SÃO PAULO - BRASIL

“O Senhor fez em mim maravilhas.” (Lc 1,49)

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"O Senhor fez em mim maravilhas." (Lc 1,49)

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Artigos Falando da Vida

Natal e a ditadura da felicidade

“Será que todos são felizes, menos eu?”

Ao ver as ruas enfeitadas com iluminação natalina, pessoas se confraternizando e nas mídias sociais todos se esbaldando de euforia, talvez muitos façam a pergunta do subtítulo deste artigo: “Será que todos são felizes, menos eu? ” De fato, para uma boa parte da população, o Natal é um momento nostálgico de tristeza, pois evidencia a ausência de pessoas queridas que estão distantes ou já não estão mais neste mundo. Comparando a felicidade encontrada nas redes sociais e a vida real, fica evidente o contraste.

Ditadura da felicidade é quando somos induzidos por pressão externa a expressar alegria em algumas ocasiões independentemente do estado interior. Ela se acentua nas festas de fim de ano principalmente para quem já sofre de depressão. A obrigatoriedade de ser feliz a qualquer custo, leva muitas pessoas a exceder no consumo de bebidas alcoólicas na tentativa de entrar no clima de alguma forma mesmo que seja de maneira falsa. Existem alguns mitos relacionados à ditadura da felicidade que precisam ser desfeitos.

É falsa a ideia de que a felicidade é um estado natural de todo ser humano. Esse pensamento só interessa às indústrias farmacêuticas que vendem antidepressivos. A frustração faz parte da vida independentemente da condição social. A internet está cheia de cursos e palestras que se propõem a ensinar o indivíduo a livrar-se dos pensamentos negativos para ter uma vida feliz.  Mas qualquer terapia que se baseie na exclusão ou eliminação de sentimentos é ineficaz, pois eles sempre retornam com força maior.

A boa notícia é que não precisamos eliminar da nossa mente aquilo que consideramos negativo. Acolha todas as experiências como se fossem novas, sem julgar, nem criticar. Não fique ruminando pensamentos sobre passado ou futuro. Ao invés disso, habite o seu próprio corpo percebendo a beleza que existe no simples ato de respirar, trazendo leveza e vivendo apenas o momento presente. Aprenda que a beleza do Natal não está nas luzes que enfeitam a cidade, mas na luz que te ilumina por dentro com abundância de paz e serenidade. É na simplicidade de uma criança nascida numa manjedoura que está o milagre que faz o Natal acontecer.

 

Romildo R. Almeida

Psicólogo clínico

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Artigos Liturgia

O Hinário Litúrgico Diocesano: Louvai!

Como surgiu o louvai e sua importância para as celebrações litúrgicas.

A liturgia do Concílio Vaticano II pressupõe uma participação vital e mística, que passa pelo ritual e leva ao compromisso com a pessoa de Jesus Cristo e com o Reino por Ele inaugurado. Esta participação, enraizada e estruturada, depende de um caminho pedagógico e mistagógico para conquistar uma vivência eficaz da fé. Para que a música litúrgica cumpra a sua função, de fazer a ponte entre a comunidade celebrante e o rito celebrado, nos propusemos a organizar um repertório que propicie esta vivência, condição fundamental para que o rito seja eficaz.

Na Diocese de Guarulhos, a experiência de ter um livro com músicas para a celebração litúrgica partiu de um material já existente desde antes a sua criação como Igreja particular. Começou na década de ‘70, para atender às necessidades de animação litúrgica das paróquias de N. Sra. de Fátima – Vila Fátima e N. Sra. Aparecida – Cocaia pela Irmã “Margarida” (Bibiane), da Congregação da Caridade de Ottawa – Canadá pois, também faz parte do carisma e missão desta congregação: “revelar o amor de compaixão do Pai pela missão Educativa e o serviço aos pobres”. Assim, por onde passam, assumem o compromisso de se colocar a serviço de uma Igreja missionária na formação e participação dos agentes de Pastoral das Comunidades Eclesiais.

