Diocese de Guarulhos

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Amizade social é tema da Campanha da Fraternidade

Inspirada nas teses do papa Francisco, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou na quarta-feira de cinzas – início da quaresma para os cristãos católicas -, a edição de número 60 da Campanha da Fraternidade. A ideia central da Campanha é divulgar a proposta de Amizade Social, firmada pelo papa Francisco, na encíclica Fratelli Tutti, lançada em outubro de 2020.

Amizade Social tem como sinônimo o gesto de cuidar. A preocupação de cuidar está presente em todas as dimensões de nossas vidas. Das mais insignificantes e rotineiras atitudes às significativas opções que direcionam nossas vidas, as vidas no mundo. Nas relações pessoais – família, trabalho, lazer, amores – o gesto de cuidar, querer bem, estar bem é algo intrínseco no ato humano. Temos uma atenção particular de cuidar dos nossos grupos de amigos. Estamos, constantemente, rodeados de pessoas. Cada qual de nós se encontra naturalmente ligado a um grupo social. Somos indivíduos, mas ao mesmo tempo um ser social e, como tal, temos que cuidar da nossa individualidade e do grupo que nos acolhe. Afinal, somos humanos e, como tal, um ser social envolvido numa complicada teia de relacionamentos que identificamos como sociedade. Sabemos, por experiências, que ninguém vive só. Somos pessoas e aprender a ser pessoa, ser grupo e ser povo torna-se um desafio.

Tal aceno à prática do cuidar não impede inúmeros gestos e projetos marcados pelo descuidar. Fala-se muito da “divisão de narrativas” que nos envolve. Não é difícil encontrar alguém que não tenha se retirado do grupo do whatsapp ou das redes digitais, após amargar gestos, ideias e palavras repletas de intolerâncias, racismos, xenofobias e agressões verbais. Há uma crise que perpassa nossas relações humanas. Então, o cuidar tornou-se um desafio.

No atual sistema econômico tudo vira mercadoria. Nessa linha de pensar não exista o humano, pois o ser humano é visto como algo que também  tem um preço. Tudo que vemos e tocamos vira mercadoria com preço e data de validade. As vidas de inocentes importam? Não há pessoas, não há “fidelidade nos relacionamentos e projetos humanos que não sedam ao convite insano do dinheiro”. “A vida é grana” como cantou Cazuza.

Uma fraternidade marcada pela Amizade Social procurará conviver com os diferentes. Buscará dialogar com comportamentos, ideias diferentes daquelas que marcam meu convívio social. Não somos inimigos. Falas ou comportamentos marcados por bullying, feminicídio, machismo, pedofilia, racismo, pena de morte, intolerância religiosa, desrespeito com a democracia, hiper individualismo, aversão aos pobres e destruição do meio ambiente em nada colaboração para uma boa e salutar convivência social (CF 34-52).

Cuidar tem, para o universo cristão, um senso de projeto de vida. Cuidar do próprio corpo, cuidar do corpo dos outros, cuidar dos pobres e dispensar um bom tempo para cuidar do planeta Terra são gestos, projetos de preservar a vida. Garantir às futuras gerações os dons doados pelo Criador (Gn 1-11). Cuidar, tal como Noé, o cultivador, logo após o dilúvio (Gn 9,20) que se mostrou atento aos mais frágeis. Cuidar como o bom pastor identificado por seu ato de zelar pelas ovelhas extraviadas, machucadas, feridas e abatidas (Ez 34,1-16; Jo 10,1-18). Eis o alerta proposto pelo Papa Francisco: cuidar das feridas da nossa gente. Cuidar daquele, daquela que tem a vida ameaçada.

Antonio C. Frizzo

Acfrizzo@uol.com.br

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