Diocese de Guarulhos

SÃO PAULO - BRASIL

“O Senhor fez em mim maravilhas.” (Lc 1,49)

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A esperança não decepciona (Rm 5,1-5)

Amados diocesanos iniciamos o segundo semestre movidos pela esperança no Senhor, que infunde em nós o seu Epírito e nos enche de alegria e fé. No dia 1 de julho o nosso Bispo Dom Edmilson se reuniu com o Conselho Diocesano de Pastoral e estiveram presentes padres e diáconos assessores, leigos e leigas coordenadores de pastoroais, movimentos, organismos e comunidades de vida. Uma reunião muito produtiva em que o Bispo consultou o Conselho sobre os desdobramentos da XI Assembleia Diocesana de Pastoral e outros assuntos importantes para vivencia dos trabalhos pastorais diocesanos.

O enfoque pastoral que coloco este mês; são as festas juninas já realizadas e as julinas que se realizarão neste mês. É bonito e gratificante ver o povo de Deus se organizado e trabalhando nestas festa, como também nos alegra muito ver a resposta de todo povo enchendo  de alegria os festejos e assim colaborando em suas paróquias.

Quero também destacar a Semana Diocesana de Formação que será no final do mês, nas cinco Foranias. Neste ano retornando ao presencial, e o tema deste ano é: “Família, lugar da palavra, da oração e do partir do pão.” Esta semana faz parte da celebração do Ano da Família Diocesano e teremos até o fim do ano outras atividades.

Quero redender graças ao Senhor por todos os trabalhos de envagelização realizados em nossa Diocese. Pricipalmente pela Folha Diocesana que chega hoje a sua edição de númeto Trezentos. Agradecemos a todos os calaboradores que ao longos dos anos vêm com seus textos enriquecendo este lindo trabalho. Recentemente por conta da pandemia o jornal estava sendo apenas Online, mas este ano voltou a ser impressa. Nossa gratidão especial a toda equipe de edição e revisão.

Bendito seja Deus!

Roguemos a Virgem Maria, que inspire nosso “Sim” a Deus no serviço de evangelização e nossos diversos trabalhos pastorais. E rezemos pelos sacerdotes de nossa Diocese que irão neste mês fazer o seu retiro anual. Que Nossa Senhora, Mãe do sacerdote, guarde todos sob sua proteção.

 

Pe. Marcelo Dias SoaresCoordenador Diocesano de Pastoral

JORNADA PELA VIDA: ENTRE AVANÇOS E RETROCESSOS

A Igreja Católica no Brasil, por meio da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da CNBB lamentou, no último dia 24, a morte do bebê da menina de Santa Catarina. “Mais uma vez, infelizmente, veio à tona, outro caso dramático de uma criança que estava gestando um bebê com a idade gestacional de 29 semanas”, diz a nota da CNBB assinada por dom Ricardo Hoepers, bispo de Rio Grande (RS), que reitera a posição da Igreja “em defesa da integralidade, inviolabilidade e dignidade da vida humana, desde a sua concepção até a morte natural”, e ainda, “condena, assim, todas e quaisquer iniciativas que pretendam justificar e impor o aborto no Brasil”.

Na nossa coluna da última edição – Junho 2022 – expusemos um breve histórico do julgamento do caso Roe versus. Wade, pela Suprema Corte Americana, que, em 1973, autorizou o aborto naquele país e foi utilizado como precedente em países ao redor do mundo inteiro. Na ocasião, esclarecemos como a gestante apelidada de Roe foi instrumentalizada pelos movimentos feministas que, com mentiras, tinham o exclusivo objetivo de aprovar o aborto naquele país. Ela, na verdade, jamais se submeteu a um aborto; aliás, sequer tinha sido estuprada, como à época narrado, e toda ajuda que efetivamente precisava, foi-lhe negada. Tentou trazer a verdade a tona: foi silenciada. Convido a você, querido leitor, que não leu o referido artigo, a acessá-lo no site da nossa Diocese.

A semelhança nos métodos adotados pelos promotores da “cultura da morte”, que, ao fim, revelam seus objetivos, é impressionante.

No recente caso de Santa Catarina, tratou-se de uma criança de 11 (onze) anos de idade que havia engravidado de outra criança de 13 (treze) anos de idade, e que no sétimo mês de gestação, foi submetida ao procedimento de expulsão do feto, que segundo fontes não oficiais, fora realizada através de aplicação de cloreto de potássio no coração do feto, ocasionando a sua morte brutal. Ora, com mais de 29ª semana, o nascimento do bebê seria plenamente viável e, diante do impreterível trabalho de parto ou cirurgia cesariana para a remoção da criança, a prática mostra o que a ideologia esconde: a realização do aborto trará sofrimentos e riscos físicos e psicológicos à jovem mãe.

