SÃO PAULO - BRASIL

“O Senhor fez em mim maravilhas.” (Lc 1,49)

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"A Esperança não decepciona" (Rm 5,5)

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Artigos Vocação e Seminário

Sem a Palavra de Deus não se tem vocação!

A Palavra de Deus é uma fonte essencial para compreendermos o chamado vocacional que o Senhor tem para cada pessoa. Lembra-nos o Concílio Vaticano II que “as Sagradas Escrituras contêm a Palavra de Deus, e, porque inspiradas, são verdadeiramente Palavra de Deus” e, por consequência, “com esta revelação, de fato, Deus invisível, no seu imenso amor fala aos homens como a amigos e convive com eles para os convidar e admitir à comunhão com Ele” (Dei verbum, 24).

Assim, todo cristão, todo vocacionado, deve possuir uma intimidade com a Palavra de Deus, pois é nela que o próprio Senhor fala a cada coração humano. Em outras palavras, A Palavra deve possuir um lugar de experiência e encontro com Deus na própria vida e na comunidade, na sua vocação geradora de comunhão, missão e participação.

Como uma dimensão pastoral, a promoção vocacional deve ser conduzida pela Animação Bíblica – como se aprofundou na Semana Diocesana de Formação. E “a palavra de Deus deve iluminar os crentes na avaliação da vida como resposta ao chamamento de Deus e leva-os a acolher na fé o dom da vocação pessoal” (Pastores dabo vobis, 39), pois “quando escutamos a sua Palavra, o nosso coração arde (cf. Lc 24, 32) e sentimos o desejo de consagrar a vida a Deus! Desejamos, por isso, descobrir de que modo, em que forma de vida é possível retribuir o amor que Ele primeiro nos dá”, como nos lembra o Papa Francisco na Mensagem para o Dia Mundial de Oração pelas Vocações de 2025.

De fato, na Palavra de Deus se reconhece o amor de Deus e seu projeto de salvação para cada pessoa em cada página da história. Ainda, nas Sagradas Escrituras, confirmamos o chamado de Deus para a santidade, para a vida de intimidade com o Senhor.

Por isso que “a familiaridade com a Palavra de Deus facilita o itinerário de conversão não apenas no sentido de se separar do mal para aderir ao bem, mas também no sentido de se alimentar no coração os pensamentos de Deus, de modo que a fé, qual resposta à Palavra, se torne o novo critério de juízo e avaliação dos homens e das coisas, dos acontecimentos e dos problemas. (Pastores dabo vobis, 47). Por isso que a Palavra de Deus é essencial para o discernimento vocacional e no caminho da vivência da vocação.

Se queremos viver bem o chamado que Deus faz para cada um de nós é necessário, portanto, orar e meditar com a Palavra – seja pelo silencio, pela escuta ou pelo exercício da Lectio Divina, por exemplo. Sejamos nós os próximos a escrever a experiência de nossa vida vocacional nas páginas da história da salvação que Deus sonha a cada pessoa.

 

Padre Edson Vitor

Coord. Serviço de Animação Vocacional

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Artigos Falando da Vida

Aprendendo a Perder

Por que os fracassos fazem parte da vida?

Existe um conceito, amplamente difundido de que, para alcançar qualquer objetivo na vida, basta querer. Com base nessa ideia, escritores se tornaram famosos escrevendo livros sobre como enriquecer, ser feliz, etc. O conceito de que o sucesso está ao alcance de todos, desde que desejemos de verdade, cria uma percepção simplista e muitas vezes ilusória da realização pessoal. Para se obter êxito em qualquer objetivo na vida, é preciso levar em conta, as dificuldades, fatores externos, tempo necessário e principalmente, estar preparado para lidar com um possível fracasso.

Eis aqui uma questão muito importante que é também um componente da saúde mental. Desde pequenos somos ensinados a valorizar a vitória e evitar a derrota. Na educação infantil, por exemplo, é comum ver adultos fingindo perder um jogo para provocar na criança a sensação de poder (elas adoram isso). Claro que a intenção de fortalecer um ego, ainda em processo de desenvolvimento, até que é boa, mas a vida não é um jogo feito exclusivamente de vitórias; quem vai facilitar o jogo no futuro? Os fracassos também existem, mas é difícil aceitá-los numa sociedade que só valoriza os mais fortes, mais inteligentes, mais jovens, mais atraentes, etc.

