Diocese de Guarulhos

SÃO PAULO - BRASIL

“O Senhor fez em mim maravilhas.” (Lc 1,49)

Pesquisar
Categorias
Artigos Vida Presbiteral

Semana de Atualização do Clero de Guarulhos

Os padres da Diocese de Guarulhos sob o governo de Dom Edmilson Amador Caetano, estiveram reunidos no Hotel Mirra Serra na cidade de Passa Quatro em Minas Gerais no período de 06 a 09 de novembro para a tradicional Semana de Atualização do Clero, este ano o tema tratado foi a respeito da Gestão Eclesial com base no tripé: Eficiência, Eficácia e Excelência. O responsável pela formação foi Dom Edson José Oriolo dos Santos, Bispo de Leopoldina-MG. Em um dos momentos, Dom Edson recordou o que diz o Documento de Aparecida:

“Gestão é competência para coordenar processos e liderar pessoas, em vista de resultados, a fim de realizar com eficácia a missão de uma instituição de grupo organizado.” (DAp 281-285).

Na última manhã a formação esteve focada nas principais mudanças e orientações sobre a nova edição do missal romano, sob a responsabilidade dos padres Antônio Bosco, Fernando Gonçalves e Jair Oliveira. O Padre Romualdo Nunes de Almeida, representante dos presbíteros, agradeceu a presença dos formadores e aos irmãos do presbitério, encerrando o período formativo de 2023.

“Uma instituição sem gestão fracassa, sem espiritualidade se esvazia.” ( Irmão Afonso Murad )

Semana de Atualização do Clero de Guarulhos
Categorias
Artigos Vida Presbiteral

Encontro Nacional de Presbíteros do Equador

(Guayaquil, 12 de julho de 2023)

Discurso do Cardeal Lazzaro Cardo You Heung-sik – Prefeito do Dicastério para o Clero

Queridos irmãos sacerdotes!

Em primeiro lugar, um OBRIGADO pela sua presença aqui, mas muito mais pelo seu serviço ao Povo de Deus, pela sua dedicação ao povo que lhe foi confiado, dia após dia e especialmente na recente pandemia que tem sido para nós, ministros de Deus, um tempo que a todos nós pôs à prova.

Estou feliz por poder conhecê-los hoje e ter essa oportunidade de olhar junto de vocês para a minha vida e para a nossa vida. Falo-vos de coração aberto, sem formalidades, e por isso começo por vos contar primeiramente algo sobre mim e depois disso, de vez em quando partilharei convosco algo sobre a minha vida.

Uma opção que deve ser sempre renovada

Quando o Papa Francisco me disse, em abril de 2021, que queria me chamar a Roma e me tornar prefeito do Dicastério para o Clero, fiquei chocado. Nunca imaginei trabalhar um dia no Vaticano, longe da minha terra natal e longe do meu povo. Na Coreia, eu era um bispo feliz, empenhado juntamente com a minha diocese num caminho promissor seguindo os passos dos nossos mártires. O Papa Francisco veio até nós na diocese para a Jornada da Juventude Asiática e surgiram iniciativas interessantes. Tínhamos também realizado um Sínodo diocesano que reunia padres e leigos, e eu estava construindo uma nova Cúria diocesana.

E veio esse chamado, esse pedido do Papa. Eu disse: “Mas eu sou camponês, filho de camponeses”. O Papa não ficou impressionado com isso.

Ele se informara sobre mim e sabia que eu tinha uma relação boa e fraternal com os padres. Era isso que lhe interessava.

Serei sincero: deixar tudo e até deixar um certo padrão de vida – o carro com o motorista, as freiras que cuidavam da casa, os colaboradores à minha disposição e o apreço das pessoas – não foi fácil. Cheguei em Roma e não havia apartamento para mim. Morei por três meses e meio em um quarto com banheiro, cercado por minhas malas. E depois mais três meses em Santa Marta, perto do Papa, mas sem casa própria. Para mim foi uma purificação saudável. Isso me ajudou a voltar mais uma vez ao essencial do evangelho. Foi a ocasião de uma escolha renovada somente de Deus. Peço por mim e por vós a graça de saberdes renovar sempre esta escolha. Quando somos jovens, se tudo der certo, começamos com grandes ideais, mas com o passar dos anos corremos o risco de nos acomodarmos, de não termos mais aquele frescor evangélico, e então nossa vida não é mais um testemunho transparente de Deus. E é justamente nesse momento! — a ocasião de uma segunda escolha de Deus, mais profunda e verdadeira do que aquela que fizemos com o entusiasmo e o entusiasmo que sentimos como jovens.

Padres felizes ou desanimados?

Vou contar outra coisa que aconteceu comigo. Quando minha nomeação foi publicada, em 1º de junho de 2021, um amigo bispo me ligou e disse: “Agora você está encarregado de fazer todos os sacerdotes do mundo felizes”. Estas palavras tocaram-me como se viessem do próprio Deus e nunca me abandonaram: fazer felizes os sacerdotes! Não é fácil porque, quando olho em volta, vejo tantos padres desanimados. E eu os entendo: há muitas razões para que se sentam sobrecarregados e certamente vocês também têm muito a dizer sobre isso. Vamos tentar relembrar algumas causas dessa situação. Cito quatro que mais se destacam, mas há outras também.