Nesse contexto, o que presenciamos no Brasil foram lamentáveis esforços da mídia comprometida com a promoção da morte, sobretudo com o objetivo de, utilizando-se do caso desta menina, criar precedentes para abortamento de crianças após a 20ª semana de gestação, limite esse previsto na Norma Técnica do Ministério da Saúde, em vigor desde 2012.

Por outro lado, houve importantes avanços em favor da vida: como previmos na última edição da Folha Diocesana, a Suprema Corte dos EUA revogou, também no último dia 24, o precedente Roe versus Wade sendo que, a partir de agora, caberá a cada estado norte-americano legislar sobre o aborto. Segundo a Corte: “A decisão Roe v. Wade foi clamorosamente errada desde o início. Seu fundamento foi excepcionalmente fraco e a decisão teve consequências danosas”.

A proibição ao aborto é de fato expressão de direito natural e encontra positivação no ordenamento jurídico – em nível infraconstitucional e constitucional. A Santa Igreja afirma, desde o século I, a malícia moral de todo o aborto provocado. E esta doutrina não mudou. O aborto direto, isto é, querido como fim ou como meio, é gravemente contrário à lei moral: “Não matarás o embrião por meio do aborto, nem farás que morra o recém-nascido” nos diz o Primeiro Catecismo da Igreja, (Didaké 2, 2).

Agradecemos à nossa Mãe, a Igreja, pela sua fidelidade à imutável doutrina e tradição católica que defende e valoriza a vida humana desde a concepção até a sua morte natural, e a veículos de comunicação católicos, como a nossa querida Folha Diocesana, que, na maturidade de sua 300ª edição e sob a responsabilidade jornalística do estimável Padre Marcos Vinícius, consolidou-se como um importante meio de propagação dos valores do Evangelho em nossa Diocese.

Marcos Antônio Favaro – Procurador Jurídico, Pós-Graduado
em Teologia, Mestre em Direito na PUC-SP

A Santa Missa na formação dos seminaristas

A Santa Missa, centro de toda ação da Igreja, é também fonte de toda vocação. Ela é nascente inesgotável do amor de Deus, que não somente alimenta o corpo e a alma, mas também desenvolve na pessoa humana o desejo de ser toda de Deus e nele e por ele receber a salvação. Partindo desta premissa, faz-se necessário entender que a formação do futuro sacerdote se inicia na Santa Missa, momento em que se identifica “in persona Christi”, ou seja, na pessoa de Cristo, fazendo-se parte integrante do corpo do Senhor.

A Santa Mãe Igreja, preocupada com a formação dos seminaristas, através do Código de Direito Canônico, orienta que “a Celebração Eucarística seja o centro de toda a vida do seminário, de forma que todos os dias os alunos, participando da própria caridade de Cristo, possam haurir, sobretudo desta fonte abundantíssima as forças para o trabalho apostólico e para a sua vida espiritual. (cân. 246 – §1)”. A liturgia e a celebração da Santa Missa são fonte pastoral de inesgotável formação do seminarista, porque contribuem a uma experiência sensível e inteligível do memorial salvífico da paixão, morte e ressurreição de Cristo. Mediante a Liturgia da Palavra e a Liturgia Eucarística, o seminarista poderá ser santo e fiel Àquele que é o único e verdadeiro Sacerdote, Altar e Cordeiro. Ensinou o Santo Padre o Papa Francisco, em audiência geral no dia 15 de novembro de 2017, que: “a Missa é oração, aliás, é a oração por excelência, a mais elevada, a mais sublime, e ao mesmo tempo a mais ‘concreta’”.

Portanto, ao compreender a sua vocação através do Santo Sacrifício, o seminarista é formado na oração, na penitência, na caridade e no amor, não somente ao Senhor, mas também aos irmãos e à sua comunidade, pois vivencia diariamente os ensinamentos deixados pelo Cristo por meio de seu exemplo e palavra, especialmente no que diz em João 15: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos” (cf. Jo 15,13-17), os que devem cotidianamente ser imitados para que alcancem aquilo a que foram chamados, serem Sacerdotes para sempre.

 

Markos Monteiro da Silva – Seminário Propedêutico Santo Antônio

ROE X WADE: A PROXIMIDADE DO FIM

Estamos, segundo importantes fontes, as vésperas de que a Suprema Corte Americana reverta um dos seus julgamentos mais emblemáticos sobre o aborto, e que serviu de inspiração e modelo para que muitos países autorizassem essa prática nefasta e desumana, tanto por meio de leis, como de decisões dos seus tribunais.