Tratava-se de uma coletânea de cantos organizada com a Pastoral da Juventude destas paróquias no intuito de ajudar na participação das celebrações litúrgicas. Na medida em que o material foi sendo utilizado se percebeu o quanto estimulou a participação do povo e se tornou relevante para as comunidades. Assim, as equipes se animavam e se organizavam para preparar as músicas e ensaiar com o povo celebrante. Na década de `80 com a criação da Diocese e da Equipe Diocesana de Liturgia, percebeu-se que esta coletânea denominada “LOUVAI”, agora transformada em um livro, poderia ser mais do que uma simples “coletânea de músicas litúrgicas”, mas de um material organizado que atenderia às necessidades litúrgico-musicais de outras paróquias que assim se interessassem. Mais tarde, o então diácono Jair Oliveira Costa, foi agregado à equipe coordenada por Caetana Cecília, e deu uma grande contribuição na produção dos materiais e ensaios diocesanos com o intuito de ensinar a pedagogia e viver a mistagogia do canto litúrgico a serviço do rito.

Em 1996, após sua ordenação, padre Jair Costa e Caetana Cecilia à frente da Equipe Diocesana de música e liturgia orientando-se pelo documento da Sacrosanctum Concilium, começaram um trabalho para uma nova edição do livro Louvai aprofundando a música litúrgica a partir do rito. Na pesquisa levou-se em conta as propostas do Hinário Litúrgico da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e de vários compositores do Brasil, ampliando assim, as possibilidades de um repertório cada vez mais digno da Celebração Eucarística. Neste trajeto foi considerado o repertório já existente e experimentado nas comunidades e que já cumpriam esta função litúrgico-ritual. A utilização do livro foi se espalhando e se transformando numa ferramenta litúrgica muito importante para as celebrações e sinal de unidade nas comunidades da diocese.

Em 2001, com o surgimento da Escola Diocesana de Música, o trabalho se intensificou e, com o apoio do Bispo Diocesano e da Coordenação Diocesana de Pastoral ele é assumido pela maioria das paróquias de nossa Diocese como uma ferramenta de música litúrgica ritual, utilizada nas diversas Celebrações Eucarísticas e da Palavra.
Com o tempo o Louvai foi adquirindo outras versões com correções, revisões e publicações pela diocese chegando em 2021 a seis edições. A partir do livro texto, que era adquirido pelo povo, outros materiais de apoio aos músicos foram feitos: caderno de cifras, caderno de partitura e gravação de CDs, e aos poucos foi se tornando necessário para as equipes na preparação das celebrações dando valor e sabor à participação ativa e frutuosa do povo celebrante.

Quando se aproximava a comemoração dos 40 anos da criação da Diocese de Guarulhos o Bispo Dom Edmilson solicitou um estudo mais aprofundado e revisado que culminou na 7ª edição do novo livro LOUVAI como parte das comemorações do Jubileu Diocesano. A partir daí, aconteceu um longo trabalho de estudos e pesquisas para dar um formato ao livro que atendesse ainda mais ao propósito desta dimensão litúrgico musical para que o canto da comunidade que celebra continue a exaltar o louvor do mistério pascal de Jesus. O canto da comunidade é pascal, eclesial e profético, unido a Cristo e à concretização de seu Reino. Santo Agostinho, numa homilia aos recém batizados, apresenta o sentido do canto na comunidade cristã.

Este cântico novo participa da força sacramental de toda a liturgia. Por meio da música, como por meio de todos os outros sinais sensíveis, é significada e realizante a santificação do ser humano e a glorificação de Deus. Por meio dela se atualiza o mistério elebrado e são estreitados os laços da nova e eterna Aliança de Deus com a humanidade, mediante Cristo e o Espírito Santo.

4.2 Que diferença faz um livro litúrgico?

A música e o canto na celebração, orientados pelos temas do ano litúrgico de acordo com os ritos e sintonizados com a comunidade que celebra, são sinais sacramentais da presença e ação do Senhor Ressuscitado, expressão da comunhão e da missão do seu Corpo Eclesial. A eclesiologia e a liturgia do Concílio Vaticano II, nos conduz a afirmar que o Povo de Deus, celebrando ativa e conscientemente com o canto e a música, assume sua vocação de servidor do Reino e faz da música ritual fonte de espiritualidade, entusiasmo e alegria.

