O Mês da Bíblia é destinado a quem quer alimentar sua fé em Jesus Cristo e vivenciá-la comunitariamente, em comunhão com toda a Igreja no Brasil. Em 2025, o Mês da Bíblia será focado na Carta aos Romanos com o inspirador lema “A esperança não decepciona” (Rm 5,5). Esse lema, escolhido em uníssono com o Grupo de Reflexão Bíblico Catequética (GREBICAT), ganhou ainda mais significado com a escolha do Papa Francisco para o Jubileu da Encarnação de 2025, demonstrando uma maravilhosa convergência espiritual.
“A esperança não decepciona” (Rm 5,5)
Setembro é o mês dedicado, pela Igreja no Brasil, ao aprofundamento da Palavra de Deus. Em 2025, o Mês da Bíblia tem como texto inspirador a Carta aos Romanos, uma das obras mais influentes de São Paulo e um marco da teologia cristã primitiva. O lema escolhido, “A esperança não decepciona” (Rm 5,5), convida nossas comunidades educativas a redescobrir que a vida encontra sentido no amor de Deus, revelado em Cristo e derramado em nossos corações pelo Espírito Santo.
Tradicionalmente atribuída a São Paulo, a carta é datada entre os anos 55 e 58 d.C., provavelmente escrita em Corinto, embora alguns estudiosos levantem a hipótese de que tenha sido redigida por um discípulo ou membro da comunidade de Roma, devido à sua densidade e estilo teológico. Diferente de outras cartas, Paulo escreve para uma comunidade que não havia fundado, formada por gentios, judeus, prosélitos e tementes a Deus. Esse grupo vivia tensões internas após a volta dos judeus expulsos de Roma pelo Edito de Cláudio (49 d.C.), o que gerava dificuldades de convivência e de unidade no seguimento de Jesus.
A carta possui também objetivos práticos: Paulo planejava levar uma coleta a Jerusalém, buscava ser acolhido pelos romanos e receber apoio para sua futura missão na Espanha. No entanto, mais do que
uma carta de apresentação, trata-se de uma profunda reflexão teológica. Nela, Paulo reafirma que a justificação não vem das obras da Lei, mas da fé em Jesus Cristo, dom gratuito que alcança todos os povos. Destaca ainda o papel de Israel no plano salvífico de Deus, mantendo viva a esperança de sua plena adesão a Cristo, e apresenta as consequências éticas da fé: uma vida marcada pela caridade, pela fraternidade e pela superação de divisões.
O coração da mensagem é a certeza de que “a esperança não decepciona”, porque se enraíza no amor de Deus que nada pode separar do ser humano (cf. Rm 8,39). Esse amor foi revelado em Cristo e é derramado em nossos corações pelo Espírito Santo. A Carta aos Romanos, portanto, não é apenas um tratado teológico, mas uma convocação a viver a fé como comunhão, reconciliação e testemunho de esperança em meio às tensões e desafios da vida comunitária.
3 grandes temas pastorais para o mês da Bíblia 2025
Esperança
A Carta aos Romanos nos apresenta a esperança como alicerce da vida cristã: “a esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo” (Rm 5,5). Reconhecendo que a vida está marcada por desafios, sofrimentos e limites, Paulo lembra que a esperança cristã não é ingênua nem frágil: ela se ancora na paz com Deus e na certeza de que nada pode nos separar do Seu amor (Rm 8,39).
Essa esperança transforma a vida pessoal e comunitária, sustentando educadores e estudantes a caminhar firmes como peregrinos, confiantes de que a vida tem sentido porque está enraizada no dom de Cristo.
Reconciliação
Em Cristo, Deus nos oferece a reconciliação: somos justificados pela fé e restaurados na amizade com Ele (Rm 5,1-11). A reconciliação não é apenas uma experiência interior, mas um chamado a refazer laços rompidos, a vencer divisões e a superar preconceitos. Paulo lembra à comunidade de Roma que Deus não faz acepção de pessoas (Rm 2,11), convidando judeus e gentios a se acolherem mutuamente.
Liberdade
Um dos pontos mais fortes da Carta é o anúncio da verdadeira liberdade: em Cristo, somos libertos do pecado, da lei e da morte para viver na novidade do Espírito (Rm 6–8). O batismo é a grande porta dessa experiência: morrer para o pecado e viver para Deus em Cristo (Rm 6,4). Essa liberdade não se confunde com autonomia individualista, mas se realiza no serviço e no amor ao próximo (Rm 13,8-10).
3 DIMENSÕES PARA O USO DA BÍBLIA
1. Oração: a Palavra que gera encontro
A primeira dimensão da animação bíblica é a oração, pois a Sagrada Escritura não é apenas um texto a ser estudado, mas lugar de encontro com Jesus Cristo, Palavra viva do Pai. O contato orante com a Escritura transforma a leitura em diálogo, onde se fala com Deus antes de falar de Deus. Isso gera silêncio interior, escuta atenta e disponibilidade para deixar-se conduzir pelo Espírito.
2. Formação: a Palavra que ilumina a mente e a vida
A segunda dimensão é a formação, porque a Palavra de Deus precisa ser compreendida com maturidade e responsabilidade. A Bíblia é Palavra viva, mas escrita em contextos históricos, sociais e culturais diferentes; exige, portanto, interpretação adequada, em diálogo com a teologia, as ciências e a realidade atual. A formação bíblica liberta do fundamentalismo, abre horizontes para o pensamento crítico e oferece critérios evangélicos para discernir a vida.
3. Anúncio: a Palavra que envia em missão
Por fim, a animação bíblica encontra seu dinamismo pleno no anúncio. A Palavra, quando rezada e assimilada, impele ao testemunho e à evangelização inculturada. O discípulo missionário não guarda para si o encontro com Cristo: anuncia-o em gestos e palavras, contextualizando a Boa-nova na cultura, na linguagem e nas necessidades do tempo presente. Para a escola católica, essa dimensão se concretiza no compromisso educativo que ultrapassa as fronteiras da sala de aula, formando sujeitos capazes de viver e anunciar a esperança cristã no mundo, com sensibilidade pastoral e abertura à diversidade.
Fonte:
Associação Nacional de Educação Católica do Brasil – ANEC