A reanálise deste assunto deve-se a um recurso contra uma Lei do estado do Mississipi, que possibilita o aborto até a 15ª semana de gestão, e não até a 23ª, como havia decidido a Suprema Corte dos EUA.

Tudo começou no ano de 1970 quando uma garçonete chamada Norma McCorvey, moradora da cidade de Dallas – que posteriormente recebeu autorização para usar o nome de Roe – informou ter sido estuprada e exigiu o direito de abortar. Para tanto, processou o estado do Texas, que foi representado na justiça pelo Promotor Wade. Em 1973 o caso chegou até a Suprema Corte Americana que, por sete votos a dois, decidiu pelo direito ao aborto. Todavia, a esta altura, McCorvey, já havia dado à luz a uma menina que foi encaminhada para adoção.

McCorvey, utilizada pelo movimento feminista norte-americano como grande símbolo do aborto nos Estados Unidos, nunca se submeteu a um. Em 1987 confessou que não havia sido estuprada, mas que a gravidez que marcou a discussão do aborto no país foi fruto de uma relação com um homem com quem estava unida “por algo que pensava que era amor, mas por fim não era”. Em 1994 foi batizada na religião protestante, deixando seu trabalho em uma clínica de aborto, e passando a dedicar-se à defesa da vida. Em 1998, se tornou católica e, em 2004, tentou, sem sucesso que a Suprema Corte revisse seu caso, o que não ocorreu naquela época, vindo a falecer em 2017.

Ela nunca pareceu encontrar a paz, nem antes, nem depois de se transformar involuntariamente em um personagem histórico. Nasceu na Louisiana e cresceu em um ambiente pobre no Texas, entre a ausência da figura paterna e os abusos psicológicos de uma mãe alcoólatra. Deu à luz pela primeira vez aos 16 anos. Depois viria outra filha. Quando, aos 21, e já com um histórico de alcoolismo, vício em drogas e prostituição, ficou grávida pela terceira vez, procurou ajuda. A colocaram em contato com Linda Coffee, uma advogada de 26 anos que procurava uma demandante cujo exemplo permitisse que ela lutasse pela legalização do aborto.

Por várias vezes, McCorvey disse que embarcar naquilo foi o pior erro de sua vida. Ela, ao invés de receber a assistência material, psicológica e espiritual de que necessitava, foi vista como uma oportunidade para avanço das pautas abortistas. Quando aceitaram seu caso, ela estava na décima oitava semana de gestação, o que tornava impossível obter uma sentença a tempo para interrompê-la. Também sequer ofereceram a possibilidade de ajudá-la a abortar, como faziam com outras mulheres pobres, enviadas a Estados como a Califórnia, onde o governador o havia legalizado em 1967. Mais detalhes de sua história constam em seu livro autobiográfico chamado I Am Roe (Eu Sou Roe), de 1994, bem como no livro The Family Roe. An American Story (A família Roe. Uma história americana), do jornalista Joshua Prager.

Este emblemático caso – Roe versus Wade – nos mostra que a denominada “cultura da morte”, fundada na mentira e capitaneada por diversos movimentos feministas favoráveis ao aborto não busca, como prega, defender os direitos da mulher, mas, ao contrário, impor a destruição da vida humana (da criança não nascida e consequentemente da mulher) e também da família (projeto e dom de Deus) em prol de interesses egoístas e diabólicos, utilizando-se no mais das vezes, do próprio Estado – como no presente caso –  que passa a ter suas políticas públicas direcionadas para a morte.

Esperamos, confiantes, que os atuais juízes da Suprema Corte Americana tenham a sabedoria e a coragem de decidir em favor da vida e a humildade de pedir perdão ao mundo pelos erros que a instituição à qual pertencem cometeram e que foram corresponsáveis, direta ou indiretamente, pelo assassinato de milhões de vidas inocentes ao redor de todo mundo.

 

Marcos Antônio Favaro – Procurador Jurídico, pós-graduando em Teologia, mestre em Direito pela PUC-SP

ESCUTAR COM O CORAÇÃO É UM ATO DE AMOR

Precisamos ouvir menos e escutar mais.

Ela está presente em todas as relações. Entre pais e filhos é a base para a construção do ser; entre casais faz a unidade; no mundo corporativo alavanca negócios e entre nações sela acordos promovendo a paz. A ausência dela, no entanto, gera discórdia, cria desconfiança, faz separações e promove a guerra. Estamos falando da comunicação. As sociedades só se formaram porque o ser humano foi capaz de se comunicar a partir das suas necessidades comuns, cooperando por segurança e subsistência. Os meios de comunicação permitem a troca de informações em tempo real, mas apesar de tantos avanços tecnológicos ainda não aprendemos a escutar.