Esta edição, mais do que outras, traz a experiência da Diocese como pano de fundo. Sendo material testado por inúmeras comunidades, este livro se tornou parte do legado diocesano e uma referência católica no caminho para as celebrações. “Se eu estou perdido, basta seguir os fiéis com livro de cântico na mão”2. O fio condutor do livro são os temas apresentados pelos tempos litúrgicos, pois o próprio Ano Litúrgico propõe um caminho de discipulado e identificação com Cristo Mestre e Senhor. O maior desejo desta ferramenta é que nos leve a um caminho de diálogo com as várias expressões da Igreja pois quando a assembleia canta, fica mais visível e sensível a experiência do mistério celebrado. É um livro que além de ter o repertório proposto pelo Hinário Litúrgico da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), é ampliado com músicas já conhecidas e cantadas nas comunidades, além de sugestões de autores diversos. É material apropriado para se experimentar cantar “a” liturgia e não “na” liturgia. Constitui também uma experiência metodológica orante através do canto, da letra, da espiritualidade que dela provém e do rito a que ela serve. Nesta forma orante se constrói a comunidade, o Corpo Eclesial do Ressuscitado. A repetição dos cantos, inserida nos tempos litúrgicos e ritos, vai gerando uma identidade comunitária, de modo que a atenção é focalizada no sentido do canto e não apenas no cantar em si.

Não se constrói um material litúrgico-musical sem compreender o sentido do que é música litúrgica e sua aplicação nos ritos celebrativos. Ao descobrir os sentidos, fica mais evidente os critérios para escolha em cada celebração. Este livro é um estímulo para rezar a liturgia de acordo com as orientações dos documentos e ensinamentos de nossa Igreja. Será fundamental para os músicos e cantores que, sendo parte integrantes da assembleia celebrante e das equipes de liturgia, poderão escolher o repertório das missas e celebrações numa ação litúrgica metodologicamente organizada de acordo com o ano litúrgico.

A liturgia é a celebração de um povo reunido em nome do Senhor, que fez de nós irmãos, filhos e filhas do mesmo Pai, membros de um mesmo corpo, ramos de uma mesma árvore. A liturgia requer a participação personalizada de cada um de nós, mas não é um empreendimento individualista. Somos convidados para entrar no corpo comunitário para celebrar a “uma só voz”, “um só coração”, “uma só alma”. Estar ligado a uma equipe de liturgia como um corpo onde todas as partes são importantes, é condição essencial para participar da pastoral litúrgica. A equipe de liturgia é como uma orquestra, que se tocarem harmonicamente todos gostarão de ouvir, de sentir e saborear. Quando um instrumento está desafinado, toda orquestra fica desarmônica. Assim, numa equipe de liturgia todas as funções são importantes por igual.

Trabalhar com a liturgia não consiste apenas em “escolher uma pastoral”, tem que estar “apaixonado” pois sem amor viramos tarefeiros litúrgicos e não encantamos com nosso canto, com nossa animação, com nosso jeito de proclamar a Palavra de Deus. A ação litúrgica é capaz de formar um novo ser dentro de nós, basta que sejamos capazes de perceber os sinais da presença de Deus em nós e nas pessoas que nos rodeiam. Rezamos com todos os poros, com todos os sentidos, com todo nosso ser. Proclamamos a vida e que ela seja abundante também em nós.

 

Caetana Cecília | Pe. Jair Costa

Comissão Diocesana de Liturgia / Música Litúrgica

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Artigos CNBB

Papa Cria 21 novos Cardeais e os exorta a serem testemunhas da fraternidade e artesãos da comunhão

Emocionado e de joelho, dom Jaime Spengler, o arcebispo de Porto Alegre (RS), presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e do Conselho Episcopal Latino-americano e Caribenho (Celam), foi o nono cardeal a receber das mãos do Papa Francisco neste sábado, 7 de dezembro, o barrete cardinalício, o anel e a atribuição do título da Igreja de São Gregório Magno, na Via Magliana Nova, no Consistório Ordinário Público.