A felicidade, o sucesso são aspirações humanas, é natural que todos queiram alcançá-los, mas a ideia de que o ser humano nasce para ser feliz, brilhar, voar é pura ilusão; a longo prazo, produz mais frustração e desencantamento do que resultados positivos. Essa narrativa é um produto da sociedade moderna, que nos pressiona a estar sempre no auge, a exibir uma vida perfeita nas redes sociais e a buscar uma utopia que simplesmente não existe. Não é à toa que cada vez mais, pessoas estão buscando nos remédios e nas drogas, a solução física para problemas metafísicos e quem ganha com isso são as indústrias farmacêuticas.

Por outro lado, a constante busca por essa felicidade inatingível, nos cega para as alegrias mais simples e mais singelas tornando-nos reféns de nós mesmos. Que tal se alegrar com o sorriso puro de uma criança, se maravilhar com a flor que floresce no jardim e ter gratidão por ter vivido apenas mais um dia? É preciso romper com a ideia utópica e abraçar uma visão mais humana e imperfeita da existência, onde o valor reside na autenticidade e não na perfeição. Uma visão cuja meta não seja esquecer o passado, nem sonhar com o futuro, mas sim, viver simplesmente o presente.

 

Romildo R. Almeida

Psicólogo clínico

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Artigos CNBB

Presidente da CNBB publica artigo “Pátria Amada!”

O arcebispo de Porto Alegre (RS), presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e do Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho (Celam), Dom Jaime Cardeal Spengler publica, abaixo, o artigo “Pátria Amada!” no qual recorda os valores e fundamentos que sustentam a independência do Brasil como nação. Veja a íntegra.

Pátria Amada!

A Semana da Pátria celebra a independência do Brasil da Casa Imperial de Portugal. A Proclamação da Independência significou autonomia política, soberania nacional, ou seja, liberdade com relação à coroa portuguesa. O Hino da Independência e o Hino Nacional, cantam este fato em prosa e verso: “Já raiou a liberdade no horizonte do Brasil… E o sol da Liberdade, em raios fúlgidos, brilhou no céu da Pátria…”

Passados 203 anos daquele evento histórico, a Constituição de 1988 consagrou a noção de Estado de Direito, ancorada no princípio supremo da democracia. Ora, a democracia é um ordenamento. O seu caráter ‘moral’ depende da conformidade com a lei moral, à qual deve se submeter como qualquer outro comportamento humano.

Uma autêntica democracia não é somente o resultado de um respeito formal de regras, mas é o fruto da convicta aceitação dos valores que inspiram os procedimentos democráticos: a dignidade da pessoa humana desde sua concepção até o seu ocaso natural, o respeito dos direitos do homem, do fato de assumir o “bem comum” como fim e critério regulador da vida política.

Quando o relativismo ético se difunde, a democracia corre riscos! “Uma autêntica democracia só é possível num Estado de direito e sobre a base de uma reta concepção da pessoa humana. Aquela que exige que se verifiquem as condições necessárias à promoção quer dos indivíduos através da educação e da formação nos verdadeiros ideais, quer da ‘subjetividade’ da sociedade, mediante a criação de estruturas de participação e corresponsabilidade” (S. João Paulo II).

Quem, nos diversos âmbitos da República, se dedica à atividade política tem por missão fundamental empenhar-se na busca e na realização de tudo aquilo que possa favorecer ao bom andamento da convivência civil no seu conjunto; têm a função de síntese e de mediação em vista do bem comum, que constitui uma das finalidades essenciais e irrenunciáveis da autoridade política.

Celebrar, pois a Semana da Pátria é oportunidade para re-cordar o que a todos une, ancorados em valores éticos-morais fundamentais.