Diferença entre ouvir e escutar.

Na era dos aplicativos para smartphone o ouvido tornou-se um órgão essencial. É quase impossível não ver alguém nos transportes coletivos portando um fone de ouvido. Ouve-se de tudo: música, cultura, esportes, audiolivros, etc. Nossos ouvidos são estimulados constantemente, mas apesar disso ainda não aprendemos a escutar. Quando nos referimos a ouvir e escutar, não estamos falando da mesma coisa. Ouvir se refere ao sentido biológico da audição; é uma atividade puramente mecânica e automática, ou seja, você não tem o controle sobre ela a menos que tape os ouvidos. Ao contrário disso, escutar é um ato consciente que depende da sua vontade. Infelizmente as pessoas estão ouvindo muito, mas escutando pouco.

O padre Júlio Lancelotti, coordenador da Pastoral do povo de rua de São Paulo, nos dá uma verdadeira lição sobre esse tema, através do seu trabalho junto ao povo que vive nas ruas. Com carinho e afeto ele escuta com o coração a história de cada um deles. Segundo ele, essas pessoas precisam ser tratadas com humanidade. De fato, só percebemos a miséria material que se apresenta aos nossos olhos, mas ignoramos que aquelas pessoas são seres humanos como nós. Além de abrigo e comida, elas precisam de um olhar compassivo, um abraço e serem alvos não do nosso julgamento carregado de preconceito, mas sim da nossa empatia e solidariedade.

Escutar é um ato de amor.

Se você pensa que não tem nada para dar a alguém que sofre, saiba que escutá-lo com atenção é um ato que revela amor e caridade. Para escutar o outro, você precisa abandonar um pouco a si mesmo numa atitude de pura doação. Você deve escutar sem julgar, sem criticar, apenas receber, aceitar e acolher reconhecendo que aquela pessoa é um ser igual a você. Ele também tem uma história, família e tal como você, também quer ser feliz, não quer o sofrimento. Escutar com o coração é partilhar nossa bondade e fazer uma imersão autêntica e reveladora na maravilhosa experiência de ser humano.

 

Romildo R. Almeida – Psicólogo clínico

A ALIANÇA: EXPERIÊNCIA DE FÉ PARA O BEM DE TODOS

No passado, a palavra tinha um valor inestimável. Também na Bíblia a palavra tem força e poder e exige uso consciente e responsável. Na Aliança que Deus firmou com seu povo do Antigo Testamento há regras de inclusão e exclusão.

Israel tem consciência de que Deus o escolheu, o menor dentre os povos (Dt 7, 7 – 8), mas sem excluir outros povos.

A palavra    Aliança” em hebraico, BERIT, tem diferentes sentidos: nas culturas antigas significa tanto o pacto entre duas partes distintas, como refeição por ocasião de um pacto.

No pacto antigo um animal era dividido em duas partes, colocando-as uma em frente a outra. Os dois contratantes envolvidos na aliança passavam entre as partes do animal e tinham o sangue do mesmo como “testemunha” do pacto.

Berit vem também do termo BERITU, que indica o elo de uma corrente que une suas partes.

Na Bíblia, geralmente, a Aliança é um empenho só por parte de Deus: Ele simplesmente promete sem exigir contrapartida. Exemplos: com Noé a Alainaça é simbolizada no arco-íris (Gn 9, 8 – 18); com Abraão é expressa no rito de imprecação (Gn 15, 1 – 9); e com Fineias é a garantia de um sacerdócio eterno (Nm 25, 10 – 13).

Mas também a Aliança (BERIT) aparece na Bíblia

–  como empenho imposto por Deus (Ex 24, 3 – 8)

– reconhecimento dos benefícios recebidos pelo antigo povo de Israel (Dt 29, 1 – 8)

– empenho do povo em assumir o sinal da Aliança com a circuncisão (Gn 17).

Também a Aliança é assumida como empenho recíproco entre Deus e seu povo, como em Dt 16, 17 – 19 e 29, 11 – 13, onde há o empenho de Deus em realizar suas promessas e do povo em ser fiel a Deus.

