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“O Senhor fez em mim maravilhas.” (Lc 1,49)

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"A Esperança não decepciona" (Rm 5,5)

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Artigos Falando da Vida

Falando sobre as bonecas ‘Reborn’

Pensando bem, os verdadeiros Bonecos somos nós.

É difícil abrir qualquer página na Internet que não tenha algum conteúdo sobre bebês reborn. As discussões envolvendo as bonecas hiper-realistas, têm gerado manifestações contra e a favor e motivou até a elaboração de novo projeto de lei que prevê multa de até 20 salários mínimos para quem tentar obter qualquer tipo de benefício, como atendimento preferencial, utilizando bebês reborn. Todavia, as postagens envolvendo essas bonecas, são duvidosas, a maioria delas, não passam de fake news e tem mais a ver com encenações produzidas por pessoas que buscam visualizações nas redes sociais, do que qualquer outra coisa.

A utilização de bonecos simbólicos é um recurso muito usado na Psicologia com o intuito de ajudar pessoas que passam por situações de luto. Eles fornecem suporte emocional, principalmente às mulheres, ajudando-as a elaborar sofrimento relativo à maternidade. Mas por trás dos excessos e fantasias envolvendo essa questão, há uma realidade que precisa ser discutida, ou seja, existe um mercado que está obtendo altos lucros à custa da dor emocional de pessoas, especialmente das mulheres.

Por outro lado, é interessante observar a postura agressiva e até violenta exercida por parte da sociedade, contra mulheres que exibem essa prática, enquanto que, comportamento similar por parte dos homens, são tolerados. Muitos homens são aficionados por objetos que representam suas fixações infantis como figurinhas, camisas de clubes de futebol, troféus e não são ridicularizados por isso. Não há como não ver nessa diferença de tratamento, um viés machista fruto de um patriarcado ainda vigente na nossa sociedade.

É impressionante a velocidade com que os algoritmos da Internet geram informações a partir de notícias falsas ou verdadeiras e determinam tendências na sociedade. Esses algoritmos alimentados por Inteligência Artificial, analisam grandes volumes de dados em tempo real identificando padrões de comportamento e preferências dos usuários como eu e você. Cada visualização ou encaminhamento de uma mensagem alimenta o algoritmo que vai viralizar aquela informação criando fenômenos como o das bonecas reborn.

O problema é que, enquanto disseminamos preconceito nas redes e políticos legislam sobre bonecas, a “boiada” vai passando, como a atual PL do licenciamento ambiental, recentemente aprovada. Sob o pretexto de desburocratizar as grandes obras e levar progresso para algumas regiões, o congresso, na prática, está autorizando o desmatamento, destruição de biomas e florestas. Isto coloca em risco o nosso futuro, sobretudo, quando o planeta passa por mudanças climáticas e aquecimento global. Essa discussão não é sobre direita ou esquerda, pois natureza, não tem partido. Fica a pergunta: Quem são os verdadeiros bonecos nessa história? Sem dúvida, somos nós.

 

Romildo R. Almeida

Psicólogo clínico

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Artigos Vida Presbiteral

O Novo Papa – Robert Francis Prevost

HABEMUS PAPAM!  (Temos um Papa!)

A corrida de Pedro

Uma bela palavra é usada para indicar o objeto que os atletas passam de mão em mão durante a corrida de revezamento: o bastão. E é uma bela imagem, o revezamento, para dizer o que é a Igreja. Uma corrida de revezamento que se desenrola, desenrolando-se, há vinte séculos, ao longo de todas as estradas do mundo. Uma história de amizade contagiante. Um contágio feito de encontros e, de fato, de testemunhos.

Como uma pedra que, caindo na água, causa uma série infinita de ondas que se sucedem e se alargam continuamente, assim a Páscoa do Senhor Ressuscitado e suas aparições aos seus amigos, os apóstolos (“enviados”), é como o Big Bang que recriou o mundo, determinando este movimento ondulatório que, por dois milênios, envolveu nosso mundo humano, “até os confins da terra” (Atos 1:8).

Renda-se Àquele que guia a Igreja

A diocese de Roma tem seu Bispo, a Igreja universal tem seu pastor. Com uma rapidez que pode surpreender apenas aqueles acostumados a ler os eventos eclesiais com a lente da política, o conclave designou o Sucessor de Pedro. Obrigado, Santo Padre, por ter aceitado. Obrigado por ter dito “sim” e por ter se rendido Àquele que guia a Igreja.

“A paz esteja com todos vocês!… Gostaria que esta saudação de paz entrasse em seus corações, chegasse às suas famílias, a todas as pessoas, onde quer que estejam, a todos os povos, a toda a terra… Deus nos ama, Deus ama a todos vocês, e o mal não prevalecerá! Estamos todos nas mãos de Deus.

Portanto, sem medo, unidos de mãos dadas com Deus e entre nós, sigamos em frente.”

 

Primeiras palavras de Prevost em sua apresentação

O Novo Papa – Robert Francis Prevost

O primeiro Papa agostiniano, ele é o segundo Pontífice americano depois de Francisco; mas, ao contrário de Bergoglio, o americano Robert Francis Prevost, de 69 anos, nasceu no norte do continente. Ele foi então pároco no sul do mesmo, antes de ser chamado por seu Predecessor a Roma como prefeito do Dicastério para os Bispos e presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina. Afinal, ele passou quase trinta anos como missionário no Peru, oito e meio dos quais como bispo.

