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“O Senhor fez em mim maravilhas.” (Lc 1,49)

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"A Esperança não decepciona" (Rm 5,5)

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Artigos Falando da Vida

Aquecimento Global e Saúde Mental

O planeta está com febre, mas os doentes somos nós!

A Campanha da fraternidade deste ano cujo tema é Fraternidade e ecologia integral, nos convida a refletir sobre um problema que afeta a todos independente da sua posição ideológica. As mudanças climáticas, já são visíveis na forma de deslizamentos de terra, enchentes, seca, incêndios florestais, etc. Em meio a esses fenômenos, um problema tem gerado preocupações e já se torna também visível. Estamos falando da saúde mental das pessoas envolvidas com essas mudanças. Pessoas que habitam locais vulneráveis a eventos climáticos, são inseguras, vivem em constante estresse, condições propícias para desenvolverem problemas de depressão e ansiedade.

Muitas pessoas buscam atendimento psicológico, depois de ter a casa invadida pela enchente e perder todos os bens. Essas pessoas podem desenvolver um quadro chamado de Transtorno de Estresse Pós-traumático. Os sintomas típicos incluem a revivescência repetida do evento traumático, sob a forma de lembranças invasivas (“flashbacks”), de sonhos ou de pesadelos. Fora isso, o transtorno gera um retraimento social, ou seja, a vítima evita contatos, perde o interesse pela vida, pois na sua mente existe sempre a ameaça de que tudo vai acontecer novamente.

As ondas de calor que ultimamente têm assolado o país de norte a sul, trazem consequências danosas a todos, mas crianças que estudam em escolas públicas têm sofrido muito mais com altas temperaturas no interior das salas de aula, que chegam a atingir 40 graus. Se essas temperaturas combinadas com a alta umidade já são inviáveis para o funcionamento do organismo, o que dirá para o aprendizado? Sem dúvida, as crianças pobres são as principais vítimas e certamente sua formação ficará comprometida, diferentemente das escolas particulares que contam com ar condicionado.

O Papa Francisco encontra-se internado em um hospital em Roma, lutando bravamente pela vida. É oportuno lembrar as suas palavras proferidas em 30/08 de 2024 a respeito do aquecimento global: “Se medirmos a temperatura do planeta, isso nos dirá que ele está com febre, que ele está doente. Precisamos nos comprometer com a proteção da natureza, mudando nossos hábitos pessoais e comunitários”. Há um consenso por parte da ciência de que a vida do planeta está ameaçada e que se algo não for feito agora, não haverá futuro para as próximas gerações. Certos governantes, porém, preferem julgar essa questão por um prisma ideológico. Não importa se você é católico, protestante ou ateu, se é de direita ou esquerda, capitalista ou comunista, o planeta está com febre, mas os doentes somos nós.

 

Romildo R. Almeida

Psicólogo clínico

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Artigos Movimentos Diocesanos

XIII Encontro Nacional da Pastoral da Juventude (ENPJ) 2025

Um Chamado à Fé, Esperança e Protagonismo Juvenil

Entre os dias 12 e 19 de janeiro, aconteceu em São Luís do Maranhão um dos mais importantes encontros da juventude católica brasileira: o XIII Encontro Nacional da Pastoral da Juventude (ENPJ). O evento teve como tema “Na toada do grupo de jovens, o guarnicê da esperança”, que serviu de base para toda a programação, e como lema “Gritar a utopia do Reino em toda parte”, inspirado no pensamento do padre Hilário Dick. Além disso, fomos iluminados pela leitura de João 6,24: “Senhor, dá-nos sempre deste pão.”

O encontro reuniu mais de 500 jovens de todas as regiões do Brasil. A Diocese de Guarulhos teve a oportunidade de enviar seis jovens que atuam na Pastoral da Juventude em nosso território. Foram eles: Beatriz Punça (Coordenação Diocesana 2022-2024), Evelyn Arantes (Secretária Diocesana), Larissa Wiviny (Coordenadora de Base), Lays Santos (Secretária Diocesana), Luana Salvador (Vice Coordenadora Diocesana) e Thiago Anthony (Coordenador Diocesano).