Para elaborar seus escritos sobre a Aliança, Israel foi influenciado porvários povos. É notável como a estrutura dos textos da Aliança no Deuteronômio se assemelhe à estrutura de textos legislativos assírios. Vejamos Dt 4, 44 – 28, 68. Temos as seguintes partes:

– 4, 44- 49: fala das conquistas do povo libertado do Egito;

– 5 – 11: num prólogo paranético, no qual Deus enumera os benefícios que Ele fez ao povo;

– 26, 16 – 19: Aqui, Deus pede para que seu povo seja fiel;

– 12, 1 – 26, 16: nesta parte do texto Deus estabelece algumas estipulações particulares com normas específicas que devem ser observadas (como lugares de culto, detalhes de sacrifícios, animais puros e impuros, ano sabático, festas religiosas, etc.

– 28, 1 – 46: seção de bênçãos aos que forem fiéis e maldições aos infiéis.

Temos o mesmo esquema em Dt 29 – 30:

– 29, 1b – 8: recordação histórica dos benefícios de Deus ao povo;

– 29, 9 – 14: exigência de fidelidade à Aliança de Deus;

– 29, 15 – 18: orientações de como proceder;

– 30, 1 – 10. 15 – 16: Bênção aos fiéis e maldições aos infiéis (ver também Dt 29, 19 – 27; 30, 1 – 18)

– 30, 19: o céu e a terra são tomados como testemunhas.

A Aliança é inciativa sempre da soberania de Deus e requer a resposta de fé do povo (Dt 30, 15 – 20). O modo do povo responder aos apelos da Aliança vai determinar seu destino: a vida ou a morte, a felicidade ou a desgraça, a bênção ou a maldição.

Deus e seu povo trocam declarações que são seladas numa Aliança (Dt 26, 17 – 19), que deve ser um empenho bilateral assumido livremente e selado com uma solene declaração, numa relação amigável, na qual Deus só preza o bem de seu povo. Quando o povo transgride a Aliança, atrai para si mesmo desgraças que enfrentará na sua história. Percebamos o quanto ainda não atraímos o bem para nós quando nos afastamos da Aliança que Deus estabeleceu conosco pelo Sangue Precioso de seu Filho. Quando a experiência do pecado prevalece em nossas atitudes, atraímos o mal e as maldições para nossa vida pessoal e social.

 

Pe. Éder Aparecido Monteiro – Comissão de Liturgia

Liturgia nos Ritos da Iniciação Cristã (Parte 4)

No caminho da Iniciação Cristã, as celebrações litúrgicas tem a função de tornar sensível o essencial da fé, por sinais e símbolos, para que os catequizandos (crianças, jovens e adultos) continuem a vivência cristã na comunidade. Ao dizer “caminho da Iniciação Cristã”, nos referimos não só aos catequistas e catequizandos, mas a toda comunidade (equipes de liturgia, agentes de pastorais, as pessoas que participam da missa), como uma família que acolhe novos membros e lhes mostra suas riquezas.

Nossa diocese fez passos muito importantes para concretizar a Iniciação Cristã. Em nosso site https://diocesedeguarulhos.com.br/catequese/catequese-criancas/ estão publicadas as várias celebrações necessárias para este caminho. Comentamos hoje duas celebrações da Iniciação Cristã de crianças, a Celebração da Luz na 2ª etapa, e a Celebração do Pão na 3ª etapa. São celebrações muito simples, a partir dos símbolos usados na missa. As celebrações prevêem a participação das crianças, seus pais e mães, catequistas e pessoas da comunidade. Será muito útil ler o roteiro destas celebrações, para compreender melhor a proposta.

Os símbolos são apresentados na sua simplicidade: pão que alimenta, luz que ilumina. A partir disso, se acrescentam os significados da fé: a presença do Cristo como pão que dá vida e como luz que dissipa as trevas. Avançamos para o significado da conversão: pedimos perdão pelo egoísmo, pela falta da partilha do pão, e por tantas situações que escondem a verdade do Cristo Luz. E os símbolos são tocados por todos: recebemos um pedaço de pão para comer, recebemos uma vela para acender. Com cantos e orações, nos dirigimos a Deus, que se faz presente por sinais tão simples e cotidianos. As celebrações se concluem com o Pai Nosso, uma oração e a bênção final.

Vivenciar estas celebrações faz toda a diferença. As catequistas que realizaram estas celebrações comentaram que preparar e participar dessas celebrações tem sido um aprendizado muito grande. A catequese vivenciada antes era totalmente diferente, não haviam momentos celebrativos, eram somente discursos sobre o Antigo e o Novo Testamento. E ensinavam que “não se podia mastigar a hóstia consagrada, pois era o Corpo de Cristo”. Mas hoje, através da celebração do pão, entenderam que Jesus se fez pão para ser mastigado, para que a vida de Cristo se integre na nossa vida como o pão digerido. Quem participa, sai encantado, renovado com cada celebração. As crianças e familiares aprendem, mas as catequistas também, estão aprendendo juntos.