O novo Pontífice escolheu o nome de Leão XIV, mais de um século depois do Papa Pecci, lembrado pela encíclica Rerum novarum, pedra angular da doutrina social da Igreja.

Ele nasceu em 14 de setembro de 1955 em Chicago, Illinois, filho de Louis Marius Prevost, de origem francesa e italiana, e Mildred Martínez, de origem espanhola. Ele tem dois irmãos, Louis Martín e John Joseph. Passou a infância e a adolescência nos Estados Unidos, estudando primeiro no seminário menor dos Padres Agostinianos e depois na Universidade Villanova, na Pensilvânia, onde, em 1977, obteve o diploma em Matemática e estudou Filosofia. Em 1º de setembro do mesmo ano, em Saint Louis, ingressou no noviciado da Ordem de Santo Agostinho (OSA), na província de Nossa Senhora do Bom Conselho de Chicago, e emitiu sua primeira profissão em 2 de setembro de 1978. Em 29 de agosto de 1981, pronunciou seus votos solenes.

Recebeu sua educação na União Teológica Católica de Chicago, graduando-se em Teologia. E, aos 27 anos, foi enviado por seus superiores a Roma para estudar Direito Canônico na Pontifícia Universidade de São Tomás de Aquino – Angelicum. Em Roma, foi ordenado sacerdote em 19 de junho de 1982, no Colégio Agostiniano de Santa Mônica, por Monsenhor Jean Jadot, pró-presidente do Pontifício Conselho para os Não Cristãos, atual Dicastério para o Diálogo Inter-religioso.

Prevost obteve sua licenciatura em 1984 e, no ano seguinte, enquanto preparava sua tese de doutorado, foi enviado à missão agostiniana de Chulucanas, em Piura, Peru (1985-1986). Foi em 1987 que ele discutiu sua tese de doutorado sobre “O papel do prior local da Ordem de Santo Agostinho” e foi nomeado diretor de vocações e missões da Província Agostiniana Madre do Bom Conselho em Olympia Fields, Illinois.

No ano seguinte, chegou à missão de Trujillo, sempre no Peru, como diretor do projeto de formação comum dos aspirantes agostinianos dos vicariatos de Chulucanas, Iquitos e Apurímac. Ao longo de onze anos, ocupou os cargos de prior da comunidade (1988-1992), diretor da formação (1988-1998) e professor dos agostinianos professos (1992-1998) e, na arquidiocese de Trujillo, de vigário judicial (1989-1998) e professor de Direito Canônico, Patrística e Moral no Seminário Maior de San Carlos e San Marcelo. Ao mesmo tempo, foi-lhe confiado o cuidado pastoral de Nossa Senhora Mãe da Igreja, posteriormente erigida como paróquia com o título de Santa Rita (1988-1999), na periferia pobre da cidade, e foi administrador paroquial de Nossa Senhora de Monserrat de 1992 a 1999.

Em 1999, foi eleito prior provincial da Província Agostiniana de Madre do Bom Conselho (Chicago) e, dois anos e meio depois, no capítulo geral ordinário da Ordem de Santo Agostinho, seus irmãos o escolheram como Prior Geral, confirmando-o em 2007 para um segundo mandato. Nesse mesmo ano, recebeu Bento XVI em uma visita ao Túmulo de Santo Agostinho em Pavia.

Em 28 de agosto de 2013, recebeu o Papa Francisco na Basílica Romana de Santo Agostinho, em Campo Marzio, na conclusão de seu mandato como superior da ordem. Em outubro de 2013, Prevost retornou à sua Província Agostiniana em Chicago e foi diretor de Formação no Convento de Santo Agostinho, primeiro conselheiro e vigário provincial; cargos que ocupou até que o Papa Francisco o nomeou, em 3 de novembro de 2014, bispo titular de Sufar e administrador apostólico da diocese peruana de Chiclayo. Em 7 de novembro, ingressou na diocese, na presença do núncio apostólico James Patrick Green, que o ordenou bispo pouco mais de um mês depois, em 12 de dezembro, festa de Nossa Senhora de Guadalupe, na Catedral de Santa Maria.

Seu lema episcopal é In Illo uno unum, palavras que Santo Agostinho pronunciou em um sermão, a Exposição sobre o Salmo 127, para explicar que “embora nós, cristãos, sejamos muitos, em um só Cristo somos um”.

Em 26 de setembro de 2015, o Pontífice argentino o transferiu para a sede residencial de Chiclayo e, em março de 2018, foi eleito segundo vice-presidente da Conferência Episcopal do Peru, na qual também é membro do Conselho Econômico e presidente da Comissão para a Cultura e Educação.

Em 2019, Francisco o nomeou entre os membros da Congregação para o Clero e, no ano seguinte, entre os da Congregação para os Bispos. No mesmo ano de 2020, em 15 de abril, chegou também a nomeação pontifícia como administrador apostólico da diocese peruana de Callao.

Em 30 de janeiro de 2023, o Papa o chamou a Roma como prefeito do Dicastério para os Bispos e presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina, promovendo-o arcebispo. E no Consistório de 30 de setembro do mesmo ano, criou-o e publicou-o cardeal, designando-lhe a diaconia de Santa Mônica. Na ocasião, Prevost dirigiu suas saudações a Francisco como o primeiro dos novos cardeais. Tomou posse do diaconato em 28 de janeiro de 2024 e, como chefe do dicastério, participou das últimas viagens apostólicas do Papa Francisco e da primeira e segunda sessões da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre Sinodalidade, realizadas em Roma de 4 a 29 de outubro de 2023 e de 2 a 27 de outubro de 2024, respectivamente. Uma experiência adquirida nas assembleias sinodais no passado como Prior dos Agostinianos e representante da União dos Superiores Gerais (USG).