O ENPJ é um espaço de vivência da fé, da espiritualidade e do compromisso social. Realizado a cada três anos, o encontro reúne jovens, assessores, padres, religiosos e lideranças da PJ para refletir, celebrar e planejar ações que fortaleçam a missão evangelizadora da juventude. É um momento de encontro com Deus, consigo mesmo e com os outros, além de uma oportunidade para discutir temas relevantes para a sociedade e para a Igreja. Este encontro foi ainda mais especial devido à expectativa dos jovens para sua realização, uma vez que o último ocorreu em 2018 e, por conta da pandemia, foi necessário adiá-lo até este ano.

No primeiro dia do evento, ocorreu a abertura com a Santa Missa, presidida por Dom Vilson Basso, que lidera a Comissão Episcopal para Juventudes da CNBB. Esse foi um momento de encontro e esperança diante de tudo o que ainda seríamos chamados a vivenciar. Nos sete dias seguintes, tivemos uma programação intensa com momentos de oração, formação e partilha. O evento contou com quatro mesas de conversa, onde foram debatidas as diferentes realidades juvenis do Brasil, os desafios da Pastoral da Juventude diante dos diversos formatos de grupos e os anseios da juventude nos dias de hoje. Também foram realizadas oficinas e atividades culturais, todas com o objetivo de promover o protagonismo juvenil e reforçar o compromisso social e a evangelização libertadora.

Além disso, tivemos outros dois momentos marcantes no encontro. O primeiro ocorreu no quinto dia, com o lançamento do novo documento “Somos Igreja Jovem”, subsídio essencial para toda a Pastoral da Juventude no Brasil. O segundo momento significativo foi a comemoração, no sétimo dia, dos 20 anos do documento “Ofício Divino”, que guia e ilumina diversos momentos de oração na caminhada pastoral.

Ao final do encontro, saímos com o compromisso renovado de continuar construindo uma Igreja jovem, profética e transformadora. O XIII ENPJ reafirmou a importância da Pastoral da Juventude como espaço de formação e protagonismo juvenil, incentivando os participantes a levarem para suas dioceses a mensagem de esperança, unidade e engajamento social.

O grupo que representou a Diocese de Guarulhos se alegra em levar um pouco da potencialidade deste solo e retorna aos trabalhos pastorais, recarregado por tudo o que foi vivenciado e, especialmente, pela acolhida, energia, cultura e fé maranhense.

Para mais detalhes sobre como foi esse encontro, acesse o Instagram @pjguarulhos.

 

Lays SantosPJ Guarulhos

Confira alguns registros do Encontro:

XIII Encontro Nacional da Pastoral da Juventude (ENPJ) 2025
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Artigos Bíblia

Vamos no Encontro da Leitura Orante?

É provável que você já tenha ouvido falar ou já tenha sido convidada/o para a Leitura Orante da Palavra de Deus ou Lectio Divina!

Lectio Divina quer dizer leitura divina. Outros traduzem leitura orante. Ela indica a prática de leitura que os cristãos fazem da Bíblia para alimentar a sua fé, sua esperança, o seu amor e compromisso.

A Dei Verbum (Constituição Dogmática do Concílio Vaticano II sobre a Revelação Divina) afirma que “a Lectio Divina é tão antiga quanto a própria Igreja, que vive da Palavra de Deus e dela depende como a água de sua fonte (DV, n. 07.20.21). É a leitura crente e orante da Palavra de Deus, feita a partir da fé em Jesus, que disse: “O Espírito vos recordará tudo o que eu disse e vos introduzirá na verdade plena” (Jo 14,26).

A expressão Lectio Divina vem de Orígenes (+253). Ele diz que, para ler a Bíblia com proveito, é necessário um esforço de atenção e de assiduidade. O monge Guigo (1150) sistematizou a Lectio Divina em quatro degraus, isso no século XII: Leitura, Meditação, Oração e Contemplação. A leitura é o estudo assíduo das Escrituras, feito com espírito atento. A meditação é uma diligente atividade da mente que, com a ajuda da própria razão, procura o conhecimento da verdade oculta. A oração é o impulso fervoroso do coração para Deus, pedindo que afaste os males e conceda as coisas boas. A contemplação é a elevação da mente sobre si mesma que, suspensa em Deus, saboreia as alegrias da doçura eterna”.