A cerimônia marcou a entrada de 21 novos membros no Colégio Cardinalício, que são os colaboradores mais próximos do Papa e os responsáveis pela eleição de um novo bispo de Roma no caso de um Conclave. O mais idoso, aos 99 anos, a receber o título de cardeal foi o arcebispo Angelo Arcebi, prelado da Soberana Ordem Militar de Malta e decano dos núncios apostólicos na Santa Marta.

“Na interioridade do homem habita Cristo”

Em sua reflexão, durante a cerimônia, o Papa Francisco exortou os purpurados a pensarem para onde estão indo o seu coração hoje? E exortou os cardeais a voltarem o seu coração ao senhor e ao seu próprio coração, onde se encontra a imagem de Deus. “Na interioridade do homem habita Cristo. É necessário retornar ao coração para voltar ao mesmo caminho de Jesus. É disto que precisamos”, disse o Santo Padre.

Aos que receberam o cardinalato, o Sumo Pontífice pediu o cuidado de caminhar na estrada de Jesus. “Voltes para Ele e O coloque no centro de tudo. Não vamos nos concentrar no que é acessório. Não deixemos nos orientar pelas superficialidades frente ao que realmente importa. Jesus é centro de gravidade de todo nosso serviço e o ponto cardeal da nossa vida”, disse.

O Santo Padre pediu também aos cardeais para cultivarem a paixão do encontro ao invés de se isolarem dos acontecimentos e dores do mundo. “Desejamos que todos se sintam à vontade na família eclesial, sem exclusivismos ou isolamentos nocivos que prejudicam a caridade na unidade. O Senhor os chama a ser testemunhas da fraternidade, artesãos da comunhão e construtores da unidade”, reforçou.

O Papa convidou os cardeais a seguirem os caminhos de Jesus que veio curar a dor do mundo, quebrar o pecado da escravidão e encontrou-se com o rosto das pessoas marcadas pelo sofrimento, levantou os caídos, curou os doentes, enxugou as lágrimas dos que choram e curou os de coração atribulado. E chamou os purpurados à aventura da estrada, ao encontro com o outro e o cuidado aos mais frágeis. “Ao longo da estrada a Igreja começou. Ao longo das estradas do mundo, a Igreja continua. Caminhar na estrada de Jesus significa ser construtor de comunhão e da unidade”.

Rito da criação de novos cardeais

O Consistório tem um rito próprio. O Papa Bento XVI, em um de seus consistórios realizados, disse que o rito “exprime o valor supremo da fidelidade”. Destacam-se na cerimônia a imposição do barrete cardinalício, uma peça do vestiário litúrgico na cor vermelha usa sobre a cabeça dos cardeais; a entrega do anel e a atribuição do título ou da diaconia.

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Artigos Destaques Diocese Vida Presbiteral

Temática da Campanha para a Evangelização 2024 aponta para a abertura do Jubileu 2025

A Campanha para a Evangelização busca mobilizar os católicos de todo o Brasil a assumir a corresponsabilidade da sustentação das atividades evangelizadoras da Igreja. Em 2024, ela traz uma preparação para a abertura do Jubileu de 2025, quando se reflete sobre o tema “Peregrinos da Esperança”, proposto pelo Papa Francisco.

Em Roma, o Jubileu da Esperança será aberto na noite do Natal e, nas dioceses brasileiras, na Festa da Sagrada Família, dia 29 de dezembro deste ano. Por isso, o tema escolhido pelo Conselho Episcopal Pastoral da CNBB é: “Jesus, nossa Esperança, habita entre nós. É nossa missão anunciá-lo”.

A Campanha para a Evangelização tem início na Festa de Cristo Rei, 24, e segue até o terceiro domingo do Avento, dia 15 de dezembro, com mobilização nas redes sociais e site da CNBB, tvs e rádios de inspiração católicas e nas comunidades católicas do país.