Dom Jaime Cardeal Spengler
Presidente da CNBB

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Artigos Bíblia

Mês da Bíblia 2025: Carta aos Romanos

O Mês da Bíblia é destinado a quem quer alimentar sua fé em Jesus Cristo e vivenciá-la comunitariamente, em comunhão com toda a Igreja no Brasil. Em 2025, o Mês da Bíblia será focado na Carta aos Romanos com o inspirador lema “A esperança não decepciona” (Rm 5,5). Esse lema, escolhido em uníssono com o Grupo de Reflexão Bíblico Catequética (GREBICAT), ganhou ainda mais significado com a escolha do Papa Francisco para o Jubileu da Encarnação de 2025, demonstrando uma maravilhosa convergência espiritual.

“A esperança não decepciona” (Rm 5,5)

Setembro é o mês dedicado, pela Igreja no Brasil, ao aprofundamento da Palavra de Deus. Em 2025, o Mês da Bíblia tem como texto inspirador a Carta aos Romanos, uma das obras mais influentes de São Paulo e um marco da teologia cristã primitiva. O lema escolhido, “A esperança não decepciona” (Rm 5,5), convida nossas comunidades educativas a redescobrir que a vida encontra sentido no amor de Deus, revelado em Cristo e derramado em nossos corações pelo Espírito Santo.

Tradicionalmente atribuída a São Paulo, a carta é datada entre os anos 55 e 58 d.C., provavelmente escrita em Corinto, embora alguns estudiosos levantem a hipótese de que tenha sido redigida por um discípulo ou membro da comunidade de Roma, devido à sua densidade e estilo teológico. Diferente de outras cartas, Paulo escreve para uma comunidade que não havia fundado, formada por gentios, judeus, prosélitos e tementes a Deus. Esse grupo vivia tensões internas após a volta dos judeus expulsos de Roma pelo Edito de Cláudio (49 d.C.), o que gerava dificuldades de convivência e de unidade no seguimento de Jesus.

A carta possui também objetivos práticos: Paulo planejava levar uma coleta a Jerusalém, buscava ser acolhido pelos romanos e receber apoio para sua futura missão na Espanha. No entanto, mais do que
uma carta de apresentação, trata-se de uma profunda reflexão teológica. Nela, Paulo reafirma que a justificação não vem das obras da Lei, mas da fé em Jesus Cristo, dom gratuito que alcança todos os povos. Destaca ainda o papel de Israel no plano salvífico de Deus, mantendo viva a esperança de sua plena adesão a Cristo, e apresenta as consequências éticas da fé: uma vida marcada pela caridade, pela fraternidade e pela superação de divisões.

O coração da mensagem é a certeza de que “a esperança não decepciona”, porque se enraíza no amor de Deus que nada pode separar do ser humano (cf. Rm 8,39). Esse amor foi revelado em Cristo e é derramado em nossos corações pelo Espírito Santo. A Carta aos Romanos, portanto, não é apenas um tratado teológico, mas uma convocação a viver a fé como comunhão, reconciliação e testemunho de esperança em meio às tensões e desafios da vida comunitária.

3 grandes temas pastorais para o mês da Bíblia 2025

Esperança

A Carta aos Romanos nos apresenta a esperança como alicerce da vida cristã: “a esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo” (Rm 5,5). Reconhecendo que a vida está marcada por desafios, sofrimentos e limites, Paulo lembra que a esperança cristã não é ingênua nem frágil: ela se ancora na paz com Deus e na certeza de que nada pode nos separar do Seu amor (Rm 8,39).

Essa esperança transforma a vida pessoal e comunitária, sustentando educadores e estudantes a caminhar firmes como peregrinos, confiantes de que a vida tem sentido porque está enraizada no dom de Cristo.

Reconciliação

Em Cristo, Deus nos oferece a reconciliação: somos justificados pela fé e restaurados na amizade com Ele (Rm 5,1-11). A reconciliação não é apenas uma experiência interior, mas um chamado a refazer laços rompidos, a vencer divisões e a superar preconceitos. Paulo lembra à comunidade de Roma que Deus não faz acepção de pessoas (Rm 2,11), convidando judeus e gentios a se acolherem mutuamente.