O objetivo da Lectio Divina é o objetivo da própria Bíblia: “Comunicar a sabedoria que leva à salvação ela fé em Jesus Cristo” (2Tm 3,16-17); “proporcionar perseverança, consolo e esperança” (Rm 15,4); ajudar-nos a aprender dos erros dos antepassados (cf. 1Cor 10, 6-10).

A Diocese de Guarulhos, sob a orientação do Bispo Dom Edmilson Amador Caetano, tem a alegria de publicar uma série de encontros dedicados à Leitura Orante da Palavra de Deus. Neste ano, o foco será o Ano Santo do Jubileu Ordinário “Peregrinos de Esperança”.

Encontre o livreto que contém os Encontros previstos para fevereiro, maio e junho nas paróquias e nas comunidades. Organize e participe de reuniões com famílias, pastorais, grupos e a comunidade. A Equipe Diocesana da Leitura Orante está disponível para orientar e apoiar encontros de Lectio Divina.

Para aprofundar o assunto visite os Documentos da Igreja no Brasil: Documentos 97 e 111 da CNBB.

Confira e faça a Leitura Orante:

Leitura Orante

 

Celia Soares de Sousa

Cristã leiga e teóloga

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Artigos CNBB Destaques Diocese

Papa Francisco envia mensagem para a Campanha da Fraternidade: “louvo o esforço em propor o tema da ecologia”

O Papa Francisco enviou sua mensagem à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) por ocasião da Campanha da Fraternidade 2025. No texto, ele felicita a Conferência dos Bispos pela realização da Campanha, há mais de 60 anos. Francisco também louvou o “esforço em propor o tema da ecologia, junto à desejada conversão pessoal a Cristo”.

“Que todos nós possamos, com o especial auxilio da graça de Deus neste tempo jubilar, mudar nossas convicções e práticas para deixar que a natureza descanse das nossas explorações gananciosas”, disse Francisco.

Confira a mensagem na íntegra abaixo. Para baixar o arquivo, clique aqui.

 

Queridos irmãos e irmãs do Brasil,

Com este dia de jejum, penitência e oração, iniciamos a Quaresma deste Ano Jubilar da Encarnação. Nesta ocasião, desejo manifestar a minha proximidade à Igreja peregrina nessa Nação e felicitar os meus irmãos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil pela iniciativa da Campanha da Fraternidade, que se repete há mais de 60 anos e que neste ano tem como tema “Fraternidade e Ecologia Integral” e como lema a passagem da Escritura na qual, contemplando a obra da criação, “Deus viu que tudo era muito bom” (cf. Gn 1,31).

Com a Campanha da Fraternidade, os bispos do Brasil convidam todo o povo brasileiro a trilhar, durante a Quaresma, um caminho de conversão baseado na Carta Encíclica Laudato Si’, que publiquei há quase 10 anos, em 24 de maio de 2015, e que senti necessidade de complementar com a Exortação Apostólica Laudate Deum, de 4 de outubro de 2023.

Nestes documentos, quis chamar a atenção de toda a humanidade para a urgência de uma necessária mudança de atitude em nossas relações com o meio ambiente, recordando que a atual «crise ecológica é um apelo a uma profunda conversão interior» (Laudato Si’, 217). Neste sentido, o meu predecessor de venerável memória, São João Paulo II, já alertava que era «preciso estimular e apoiar a “conversão ecológica”, que tornou a humanidade mais sensível» (Audiência, 17 de janeiro de 2001) ao tema do cuidado com a Casa Comum.

Por isso, louvo o esforço da Conferência Episcopal em propor mais uma vez como horizonte o tema da ecologia, junto à desejada conversão pessoal de cada fiel a Cristo. Que todos nós possamos, com o especial auxilio da graça de Deus neste tempo jubilar, mudar nossas convicções e práticas para deixar que a natureza descanse das nossas explorações gananciosas.

O tema da Campanha da Fraternidade deste ano expressa também a disponibilidade da Igreja no Brasil em dar a sua contribuição para que, durante a COP 30 do próximo mês de novembro, que se realizará em Belém do Pará, no coração da querida Amazônia, as nações e os organismos internacionais possam comprometer-se efetivamente com práticas que ajudem na superação da crise climática e na preservação da obra maravilhosa da Criação, que Deus nos confiou e que temos a responsabilidade de transmitir às futuras gerações.

