos pecados mortais» (CIC 1436)

A leitura da Sagrada Escritura, a oração da Liturgia das Horas e do Pai Nosso, todo o ato sincero de culto ou de piedade reavivam em nós o espírito de conversão e de penitência e contribuem para o perdão dos nossos pecados. (CIC 1437)

Os tempos e os dias de penitência no decorrer do Ano Litúrgico (tempo da Quaresma, cada sexta-feira em memória da morte do Senhor) são momentos fortes da prática penitencial da Igreja. Estes tempos são particularmente apropriados para os exercícios espirituais, as liturgias penitenciais, as peregrinações em sinal de penitência, as privações voluntárias como o jejum e a esmola, a partilha fraterna (obras caritativas e missionárias). (CIC 1438)

 

Pe. Antônio Bosco da Silva

Vigário Geral e Pároco da Catedral N. Sra. da Conceição

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