Por isso a Assembleia Diocesana apontou como prioridade “Assumir o caminho da Iniciação Cristã, de inspiração catecumenal, com a necessária reformulação da estrutura paroquial, catequética e litúrgica” para vivermos e revivermos este caminho da Iniciação com as pessoas que estão chegando para a comunidade, para aprendermos com elas o que não vivenciamos na catequese de antigamente. Não basta fazer este caminho “de novo”, é preciso fazê-lo “de um modo novo”.

 

Pe Jair CostaComissão Diocesana de Liturgia

Presbítero: Comunhão e Missão

“Vós todos sois irmãos” (Mt 23,8)

O presbítero é um homem inserido num contexto sujeito aos desafios e mudanças de cada período. O grande desafio é manter-se sadio e ajudar a sarar os que doentes ficaram e a preservar da enfermidade os que estão sãos. Imaginemos, portanto, o grande desafio do nosso tempo.

No Encontro Nacional de Presbíteros (ENP), ocorrido em Aparecida, de 09 a 14 de Maio, foram abordados vários aspectos da situação atual e como se colocar diante de um contexto de tanta conturbação. As reflexões a seguir têm por base o que lá foi apresentado.

Padre Rosimar, da Arquidiocese de Cuiabá, começou citando uma frase de Padre Manoel Godoi: “Antes de ser padre é preciso ser cristão e antes de ser cristão é preciso ser humano”. Trouxe também trechos das diretrizes gerais para contextualizar o tempo presente. Nas diretrizes, a denúncia de que a nossa sociedade caminha para um secularismo e a perda do sentido da transcendência. Deus é esquecido, quase uma figura mítica.

Sem a referência divina, a subjetividade vira uma ditadura do eu: “eu quero assim, eu penso assim”. O individualismo se acentua e o sujeito vira um mundo à parte do todo. Neste contexto, a comunidade começa a se esfacelar, pois o sujeito não se sente pertença – eu não sou deste grupo, eu não pertenço a esta comunidade e a nenhuma outra. Imaginemos as consequências para nossas paróquias, imaginemos o desastre em nossas pastorais. “Se não for do meu jeito, eu não quero” – não há envolvimento. O isolamento acontece. A comunidade dá lugar a um processo de isolamento. Neste contexto, não há empatia, compaixão, o outro não me diz respeito – “é cada um por si”. E a identidade comunitária de nossa fé? E o convite de Jesus para integrar uma comunidade? E a vivência do Evangelho? Se a deterioração da identidade comunitária se apresenta, consequentemente a deterioração da identidade humana também, pois o homem é um ser para relacionar-se.

No meio desta crise toda, a identidade do presbítero fica prejudicada e a sua missão também. Imagine ser presbítero num contexto desafiador assim. O que acontece é que também o sacerdote adoece e pode acontecer o problema do isolamento e do afastamento da comunidade presbiteral. Pode acontecer o desencantamento com a missão.

Um outro aspecto do nosso tempo é a questão da vida acelerada, acentuada ainda mais pela pandemia. É como se vivêssemos a ditadura do tempo. Corremos contra ele que está atrás de nós, nos devorando. A sensação de que o que fazíamos antes, num determinado período de tempo, não dá para fazer agora, se faz presente. O filósofo Zygmunt Bauman conceitua estas transformações rápidas como modernidade líquida. É como se tudo escorresse por entre as mãos.

Não há tempo para os encontros fraternos. Somos, muitas vezes, absorvidos por vários trabalhos e iniciativas pastorais que, ao invés de produzir frutos, sufocam a comunidade e, consequentemente, o padre. Muitas vezes estamos conversando com pessoas e resolvendo coisas no celular, sem querer nos entregar verdadeiramente ao encontro com o outro. Não estamos inteiros. Ferimos a santidade da escuta.  Muitas vezes, não há comprometimento com os vínculos de relação. Diante deste cenário, eu penso em Deus perguntando a Caim: Onde está teu irmão?

É inegável que, neste contexto, a superficialidade com o outro se faz presente. Os diálogos não são francos e honestos. Os vínculos serão sempre superficiais. A escuta e a compreensão ficarão prejudicadas. A escuta exige envolvimento com o outro. O cristianismo é marcado por encontros. Gastar tempo com o irmão é uma necessidade evangélica.