Liberdade

Um dos pontos mais fortes da Carta é o anúncio da verdadeira liberdade: em Cristo, somos libertos do pecado, da lei e da morte para viver na novidade do Espírito (Rm 6–8). O batismo é a grande porta dessa experiência: morrer para o pecado e viver para Deus em Cristo (Rm 6,4). Essa liberdade não se confunde com autonomia individualista, mas se realiza no serviço e no amor ao próximo (Rm 13,8-10).

3 DIMENSÕES PARA O USO DA BÍBLIA

1. Oração: a Palavra que gera encontro

A primeira dimensão da animação bíblica é a oração, pois a Sagrada Escritura não é apenas um texto a ser estudado, mas lugar de encontro com Jesus Cristo, Palavra viva do Pai. O contato orante com a Escritura transforma a leitura em diálogo, onde se fala com Deus antes de falar de Deus. Isso gera silêncio interior, escuta atenta e disponibilidade para deixar-se conduzir pelo Espírito.

2. Formação: a Palavra que ilumina a mente e a vida

A segunda dimensão é a formação, porque a Palavra de Deus precisa ser compreendida com maturidade e responsabilidade. A Bíblia é Palavra viva, mas escrita em contextos históricos, sociais e culturais diferentes; exige, portanto, interpretação adequada, em diálogo com a teologia, as ciências e a realidade atual. A formação bíblica liberta do fundamentalismo, abre horizontes para o pensamento crítico e oferece critérios evangélicos para discernir a vida.

3. Anúncio: a Palavra que envia em missão

Por fim, a animação bíblica encontra seu dinamismo pleno no anúncio. A Palavra, quando rezada e assimilada, impele ao testemunho e à evangelização inculturada. O discípulo missionário não guarda para si o encontro com Cristo: anuncia-o em gestos e palavras, contextualizando a Boa-nova na cultura, na linguagem e nas necessidades do tempo presente. Para a escola católica, essa dimensão se concretiza no compromisso educativo que ultrapassa as fronteiras da sala de aula, formando sujeitos capazes de viver e anunciar a esperança cristã no mundo, com sensibilidade pastoral e abertura à diversidade.

Fonte:

Associação Nacional de Educação Católica do Brasil – ANEC

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Artigos Enfoque Pastoral

O mês da Bíblia e a força da Palavra de Deus

“Minha palavra não voltará para mim vazia; ela fará o que eu desejo e cumprirá o propósito para o qual a enviei.” (Isaías 55, 11)

Amados diocesanos, neste mês dedicado à Bíblia, somos convidados a agradecer ao Senhor por sua Palavra, que é como a chuva que desce do céu, rega a terra e a faz produzir. Ela germina em nós a conversão e nos faz dar frutos de salvação.

Setembro se tornou o Mês da Bíblia no Brasil por uma bela tradição, em homenagem a São Jerônimo, cuja festa é celebrada no dia 30 de setembro. No século V, a pedido do Papa Dâmaso, ele traduziu a Bíblia para o latim, em um trabalho que marcou a história da Igreja. A iniciativa de dedicar um mês à Bíblia surgiu em 1971, em Belo Horizonte, durante a preparação de uma semana bíblica. A ideia, ecumênica, se espalhou pelo país a partir de 1974, com o apoio do Serviço de Animação Bíblica (SAB), consolidando-se como uma tradição em nível nacional.

Celebrar o Mês da Bíblia é um convite da Igreja para que aprofundemos nosso conhecimento da Palavra de Deus, para que a amemos e, acima de tudo, para que a leiamos, meditemos e rezemos diariamente. O contato constante com as Sagradas Escrituras é essencial para que, como discípulos missionários, nos firmemos em Cristo e possamos testemunhá-lo em um mundo tão sedento de Sua presença. O Documento de Aparecida nos lembra: “Desconhecer a Escritura é desconhecer Jesus Cristo e renunciar a anunciá-lo. Se queremos ser discípulos e missionários de Jesus Cristo, é indispensável o conhecimento profundo e vivencial da Palavra de Deus. É preciso fundamentar nosso compromisso missionário e toda a nossa vida cristã na rocha da Palavra de Deus” (DAp 247).