  1. A sobrecarga. Em muitas partes do mundo, os sacerdotes carregam um fardo maior do que podem carregar. Muitas vezes são em número reduzido e as paróquias são grandes e até muito grandes, com muitas comunidades a seguir e por vezes distantes. As pessoas depositam muitas expectativas nos padres. Para chegar a todos, há muitas missas para celebrar: talvez cinco ou seis aos domingos e duas, três, quatro nos dias de semana. E depois a catequese a fazer, os grupos e associações a seguir, os sacramentos a preparar. Você nunca chega ao fim: sempre em movimento, sempre em ação. Com esse “supertrabalho”, em determinado momento a pessoa se sente vazia, o entusiasmo desaparece e entra na rotina; os mais entusiasmados, por outro lado, correm o risco de se exaurir. E lá dentro há uma situação de aridez e até à noite: já não se sente nada, apenas funciona.
  1. Um segundo motivo: a solidão e o individualismo. O Concílio Vaticano II falou dos sacerdotes quase exclusivamente no plural — sacerdotes; e não: o sacerdote — e deixou-nos no n. 8 do Decreto “Presbyterorum Ordinis” uma página maravilhosa sobre a comunhão sacerdotal, encorajando os sacerdotes a praticar várias formas de vida comum: da convivência à mesa comum ou, pelo menos, reuniões frequentes. Mas, infelizmente, a realidade é outra: os sacerdotes quase sempre se encontram vivendo e trabalhando sozinhos, e isso muitas vezes já desde os primeiros anos de ministério. Eles escolheram – esperamos – a vida no celibato pensando que assim eles podem reviver a experiência dos apóstolos com Jesus e entre si, mas na realidade eles estão sozinhos. Vivem para os outros, entregam-se às pessoas, mas quando voltam tarde da noite para casa, não há ninguém. Só tem a TV. E apetece-se dizer: “Desgasto-me pelos outros, corro de manhã à noite, mas quem pensa em mim? Não tenho ninguém.” Nesta situação é fácil procurar substitutos, e também é fácil tornarmo-nos individualistas, capazes de ter e dirigir muitos colaboradores, que dependem de nós, mas pouco capazes e dispostos a colaborar em pé de igualdade com outros sacerdotes e também com os leigos.
  1. Nossa fragilidade. Já falamos sobre sobrecarga e solidão, mas há um terceiro motivo de desânimo que afeta a todos nós. Quanto mais avançamos, mais descobrimos que não somos super-heróis e sim cheios de limites; não somos o super-homem, mas temos nossas fraquezas. E então sentimos que não estamos à altura da nossa tarefa e da nossa vocação. Descobrimos — se formos realistas e sinceros — nossa fraqueza e o fato de que somos pecadores. O Papa Francisco frequentemente nos fala sobre isso. Comparado com Jesus e seu Evangelho, todos nós temos em algum momento a experiência de Pedro que, vendo a distância infinita entre ele e Jesus, exclama: “Senhor, afasta-te de mim, sou um pecador” (LC 5, 8). E, depois de ter negado Jesus, chorou amargamente (Cf. LC 22,62). Se não formos superficiais e sensíveis, mais cedo ou mais tarde o sentimento de nossa inadequação corre o risco de nos desencorajar e às vezes até nos esmagar.
  1. Uma Igreja e uma sociedade em rápida mudança. Há uma quarta coisa que facilmente produz em nós desânimo e não um pouco. Vivemos em uma sociedade em rápida mudança. E não é uma mudança linear e gradual, mas uma mudança radical, tanto que o Papa Francisco fala de uma mudança de época. Muitas coisas que eram úteis e válidas até ontem não são mais úteis hoje. Pense na máquina de escrever, outrora indispensável. Hoje é uma peça de museu. Muitos jovens nem sabem mais o que é. O mesmo acontece também no campo pastoral: certas formas de fazer as coisas que até ontem davam frutos, no mundo digital e globalizado de hoje já não têm impacto. E nos vemos deslocados. Nesta situação, a Igreja é chamada a trilhar novos caminhos. Entre elas está a sinodalidade, que estabelece um caminho diferente na relação entre sacerdotes e leigos, mais participativo e mais igualitário, e busca ativar e colocar todo o Povo de Deus em missão. Mas não estamos acostumados com isso. Então começamos a nos questionar muito sobre nosso papel e nossa identidade e corremos o risco de ficar bloqueados, desanimados.

Sacerdotes felizes, no espírito das bem-aventuranças

Dizia-lhes que fiquei muito impressionado com as palavras daquele bispo amigo que me disse: “Agora você é responsável por todos os padres do mundo serem felizes”. Essa palavra me fez olhar para os padres que encontro quando atravesso a Praça de São Pedro para ir de casa ao escritório ou vice-versa com outros olhos: eles são felizes? Eles estão na luz? Eles têm alegria? Ou estão tristes, cansados, desanimados? Não raro paro e converso com um ou outro. Eles ficam surpresos quando descobrem que sou o Prefeito do Departamento para o Clero e me interesso por eles como um irmão. Na verdade, também eu saio desses momentos enriquecido, porque compreendo melhor o que os sacerdotes vivem e o que esperam nas várias etapas da vida e nas várias situações existenciais. E fico feliz quando finalmente podemos nos despedir com alegria.

Mas esta é apenas uma primeira resposta ao pedido do meu amigo bispo que sinto como um pedido que me veio de Deus. Dissemos a nós mesmos e repetimos sempre em nosso Dicastério que devemos trabalhar e agir para que os sacerdotes do mundo possam viver sua vocação com mais coragem e mais alegria.

Mas o que pode fazer um padre feliz? Tenho me observado e convido você a me fazer a pergunta: o que me faz feliz? Feliz de forma alguma, fugaz e superficial e talvez egoísta; mas feliz num sentido verdadeiro, profundo, evangélico? Compartilho três situações que me chamaram a atenção, mas com certeza você saberia acrescentar outras.

  1. Somos felizes quando nos sentimos olhados com confiança, estima e benevolência. Aqui, na verdade, surge uma grande responsabilidade recíproca entre nós, sacerdotes: como olhamos uns para os outros? E como nos sentimos olhados uns pelos outros? Há a terrível expressão que fala de “invidia clericalis”: de inveja entre os sacerdotes. Quem de nós não passou por isso? Quanto mal fazemos uns aos outros com isso! E há outro fenômeno, que o Papa Francisco não hesita em chamar de “câncer”: fofocas, falar mal um do outro e reclamar um do outro: o pároco vizinho, o bispo, o vigário geral… Falar mal dos outros, em vez de abençoá-los: em vez de falar bem deles e criar no presbitério um clima de confiança, estima e benevolência! Se isso não existe, é fácil começarmos a procurar afeto em outro lugar.