Desejo que esse itinerário quaresmal dê muitos frutos e nos encha a todos de Esperança, da qual somos peregrinos neste Jubileu. Faço votos que a Campanha da Fraternidade seja novamente um poderoso auxílio para as pessoas e comunidades desse amado País no seu processo de conversão ao Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo e de compromisso concreto com a Ecologia Integral.

Confiando estes votos aos cuidados de Nossa Senhora Aparecida, concedo de bom grado a Bênção Apostólica a todos os filhos e filhas da querida nação brasileira, de modo especial àqueles que se empenham no cuidado com a Casa Comum, pedindo que continuem a rezar por mim.

Roma, São João de Latrão, 11 de fevereiro de 2025, memória litúrgica de Nossa Senhora de Lourdes.

 

Franciscus

Fonte: Portal CNBB.org.br

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Artigos CNBB Enfoque Pastoral

Tempo de oração pela saúde do Papa Francisco

“Testemunha dos sofrimentos de Cristo” (1Pd 5, 1).

Queridos irmãos no episcopado,
A Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), tendo ouvido o Conselho Episcopal de Pastoral (CONSEP), reunido em Brasília, une-se às preces do povo de Deus em fervorosas orações e propõe aos bispos do Brasil um tempo de oração, nos próximos dias, pela plena recuperação de saúde do Papa Francisco.

Sugerimos que as comunidades espalhadas pelo Brasil sejam incentivadas a viverem este tempo de oração, sobretudo, nas Celebrações da Eucaristia e da Palavra, com uma intenção especial pela saúde do Papa.

A Comissão Episcopal de Liturgia da CNBB, sugere o acréscimo de uma intenção nas Orações dos Fiéis em todas as celebrações, conforme proposta indicada:

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Artigos Voz do Pastor

Peregrinos da Esperança ou Peregrinos de Esperança?

Nós, cristãos católicos, neste Ano Jubilar somos chamados a ser, sim, Peregrinos de Esperança. O Peregrino da Esperança é aquele que está em busca da Esperança que não decepciona. O Peregrino de Esperança já possui a Esperança e, portanto, dela transborda e manifesta os sinais da Esperança e a significa para a humanidade.

De fato, “…justificados pela fé, estamos em paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, por quem tivemos acesso, pela fé, a esta graça, na qual estamos firmes e nos gloriamos na esperança da glória de Deus. E não é só. Nós nos gloriamos também nas tribulações, sabendo que a tribulação produz a perseverança, a perseverança a virtude comprovada, a virtude comprovada a esperança. E a esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado. (Rm 5,1-5)

Neste texto que inspira o Jubileu da Esperança, a primeira coisa que se nos apresenta e nos diferencia em sermos Peregrinos de Esperança e não Peregrinos da Esperança, é a outra virtude teologal que nele aparece: a fé. Duas vezes aparece a expressão “pela fé”. O próprio apóstolo Paulo em outros textos diz que a fé vem pelo ouvido e pela pregação. A fé que temos foi em nós infusa pela ação do Espírito Santo através da pregação da Igreja que ouvimos com nossos ouvidos.

A fé é a nossa resposta de adesão àquilo que nos foi pregado e entrou de modo avassalador em nossos corações, pois o anúncio da salvação por Jesus Cristo proporcionou-nos o encontro, não como uma ideia ou ideologia, mas com a pessoa deste nosso Deus, Senhor e Salvador e, que, de alguma maneira, transformou a nossa existência. A nossa “justificação” vem através desta fé, pois nossa adesão ao Senhor Jesus, faz-nos sentir amados e perdoados, não obstante a situação de morte e infelicidade que nos colocaram os nossos pecados. Isso, seguramente, não aconteceu somente uma vez, mas várias vezes, sempre que esta pregação reverberou e ainda reverbera dentro de nós.

Então, a primeira coisa que nos faz Peregrinos de Esperança é a nossa fé. A fé que vence o mundo, como nos diz São João. Esta fé tem um conteúdo, possui uma maneira de enxergar o mundo com os olhos de Deus e acreditar no amor do Pai, aquele amor que o “pai da mentira”, desde o princípio tenta fazer com que duvidemos. A vivência da nossa fé nos faz testemunhas do amor que é mais forte do que a morte. Nenhuma situação de morte neste mundo pode destruir este amor que acreditamos.