Em nossa Diocese, temos várias iniciativas que incentivam os fiéis a fazer uso das Escrituras. Entre elas, destacam-se: ESCOLA DA PALAVRA: Presente em diversas paróquias e organizada por foranias; ESCOLA DE MINISTÉRIO: Um espaço de formação que introduz os leigos no pensamento teológico, bíblico e doutrinal; LEITURA ORANTE DA BÍBLIA: Um material impresso e distribuído semestralmente para as paróquias.

A Igreja nos ensina a Lectio Divina, a leitura orante, uma prática diária para que a Palavra do Senhor penetre em nosso coração e nos transforme. A leitura orante da Bíblia nos permite meditar, refletir e rezar ao mesmo tempo. Convido cada um de vocês a praticar essa experiência. A Lectio Divina segue quatro passos: 1º) Leitura: Esforce-se para entender o texto. O que o texto está dizendo? 2º) Meditação: Pergunte-se: “O que Deus, por meio deste texto, está me dizendo hoje?” 3º) Oração: Expresse a Deus o que o texto o inspira a dizer a Ele. 4º) Contemplação: É o momento de enxergar, saborear e agir. A contemplação nos ajuda a ver o mundo com novos olhos.

Roguemos à Virgem Maria que sejamos dóceis à Palavra de Deus, para que Cristo Jesus, a Palavra Eterna do Pai, habite em nós e gere conversão e vida eterna.

Pe. Marcelo Dias Soares

Coordenador Diocesano de Pastoral

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Artigos Voz do Pastor

Dois Jovens Santos neste Ano Jubilar: Carlo Acutis e Pier Giorgio Frassati

O Ano Jubilar que estamos vivendo está repleto de imagens e acontecimentos que somos chamados a contemplar e ver a ação de Deus. Entre o final de julho e começo de agosto pudemos assistir o Jubileu dos jovens em Roma. Aquela imagem da multidão de jovens em Tor Vergata, seguramente, faz-nos acreditar que, sim, podemos ser peregrinos de esperança.

Temos um outro acontecimento ligado à juventude que é a canonização do Beato Carlo Acutis, que deveria ter acontecido no dia 27 de abril, mas em virtude da morte do Papa Francisco, foi, posteriormente, transferida para o dia 07 de setembro.

Carlo Acutis (1991-2006), jovem adolescente, que viveu entre o final do século XX e início do século XXI, é um santo que inspira a nossa juventude tão “antenada” com as novas tecnologias. Afinal, ele não foi somente um jovem gamer, mas serviu-se de seu conhecimento técnico de informática para favorecer a obra da evangelização em sua paróquia, na Igreja e na sociedade.

No entanto, a sua santidade não vem dos seus conhecimentos tecnológicos e do trabalho que realizou. A santidade é dom de Deus. Dom que Carlo soube acolher com o impulso do Espírito Santo. Ele, de família católica tradicional, mas nem tanto “praticante”, acolheu o chamado de Deus e na infância, adolescência e início da sua juventude, esforçou-se por ser fiel a Deus e à Igreja. Este seu esforço e fidelidade foram elementos para uma caminhada de conversão para toda sua família.  Sua vida desde a infância foi permeada de catequese, oração e adoração, e profundo sentido da força da Eucaristia, celebrada e acolhida como caminho para o céu.

Que os nossos jovens possam olhar para São Carlo Acutis não simplesmente como gamer, antenado no mundo digital, mas como aquele no qual Deus, propõe um caminho de santidade para hoje!

Entretanto, a Providência Divina, através do Papa Leão, nos presenteia com outra canonização na mesma celebração do dia 07 de setembro, a do Beato Pier Giorgio Frassati  (1901-1925).