Enquanto isso, em 4 de outubro de 2023, Francisco o incluiu entre os membros dos Dicastérios para a Evangelização, Seção para a Primeira Evangelização e as Novas Igrejas Particulares; para a Doutrina da Fé; para as Igrejas Orientais; para o Clero; para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica; para a Cultura e Educação; para Textos Legislativos; da Pontifícia Comissão para o Estado da Cidade do Vaticano.

Em 6 de fevereiro deste ano, finalmente, pelo Pontífice argentino, foi promovido à ordem dos cardeais-bispos, obtendo o Título da Igreja Suburbicariana de Albano.

 

Fonte: Diário Romano – Vatican News

 

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Artigos Vocação e Seminário

“A Igreja precisa de vocações, não tenham medo!”

Foram com essas palavras contidas no título deste artigo que o Papa Leão XIV proferiu sua mensagem após sua primeira oração do Regina Coeli como Sumo Pontífice eleito pela Igreja. A escolha pelo Cardeal Robert Francis Prevost surpreendeu não somente parte do mundo que desconhecia sua pessoa, como também a sua própria história vocacional. Nascido nos Estados Unidos e recebendo também a cidadania peruana, o Cardeal Prevost define sua vida na Igreja como “a minha vocação como cristão é ser missionário”. De fato, trabalhou nas periferias existências e geográficas do mundo, levando o carisma católico – e agostiniano – para os que mais precisavam.

Na mensagem dita em seu primeiro domingo como Leão XIV, Prevost disse que “a Igreja tem grande necessidade de vocações sacerdotais e religiosas! E é importante que os jovens e as jovens encontrem, nas nossas comunidades, acolhimento, escuta e encorajamento no seu caminho vocacional, e que possam contar com modelos críveis de dedicação generosa a Deus e aos irmãos”.

O Papa sublinhou três conceitos muito importantes para a caminhada vocacional: acolhimento, escuta e encorajamento. A acolhida faz-se necessária para receber o jovem e fazê-lo sentir parte da Igreja; a escuta, deixando-o contar sua história de vida e auxilia-lo no discernimento; e no encorajamento, que dispõe em deixar-se ser conduzido por Deus.

Rezemos pelo Papa Leão XIV, por sua vocação por Sumo Pontífice e por tantos jovens para que sigam o seu chamado e aliviem as necessidades da Igreja por santas vocações.

 

Padre Edson Vitor

Coord. Serviço de Animação Vocacional (SAV/PV) da Diocese de Guarulhos

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Artigos Liturgia

Uma só Igreja, um só Pastor, e a Esperança que não decepciona

Em 21 de abril, segunda-feira da Oitava de Páscoa, o mundo recebia com tristeza a notícia do falecimento do Papa Francisco, um dia depois de ter passado em sua frágil condição de saúde no meio dos fiéis reunidos na praça de São Pedro e dar a benção do dia de Páscoa à cidade de Roma e ao mundo. Naturalmente, com sua partida surgiu uma grande expectativa à medida que os fiéis se preparavam para o conclave que escolheria seu sucessor.

A expectativa em torno da escolha de um novo pontífice logo suscitou um renovado interesse pelas tradições da Igreja e questionamentos sobre quem seria o novo papa e quais seriam suas prioridades. Se, por um lado, tais perguntas ecoaram nas paróquias, nas ruas e nas redes sociais, refletindo a esperança do povo católico diante da escolha de seu pastor, por outro, revelaram especulações muitas vezes descompromissadas com a fé e baseadas em visões unilaterais, sensacionalistas e ideológicas.

Mas o que é o papado? É, para início de conversa, uma instituição divina, não humana. Jesus escolheu Simão, pescador galileu, a quem chamou Pedro (pedra), e lhe conferiu a missão de apascentar seu rebanho (Jo 21,17). O Romano Pontífice (construtor de pontes), também conhecido como papa (termo que remete à sua paternidade eclesial), é o sucessor de Pedro, doce Cristo na terra, sinal visível de unidade, servo dos servos de Deus, e enquanto Bispo da diocese de Roma, é cabeça do colégio episcopal, no sentido de ser o primeiro a zelar pelo Depósito da fé e transmiti-lo com fidelidade na caridade do Espírito Santo.

No que diz respeito a eleição papal e ao “conclave” (cum clavis, que significa “com chave”), pode-se dizer que tal eleição remonta aos primeiros sucessores de São Pedro como bispos de Roma, e evoluiu significativamente ao longo dos séculos, refletindo tanto a dinâmica interna da Igreja quanto as influências externas. Inicialmente, os papas eram escolhidos pelo clero e pelo povo de Roma, mas a crescente interferência secular gerou tumultos, como o massacre durante a eleição de São Dâmaso em 366 d.C. Com o tempo, o clero romano assumiu um papel central, levando à criação do conclave por Gregório X no século XI. Uma resposta à necessidade de um processo mais organizado e menos suscetível a influências externas.