Coleta Nacional

Um dos pontos altos da Campanha para a Evangelização é a Coleta realizada em todas as comunidades, nas celebrações do terceiro domingo do Advento, este ano dia 15 de dezembro, inclusive vespertinas. A distribuição dos recursos arrecadados é feita da seguinte forma:

✓45% ficam na própria diocese, para subsidiar a ação missionária, evangelizadora e pastoral da própria Igreja Local;
✓ 20% vão para o respectivo regional da CNBB, para a sua sustentação e de suas estruturas de evangelização e formação;
✓ 35% são enviados à sede nacional da CNBB, em Brasília, de forma a garantir iniciativas e estruturas evangelizadoras nacionais, como as Comissões Episcopais que orientam e dinamizam a ação pastoral e em todo o Brasil.

  • Oração 

Uma oração foi composta especialmente para esta Campanha:

“Senhor Jesus, ao celebrar o Mistério do vosso nascimento e ao aproximar-se a abertura do ano jubilar, suplicamos a graça de reconhecer que vós sois a nossa única Esperança. Ajudai-nos no compromisso missionário de reanimar no mundo, como peregrinos da Esperança, a confiança no Amor e o vigor da Fé. Amém”.

  • Cartaz

O cartaz recorda que Jesus, nascido em Belém é a nossa Esperança. Cada diocese poderá imprimir a quantidade necessária e distribuí-la em suas paróquias e comunidades.

“Ele é o Verbo que se fez carne, saciando a fome mais profunda do ser humano e possibilitando-nos viver com brilho nos olhos e cabeça erguida, não obstante o pecado e a tribulação, pois Ele é a nossa Esperança!”.

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Artigos Enfoque Pastoral

‘‘Em tudo dai Graças!’’ (conf. 1Tes 5,16-18)

Amados diocesanos, chegamos ao término de mais um ano e somos todos convidados a dar graças ao Senhor que nos permitiu este ano realizar as diversas atividades nas paróquias, nas pastorais, nos movimentos, e serviços pastorais diocesanos. “Vivei sempre contentes. Orai sem cessar. Em todas as circunstâncias, dai graças, porque esta é a vosso respeito a vontade de Deus em Jesus Cristo.” (1Tes 5,16-18). Nesta que é a última edição do ano da Revista Diocesana, quero agradecer a todos assessores e coordenadores diocesanos das pastorais, movimentos, e serviços diocesanos. Agradeço também todos que em suas paróquias foram voltando as atividades pastorais e dinamizando assim a vida em sua comunidade. Grandes desafios foram enfrentados neste ano e felizmente sobre a condução de nosso bispo Dom Edmilson podemos render graças ao Senhor que tem cuidado do seu povo através da sua Igreja e seu amor sempre fiel.

Em destaque pastoral colocamos neste mês os grupos de novena de Natal, que levam as famílias esperança e a alegria do Natal de Jesus, Nosso Senhor e Salvador. É um grande movimento de evangelização realizados nas casas e apartamentos. Também destaco aqui outros movimentos em preparação a celebração do Natal como: os mutirões de confissões, a montagem dos presépios e árvores de natal, as iluminações das igrejas, as assembleias paroquiais em planejamento para o novo ano, as confraternizações nas pastorais e paróquias, etc.

Além de agradecer, é hora de se comprometer. Estamos iniciando um tempo novo através da liturgia, o advento, que nos prepara para o Natal, tempo para mergulhar no mistério da Encarnação do Verbo de Deus. “Cristo entra em nosso mundo e em nossa história para assumir em tudo a nossa existência” (cf. Evangelii Gaudium 24). É tempo de se encher de esperança e se comprometer com o anuncio do Reino de Deus. Que neste ano novo de 2025, sejamos inspirados e animados pelo Espírito Santo na missão confiada a todo batizado. Pedimos a todos que no uso do calendário diocesano de pastoral e de outros instrumentos oferecidos, o exercício pastoral seja realizado com alegria e abertura a orientação de nosso Bispo Dom Edmilson. “O cristão não pode contentar-se em ter esperança; deve também irradiar esperança, ser semeador de esperança. É o dom mais belo que a Igreja pode dar a toda a humanidade” (Papa Francisco).