Também ele, proveniente de família católica “tradicional”. Educado em colégios católicos, desde a infância, adolescência e juventude destaca-se  – diferentemente da sua família – numa vida eclesial mais engajada: comunhão diária, Cruzada Eucarística, Liga Eucarística, Companhia do Santissimo Sacramento. Congregação Mariana, Confraria do Santo Rosário. Ação Católica. Terciário dominicano, Conferência de São Vicente. Todos movimentos eclesiais que congregavam jovens na Itália do início do século XX. Como Acutis fará um século depois, acolhe o chamado de Deus e busca ser fiel a ele. Sua biografia diz que sua mãe temia que ele fosse querer ser padre, mas há testemunhos de que ele teria dito preferir ser leigo para poder estar mais perto de realidades que ferem a dignidade da pessoa humana.

Era conhecedor da cultura clássica, com destaque para a Divina Comédia, de Dante Aleghieri. A sua experiência de fé possui fundamentos  bíblicos (Novo Testamento) e leituras de Santo Agostinho e Santa Catarina de Sena. Amava esportes e alpinismo. Estava prestes a tornar-se engenheiro na área da mineração quando faleceu. Esta escolha ele o fez para poder estar mais perto de uma das classe trabalhadoras mais sofrida na sua realidade.

A sua família era abastada. Seu pai foi fundador de um dos jornais mais fortes da Itália, em Turim, “La Stampa”. Pier Giorgio diante dos acontecimentos sociais do seu tempo, sempre buscou ler os fatos através do Evangelho e da Doutrina Social da Igreja (lembremos que fazia poucos anos que Leão XIII havia escrito a Rerum Novarum). Esta leitura se torna concreta nele diante do forte avanço da industrialização em Turim, do flagelo da gripe espanhola, dos horrores da I Guerra mundial e do avanço do fascismo na Itália. Para estar mais engajado politicamente inscreveu-se no Partido Popular e se desliga de uma organização universitária onde estava inscrito, por discordar dela devido a condescendência, da mesma, com as ideias fascistas.

Dois santos propostos como exemplos e intercessores para a Igreja e, de modo especial, para juventude. A nossa juventude está sendo “bombardeada” por tantas  ideias através das novas tecnologias e por tantas ideologias de polarizações sociais e políticas. A grande tentação é alienar-se ou tomar  “partido” buscando refúgio onde se encontra mais seguranças humanas.

Dois jovens – cada um no seu tempo – souberam encontrar caminhos dentro de uma vida eclesial comprometida espiritual, intelectual e socialmente.

Dois jovens que são colocados como padroeiros do nosso VIVA A VIDA, que chega à sua 20ª edição, no mesmo dia da canonização de ambos.

 

Dom Edmilson Amador Caetano, O.Cist.

Bispo diocesano

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Artigos Editorial

A esperança que não decepciona é comprovada através da Ação da Igreja no Mundo

Caríssimos irmãos e irmãs, cultivadores da Palavra de Deus, a esperança não decepciona! Esse é o tema da edição de setembro, mês da Bíblia, mês da Palavra de Deus:

“Tendo sido, pois, justificados pela fé, estamos em paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, por quem tivemos acesso, pela fé, a graça na qual estamos firmes e nos gloriamos na esperança da glória de Deus. E não é só.  Nós nos gloriamos também nas tribulações, sabendo que a tribulação produz a perseverança, a perseverança a virtude comprovada, a vitude comprovada a esperança. E a esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.” (Rm 5,1-5).

Os eventos e artigos em destaque nesta edição, confirmam a eficácia da Palavra de Deus através da Igreja que tem por missão alimentar a esperança ao longo da história.

Esperança de alcançar a santidade, como notamos no artigo de Dom Edmilson, quando nos convida a refletir sobre a canonização de dois jovens realizada na solene liturgia do dia sete de setembro de dois mil e vinte cinco na praça de São Pedro. Esperança de que o serviço da Igreja como promoção do Reino de Deus aqui e agora, contribui com a promoção integral da pessoa humana na sociedade, assim ressaltou a comenda de homenagem da Universidade Guarulhos (UNG) a Dom Edmilson Amador Caetano, como bispo na cidade de Guarulhos.