Uma outra característica deste tempo é o consumo, pai de uma série de desgraças. Nossa sociedade vai apresentando necessidades não existentes para seduzir o interlocutor a comprar desesperadamente. E, para facilitar a vida da pessoa, o mercado se desdobra em propagandas mirabolantes. Uma das desgraças é o “conforto”. É justificável que se tenha coisas para facilitar a vida, mas a corrida exagerada pelo conforto gerou pessoas frágeis, sem o mínimo de espírito de resiliência e de resistência. Lidar com a escassez de algo é como se fosse uma morte.

Os sacerdotes correm o risco de também se deixarem levar pelo discurso de consumo e de conforto. O sacerdote é chamado a reconhecer o caminho do sacrifício e da renúncia da vontade como um caminho de identificação com o mestre Jesus. O conforto pode nos levar a uma proximidade com a preguiça.

Nesta sociedade, priva-se também os padrões de beleza estabelecidos por um grupo que domina as mídias sociais. Uma beleza que não conta com as diferenças mas, a padronização de tudo. Todos têm que ser assim. Se estabelece um povo uniforme. Todos com a mesma “cara” e o mesmo comportamento.

Por causa do individualismo, o autorreferencialismo se estabelece. Quem é a forma perfeita?: EU. Mas, como pode o presbítero esquecer que a referência é sempre Cristo? E como o povo pode desejar uma religiosidade que agrada ao ego? Se me faz bem, eu vou. Se eu choro, este padre é ungido… etc.

Quem é o presbítero em meio a este mundo doente? É aquele que se deixa ser atraído pela gratuidade de uma vida entregue a Deus. Aquele que cuida dos que lhe foram confiados. Aquele que sabe os limites e os comunica aos outros. É aquele que não negligencia a missão, mas também não se deixa sobrecarregar pelos muitos trabalhos. Aquele que é íntimo de Deus e das dores dos homens. É o homem de Deus e dos irmãos!

O cuidado de si também faz parte da missão. É cuidar cuidando-se. Os números de suicídios e de desistências do ministério refletem as enfermidades que assolam também a vida dos sacerdotes. Burnout, ansiedade, depressão, abuso de substâncias químicas, transtornos de personalidade, etc. A Presbiterorum Ordinis usa uma palavra para descrever os tempos: desalento.

O começo de uma mudança se dá com a descoberta do convite de Jesus:Vinde a mim, vós que estais cansados” (Mt 11,28). Dom Joel Portella, secretário da CNBB, nos fez este audacioso e conhecido convite: Escutar o convite de Jesus, descansar nEle. Não dá para, em meio às mudanças que se fazem presentes, colocar nossa confiança naquilo que temos ao alcance, na loucura da crise de identidade, o indivíduo se agarra ao que está ao seu alcance. Temos as verdades basilares. A Igreja, sacramento da salvação, continua sua missão no mundo.

O presbítero é o homem da esperança com características, segundo Dom Joel, bem definidas:

O sacerdote é peregrino: como Jesus, o enviado do Pai, o sacerdote vive sua missão neste mundo sabendo que sua realização se dará em plenitude em Deus. Caminhamos nas estradas do mundo rumo ao céu;

O sacerdote é irrequieto: não se acomoda, mas busca, em meio a tudo, formas de anunciar Deus e seu reino;

O sacerdote é ponte: estabelece relações, liga através dos sacramentos, principalmente o sacramento da confissão;

O sacerdote é ouvinte: trata-se da nobre missão de se fazer escuta. Escuta a Deus e escuta os irmãos;

O sacerdote é testemunha: não se trata de anunciar Cristo com um discurso vazio e frio, mas de tocar o coração das pessoas com o que viu e ouviu;

O sacerdote é celibatário: sua vida é uma oferta. O amor é indiviso, é todo entregue a Deus;

O sacerdote é Cirineu: feito para ajudar os irmãos a carregarem as pesadas cruzes desta vida, anunciando-lhes a grandeza do céu;

O sacerdote é irmão: membro de uma família chamada presbitério, onde experimenta o exercício da fraternidade presbiteral, é irmão com os irmãos;

Rezemos pelos sacerdotes de nossa Diocese e pelos sacerdotes espalhados no mundo inteiro. Sejam eles homens de comunhão e de serviço. E que, em nossas paróquias e comunidades, cooperemos com o exercício pastoral de nossos padres. Construamos a Igreja de Cristo sendo irmãos uns dos outros e ajudando sempre a carregar a cruz.

 

Padre Cristiano Sousa – Representante dos Presbíteros

PÁSCOA: COMPROMISSO E MISSÃO (2)

Na reflexão do mês passado coloquei alguns pontos do “clima pascal” no Antigo Testamento, convidativo ao povo escolhido para a fidelidade e a missão. No povo da Antiga Aliança estão prefiguradas a fidelidade e a missão do povo da “nova e eterna Aliança”. A Páscoa e o “clima pascal” do Antigo Testamento se cumprem plenamente em  Jesus Cristo, nosso Senhor.