Mas devemos ser realistas: nunca encontraremos um presbitério ideal ou um bispo perfeito, um vigário geral perfeito! O profeta Jeremias adverte: “Maldito é o homem que confia no homem e põe o seu apoio na carne, afastando o seu coração do Senhor” (Jr 17:5). A verdadeira âncora da salvação em nossas vidas e a única fonte de estima e benevolência que nunca falha é o Senhor! Precisamos nos expor diariamente aos raios desse Sol divino que é o Seu Amor. E isso acontece especialmente na oração. Alguém disse: “A oração é a casa da virgem”. É claro que não qualquer oração superficial feita apenas com palavras, mas a oração vivida com o coração quando estamos diante dele e a escutamos, pobres e desarmados, abertos interiormente e silenciosos.

Desde que moro no Vaticano, todas as manhãs me levanto um pouco antes das 5 e saio de casa para a Gruta de Lourdes nos Jardins do Vaticano. Enquanto eu estou andando eu rezo o Rosário e medito: ando na companhia de Nossa Senhora, ouvindo Jesus. Olho para a minha vida e para o meu dia com Ele, falo com Ele e escuto-O, confio-Lhe pessoas e coisas, coloco nas Suas mãos preocupações e nós para desatar. Volto para casa com nova luz e com novo alento, mais consciente de que sou filho de Deus, amado por Ele, e que só assim posso ser irmão e pai de todos que encontro. Por isso, sou um feliz Cardeal e Prefeito, apesar do trabalho árduo e dos muitos problemas que tenho de enfrentar todos os dias.

  1. Uma segunda experiência que pode surpreendê-los: sou feliz, evangelicamente feliz, quando não tenho nada a esconder. Mas como podemos fazê-lo, se todos temos fragilidades e inevitavelmente cometemos erros e equívocos? Quem de nós poderia dizer que está tudo bem em sua vida? Seríamos como aquele fariseu que sobe ao templo, se levanta na primeira fila e diz: «Ó Deus, agradeço-Te por não ser como os outros» (Lc 18, 11). Em vez disso, todos precisamos recorrer humildemente ao grande dom do sacramento da reconciliação. É verdade que às vezes nos aproximamos deste sacramento com medo e vergonha, mas depois voltamos a ser inteiros, completos, e sentimos uma nova liberdade: não temos nada a esconder; não há nada que não seja confiado à misericórdia e ao perdão de Deus. Para mim, quando cheguei a Roma, era uma prioridade encontrar um confessor estável e visitá-lo regularmente.

Mas a confissão por si só não é suficiente. Nós, que somos chamados a ser pais de almas e entramos em contato com tantas situações pessoais, mesmo íntimas e delicadas, também precisamos ser acompanhados; ou seja, precisamos recorrer a uma pessoa madura e deixá-la olhar para nós como um livro aberto. Sabemos que um carro precisa ser levado à oficina de vez em quando para um serviço, se não quisermos ter surpresas desagradáveis. Da mesma forma, também precisamos nos deixar olhar de vez em quando por um especialista sem esconder nossas sombras e nossas incoerências, para entender como lidar com elas e remediá-las. Caso contrário, corremos o risco de ser guias cegos (cf. Mt 23, 16,24) e de ligar as pessoas a nós e não a Jesus, enredando-nos em situações pouco claras. E não experimentamos a felicidade dos “puros de coração” (cf. Mt 5, 8): daqueles que têm a coragem de deixar purificar novamente o coração.

  1. Uma terceira experiência que penso que todos nós fazemos: ficamos felizes quando estamos com bons amigos ou familiares e almoçamos ou jantamos bem, passeamos ou passamos férias juntos. Quem de nós não se lembra de momentos como esses? Momentos em que todas as preocupações desaparecem e podemos simplesmente ser nós mesmos, sem máscaras e sem defesas; momentos em que também acolhemos os outros como eles são, nos entregamos generosamente a eles e eles fazem o mesmo. Então nos sentimos em casa, não mais sozinhos e em perigo, mas protegidos. “Um padre precisa de um lar – o padre precisa de um lar”, repetia muitas vezes o padre que cuidou de grande parte da minha formação no ministério e a quem tanto devo. Ora, esta casa não deve ser um refúgio que a gente encontra em algum lugar – na própria família de origem ou no círculo de amigos ou em outro lugar – mas deve ser o santuário. Para mim esta é uma questão prioritária: nos preocupamos com muitas pessoas, mas cuidamos uns dos outros? Quão próximos estamos de alguém que, como padre, passa por um momento de incerteza, de dúvida, à noite? Quem encontra dificuldades no ministério pastoral e talvez seja atacado pelas pessoas? Quem tem uma paróquia pobre e quase não tem o que é preciso para viver? E como estamos próximos também do bispo que muitas vezes tem uma vida mais complicada que a nossa. Se as alegrias e as tristezas chegam até nós como párocos, muitas vezes os problemas chegam sobretudo ao bispo. Em resumo, quanto fazemos para que possam nossos irmãos e também o bispo ser felizes e para que possamos ser felizes junto com eles? Só assim a nossa vida será atraente e poderão também nascer novas vocações! E somente assim — somente se nós sacerdotes formos uma verdadeira comunidade entre nós — seremos verdadeiros construtores da comunidade onde realizamos nosso serviço ministerial.