Esperança de que a juventude é o futuro, e o melhor futuro, e não uma decepção, não um futuro de nem nem, mas jovens comprometidos com verdadeiras ações transformadoras através de uma vocação consciente e realizada, é o que confirmou o evento do vigésimo Viva a Vida com a presença significativa de jovens acolhidos e animados pelos representantes das diversas vocações a serviço da juventude reunida no Centro Diocesano de Pastoral. Um dia incrível de evangelização e experiência profunda da sinodalidade que é a unidade na diversidade. Esperança alimentada pelas pastorais e organismos sociais da Igreja que, em todo o Brasil, gritaram forte como peregrinos de esperança: A vida está em primeiro lugar e devemos cuidar da casa comum e da democracia como luta de todo dia na sociedade.

Como podemos perceber, os sinais de esperança são inúmeros, porém é importante ter consciência de que nem todos estão dispostos a promoverem a esperança e acabam promovendo desesperança, dor e sofrimento diante de algumas situações inesperadas ao longo da vida, por isso o psicólogo Romildo faz um alerta em seu artigo: É preciso aprender a perder, porque os fracassos fazem parte da vida e isso nos testemunha os santos que na terra passaram por momentos de fracassos, mas que não os impediram de alcançar o céu e se tornarem nossos intercessores nos momentos mais difíceis junto a Deus Pai, o Todo-Poderoso, para que não percamos a esperança, que nunca nos decepciona.

Não esqueça que a revista diocesana é uma fonte de esperança, por isso leia com atenção e compartilhe, e quando desejar nos envie por e-mail sua opinião e experiência de fazer parte deste maravilhoso veículo de comunicação diocesana. Que a Senhora Aparecida, Rainha e padroeira do Brasil confirme nossa esperança através da 11ª Romaria Diocesana.

Pe. Marcos Vinicius Clementino

Jornalista e Diretor Geral

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Artigos Destaques Diocese Forania Rosário

Forania Rosário realiza Peregrinação Jubilar ao Santuário Bom Jesus da Cabeça

No dia 02 de agosto, no Santuário Bom Jesus da Cabeça, aconteceu a Peregrinação Jubilar dos membros dos CPPs das Paróquias da Forania Rosário.

Contamos com a presença de sacerdotes, diácono, religiosas e o povo de Deus que fez sua visita à Igreja Jubilar para celebrar, refletir e vivenciar esse Ano Santo da Esperança.

Confira alguns registros:

Peregrinação Jubilar - Forania Rosário
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Artigos Falando da Vida

Será que eu tenho TDAH?

Por que tantas pessoas acham que têm um Transtorno?

Em meio a tantas informações na Internet a respeito de saúde mental, principalmente de TDAH, é bem provável que a maioria dos leitores cheguem a uma conclusão precipitada a respeito do tema. O mesmo ocorre com outras queixas na área da Psicologia como Depressão, Ansiedade, Bipolaridade e até o Transtorno do Espectro Autista. Basta ler sobre os sintomas, responder a um questionário e chegamos à conclusão que temos tal Transtorno. Afinal, como saber se é um caso real que precisa de um tratamento clínico ou trata-se apenas de características normais da nossa personalidade?

A principal diferença está no nível de sofrimento que o distúrbio causa em nossa vida. Os Transtornos de personalidade são disfunções que envolvem padrões persistentes e generalizados no modo de pensar, perceber e reagir. Eles causam sofrimento significativo à pessoa e prejudicam sua capacidade funcional. O TDAH, por exemplo, (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), começa na infância e pode acompanhar o indivíduo em toda a sua trajetória de vida, comprometendo sua carreira profissional e relacionamentos sócio afetivos. É caracterizado por perda de foco, inquietação, impaciência, oscilações de humor, etc.

De acordo com a Associação Brasileira do Déficit de Atenção, o TDAH atinge entre 5% a 8% da população mundial e o seu diagnóstico não é simples. Infelizmente, não existe um exame técnico incontestável para a identificação de quaisquer transtornos mentais; os diagnósticos são feitos através da descrição do paciente e da aplicação de testes psicológicos cujos resultados não são conclusivos. O grande número de pessoas que, ultimamente, afirmam ter TDAH, Autismo ou outros Transtornos, pode ser devido às campanhas como janeiro branco e setembro amarelo que trazem conscientização e informações sobre saúde mental.