A Páscoa da Ressurreição do Novo Testamento exige o  anúncio do senhorio de Jesus Cristo em toda a missão da Igreja: “É ele a pedra desprezada por vós, os construtores, mas que se tornou a pedra angular . Pois não há debaixo do céu outro nome dados aos homens pelo qual  devamos ser salvos.”  (At 4,11-12). Não é falta de respeito para quem não aceita, rejeita, acredita de modo diferente ou expressa outra experiência religiosa. Jesus Cristo é necessário para salvação do homem (integralmente) e à Igreja cabe a missão – imperativa – de anunciá-lo explicitamente.

Peço desculpas pela abundância de citações bíblicas, mas é para ajudar a refletir sobre as exigências pascais na missão da Igreja. Nas aparições de Jesus ressuscitado nos evangelhos sinóticos, os apóstolos são sempre enviados com um mandato explícito de anunciar o evangelho da salvação “a todos” (Mt 28,18-20; Mc 16,15-20; Lc 24,46-47). Desde a primitiva Igreja em Jerusalém, manifestada no dia de Pentecostes, até a missão de Paulo entre as nações pagãs, (At 1,8; 2,37-41; 3,11-26; 4,8-12; 5,27-33. 7,56; 8.34-35; 10-11; 13-28) o anúncio explícito de Jesus Cristo ressuscitado forma as comunidades cristãs, anima a vida da Igreja, transforma a vida das pessoas e, consequentemente, vai transformando pela força do evangelho as sociedades.

Ainda que, infelizmente, tenhamos assistido imposições e retaliações por parte da Igreja na chamada primeira evangelização da Europa e primeira evangelização nas Américas, é preciso concordar que doutrinas e, consequentemente, práticas que contradizem o evangelho não podem coexistir harmonicamente.  Isso não quer dizer que devam estar em guerra. Diálogo não é sincretismo. O anúncio de Jesus Cristo é sempre um dom. Não pode ser identificado como opressão.

Iniciamos o mês de junho com a solenidade de Pentecostes, final do Tempo Pascal, mas ápice da Páscoa. O Espírito fala em nós, nos leva ao verdadeiro testemunho de Jesus. Com a força da Páscoa caminhamos na nossa missão.

Esta missão para a qual nos impulsiona Pentecostes, traz consigo a exigência do anúncio explícito da salvação conquistada por Jesus ressuscitado. Somente este anúncio pode revitalizar a vida das nossas comunidades, algumas tão feridas neste tempo de pandemia. Somente este anúncio pode reanimar os nossos agentes de pastoral, alguns tão desiludidos que não querem retomar as atividades que tiveram de ser interrompidas há 02 anos. Somente este anúncio pode trazer uma verdadeira esperança e fazer “esperançar” as pessoas que acabaram indo para periferias existenciais e geográficas durante este tempo. Somente a força deste anúncio pode auxiliar na transformação da nossa sociedade tão esfacelada por aproveitadores, que neste tempo inescrupulosa e egoisticamente, arquitetaram a conquista de um poderio econômico e político. Somente o evangelho de Jesus pode nos dar um discernimento amplo, perspicaz e eficaz. Somente o evangelho pode nos dar lucidez profética.

 

 

18º CONGRESSO EUCARÍSTICO NACIONAL

O tema do XVIII Congresso Eucarístico Nacional, “Pão em todas as mesas”, chama a atenção para a finalidade última da Eucaristia: que o pão e o vinho partilhados na Ceia do Senhor frutifiquem no “pão nosso de cada dia”, na mesa das casas, no cotidiano do povo. Participando do corpo e do sangue do Senhor, a comunidade se torna um só corpo. (cf. Oração Eucarística II)

Os braços erguidos expressam o louvor e a ação de graças, em memória da morte e ressurreição do Senhor.
A Eucaristia é “Pão que alimenta e que dá vida e Vinho que nos salva e dá coragem” oferecidos por todo o povo celebrante. (cf. Oração Eucarística V e SC 48).
A Eucaristia move a Igreja a sair de si, das zonas de conforto, para alcançar as periferias existenciais, tão lembradas pelo Papa Francisco e a ponte evoca a cidade do Recife, que sedia o Congresso, e os anseios de justiça e paz.

A água, essencial para a sobrevivência, é fonte da vida nova, em Cristo e no seu Espírito.

(Ir. Laíde Sonda, PDDM)