Que neste ano novo de 2025, sejamos inspirados e animados pelo Espírito Santo na missão confiada a todos os batizados. Inspirando-nos no ‘Sim” de Maria, a Imaculada Conceição, continuemos nossa ação pastoral na Igreja e no mundo, “enraizado e edificados em Cristo” (Col 2,7). Coragem!

 

Pe. Marcelo Dias Soares

Coordenador Diocesano de Pastoral

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Artigos Voz do Pastor

Não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal

Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. A primeira coisa a recordar aqui é gramatical. Dizemos “perdoai-nos” (reflexivo, suplicante) e não “perdoai” (imperativo, como que ordenando). Quem é verdadeiramente filho de Deus, recebeu a natureza divina (revestiu-se de Cristo) e experimentou tantas e tantas vezes na vida o perdão. Deus é Aquele que perdoa e, se tenho a natureza de Deus, também sei perdoar. Tenho a capacidade de perdoar como um dom. Se não se vive de acordo com a natureza divina, não se é filho “do Pai que está nos céus”, mas se deixa conduzir pelo pai da mentira.

Não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. É preciso distinguir e discernir entre ser tentado e cair em tentação. Jesus foi tentado, é verdade que para nós pecadores é muito tênue a linha que separa o ser tentado e cair em tentação. Remeto a dois textos bíblicos que, com uma boa Leitura Orante, podem nos ajudar: 1Cor 10,12-13 e Tg 1,2-15. Deus não nos tenta, mas permite a tentação em nossas vidas para que com firme decisão da nossa vontade, optemos e comportemo-nos como filhos do Pai que está no céu, pois estamos enxertados naquele que por nós foi tentado, Jesus Cristo, o Filho Unigênito do Pai.

A última parte desta petição do Pai nosso, mas livrai-nos do mal, é bem distinta da tentação. As tentações podem nos levar ao pecado. Há sempre possibilidade de conversão, se assim o quisermos. Entretanto, o MAL que aparece nesta petição do Pai Nosso não é simplesmente coisas ruins que nos podem acontecer. Aqui se trata de uma tentação especial, a tentação por excelência: a apostasia. Abandonar a fé, a confiança no amor do Pai. Este MAL é “personificado”, é o MALIGNO, satanás, o demônio, o pai da mentira que nos quer “arrancar” a filiação que recebemos. O grande momento desta tentação chega em nossa vida quando abandonamos a oração e buscamos “outros deuses”. Jesus não foi tentado somente no deserto, mas sua agonia no Getsêmani foi um terrível combate. Ele mesmo exorta seus discípulos e a nós: “Vigiai e orai para não entrar em tentação: o espírito está pronto, mas a carne é fraca.” (Mc 10,38)

Assim terminamos as breves reflexões sobre as petições do Pai Nosso que fizemos ao longo deste ano, como preparação para o Ano Jubilar de 2025. Não é possível ser “peregrinos de esperança” se o nosso coração não está entregue nas mãos misericordiosas do Pai. Que todos possamos iniciar em comunhão com a Papa Francisco o Ano Santo na Noite de Natal de 2024 e, em comunhão com toda a Igreja (todas as dioceses farão neste dia), no domingo dia 29 de dezembro, festa da Sagrada Família, às 15h, congregados na Igreja NS do Rosário (centro de Guarulhos) e fazermos a primeira peregrinação jubilar até a Catedral onde celebraremos a Eucaristia.

 

Dom Edmilson Amador Caetano

Bispo diocesano

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Artigos Editorial

Renovar e Alimentar a Esperança é Missão da Igreja

Caríssimos irmãos e irmãs, o tempo passa rápido e já é tempo de desejar boas festas e um ano repleto de esperança! Nesta última edição de 2024, a palavra Esperança ganha pleno destaque, motivado é claro pela abertura do ano jubilar, que tenho certeza marcará todas as edições da Revista Diocesana do próximo ano de 2025. Após o período de reflexão sobre a oração do Pai-Nosso, a esperança do nosso pastor diocesano é que agora estejamos mais conscientes da importância de saber rezar e viver essa oração cristã, transmitindo os ensinamentos adquiridos aos outros, evitando que fique apenas nas páginas digitais.