Convido a cada um e a cada uma a fazer memória em sua vida daquele ou daqueles momentos em que o anúncio de Jesus fez com que você acreditasse no amor, pois se sentiu amado e amada por Deus. Este é um primeiro passo para entendermos a nossa identidade de Peregrinos de Esperança e não de Peregrinos da Esperança.

Dom Edmilson Amador Caetano

Bispo diocesano

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Artigos Editorial

A Quaresma renova a Esperança dos Peregrinos

Caríssimos irmãos e irmãs, juntamente com essa primeira edição de 2025, desejo a todos um ano repleto de esperança. Iniciamos o ano com enormes desafios e sinais de desesperança, espalhados por todo o mundo, como as fortes tempestades e acidentes aéreos que deixaram marcas na vida de muitas pessoas e na sociedade. A Igreja também está marcada e preocupada com a enfermidade do Papa Francisco no seu período mais longo de internação e afastamento das atividades eclesiais. Situações que assustam os que acreditam em Deus, fortalece alguns argumentos dos que não acreditam e instaura inúmeros debates de modo especial nas redes sociais. Diante deste cenário, é fundamental viver o tempo quaresmal como uma renovação da esperança para os peregrinos neste ano jubilar e tão desafiador. Vejamos alguns trechos da mensagem do Papa Francisco para o tempo quaresmal com o tema: Caminhemos juntos na esperança. Afirma o Santo Padre: – Antes de tudo, caminhar. Seria um bom exercício quaresmal confrontar-nos com a realidade concreta de algum migrante ou peregrino e deixar que ela nos interpele, a fim de descobrir o que Deus pede de nós para sermos melhores viajantes rumo à casa do Pai. Esse é um bom “exame” para o viandante.

– Façamos esta viagem juntos. Caminhar juntos, ser sinodal, é esta a vocação da Igreja. Os cristãos são chamados a percorrer o caminho em conjunto, jamais como viajantes solitários…significa caminhar lado a lado, sem pisar ou subjugar o outro, sem alimentar invejas ou hipocrisias, sem deixar que ninguém fique para trás ou se sinta excluído. Sigamos na mesma direção, rumo a uma única meta, ouvindo-nos uns aos outros com amor e paciência.

– Façamos este caminho juntos na esperança de uma promessa. A esperança que não engana (cf. Rm 5, 5), mensagem central do Jubileu, seja para nós o horizonte do caminho quaresmal rumo à vitória pascal. Eis o terceiro apelo à conversão: o da esperança, da confiança em Deus e na sua grande promessa, a vida eterna.

No Brasil, a Campanha da Fraternidade é o sinal de unidade que confirma a convite do Papa de caminharmos juntos como peregrinos na busca da Ecologia Integral, como é possível notar nas imagens de abertura diocesana e nas foranias com um número de pessoas bem reduzido perto da quantidade que frequentam nossas comunidades, porém comprometidos com uma caminhada em comum. Unidade expressa também no jubileu dos diáconos e na ação da pastoral da juventude. Enfim, é tempo de muitas preocupações, mas também um tempo favorável para fortalecer a unidade. Vamos em frente, e peço com carinho: Leia, reflita e compartilhe nossa Revista Diocesana. Termino repetindo a saudação do Papa Franscisco: “Que a Virgem Maria, Mãe da Esperança, interceda por nós e nos acompanhe no caminho quaresmal.”

Padre Marcos Vinicius Clementino

Jornalista e Diretor Geral

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Guarulhos recebe visita das relíquias de São Vicente de Paulo

A Diocese de Guarulhos recebe entre esta quinta-feira (20) e a próxima segunda-feira (24) as relíquias de São Vicente de Paulo e uma réplica do corpo do santo. A peregrinação é conduzida pela Congregação da Missão de São Vicente de Paulo, que completa 400 anos. Os fiéis poderão rezar junto aos itens sagrados em cinco igrejas na cidade.

A programação começou hoje na Paróquia Santa Rita de Cássia, no Jardim Cumbica, segue amanhã (21) na Paróquia São Vicente de Paulo, na Cidade Soberana, e continua no sábado (22) na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Macedo. No domingo (23) será na Paróquia São José, no Jardim Paulista, e será encerrada na segunda-feira (24) na Catedral Nossa Senhora da Conceição, no Centro. Cada igreja terá uma agenda própria de atividades.

