Diocese de Guarulhos

SÃO PAULO - BRASIL

“O Senhor fez em mim maravilhas.” (Lc 1,49)

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O Sacerdócio Consagrados pelo Reino – VI

Continuamos nossa caminhada na fascinante aventura de descoberta da vocação até a sua concretização segundo a vontade de Deus. No mês anterior falamos sobre o primeiro grau da ordem e nesta edição falaremos sobre o segundo grau da ordem: “Ordo presbyterorum”.  Mas porque este sacramento recebe o nome de Sacramento da Ordem? Talvez, no mês anterior, já devíamos ter falado sobre isto mas, se não aconteceu, é porque teria que ser neste mês mesmo. Então vamos lá.

A segunda parte do Catecismo da Igreja Católica, se não leu ainda, fazemos um apelo para lê-lo, nos coloca diante da celebração do mistério cristão e nos apresenta os sete sacramentos da Igreja. O artigo 6 nos apresenta o sacramento da ordem. “Ordem na antiguidade designava um corpo constituído”. Ordenação é a integração em uma ordem. A ordem dos presbíteros.

Mas de onde nasceu o sacerdócio católico? Sabemos que no Antigo Testamento havia uma tribo responsável pelo oferecimento do sacrifício e serviço litúrgico.  Sabemos também que o povo do Senhor é um povo sacerdotal. Mas, o sacerdócio hierárquico católico nasceu em uma quinta-feira, a Quinta-feira Santa. Era noite, Jesus se reuniu com seus apóstolos, o Eterno Sacerdote quis ali instituir o sacerdócio para perpetuar sua presença. “E tomando o pão, deu graças, o partiu e o distribuiu dizendo: – Isto é o meu corpo, que é entregue por vós. Fazei isto em minha memória”(Lc 22,19). São quatro relatos que testemunham este acontecimento. Os três relatos sinóticos e a Carta aos Coríntios. Nela os gestos e as palavras de Jesus  revelam o núcleo sacramental.

Jesus não tomou o pão e disse comam, mas Ele disse: Tomai, comei, isto é o meu corpo… não disse: bebam, mas disse: Tomai, bebei, este é o cálice do meu sangue… aqui estava instituído o sacramento de sua presença perpétua, mas e quem faria? Quem ofereceria o sacrifício? Ele instituiu o sacerdócio dizendo: Fazei isto em memória de mim. Aqui estava apresentado o núcleo do sacerdócio. Sim, ali na última ceia, Jesus ordena os apóstolos. E inaugura um novo sacerdócio. Não mais como no Antigo Testamento.

Eis como o ritual de ordenação reza: “Senhor, Pai santo, […] já na Antiga Aliança se desenvolveram funções sagradas que eram sinais do sacramento novo. A Moisés e a Aarão, que pusestes à frente do povo para o conduzirem e santificarem, associastes como seus colaboradores outros homens também escolhidos por Vós. No deserto, comunicastes o espírito de Moisés a setenta homens prudentes, com o auxílio dos quais ele governou mais facilmente o vosso povo. Do mesmo modo, as graças abundantes concedidas a Aarão. Vós as transmitistes a seus filhos, a fim de não faltarem sacerdotes, segundo a Lei, para oferecer os sacrifícios do templo, sombra dos bens futuros…”. Mas, para que o sacerdócio ministerial? “O sacerdócio ministerial está a serviço do sacerdócio comum, ordena-se ao desenvolvimento da graça batismal de todos os cristãos. É um dos meios pelos quais Cristo não cessa de construir e guiar a sua igreja. E é por isso que é transmitido por um sacramento próprio, o Sacramento da Ordem.”(CIC 1547).

Pela santa ordenação, o presbítero é configurado a Cristo cabeça e age como “In Persona Christi”. Sabemos, porém, que o sacerdote é um homem sujeito às fraquezas humanas. Deus o escolheu dentre os homens e não dentre os anjos. “Mas trazemos este tesouro em vaso de barro, para mostrar que este poder que a tudo excede provém de Deus” (2 Cor 4,7). E o sacramento fica prejudicado quando o sacerdote não é santo? Quando não age segundo as exigências do seu ministério, do seu estado de vida? O Catecismo lembra que, mesmo que o sacerdote não tenha uma vida exemplar, o sacramento por ele celebrado tem sua validade e eficácia.