Por outro lado, a vida agitada que levamos com trânsito caótico, insegurança, preocupações, leva a nossa mente a funcionar no modo automático a fim de se adaptar ao excesso de demandas. A perda de foco, procrastinação e inquietação, são muito mais consequências dessa mente sobrecarregada, do que TDAH ou outros Transtornos. Remédios não vão devolver o foco, é preciso tomar consciência da natureza da nossa mente e reduzir o stress da vida moderna. Eu mesmo, tentando encontrar uma conclusão para esse artigo, me deparei com a dificuldade de manter o foco e fiquei improdutivo por longo tempo. Então, percebi que era hora de parar e relaxar. É exatamente isso que precisamos fazer, dar uma parada, respirar e tomar consciência de que somos seres humanos, não máquinas.

 

Romildo R. Almeida

Psicólogo clínico

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Artigos Vocação e Seminário

Celebremos 20 anos de esperança nas vocações!

Neste Ano Jubilar, o Viva a Viva celebra 20 anos de realização em nossa Diocese. Da ideia à celebração! O Viva a Vida é o grande evento celebrativo da Diocese, que reúne vocações, carismas e diversas dimensões da juventude de nossas comunidades. De um começo modesto, hoje o Viva a Vida convoca em todo o seu dia de evento as mais inúmeras expressões vocacionais presentes em Guarulhos, em um espaço que passam centenas de pessoas, incluindo jovens à procura de respostas sobre suas inquietações pessoais.

Acredito que cada pessoa em nossa Diocese tem uma história com o Viva a Vida: seja servindo nos stands, nas feiras vocacionais, nas dinâmicas de um palco sempre presente em todas as edições, seja pela Santa Missa como o ápice celebrativo de todo o evento. Mesmo não sendo jovem ao longo destas duas décadas de existência, todo diocesano de Guarulhos tem uma boa lembrança marcada no Viva a Vida.

O lema que foi escolhido para o Viva a Vida deste ano é também celebrativo: “20 anos de esperança na vocação”. Além de marcar o tempo da caminhada na vida da Igreja em Guarulhos, o lema lembra-nos a importância do Viva a Vida: ter sempre esperança na vocação! Em consonância com o ano jubilar, a esperança sempre moveu – e moverá – a organização, articulação e participação no/do Viva a Vida a cada ano.

Jesus nos Evangelhos pede-nos que peçamos para o Senhor da messe para que envie mais operários para a messe (cf. Mt 9,37; Lc 10,2). O Viva a Vida é o resultado para essa esperança de Deus no seu convite a tantos jovens para responder concretamente ao seu chamado. Quantas pessoas em nossos eventos, ao longo desses 20 anos, não descobriram a sua vocação ou foram impactadas a “avançar para águas mais profundas e lançar as suas redes” (cf. Lc 5,4) onde o Senhor propõe…

A animação vocacional é parte essencial de todas a pastoral. Sendo assim, cada fiel de nossas paróquias, comunidades e movimentos são convidados a participarem do Viva a Vida. Não é somente um evento para a juventude, mas nele reúnem-se todas as expressões vocacionas de nossa Diocese – seja ela sacerdotal, religiosa, consagrada, familiar ou leiga. Se a vocação é um dom para todas as pessoas, então o Viva a Vida é um evento para toda a nossa Diocese.

Celebrar os 20 anos do Viva a Vida torna-se, de fato, um louvor, uma ação de graças a Deus por tudo o que foi vivido, construído e discernido ao longo dessas duas décadas. Ter esperança na vocação, ter esperança no Viva a Vida é realizar a vontade de Deus em fazer-se ouvir nos corações humanos o apelo para a santidade em cada vocação específica em nossa Diocese. Louvemos a Deus por tanto bem realizado nos 20 anos de Viva a Vida. Que os beatos Carlos Acutis e Pier Giorgio Frassati – que providencialmente serão canonizados no dia do Viva a Vida deste ano – possam interceder pela juventude da Diocese de Guarulhos e serem modelos para todos aqueles que se inflama no coração a esperança da vocação.

 

Padre Edson Vitor

Coord. Serviço de Animação Vocacional de Guarulhos