As relíquias incluem uma costela do santo, um fragmento de uma túnica usada por ele e uma carta escrita por São Vicente para Santa Luísa de Marillac em maio de 1630. São Vicente de Paulo foi um padre francês que viveu de 1581 a 1660. Ele é conhecido como patrono das obras de caridade e ficou conhecido pelo seu trabalho em prol dos pobres.

Em vídeo divulgado nas redes sociais da Diocese, o padre Edson, guardião das relíquias, comentou a visita a Guarulhos.

“Essa é a 13ª Diocese que estamos fazendo. Celebrar os 400 anos do carisma é uma alegria sem tamanho. Queremos partilhar essa festa com o Brasil inteiro. A Penitenciária Apostólica nos deu como presente quatro anos de indulgências. Além dos membros da família vicentina, como também todos aqueles que peregrinarem com as relíquias poderão ganhar as indulgências plenárias, desde que participem de missa inteira, se confessem e rezem pelas intenções do Santo Padre”, explicou.

Fonte: GRU Diário

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Natal e a ditadura da felicidade

“Será que todos são felizes, menos eu?”

Ao ver as ruas enfeitadas com iluminação natalina, pessoas se confraternizando e nas mídias sociais todos se esbaldando de euforia, talvez muitos façam a pergunta do subtítulo deste artigo: “Será que todos são felizes, menos eu? ” De fato, para uma boa parte da população, o Natal é um momento nostálgico de tristeza, pois evidencia a ausência de pessoas queridas que estão distantes ou já não estão mais neste mundo. Comparando a felicidade encontrada nas redes sociais e a vida real, fica evidente o contraste.

Ditadura da felicidade é quando somos induzidos por pressão externa a expressar alegria em algumas ocasiões independentemente do estado interior. Ela se acentua nas festas de fim de ano principalmente para quem já sofre de depressão. A obrigatoriedade de ser feliz a qualquer custo, leva muitas pessoas a exceder no consumo de bebidas alcoólicas na tentativa de entrar no clima de alguma forma mesmo que seja de maneira falsa. Existem alguns mitos relacionados à ditadura da felicidade que precisam ser desfeitos.

É falsa a ideia de que a felicidade é um estado natural de todo ser humano. Esse pensamento só interessa às indústrias farmacêuticas que vendem antidepressivos. A frustração faz parte da vida independentemente da condição social. A internet está cheia de cursos e palestras que se propõem a ensinar o indivíduo a livrar-se dos pensamentos negativos para ter uma vida feliz.  Mas qualquer terapia que se baseie na exclusão ou eliminação de sentimentos é ineficaz, pois eles sempre retornam com força maior.

A boa notícia é que não precisamos eliminar da nossa mente aquilo que consideramos negativo. Acolha todas as experiências como se fossem novas, sem julgar, nem criticar. Não fique ruminando pensamentos sobre passado ou futuro. Ao invés disso, habite o seu próprio corpo percebendo a beleza que existe no simples ato de respirar, trazendo leveza e vivendo apenas o momento presente. Aprenda que a beleza do Natal não está nas luzes que enfeitam a cidade, mas na luz que te ilumina por dentro com abundância de paz e serenidade. É na simplicidade de uma criança nascida numa manjedoura que está o milagre que faz o Natal acontecer.

 

Romildo R. Almeida

Psicólogo clínico

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Artigos Liturgia

O Hinário Litúrgico Diocesano: Louvai!

Como surgiu o louvai e sua importância para as celebrações litúrgicas.

A liturgia do Concílio Vaticano II pressupõe uma participação vital e mística, que passa pelo ritual e leva ao compromisso com a pessoa de Jesus Cristo e com o Reino por Ele inaugurado. Esta participação, enraizada e estruturada, depende de um caminho pedagógico e mistagógico para conquistar uma vivência eficaz da fé. Para que a música litúrgica cumpra a sua função, de fazer a ponte entre a comunidade celebrante e o rito celebrado, nos propusemos a organizar um repertório que propicie esta vivência, condição fundamental para que o rito seja eficaz.