É por isso que sempre foi uma prioridade para mim lembrar os aniversários dos meus irmãos, pegar o telefone e ligar para eles para que eles sintam minha proximidade. Assim como é uma prioridade para mim hoje, chegar ao Dicastério pela manhã ao mesmo tempo que todos os outros e não me sentar imediatamente na mesa, mas parar na entrada para trocar algumas palavras com um ou outro e depois passar de escritório em escritório para cumprimentar os outros também. Não é tempo perdido, mas aquilo que torna o nosso serviço real e autêntico: «Nisto todos saberão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros» (Jo 13, 35). E você sabia que até mesmo os bispos, quando vêm até nós em sua visita ad limina, ficam felizes em serem recebidos com um café ou um suco e alguns doces? Porque, na realidade, até os bispos precisam de um lar!

Construído sobre a rocha

Queridos irmãos sacerdotes: Fizemos muitas considerações sobre o que pode nos desanimar em nosso ministério e sobre o que pode nos alegrar. A verdadeira felicidade – Jesus faz-nos compreender nas bem-aventuranças com que abre o Sermão da Montanha – é a felicidade pascal: “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados os que choram, porque consolai-vos. Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra…” (Mt 5, 3-5). No final, para resumir todo aquele Discurso, Jesus afirma: “Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as põe em prática será como um homem prudente que construiu a sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e bateram contra aquela casa, mas ela não caiu, porque estava edificada sobre a rocha” (Mt 7, 24-25). Nossa felicidade só pode ser firme e duradoura se for baseada na Palavra de Deus, na vida e a colocar em prática a Palavra de Deus.

Por isso me é tão querido o lema que guiou toda a segunda parte da minha formação ao ministério e sobre o qual falarei esta tarde aos seminaristas: um só livro: o Evangelho; uma única lei: o novo mandamento; Um Mestre: Jesus.

Mas então veio minha ordenação. Estranhamente, acordei naquela manhã com a impressão de que iria morrer naquele dia. Quando mais tarde, durante a missa, me prostrei por terra, senti-me como o trigo que cai na terra e morre: morre com Cristo para o bem dos irmãos. Naquele dia compreendi que ser padre significa morrer para viver com Jesus pelos meus irmãos e me uni profundamente a Jesus crucificado: sim, naquele dia me casei com Jesus crucificado e abandonado. Passaram-se mais de 40 anos e posso dizer duas coisas: primeiro, é esta união com Jesus abandonado na cruz, é este “casamento” com Ele, que sempre me fez continuar; em segundo lugar, é esta união com Jesus abandonado que sempre me fez passar, uma e outra vez, da Cruz à Ressurreição, dos problemas à esperança, dos conflitos à caridade, do negativo e das trevas, à luz e ao positivo.

Recentemente, fui convidado a ordenar 25 diáconos da Prelazia do Opus Dei como sacerdotes. Alguns dias antes eu os conheci e tivemos um momento de profunda comunhão. Tive a coragem de falar-lhes de coração aberto e disse-lhes sem rodeios: tornar-se sacerdote significa casar-se com Jesus Abandonado, porque foi ali na Cruz e no mais negro abandono que Ele gerou a Igreja, a nova humanidade. Todos ficaram impressionados com essas minhas palavras. Fiquei muito feliz quando, após a celebração da ordenação, um deles veio até mim e disse: “Hoje me casei com Jesus Abandonado”. Pensei: este sacerdote compreendeu verdadeiramente o segredo da felicidade e da fecundidade sacerdotal. Sua vida é construída sobre a rocha.

Em conclusão

Permitam-me que diga, para concluir, uma palavra final que resume um pouco tudo o que partilhei convosco: os desafios da vida sacerdotal e ministerial de hoje são muitos; Acho que precisamos deixar de agir como sacerdotes para sermos sacerdotes, como Jesus.

Fonte: https://presbiteros.org.br/

Categorias
Destaques Diocese Vida Presbiteral

Retiro do Clero da Diocese de Guarulhos 2023

O Clero da Diocese de Guarulhos esteve reunido de 03 a 07 de julho de 2023 para o Retiro anual em Atibaia. O pregador foi Dom Luiz Fernando Lisboa, arcebispo da Diocese de Cachoeiro de Itapemirim – Espírito Santo.

O tema central foi o mesmo do ano vocacional: “Corações ardentes, pés a caminho.” Dom Luiz utilizou a metodologia de palavras chaves: Escuta, diálogo, palavra, Cruz, migração, pandemia, crise, misericórdia, perdão, compaixão, fraternidade, participação, Povo de Deus, colegialidade, sinodalidade, missão, pobres, profecia, martíria, santidade, vocação e alegria como forma de meditação coletiva e pessoal.

Em cada noite houve um momento de espiritualidade como a santa missa, o terço, confissão e partilha de experiências individuais e em grupo. Todos os dias das 11 as 12h todos adoravam Jesus em silêncio e profunda meditação.

Dom Luiz encerrou as meditações rezando o Salmo 40 e agradecendo a todos pela acolhida e experiência agradável destes dias de convivência presbiteral.

O retiro terminou com os agradecimentos, a santa missa e a foto oficial do clero por forania.

 

Confira algumas fotos do retiro do Clero:

Retiro do Clero 2023
Categorias
Artigos Vida Presbiteral

Solenidade do Sagrado Coração de Jesus e dia da santificação dos sacerdotes

Os padres e diáconos da Diocese de Guarulhos, estiveram reunidos no seminário diocesano Imaculada Conceição para a manhã de oração no dia 16 de junho, sob a presidência de Dom Edmilson Amador Caetano e reflexão conduzida pelo Cônego Celso Pedro, que ressaltou a importância e os perigos da tecnologia e a meios digitais na vida do presbítero.