Voltando ao presente, depois de um conclave relativamente rápido, os cardeais elegeram o purpurado norte-americano Robert Francis Prevost, de 69 anos, que foi superior geral da Ordem de Santo Agostinho, bispo em Chiclayo, no Peru, e até então ocupava o cargo de prefeito do Dicastério para os bispos da Cúria romana. Ele escolheu o nome de Leão XIV, uma referência a Leão XIII, papa do final do séc. XIX, que abordou importantes questões sociais durante a Revolução Industrial. O novo pontífice quer continuar esse legado, trabalhando pela justiça social e pelos direitos dos trabalhadores, especialmente diante dos desafios da nova revolução tecnológica e da inteligência artificial.

A eleição do Papa Leão trouxe um sopro de esperança renovada para os católicos. Com um nome que inevitavelmente evoca a coragem e a força, o novo papa já pode ser visto como sinal de uma Igreja enraizada em sua Tradição e em diálogo com os desafios contemporâneos. Nesse sentido, ele é chamado, em um mundo marcado por desigualdades, crises, guerras, polarizações, e sobretudo, pela crise de fé e da própria existência, a trabalhar incansavelmente em prol da evangelização, da justiça social e da dignidade humana. Ele deverá abordar temas atuais, como a crise ambiental, a paz entre os povos e o acolhimento dos migrantes, sempre à luz do Evangelho.

Além disso, o Papa Leão é chamado a dialogar com todos, independentemente de crenças e culturas, construindo pontes e promovendo a unidade em um mundo frequentemente dividido. Que ele possa ser um líder que não apenas proclama, mas também escuta, compreende e acolhe.

A pregação da unidade será um dos grandes desafios do novo Papa. Em um tempo em que as divisões parecem crescer, ele deve ser um farol de esperança – ainda mais nesse ano jubilar no qual somos chamados a refletir a esperança que não decepciona (Rm 5,5) e comemorar o 1700° aniversário do primeiro concílio ecumênico da história, realizado em Niceia, testemunho eclesial de unidade – convidando todos os católicos a se unirem em torno da missão de anunciar o Evangelho da salvação de Jesus Cristo.

Outro desafio do Papa Leão XIV é dar continuidade ao processo sinodal iniciado pelo Papa Francisco, promovendo o diálogo e a participação ativa de todos os membros da Igreja. Essa abordagem sinodal visa fortalecer a comunhão e a colaboração dentro da Igreja, buscando uma maior inclusão e escuta dos fiéis.

Neste novo capítulo da história da Igreja, a eleição do Papa Leão XIV é um convite a renovação da fé e à vivência do amor cristão. Que ele, guiado pelo Espírito Santo, possa conduzir a Igreja sempre com um coração aberto e disposto a servir. Que sua liderança traga esperança, não só para os católicos, mas para toda pessoa humana de boa vontade, reafirmando o compromisso da Igreja com a verdade do Evangelho e a promoção da vida em abundância para todos.

 

Padre Leonardo Henrique

Comissão de Liturgia

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Artigos Enfoque Pastoral

Alegria, serviço e tradição!

No mês de junho, em nossas comunidades, acompanhamos a disponibilidade e a alegria dos agentes de pastoral e de muitos leigos que se unem para a realização das quermesses. Um serviço simples, mas muito valoroso! Os recursos gerados nessas festas são destinados à construção e manutenção de nossas igrejas e de outros espaços essenciais para a evangelização. As quermesses podem ser realizadas em várias épocas do ano nas igrejas, mas acontecem principalmente em junho. A palavra “quermesse”, em sua origem flamenga (kerkmesse), significa “feira de igreja” ou “feira beneficente” e teve origem como festa do padroeiro de paróquias ou até mesmo no aniversário da igreja.

As festas juninas, que também nasceram em berço católico na Europa, são uma forma de homenagem aos santos do mês: Santo Antônio, São João e São Pedro. Ambas as festas tomaram grande proporção por todo o mundo e possuem várias formas de entretenimento. As festas nas comunidades não são meros eventos culturais ou apenas ações entre amigos, mas sim a expressão da presença do Espírito Santo que, na unidade, se desvela nas ações da Igreja de Jesus como um momento de graça. O leigo é convidado a viver esse período de festas na Alegria do Evangelho, buscando a compreensão e a fraternidade, servindo e colocando-se como porta aberta aos demais membros da comunidade eclesial. Como nos recorda o Papa Francisco: “A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus.” (Evangelii Gaudium, 1). Esse encontro se manifesta também no serviço e na comunhão de nossas festas.

Neste mês, no dia 19 de junho, também celebraremos o dia de Corpus Christi e colocamos em destaque pastoral. Esta data é comemorada anualmente 60 dias depois da Páscoa, sempre na quinta-feira seguinte ao Domingo da Santíssima Trindade. A celebração de Corpus Christi é marcada por procissões nas ruas em torno de nossas paróquias e comunidades, onde as pessoas podem testemunhar e adorar o Corpo e Sangue de Cristo. O Papa Francisco nos exorta a viver a Eucaristia como um chamado à caridade: “A Eucaristia nos leva à solidariedade, nos impulsiona a partilhar com os outros o que somos e o que temos.” (Homilia, Corpus Christi, 2020).