Na Diocese de Guarulhos, a experiência de ter um livro com músicas para a celebração litúrgica partiu de um material já existente desde antes a sua criação como Igreja particular. Começou na década de ‘70, para atender às necessidades de animação litúrgica das paróquias de N. Sra. de Fátima – Vila Fátima e N. Sra. Aparecida – Cocaia pela Irmã “Margarida” (Bibiane), da Congregação da Caridade de Ottawa – Canadá pois, também faz parte do carisma e missão desta congregação: “revelar o amor de compaixão do Pai pela missão Educativa e o serviço aos pobres”. Assim, por onde passam, assumem o compromisso de se colocar a serviço de uma Igreja missionária na formação e participação dos agentes de Pastoral das Comunidades Eclesiais.

Tratava-se de uma coletânea de cantos organizada com a Pastoral da Juventude destas paróquias no intuito de ajudar na participação das celebrações litúrgicas. Na medida em que o material foi sendo utilizado se percebeu o quanto estimulou a participação do povo e se tornou relevante para as comunidades. Assim, as equipes se animavam e se organizavam para preparar as músicas e ensaiar com o povo celebrante. Na década de `80 com a criação da Diocese e da Equipe Diocesana de Liturgia, percebeu-se que esta coletânea denominada “LOUVAI”, agora transformada em um livro, poderia ser mais do que uma simples “coletânea de músicas litúrgicas”, mas de um material organizado que atenderia às necessidades litúrgico-musicais de outras paróquias que assim se interessassem. Mais tarde, o então diácono Jair Oliveira Costa, foi agregado à equipe coordenada por Caetana Cecília, e deu uma grande contribuição na produção dos materiais e ensaios diocesanos com o intuito de ensinar a pedagogia e viver a mistagogia do canto litúrgico a serviço do rito.

Em 1996, após sua ordenação, padre Jair Costa e Caetana Cecilia à frente da Equipe Diocesana de música e liturgia orientando-se pelo documento da Sacrosanctum Concilium, começaram um trabalho para uma nova edição do livro Louvai aprofundando a música litúrgica a partir do rito. Na pesquisa levou-se em conta as propostas do Hinário Litúrgico da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e de vários compositores do Brasil, ampliando assim, as possibilidades de um repertório cada vez mais digno da Celebração Eucarística. Neste trajeto foi considerado o repertório já existente e experimentado nas comunidades e que já cumpriam esta função litúrgico-ritual. A utilização do livro foi se espalhando e se transformando numa ferramenta litúrgica muito importante para as celebrações e sinal de unidade nas comunidades da diocese.

Em 2001, com o surgimento da Escola Diocesana de Música, o trabalho se intensificou e, com o apoio do Bispo Diocesano e da Coordenação Diocesana de Pastoral ele é assumido pela maioria das paróquias de nossa Diocese como uma ferramenta de música litúrgica ritual, utilizada nas diversas Celebrações Eucarísticas e da Palavra.
Com o tempo o Louvai foi adquirindo outras versões com correções, revisões e publicações pela diocese chegando em 2021 a seis edições. A partir do livro texto, que era adquirido pelo povo, outros materiais de apoio aos músicos foram feitos: caderno de cifras, caderno de partitura e gravação de CDs, e aos poucos foi se tornando necessário para as equipes na preparação das celebrações dando valor e sabor à participação ativa e frutuosa do povo celebrante.

Quando se aproximava a comemoração dos 40 anos da criação da Diocese de Guarulhos o Bispo Dom Edmilson solicitou um estudo mais aprofundado e revisado que culminou na 7ª edição do novo livro LOUVAI como parte das comemorações do Jubileu Diocesano. A partir daí, aconteceu um longo trabalho de estudos e pesquisas para dar um formato ao livro que atendesse ainda mais ao propósito desta dimensão litúrgico musical para que o canto da comunidade que celebra continue a exaltar o louvor do mistério pascal de Jesus. O canto da comunidade é pascal, eclesial e profético, unido a Cristo e à concretização de seu Reino. Santo Agostinho, numa homilia aos recém batizados, apresenta o sentido do canto na comunidade cristã.