Sabemos que, assim como o sacramento do batismo, o sacramento da ordem confere um caráter indelével. Quem o recebe, o recebe uma vez para sempre. Feito ministro de Cristo “para servir de instrumento em favor da sua Igreja. Pela ordenação recebe-se a capacidade de agir como representante de Cristo, cabeça da Igreja

Que grande graça é ser chamado a este ministério. Trata-se de uma eleição mesma de Deus. Não sabemos os critérios dos quais Ele se utiliza para o chamado. O certo é que, é uma vocação! E os que são chamados devem estar conscientes de que sua vida não mais lhes pertence. A vida deve ser também sacrificada junto ao Grande Sacrifício do altar.  Um sacerdote deve ser hóstia também imolada. Sua vida, como incenso oferecido na Santa Missa, se queima para perfumar a vida dos fiéis. Em síntese, o padre é feito tudo para todos. tornei-me tudo para todos, para de alguma forma salvar a muitos.(1 Cor 9,22)

Em sua paróquia tem um sacerdote? Louve e agradeça a Deus. Ele não é o melhor sacerdote do mundo? Seja compreensível e reze para que seja santo. Os sacerdotes carecem de orações, carecem de pessoas que se interessem por suas vidas e por suas dores. Carecem de amigos que lhe ofereçam ombros para chorar suas dores. Ofereça orações e colabore também com seu padre em sua paróquia.

Senhor, enviai muitas e santas vocações sacerdotais para nossa Igreja. Sacerdotes segundo o Teu coração.

 

Padre Cristiano Sousa – Representante dos Presbíteros

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O Diaconado. Serviço de Amor, por Amor – V

Neste caminho que estamos percorrendo falando acerca da vocação sacerdotal em todas as suas fases, chegamos à Ordenação Diaconal. Não foi fácil, já foram percorridos no mínimo uns 9 anos. Entre faculdade, discernimentos e muita oração, o candidato já se viu também diante de crises. Será mesmo que Deus me chama ao sacerdócio? Eu, tão fraco. Tão barro. Não havia outros jovens até mais santos? Essas crises e questionamentos foram amadurecendo e chegamos ao momento da ordenação.

Antes, porém, de falar sobre o primeiro grau da ordem gostaria de lhe perguntar. Conhece algum diácono? Conhece a história de Santo Estevão? O capítulo 6 dos Atos dos Apóstolos relata a eleição de 7 diáconos. “Naqueles dias, aumentando o número dos discípulos, surgiram murmurações dos helenistas contra os hebreus. Isto porque, diziam aqueles, suas viúvas eram esquecidas na distribuição diária. Os doze convocaram então a multidão dos discípulos e disseram: Não é conveniente que abandonemos a Palavra de Deus para servir às mesas. Procurai, antes, entre vós, irmãos, sete homens de boa reputação, repletos do Espírito e de sabedoria, e nós os encarregaremos dessa tarefa”, entre estes estava Estevão. Seu ministério fecundo o levou ao mais alto grau do testemunho: O martírio! “E apedrejaram Estevão, enquanto ele dizia esta invocação: Senhor Jesus recebe, recebe meu espírito” (At 7,59).

O diaconado ocupa na Igreja um lugar de destaque e está entre os graus do sacramento da ordem. Vejamos o que diz o Catecismo da Igreja: “a Ordem é o sacramento graças ao qual a missão confiada por Cristo aos Apóstolos continua a ser exercida na Igreja, até ao fim dos tempos: é, portanto, o sacramento do ministério apostólico. E compreende três graus: o episcopado, o presbiterado e o diaconado”.

Embora faça parte do grau da ordem, o diácono não é um padre. Sua função consiste no serviço.“Cabe aos diáconos, entre outros serviços, assistir o Bispo e os padres na celebração dos divinos mistérios, sobretudo a Eucaristia, distribuir a Comunhão, assistir ao Matrimônio e abençoá-lo, proclamar o Evangelho e pregar, presidir os funerais e consagrar-se aos diversos serviços de caridade.” (CIC 1570).

Imagino que também você já tenha escutado: Ah, fulano é diácono, mas como se ele é casado? Nós estamos acostumados, em nossa diocese, aos diáconos somente transitórios. Quem são estes? São os homens que estão em caminho para a ordenação sacerdotal. Depois de um período de estudos, as faculdades de filosofia e teologia concluídas, o exame final chamado “De universa” e a aprovação do conselho de presbíteros, eles são ordenados diáconos e exercem o ministério por um período de 6 meses, ou se o bispo julgar necessário, antecipa o período.

Já os diáconos permanentes não estão caminhando para o sacerdócio. São, em geral, homens casados já a algum tempo e se sentem chamados a este ministério. Neste caso, não fazem promessas de celibato. Somente os que são transitórios fazem. Unidos às suas esposas e com o consentimento delas, atestada a idoneidade do candidato, ele é ordenado pelo bispo.

Tanto os Transitórios quanto os Permanentes são ordenados pelos bispos. Os diáconos permanentes têm seu trabalho, sua profissão com a qual sustenta sua família. É importante lembrar que seu ministério, exercido na comunidade, visa o serviço de caridade. Além do mais, eles são designados pelo bispo para os serviços necessários na diocese e nas paróquias. Rezemos pelos diáconos transitórios para que vivam bem este tempo de serviço em vista do segundo grau da ordem, e que não se esqueçam de que o servir é perpétuo em suas vidas. E rezemos pelos diáconos permanentes para que bem compreendam sua missão e santifiquem suas famílias à medida em que também se santificam.

Em nossa próxima edição do jornal apresentaremos o segundo grau da ordem.

Padre Cristiano Sousa – Representante dos Presbíteros