A solenidade é celebrada na sexta-feira após a Solenidade de Corpus Christi. A Eucaristia/Corpus Domini não é outro senão o próprio Coração de Jesus, Daquele que, com “coração”, “cuida” de nós. A Devoção ao Sagrado Coração De Jesus tem a sua origem nas aparições de Jesus a Santa Margarida Maria Alacoque, em Paray-le-Monial, na França. No dia 16 de junho de 1675, durante uma exposição do Santíssimo Sacramento, Nosso Senhor apareceu a Santa Margarida Maria Alacoque e, descobrindo seu Coração, disse-lhe:

“Eis o coração que tanto tem amado aos homens e em recompensa não recebe, da maior parte deles, senão ingratidões pelas irreverências e sacrilégios, friezas e desprezos que tem por Mim neste Sacramento de Amor”.

Desde então, ou melhor, desde que as ditas aparições foram reconhecidas pela Igreja, esta celebra, na sexta feira depois da oitava da festa do Corpo de Deus, a festa do Sagrado Coração de Jesus. O Papa Francisco fez a seguinte publicação neste dia no Twitter:

Nesta festa e neste mês do Coração de Jesus, peçamos ao Senhor que faça com que o nosso coração se assemelhe ao seu e que sejamos seus instrumentos para que Ele possa “passar fazendo o bem” a todos.

Manhã de Oração do Clero
Categorias
Artigos Vida Presbiteral

Reunião Anual da Comissão Regional de Presbíteros CNBB Sul 1 (CRP Sul 1)

Dias 28/02 e 01/03 aconteceu na casa de encontros “Seminário Santo Antônio” na cidade de São Pedro, centro do Estado de São Paulo, a Reunião Anual da Comissão Regional de Presbíteros – CNBB Sul1. Foram momentos de oração, celebração, fraternidade presbiteral: na terça-feira à tarde, acolhida, reflexão sobre a Pastoral Presbiteral, trocas de experiências e testemunhos – uma tarde rica de partilhas. À noite aconteceu a confraternização marcada por muita alegria e fortalecimento da amizade presbiteral. Na quarta feira dia primeiro, iniciamos celebrando a santa missa, e no período da manhã houve a revisão da proposta do regimento interno da Comissão Regional dos Presbíteros, com base no Estatuto da Comissão Nacional dos Presbíteros, com contribuições ao texto, que deverá ser revisto nas reuniões das Sub-Regiões até o final de julho de 2023, com votação final em Assembleia no Paulistão Presbiteral em setembro: preparativos para o 19° Encontro Nacional dos Presbíteros, eletivo do regimento interno e da nova diretoria, seguindo o regimento. Foi encaminhado o Paulistão Presbiteral que acontecerá de 25 a 28 de setembro no município de Passa Quatro em Minas Gerais. O padre Fausto deu notícias sobre o 19º ENP – Aparecida 2024, tema, lema e Sumário Projeto do texto base. Foi realizada a Prestação de contas desde o ano de 2017. Aprovado o aumento da Contribuição Anual de cada Presbítero para a partir de 01/03/2023. Exposição sobre o Grupo de Apoio aos Presbíteros: membros, reuniões, Plataforma e-presbíteros, Programa das Formações via Lives para 2023 e convite a novos colaboradores. Solicitada mais uma vez contribuição de cada representante das Arquidioceses para abastecer o banco de dados, será contratado outro técnico em TI, foi aprovada a proposta para ampliar a Plataforma para servir em âmbito nacional com contribuição da CNP e execução da CRP Sul 1. O encontro foi encerrado às 12h com a oração e almoço, agradecimentos à contribuição sempre valiosa, presente e amiga do Bispo Referencial Dom Vicente Costa que deu apresentou as considerações finais seguida da benção e envio.

Fonte: CNP Comissão Nacional de Presbíteros

Pe. Romualdo N. de AlmeidaRepresentante dos Presbíteros

Categorias
Artigos Vida Presbiteral

ELEIÇÃO DOS REPRESENTANTES DOS PRESBÍTEROS DA DIOCESE DE GUARULHOS

No dia 15 de fevereiro, em reunião ordinária dos presbíteros da Diocese de Guarulhos, presidida por Dom Edmilson Amador Caetano, foram eleitos os novos representantes dos presbíteros conforme estatuto do Conselho Presbiteral, Pe Romualdo Nunes de Almeida, Pe Tiago Ferraz Leite e Pe Jonas B. dos Santos.

Na Presbyterortun Ordinis, nº 8, um dos fundamentos para a Pastoral Presbiteral, podemos ler: “Os presbíteros, estabelecidos na ordem do presbiterato através da ordenação, estão ligados entre si por uma íntima fraternidade sacramental […]. Levados pelo espírito fraterno, não esqueçam os presbíteros a hospitalidade, pratiquem a beneficência e a comunhão de bens […]. Também, para uma folga, reúnam-se com gosto e prazer, lembrados das palavras com que o próprio Senhor convidava os apóstolos cansados: ‘Vinde à parte para um lugar deserto e descansai um pouco’” (Mc 6,31). “O representante dos presbíteros tem a função de auxiliar o bispo na efetivação da pastoral presbiteral. O bispo é o principal agente e poderá articular as atividades por meio do representante. Este, por sua vez, deve oferecer ao bispo as propostas, demandas, iniciativas e prerrogativas, buscando entre os presbíteros as respostas aos desafios reais em que se encontram. O representante deve ser o primeiro assessor do bispo para os assuntos referentes aos presbíteros. Com ele o bispo deve contar sempre para ajudar no projeto de pastoral presbiteral, como também para dirimir questões entre os presbíteros ou mesmo para ser a primeira presença do bispo em caso de problemas particulares de algum presbítero.

(Artigo da Revista Vida Pastoral )

Categorias
Artigos Vida Presbiteral

Chorem, sacerdotes, chorem!