Este cântico novo participa da força sacramental de toda a liturgia. Por meio da música, como por meio de todos os outros sinais sensíveis, é significada e realizante a santificação do ser humano e a glorificação de Deus. Por meio dela se atualiza o mistério elebrado e são estreitados os laços da nova e eterna Aliança de Deus com a humanidade, mediante Cristo e o Espírito Santo.

4.2 Que diferença faz um livro litúrgico?

A música e o canto na celebração, orientados pelos temas do ano litúrgico de acordo com os ritos e sintonizados com a comunidade que celebra, são sinais sacramentais da presença e ação do Senhor Ressuscitado, expressão da comunhão e da missão do seu Corpo Eclesial. A eclesiologia e a liturgia do Concílio Vaticano II, nos conduz a afirmar que o Povo de Deus, celebrando ativa e conscientemente com o canto e a música, assume sua vocação de servidor do Reino e faz da música ritual fonte de espiritualidade, entusiasmo e alegria.

Esta edição, mais do que outras, traz a experiência da Diocese como pano de fundo. Sendo material testado por inúmeras comunidades, este livro se tornou parte do legado diocesano e uma referência católica no caminho para as celebrações. “Se eu estou perdido, basta seguir os fiéis com livro de cântico na mão”2. O fio condutor do livro são os temas apresentados pelos tempos litúrgicos, pois o próprio Ano Litúrgico propõe um caminho de discipulado e identificação com Cristo Mestre e Senhor. O maior desejo desta ferramenta é que nos leve a um caminho de diálogo com as várias expressões da Igreja pois quando a assembleia canta, fica mais visível e sensível a experiência do mistério celebrado. É um livro que além de ter o repertório proposto pelo Hinário Litúrgico da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), é ampliado com músicas já conhecidas e cantadas nas comunidades, além de sugestões de autores diversos. É material apropriado para se experimentar cantar “a” liturgia e não “na” liturgia. Constitui também uma experiência metodológica orante através do canto, da letra, da espiritualidade que dela provém e do rito a que ela serve. Nesta forma orante se constrói a comunidade, o Corpo Eclesial do Ressuscitado. A repetição dos cantos, inserida nos tempos litúrgicos e ritos, vai gerando uma identidade comunitária, de modo que a atenção é focalizada no sentido do canto e não apenas no cantar em si.

Não se constrói um material litúrgico-musical sem compreender o sentido do que é música litúrgica e sua aplicação nos ritos celebrativos. Ao descobrir os sentidos, fica mais evidente os critérios para escolha em cada celebração. Este livro é um estímulo para rezar a liturgia de acordo com as orientações dos documentos e ensinamentos de nossa Igreja. Será fundamental para os músicos e cantores que, sendo parte integrantes da assembleia celebrante e das equipes de liturgia, poderão escolher o repertório das missas e celebrações numa ação litúrgica metodologicamente organizada de acordo com o ano litúrgico.

A liturgia é a celebração de um povo reunido em nome do Senhor, que fez de nós irmãos, filhos e filhas do mesmo Pai, membros de um mesmo corpo, ramos de uma mesma árvore. A liturgia requer a participação personalizada de cada um de nós, mas não é um empreendimento individualista. Somos convidados para entrar no corpo comunitário para celebrar a “uma só voz”, “um só coração”, “uma só alma”. Estar ligado a uma equipe de liturgia como um corpo onde todas as partes são importantes, é condição essencial para participar da pastoral litúrgica. A equipe de liturgia é como uma orquestra, que se tocarem harmonicamente todos gostarão de ouvir, de sentir e saborear. Quando um instrumento está desafinado, toda orquestra fica desarmônica. Assim, numa equipe de liturgia todas as funções são importantes por igual.

Trabalhar com a liturgia não consiste apenas em “escolher uma pastoral”, tem que estar “apaixonado” pois sem amor viramos tarefeiros litúrgicos e não encantamos com nosso canto, com nossa animação, com nosso jeito de proclamar a Palavra de Deus. A ação litúrgica é capaz de formar um novo ser dentro de nós, basta que sejamos capazes de perceber os sinais da presença de Deus em nós e nas pessoas que nos rodeiam. Rezamos com todos os poros, com todos os sentidos, com todo nosso ser. Proclamamos a vida e que ela seja abundante também em nós.

 

Caetana Cecília | Pe. Jair Costa

Comissão Diocesana de Liturgia / Música Litúrgica