Realizemos com zelo e amor os diversos trabalhos que o Espírito Santo nos ilumina a fazer em nossas igrejas e no mundo. Sempre na certeza de que “o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que Ele nos deu” (Rm 5,5). Inspirados em Maria, Mãe de Deus e da Igreja, possamos bendizer a Deus por sua bondade e misericórdia manifestadas em nós quando servimos com amor e alegria o Seu Reino. O Papa Francisco nos lembra que “a evangelização alegre é a beleza de levar a mensagem de Jesus e a beleza de nos deixar levar por Ele, não por nós mesmos.” (Discurso, 2013). Que possamos viver essa alegria em cada festa, em cada serviço, em cada tradição em nossa Igreja.

Pe. Marcelo Dias Soares

Coordenador Diocesano de Pastoral

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Artigos Editorial

“Igreja de Cristo, una, Santa, Católica e Apostólica”

Caríssimos irmãos e irmãs, peregrinos de esperança! Nesta edição o tema central é a força da unidade na diversidade que compõe a Santa Igreja. Os artigos ressaltam a repercussão mundial da eleição do Papa Leão XIV e as expectativas do futuro da Igreja nas mãos no novo papa.

Os meios de comunicação foram fundamentais para desenvolver a reflexão, seja com publicações positivas ou negativas sobre o processo do conclave que é uma enorme expressão da unidade na diversidade. O catecismo da Igreja Católica no seu artigo número 820 diz: “A Unidade, Cristo concedeu, desde o início, à sua Igreja, e nós cremos que ela subsiste sem possibilidade de ser perdida na Igreja católica e esperamos cresça, dia após dia, até a consumação dos séculos.

Cristo dá sempre à Igreja o dom da unidade, mas a Igreja deve sempre orar e trabalhar para manter, reforçar e aperfeiçoar a unidade que Cristo quer para ela. Por isso Jesus mesmo orou na hora da sua Paixão, e não cessa de orar ao Pai pela unidade dos seus discípulos: “… Que todos sejam um. Como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, que eles estejam em nós, a fim de que o mundo creia que tu me enviaste” (Jo 17,21). O desejo de reencontrar a unidade de todos os cristãos é um dom de Cristo e convite do Espírito Santo”.

Os sentimentos da morte do Papa Francisco e da sé vacante foram diversos para cada cristão católico, porém eu creio que o testemunho de Dom Edmilson na edição voz do pastor, expressa perfeitamente os sentimentos em comum.

Um testemunho lindo do bispo sobre a necessidade da unidade para manter a missão por Cristo confiada. Convido a cada um, também manifestar seus sentimentos nas redes sociais e em grupos utilizando a reflexão de Dom Edmilson para fortalecer a missão de cada um nesta Igreja, de modo especial na Diocese de Guarulhos. Além do processo da eleição do Papa Leão XIV, a unidade nesta edição pode ser comprovada com a ordenação diaconal de nossos seminaristas, que é uma belíssima oportunidade de reunir toda a Diocese para este momento vocacional, pessoas da mesma Igreja, com carismas diversos, porém quase nunca estão juntas no mesmo espaço geográfico, mas unidos na mesma missão sob o mesmo pastoreio e orientações de ação evangelizadora.

Veja a força da unidade na diversidade: celebrar a vitória do caminho percorrido de um irmão, mesmo sem ter feito parte diretamente desta caminhada. Parabéns aos novos diáconos e suas comunidades familiares e eclesiais. E como ressaltou o Papa Leão XIV: “A Igreja precisa de vocações, não tenham medo”.

Outro momento de unidade marcante foi a missa diocesana da Pastoral da Comunicação realizada na Paróquia Santa Luzia, Parque Alvorada. Celebração eucarística presidida com carinho por Dom Edmilson, que reuniu agentes da pastoral da comunicação de toda a Diocese de Guarulhos, que mesmo uniformizados demostram a sua diversidade sem necessidade de uniformidade.

Cada equipe com suas características, suas conquistas e desafios, foram acolhidas e experimentaram na prática o lema do 59º Dia Mundial das Comunicações Sociais: “Partilhai com mansidão a esperança que está nos vossos corações (cf. 1 Pd 3,15-16). Que sejamos propagadores da unidade na diversidade por uma Igreja cada vez mais una, santa, católica e apostólica.

Sejam bem-vindos Papa Leão XIV; diáconos Ailton Correia e Leonardo Lopes, e a todos, bem como aos leigos e leigas envolvidos na ação evangelizadora da Igreja no mundo, recebam a gratidão e a oração de toda a Igreja.

Padre Marcos Vinicius Clementino

Jornalista e Diretor Geral

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Artigos Voz do Pastor

O Bispo e o Papa

Durante este Tempo Pascal Deus nos permitiu viver acontecimentos especiais com a morte do saudoso Papa Francisco e a eleição e primícias do Pontificado de Leão XIV.

Naquela manhã de segunda-feira, 21 de abril, oitava da Páscoa fomos surpreendidos com a morte do Papa Francisco. O sentimento que experimentei foi surpresa até para mim mesmo, pois me senti órfão e ao mesmo tempo perguntando-me: para onde vou?  Eu mesmo me censurava dizendo-me: o que é isso? Que apego desnecessário! As horas daquele dia foram passando e então fui diagnosticando em mim aquele sentimento.

É verdade: o Pontificado do Papa Franciso foi marcante para mim. Os desafios lançados desde as suas primeiras palavras como Papa, a Evangelii Gaudium (com uma linguagem diferente), as Encíclicas sociais, os Sínodos…Tudo isso sempre foi para mim um apelo à conversão pessoal e pastoral. Algumas coisas não entendiam “de primeira”, mas depois refletindo entendia que não era heresia, que estava em comunhão com a fé e Tradição da Igreja.