Todos os anos, na Quarta-Feira de Cinzas, nos deparamos com a leitura da profecia de Joel, mais especificamente o capítulo 2. Uma leitura que suscita grande transformação interior e também a exterior. A prática quaresmal deve converter o homem na sua totalidade. O centro é o grande apelo: “Voltai para o Senhor” (vers.12), mas, como voltar? O próprio profeta nos responde: “Com todo o coração, com jejuns, lágrimas e gemidos”. É um apelo contundente. O pecado nos separou da comunhão com Deus e somente o retorno a Ele nos dará a graça da reconciliação já operada em seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo.

Mas, hoje, gostaria de refletir com vocês um outro trecho. Este está no mesmo capítulo, porém, no versículo 17: “Chorem, postos entre o vestíbulo e o altar, os ministros sagrados do Senhor”. Confesso que, ao ouvir este trecho, fiquei a me perguntar o que seria este chorar pois, como ministro sagrado pela força da ordenação sacerdotal, devo ser fiel em tudo à Palavra do Senhor.

A situação de pecado atraiu, ao povo, a desgraça. Uma invasão de gafanhotos que aparece como um exército. O povo precisa voltar arrependido e clamar a misericórdia de Deus. As indicações são cúlticas. O fato dele dizer “rasgai o coração”, não é crítica ao culto, mas à conversão, à interioridade. Deus não suporta cultos vazios.

Por que o ministro sagrado deve chorar? Precisamos antes nos perguntar quem é o ministro sagrado? Como escolhido de Deus e “constituído em favor do povo nas coisas que se referem à Deus” (Hb 5,1), o sacerdote deve, antes de mais nada, tomar um partido. Ele deve ser feroz no zelo pelo Senhor. Quando se transgredir a Lei de Deus, o sacerdote deve ser o primeiro a denunciar e clamar o povo à conversão.

Porque as lágrimas? As lágrimas manifestam, em primeiro, repúdio pelo pecado cometido, e depois a compaixão. No dia 12/02/2020, o Santo Padre, falando sobre as Bem-Aventuranças dos que choram, disse: “Pode-se amar de maneira fria? Pode-se amar por obrigação, por dever? Certamente não! Existem aflitos para consolar mas, às vezes, existem também consolados para afligir, para despertar, que têm um coração de pedra e desaprenderam a chorar. Despertar quem não sabe se comover com a dor dos outros.” O sacerdote deve chorar pelos que se esqueceram de amar a Deus. Eis como o profeta formula a prece do sacerdote: “Perdoa, Senhor, o teu povo, e não deixes que tua herança sofra infâmia e que as nações a dominem”.

Precisamos de ministros sagrados para chorarem as infâmias cometidas contra Deus. Neste tempo de apostasia que vivemos os ataques a Deus, a religião e a fé se multiplicam. Chorem ministros sagrados, derramem lágrimas pelos pecados próprios e pelos os de seu povo. Chorem, ministros sagrados, pelos tão desérticos corações emoldurados na pedra da indiferença! Chorem, ministros sagrados, pelos resistentes à misericórdia, que não buscam o sacramento da confissão! Chorem, ministros sagrados,  pelos que acrescentam, a cada dia, um pecado novo às suas listas! Chorem, ministros sagrados, pelos que atentam contra a santidade de Deus! Chorem, ministros sagrados, pelos matrimônios destruídos de suas paróquias! Chorem, ministros sagrados, pelos filhos que, desobedecendo seus pais, atiraram-se numa vida de promiscuidade, drogas e leviandade! Chorem, ministros sagrados, pelos atentados contra a vida e pelo culto à morte de nossa sociedade! Chorem, ministros sagrados, pelas vítimas de maus tratos e de violência! Chorem, ministros sagrados, e peçam a Deus misericórdia!

Me lembro do Manípulo que antes fazia parte das vestes sacerdotais. Ele servia também para secar as lágrimas dos sacerdotes durante o sacrifício. Quantas vezes Padre Pio chorou! Choremos, irmãos Padres, em defesa da verdade do Evangelho. Choremos pela conversão do mundo a Deus. Choremos na esperança de que Deus perdoe o seu povo!

 

Padre Cristiano Sousa

Pároco – Paróquia Santa Cruz e N. Sra. Aparecida – Jd. Pres. Dutra

Categorias
Artigos Vida Presbiteral

Formação Permanente dos Presbíteros

“Cuidando de quem cuida”

Entre os dias 07 e 10 de novembro, na Cidade de Passa Quatro, nós presbíteros da Diocese de Guarulhos nos retiramos para a semana anual de Atualização do Clero, na qual pudemos viver a experiência formativa e de convivência da fraternidade presbiteral.

Este ano assumimos duas temáticas que se interligam para a vida de nossos sacerdotes: Prevenção e Saúde / Fraternidade Presbiteral. Para a exposição e desenvolvimento destes assuntos, convidamos o Dr. Paulo Celso Fontão (Médico da Família e Comunidade) e Dom Cícero (bispo auxiliar de São Paulo – Região Episcopal Belém).

Dr. Paulo em sua reflexão buscou ter uma conversa familiar com os presentes sobre a construção de uma saúde melhor, “cuidando de quem cuida”, para melhor exercer a missão confiada: “primeiro em você” – um chamado de atenção para não nos esquecermos dos devidos cuidados que nós sacerdotes precisamos também ter conosco, pois chamados a cuidar do povo de Deus a nós confiado precisamos de condições físicas, psíquicas, emocionais e espirituais.

A periodicidade em consultas médicas, alimentação saudável, medicação devida, equilíbrio emocional, atividades físicas, lazer, alegrar-se com o outro, repouso e boa noite de sono são algumas das atitudes que não devem ser negligenciadas pelos presbíteros e pelo povo em geral. O reconhecimento dos próprios limites deve ser percebido para que em meio à necessidade se possa desacelerar para que não exista um esgotamento até mesmo diante da missão e da vida.