No entanto, aquele sentimento, no dia 21 de abril, não era somente algo afetivo, mas também efetivo. Tenho 17 anos de serviço episcopal, dos quais 12 sob o Pontificado de Francisco. Não fiquei com medo do futuro, absolutamente. Tratava-se de um momento que, apesar de continuar sendo Sucessor dos Apóstolos, o Colégio Episcopal, estava sem a sua Cabeça visível nesta terra. O Ministério do Sucessor de Pedro estava temporariamente ausente. Foi aquela sensação que o meu ministério episcopal não estava, diria, pleno.

De fato, nos ensina a Lumen Gentium, Constituição Dogmática do Concílio Vaticano II: “O Senhor Jesus, depois ter orado ao Pai, chamou a si os que ele quis e escolheu os doze para estarem com Ele e para os enviar a pregar o Reino de Deus (Cf Mc 3,13-10; Mt 10,1-42); a estes os constituiu apóstolos (cf. Lc 6,13) sob a forma de colégio, isto é, de grupo estável, cuja presidência entregou a Pedro, escolhido dentre eles.  (cf Jo 21,15-17) (Lumen Gentium 19) Tal como, por disposição do Senhor, São Pedro e os demais apóstolos formam um só colégio apostólico, de maneira semelhante o Romano Pontífice, sucessor de Pedro, e os bispos, sucessores dos apóstolos, estão unidos entre si. (…). Mas o colégio episcopal não tem autoridade, se nele não se considera incluído, como cabeça, o Romano Pontífice, sucessor de Pedro, permanecendo sempre íntegro o seu poder primacial sobre todos, tanto pastores como fiéis.”  (Lumen Gentium 22).

Para corroborar com esta doutrina explicitada no Vaticano II, temos a Exortação Apostólica “Pastores Gregis” de São João Paulo II, que foi publicada a partir do Sínodo dos Bispos sobre o serviço episcopal: “De igual modo, através da sucessão pessoal do Bispo de Roma ao bem-aventurado Pedro e de todos os bispos no seu conjunto aos apóstolos, o Romano Pontífice e os Bispos estão unidos entre si como um Colégio. (…) De fato, ele é (o bispo) constituído na plenitude do ministério episcopal pela consagração episcopal e pela comunhão hierárquica com a Cabeça do Colégio e com os membros, isto é, com o Colégio que sempre inclui sua Cabeça. (…). Porém, o afeto colegial só se realiza e exprime, de modo pleno, na ação colegial em sentido estrito, isto é, na ação de todos os Bispos unidos com a sua Cabeça pela qual exercem o poder pleno e supremo sobre toda a Igreja. Esta natureza colegial do ministério apostólico é querida pelo próprio Cristo. Por isso, o afeto colegial ou colegialidade afetiva vigora sempre entre os bispos como communio episcoporum e em alguns atos se exprime como colegialidade efetiva. (…). Princípio e fundamento desta unidade, tanto da Igreja como do Colégio dos Bispos, é o Romano Pontífice. (…) Cada Bispo – sempre em união com todos os irmãos no episcopado e com o Romano Pontífice – representa Cristo, Cabeça e Pastor da Igreja.”

(Pastores Gregis, 8)

Esta compreensão, existencial e sacramental, tornou-se para mim mais clara ainda, quando na tarde de 08 de maio, foi anunciada a eleição de Leão XIV. Naqueles momentos, antes mesmo do anúncio do eleito e do nome que ele havia escolhido, senti voltar aquela sensação do ministério “pleno”. Depois, sabendo quem era o eleito, sabendo um pouco da história, fui intuindo os caminhos de Deus na história. Não somente as suas primeiras palavras no balcão da Basílica de São Pedro, mas principalmente a sua homilia, na Sistina, com os cardeais, no dia 09 de maio, fizeram-me experimentar um sentimento de comunhão efetiva e afetiva.

Ainda que, após o assentimento à sua eleição, o Papa eleito, sendo já bispo, torna-se bispo de Roma, com tudo aquilo que está intimamente ligado a esta missão, a celebração de 18 de maio, “início do Pontificado”, é também cheia de significado nesta união afetiva e efetiva. “…a unidade da Igreja está radicada na unidade do episcopado, o qual, para ser uno, requer uma Cabeça do Colégio. De forma análogo a Igreja para ser una exige uma Igreja como Cabeça das Igreja, a de Roma, cujo bispo – sucessor de Pedro – é a Cabeça do Colégio. (…)O primado do bispo de Roma e o Colégio Episcopal são elementos próprios da Igreja universal, não derivados da particularidade das Igrejas, mas interiores a cada Igreja Particular. O fato de o ministério do Sucessor de Pedro ser interior a cada Igreja Particular é expressão necessária dessa fundamental e mútua interioridade entre Igreja universal e Igreja Particular.”  (Pastores Gregis 56)

Então, todos os meus sentimentos como bispo, não são coisas que podem ser chamadas banalmente de sentimentais. Tratam-se de sentimentos que denotam uma realidade existencial e sacramental – ousaria dizer ôntica. Visto, ainda, que sou um bispo diocesano, toda a Igreja Particular de Guarulhos, deve unir-se a este sentimento, para estarmos plenamente na comunhão e unidade da Igreja.