Dom Cícero, na linha do cuidado com a saúde no relacionamento fraterno entre os presbíteros refletiu muito sobre a comunhão como um ideal a ser alcançado para sermos verdadeiros irmãos na vivência da ajuda mútua pela arte do encontro, apesar de tanto desencontro na vida, como afirmara Vinicius de Moraes.

Não se fechar em uma vida individualista torna saudável a nossa vocação. Saber agir com amabilidade nos cura e cura a tantos em nossas relações humanas. Pensar em si e pensar no outro com amor, com atitudes amorosas de respeito e estima. Respeitar como o outro é. Mesmo diante do confronto de ideias, o respeito e estima são indispensáveis. Lutar pelo outro e aprender a optar por ele. Saber somar com humildade apesar das imperfeições, como disse Bruno Forte: “Humildade é deixar que o outro seja”. Isso é maturidade, é crescimento. Saber quem somos e permitir com que os outros nos veja e adentre a nossa vida, sem exclusões ou fechamentos, com abertura aos irmãos padres, ao bispo e ao povo de Deus, como uma resposta ao chamado de Deus Trindade, comunhão plena de Amor.

Pe. Thiago R. dos Santos

Pastoral Presbiteral

 

Confira as fotos da atualização do Clero da Diocese:

Semana de Atualização do Clero 2022
Categorias
Artigos Vida Presbiteral

Ser Padre Vale a Vida! – VIII

Chegamos ao final de nossa caminhada iniciada desde o mês de Março. Tivemos a oportunidade de refletirmos sobre a Vocação Sacerdotal. Foi uma verdadeira jornada que nos rendeu grandes aprendizados e uma paixão ainda maior por eles. Um ministério tão grande e, ao mesmo tempo, dado a homens tão frágeis: “trazemos tesouro em vaso de barro”. Mas, nosso Senhor o quis assim, e assim será para todo o sempre.

Hoje, nossa diocese conta com cerca de 80 sacerdotes que, espalhados em nosso território diocesano, ajudam nosso Bispo Dom Edmilson com o pastoreio do povo de Deus. Todos os anos temos novas ordenações e rezamos sempre ao Pai de Misericórdia para que sua messe seja sempre dotada de operários.

Pedi, pois, ao dono da messe que envie operários para a sua messe,” a ordem de Jesus expressa a necessidade de que o reino seja anunciado. Perceberam com que urgência Nosso Senhor fala da necessidade de anunciar o reino? Pois é irmãos, o mundo tem necessidade de sacerdotes e Sacerdotes segundo o coração de Jesus.

O que falta aos nossos jovens para que respondam a esse chamado tão belo?

Primeiro, falta escutar o chamado. Rezemos, pois, assim: ‘Ó Deus, que suscitais a escuta ao povo de Israel, retirai a cera dos ouvidos de nossos jovens para que escutem o Teu chamado’. Falta também ousadia e resposta, rezemos assim: ‘Ó Deus, não sejam medrosos os que chamastes e nem apegados a si mesmos e ao mundo, inspirai a eles a paresia, a resposta generosa a exemplo da Virgem’. Falta-lhes ainda a confiança, rezemos assim: ‘Ó Deus, que dissestes não tenhais medo, fazei que nossos jovens vivam a linda aventura de uma vida toda entregue a Deus na confiança’.

Não pode a Igreja, em seus leigos e leigas, se esquecer de que os sacerdotes precisam de orações. Há vários padres à frente de batalhas terríveis e muitas vezes se sentem sozinhos e solitários. Falta o apoio da comunidade. Falta a oração. Falta o engajamento nos mais diversos serviços. Sejamos uma rede solidária na construção do Reino de Deus.

Prestemos também nossas homenagens com orações aos que já partiram ao encontro da recompensa eterna. Lembremos com carinho os nossos bispos falecidos como também os nossos sacerdotes. Eles construíram um legado de fé e de obras que não devem ser esquecidas. Dai-lhes, Senhor, o descanso eterno e que a luz perpétua brilhe para eles!

 

Padre Cristiano Sousa

Representante dos Presbíteros

Categorias
Artigos Vida Presbiteral

O Episcopado: fazer presente a Igreja de Jesus – VII

Progredimos em nossa jornada na explicitação da vocação ao ministério ordenado e em seus graus. Nas últimas matérias falamos sobre o grau do diaconado e presbiterado. Agora é a vez do último grau do sacramento da ordem. Em nossas catequeses, quando falamos sobre este sacramento, as pessoas nem imaginam sua importância e abrangência. A Igreja, zelosa em nos fazer conhecer a verdade manifestada por Cristo, apresenta o sacramento da ordem. Vejamos mais uma vez o que diz o catecismo: “a Ordem é o sacramento graças ao qual a missão confiada por Cristo aos Apóstolos continua a ser exercida na Igreja, até ao fim dos tempos: é, portanto, o sacramento do ministério apostólico. E compreende três graus: o episcopado, o presbiterado e o diaconado”.

Mas quem é o bispo? Recorramos à língua latina e grega. A palavra bispo em latim é escrita “episcopus” e em grego “Episkopien”, atribuída aos apóstolos e a seus sucessores. Tomemos cuidado com os muitos que, por aí, se dizem bispos e bispas. Saibamos discernir e compreender a fé que professamos. Na Igreja de Cristo, a Igreja Católica, os bispos são escolhidos após criteriosa consulta e sagrados para o exercício deste ministério tão excelso. Não se autoproclamam. Recebem de Deus este encargo.

A função do bispo é o cuidado com o rebanho de Cristo e o fazer presente a Igreja de Cristo. O grande doutor Agostinho de Hipona já nos disse: “Onde está o bispo, aí está a Igreja”. É grande a tarefa e árdua ao mesmo tempo, o exercício de fazer presente a Igreja de Cristo. O múnus laborioso precisa ser acompanhado com nossas preces e súplicas. Não esqueçamos de rezar por nosso bispo.