 

Dom Edmilson Amador Caetano, O. Cist.

Bispo diocesano

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Artigos Falando da Vida

‘‘Quem sou eu para julgar?’’

Quando a humildade se torna sinônimo de grandeza.

No dia 21 de abril deste ano, o mundo acordou com a triste notícia do falecimento do Papa Francisco. Ele se destacou pela coragem e habilidade de comunicação, enfrentando temas difíceis de serem abordados, sobretudo por ser o líder máximo da igreja católica. Quando questionado sobre assuntos conflitantes com a doutrina católica, buscava sempre enfatizar os valores da vida humana. Uma das suas maiores características era a solidariedade e a promoção dos direitos de todos, sempre com a postura de acolhimento e empatia.

Quem sou eu para julgar? Essa frase define bem a essência do Papa Francisco e se tornou título de um livro de sua autoria, que reúne suas reflexões e ensinamentos sobre o tema do julgamento e da misericórdia. O livro se baseia em suas homilias e discursos, abordando a importância de não julgar os outros e de promover uma cultura de acolhimento e compaixão. Exemplo disso, foi quando questionado sobre a posição da igreja em relação aos homossexuais, ele respondeu: “Se uma pessoa é gay, busca Deus e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-la”?

Essa frase é uma aula sobre humildade e tolerância, principalmente na época em que estamos vivendo o retorno de ideias fascistas que ameaçam o mundo. Discursos de ódio e intolerância, têm se tornado frequentes em quase todos os países e se propagam nas redes sociais, colocando em risco democracias históricas e a convivência pacífica entre povos e nações. Quem julga se reveste de arrogância e se supõe melhor do que o outro. Ideias desse tipo, não levam em consideração que somos todos humanos, habitamos o mesmo planeta e somos filhos de um mesmo Deus.

Creio que a associação do Papa Francisco à São Francisco de Assis não esteja só no nome. Podemos ver a sua identidade franciscana na sua simplicidade, humildade e senso de justiça. Também na sua coragem na defesa das minorias, na promoção da paz e no diálogo com outras religiões. A sua Encíclica Laudato si é um verdadeiro tesouro que todas as pessoas deveriam ler e estudar. Lá, podemos ver São Francisco no Papa Francisco, denunciando os crimes que estamos cometendo contra a natureza, podemos entender que a ambição humana está destruindo a vida. Como seria bom se tivéssemos um pouco de Francisco em cada um de nós. A mãe terra, agradeceria e como verdadeiros irmãos, poderíamos cantar: Laudato si, Louvado Seja.

 

Romildo R. Almeida

Psicólogo clínico

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“Alegre-se, cheia de graça! O Senhor está com você!” (Lc 1,28)

O objetivo do presente artigo é tratar sobre a saudação do enviado de Deus a Maria: “Alegre-se, cheia de graça! O Senhor está contigo!” (Lc 1,28). Além disso, aborda a importância de manter a esperança e a alegria, fundamentadas em Cristo Jesus, diante de um cenário social marcado pelo individualismo, isolamento e desvalorização dos valores comunitários. Traz palavras do Papa Francisco que motivam os cristãos a serem mensageiros da Alegria do Evangelho.

Para dar sentido e renovar a alegria dos missionários/as do Caminho, como verdadeiros sujeitos eclesiais, “os cristãos precisam recomeçar a partir de Cristo, a partir da contemplação de quem nos revelou em seu mistério a plenitude do cumprimento da vocação humana e de seu sentido” (Documento de Aparecida, 41).

A Bem-Aventurada Virgem Maria escutou a Palavra, acolheu-a no coração e deu frutos. Ela é a primeira discipula-missionária cristã. A discípula mais perfeita do Senhor. Seu itinerário é a partir de Cristo. “Ela viveu completamente toda a peregrinação da fé como mãe de Cristo e depois dos discípulos, sem estar livre da incompreensão e da busca constante do projeto do Pai” (Documento de Aparecida, 266).

Diante disso, Maria, quando foi saudada pelo enviado de Deus, tentou  entender o significado daquela saudação (cf. Lc 1,29): “Alegre-se, cheia de graça! O Senhor está com você!” (Lc 1,28).

A saudação que está no Evangelho de Lucas 1,28: “Alegra-te”, é bem conhecida pelos cristãos, por estar no início da Oração da Ave-Maria. A saudação usual em grego (chaíre) corresponde ao latim ave (seja próspero) e ao hebraico shalom (paz) – tem a mesma raiz de “se alegrar” e “encontrar graça” (Lc 1,28.30). Em grego, as palavras “graça”, “gratuidade”, “bondade”, “beleza” e “dom” são aparentadas entre si: descrevem Deus e o seu relacionamento conosco.

“Alegre-se, Maria” (cf. Lc, 1,28) está no contexto da Encarnação de Jesus e também mostra a vocação de Maria e sua resposta generosa. Maria é chamada a participar da alegria do novo tempo, que começa com a vinda de Jesus (Lc 1,14.44.58;2,10). Compromisso que nasce do Batismo, isto é,  de todos os cristãos – Povo de Deus a caminho.

A alegria não foi somente para Maria, mas para o Povo de Deus que ela representa. “Com razão afirmam os santos Padres que Maria não foi instrumento meramente passivo nas mãos de Deus, mas cooperou na salvação dos homens com fé livre e com inteira obediência. Como diz Santo Irineu, ‘pela obediência, ela tornou-se causa de salvação para si mesma e para todo o gênero humano” (Lumen Gentium, 56).

A expressão “o Senhor está contigo” (Lc 1,28) quer dizer: tu terás uma missão exigente, mas o Senhor estará ao teu lado, dando-lhe força para realizar o que ele te pede.

A alegria de Maria, anunciada pelo enviado de Deus, expressa pelo evangelista Lucas, irrompe da ação do Espírito Santo que a faz conceber Jesus. Portanto, a Mãe de Deus, como mulher de fé, ao cantar o seu Magnificat louva a Deus pela salvação recebida ao mesmo tempo que recorda a ação e Deus e a sua fidelidade aos pequenos e aos pobres.

No Magnificat,  os cristãos se deparam com a espiritualidade de Maria. Por isso,  a Bem-Aventurada Virgem Maria, discípula missionária de Jesus Cristo, é modelo para todos os cristãos que, alicerçados na esperança, encontram, na Mãe de Deus, a sua testemunha mais fiel.

Diante do atual contexto social atual, onde a realidade para o ser humano se tornou cada vez mais sem brilho e complexa, verifica-se uma forte tendência ao individualismo. Os meios de comunicação invadiram todos os espaços e conversas, inclusive na intimidade dos lares, estimulando competições e distorções dos valores da vida e dos relacionamentos.

A falta de cuidado com a Ecologia Integral, criação de Deus; a ausência de espírito comunitário que provoca isolamento; o desinteresse pelo zelo e cuidado com a dignidade da pessoa humana; e o medo que paralisa, são alguns dos aspectos que dificultam uma dinâmica frutífera na vida comunitária.

Estes, entre outros, aspectos da atualidade tem tentado “roubar” a alegria e a esperança de muitos cristãos. É preciso resistir às tentações e permanecer com Jesus, na profecia e na resistência.

O Santo padre, Papa Francisco comentou que pouco a pouco, o que ele denominou de “psicologia do túmulo”, transforma os cristãos em múmias de museu. Desiludidos com a realidade, com a Igreja ou consigo mesmos, vivem constantemente tentados a apegar-se a uma tristeza melosa, sem esperança, que se apodera do coração como “o mais precioso elixir do demônio” (Evangelli Gaudium, 83).

Para o pontífice, os cristãos chamados para iluminar e comunicar vida, acabam por se deixar cativar por coisas que só geram escuridão e cansaço interior e corroem o dinamismo apostólico. Por tudo isto, insiste Francisco: “Não deixemos que nos roubem a alegria da evangelização!”. Ao perceber as tristezas e aridez no que se concerne à fé, “Não deixem que lhes nos roubem a esperança” e “Não deixemos que nos roubem a Comunidade” (Evangelli Gaudium 86, 86 e 89). Aos jovens, disse o Pontífice: “Não tenham medo de sonhar grandes coisas”.

Se a alegria que vem do Senhor muitas vezes é substituída por prazeres momentâneos e passageiros, por medos e desafios, “olhemos para Maria, voltemos a acreditar na força revolucionária da ternura e do afeto”, enquanto caminhamos neste mundo como Peregrinos de Esperança, rumo a uma Igreja Povo de Deus, em estilo sinodal.

“Alegre-se, cheia de graça! O Senhor está com você”. Certamente Maria conhecia o Salmos 100;  Salmo 16,11; Salmo 33,20-22; Salmo 32,11 que tratam sobre a Alegria. Você não os conhece? Será uma excelente oportunidade para ler, meditar e partilhar esta alegria com sua família, seus amigos e na Comunidade: Povo de Deus, missionários da alegria.

 

Celia Soares de Sousa,

Cristã leiga e teóloga

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Um socorro de Maria

O mês de maio é tradicionalmente relacionado com a pessoa e com a presença da Virgem Maria na vida da Igreja e de seu povo. Nossa Senhora “cuida, com amor materno, dos irmãos de seu Filho que, entre perigos e angústias, caminham ainda na terra, até chegarem à pátria bem-aventurada. Por isso, a Virgem é invocada na Igreja com os títulos de advogada, auxiliadora, socorro, medianeira” (Lumen Gentium, 62).

De fato, a Virgem Maria tem sido o refúgio de tantos cristãos ao longo das eras e, em nossa Diocese, ela tem sido um socorro em uma carência muito relevante: quem aqui não conhece a intercessão de Maria, sob o título de Nossa Senhora das Vocações, para que as vocações possam ser frutuosas e santas em nossas comunidades?

Com uma devoção nascida e presente no Seminário Diocesano de Guarulhos em um tempo que a Diocese apresentava poucas vocações sacerdotais, foi a mediação da Senhora das Vocações e a força da oração do Povo de Deus, que reascendeu a chama vocacional nos diversos jovens de nossas comunidades.

A Mãe de Deus sempre socorre seus filhos que pedem com clemência por socorro. E esse socorro pode ser manifestado de diversas urgências – inclusive pela escassez de vocações.

Você já pediu a intercessão da Virgem Maria para que o Senhor da messe envie muitas e santas vocações para a nossa Diocese? Convido todos a nos dirigirmos a Santa Mãe de Deus e pedirmos seu auxílio e amparo para que não faltem operários para a construção do Reino dos Céus através das diversas vocações.

 

Padre Edson Vitor

Coord. Serviço de Animação Vocacional