Como sucessor dos apóstolos, o bispo deve zelar, com solicitude pastoral, pelo rebanho que lhe foi confiado. Dom Pedro Carlos Cipolini, Diocese de Santo André, em artigo no site da CNBB, respondendo à pergunta quais as tarefas e ofícios dos bispos, diz: “É o próprio Jesus Cristo que age na Igreja através de seus ministros. Para isso os bispos recebem a efusão dos dons do Espírito Santo, mediante a imposição das mãos (desde os tempos apostólicos) na ordenação episcopal (cf. At 1,8; Jo 20,22-23; 2Tm 1, 6-7). O bispo recebe a plenitude do sacramento da Ordem para ser ministro de Cristo e dispensador dos mistérios de Deus e garantia da unidade de sua Igreja (cf. 1Cor 4,1); dar testemunho do Evangelho pela pregação (cf. Rm 15,16), administrar a justiça e o Espírito (cf. 2Cor 3,8-9). A sagração episcopal confere ao bispo a tarefa de santificar, ensinar e governar a Igreja que lhe é confiada. O Concílio Vaticano II assim se expressa: “Os Bispos, pois com seus auxiliares, os presbíteros e diáconos, receberam o encargo de servir a comunidade, presidindo no lugar de Deus ao rebanho do qual são pastores, como mestres da doutrina, sacerdotes do culto sagrado e ministros do governo (LG n. 20).”

É, pois, um sacramento conferido àquele que foi eleito por Deus e nomeado para tal ministério. Ministério que, como vimos, é responsável pelo múnus de santificar, governar e ensinar. O decreto Christus Dominus de São Paulo VI, sobre o múnus pastoral dos bispos na Igreja, define com clareza o tríplice múnus:

Sobre o múnus de Ensinar: “No exercício do seu múnus de ensinar, anunciem o Evangelho de Cristo aos homens, que é um dos principais deveres dos Bispos, (2) chamando-os à fé com a fortaleza do Espírito ou confirmando-os na fé viva. Proponham-lhes, na sua integridade, o mistério de Cristo, isto é, aquelas verdades que não se podem ignorar sem ignorar o mesmo Cristo. E ensinem-lhes o caminho que Deus revelou para ser glorificado pelos homens e estes conseguirem a bem-aventurança eterna (3).

Mostrem, além disso, que as coisas terrestres e as instituições humanas no plano de Deus Criador se ordenam também para a salvação dos homens e podem, por conseguinte, contribuir não pouco para a edificação do Corpo de Cristo.

Ensinem, por isso, quanto, segundo a doutrina da Igreja, valem a pessoa humana, com a sua liberdade e a própria vida corpórea; a família e a sua unidade e estabilidade, a procriação e a educação dos filhos; a sociedade civil, com as suas leis e profissões; o trabalho e o descanso, as artes e a técnica; a pobreza e a riqueza. Exponham, por fim, os princípios com que se hão de resolver os problemas gravíssimos da posse, do aumento e da justa distribuição dos bens materiais, da paz e da guerra, e da convivência fraterna de todos os povos (4)”.

Sobre o múnus de Santificar: “No exercício do seu múnus de santificar, lembrem-se os Bispos que foram escolhidos dentre os homens e constituídos a favor dos homens nas coisas que se referem a Deus, para oferecerem dons e sacrifícios pelos pecados. Na verdade, os Bispos têm a plenitude do sacramento da Ordem, e deles dependem, no exercício do seu poder, quer os presbíteros — que são consagrados verdadeiros sacerdotes do Novo Testamento para serem cooperadores providentes da ordem episcopal — quer os diáconos, ordenados para servir o Povo de Deus em união com o Bispo e com o seu presbitério; os Bispos são, portanto, os principais dispensadores dos mistérios de Deus, como também ordenadores, promotores e guardas da vida litúrgica na igreja a si confiada (8).

Não se poupem, por isso, a esforços para que os fiéis, por meio da Eucaristia, conheçam e vivam cada vez mais perfeitamente o mistério pascal, de modo a formarem um corpo bem compacto na unidade da caridade de Cristo; (9) «insistindo na oração e no ministério da palavra» (Act. 6, 4) esforcem-se por que todos aqueles que estão entregues aos seus cuidados sejam unânimes na oração (10), e, por meio da recepção dos sacramentos, cresçam na graça e sejam testemunhas fiéis do Senhor.

Como santificadores, procurem os Bispos promover a santidade dos seus clérigos, dos religiosos e dos leigos, segundo a vocação de cada um (11), lembrando-se da obrigação que têm de dar exemplo de santidade pela caridade, humildade e simplicidade de vida. Santifiquem de tal modo as igrejas que lhes estão confiadas, que nelas brilhe plenamente o modo de sentir de toda a Igreja de Cristo. Por isso, promovam o mais possível as vocações sacerdotais e religiosas, e de modo particular, as missionárias”.

Sobre o múnus de Governar:No exercício do seu múnus de pais e pastores, comportem-se os Bispos no meio dos seus como quem serve (12), como bons pastores que conhecem as suas ovelhas e por elas são conhecidos como verdadeiros pais que se distinguem pelo espírito de amor e de solicitude para com todos, de modo que todos se submetam facilmente à sua autoridade recebida de Deus. Reúnam à sua volta a família inteira da sua grei e formem-na de tal modo que todos, conscientes dos seus deveres, vivam e operem em comunhão de caridade.”

Numa sucessão ininterrupta que liga diretamente aos 12 escolhidos por Jesus, os bispos continuam a trazer e fazer presente a Igreja de nosso Senhor Jesus Cristo. A solicitude pastoral do pastor e o zelo por suas ovelhas manifestam o Cristo Bom Pastor que dá a vida por suas ovelhas. Rezemos para que não falte ao rebanho a solicitude do pastor e nem ao pastor a obediência do rebanho.

 

Padre Cristiano Sousa – Representante dos Presbíteros