No artigo do enfoque pastoral, somos motivados pelo agradecimento do coordenador diocesano de pastoral a renovarmos a disponibilidade de servirmos com entusiasmo e alegria, mesmo em meio a tantos desafios, afinal: “A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Peçamos ao Senhor da colheita que envie trabalhadores para sua colheita.” (Lc 10, 2) Que possamos tomar posse da saudação deste nosso animador diocesano que mais uma vez termina o artigo dizendo: Coragem! Essa saudação também serve para os que foram ordenados sacerdotes, pois como disse Dom Edmilson na homilia da ordenação, após celebrarem as primícias do ministério sacerdotal, mergulharão no ministério total do serviço ao Povo de Deus. A ordenação é o sinal da esperança renovada pela Igreja, de poder atender melhor a cada fiel nas diversas realidades da Diocese de Guarulhos. O povo de Deus também renova sua esperança realizando a novena de Natal, como afirma o bispo na carta de apresentação: “Toda ela foi preparada na temática da Esperança. O Mistério da Encarnação, celebrado e atualizado em nossas vidas nas celebrações do Natal é um evento palpável que nos motiva e impulsiona a vivermos na esperança. Todos que vivenciarem esta novena experimentarão quão profunda e fiel são as promessas de Deus para conosco.”

A esperança também é alimentada ao longo da história através da liturgia celebrada e vivida, e a música faz parte da missão da liturgia de sustentar a esperança, por isso o livro Louvai elaborado com tanta dedicação ao longo do tempo contribuí com este sustentar da esperança em cada letra musical, por isso precisa ser valorizado em nossas celebrações litúrgicas. Como nem toda realidade é apenas luz, cabe ao psicólogo Romildo fazer um alerta quanto a Ditadura da Felicidade proposta pela sociedade tomada pelas festas de fim de ano, recordando que a existência de trevas reais em meio a tantas luzes artificiais e que precisam ser diagnosticas e eliminadas com a presença da valorização da realidade e a presença da verdadeira luz interna. E pra você esse alerta faz sentido? A felicidade têm sido uma realidade em sua vida?

Que alegria poder partilhar tantas reflexões sobre a Esperança com você nesta edição e acreditar que juntos podemos chegar ao coração das pessoas através deste meio de comunicação. Gratidão por cada colaborador e colaboradora ao longo deste ano e por acreditarem neste novo formato com o novo título, mas com a mesma finalidade que é a de evangelizar. Esperamos contar com sua apreciação, opinião e compartilhamento no próximo ano, afinal somos todos peregrinos de Esperança.

Padre Marcos Vinicius Clementino

Jornalista e Diretor Geral

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Artigos Bíblia Destaques Diocese

O Jubileu de 2025 e as indulgências

O ano santo de 2025 marca mais um jubileu ordinário, no qual a Igreja é convocada a renovar a experiência com Jesus, a Porta da Salvação (Cf. Spes non confundit, 1), peregrinando pelos caminhos da história em direção ao Reino de Deus, com a certeza que a “esperança não decepciona” (Rm 5,5).

No jubileu da misericórdia de 2015, o Papa Francisco nos lembrava que a misericórdia de Deus “torna-se indulgência do Pai que, através da Esposa de Cristo, alcança o pecador perdoado e liberta-o de qualquer resíduo das consequências do pecado” (cf. Misericordia Vultus, 22). Assim, a Igreja anuncia o Jubileu de 2025 como um tempo de doar aos fiéis as sagradas indulgências.

O catecismo da Igreja nos ensina que as indulgências são a libertação das penas temporais deixadas pelos pecados, inclusivamente já perdoados quanto a culpa. Dito de uma outra forma: elas são a aplicação dos méritos de Cristo e dos Santos, para a cura das feridas do pecado, a serem sanadas nessa vida ou então na purificação do purgatório (Cf. Catecismo da Igreja, 1471-1479).

A Igreja estabelece condições prévias para receber as indulgências: os fiéis arrependidos e desapegados de seus pecados, devem realizar a confissão sacramental e tendo comungado, rezarem pelas intenções do Papa.

Com as condições prévias, nesse ano jubilar, é possível obter as indulgências para si ou para os fiéis defuntos: por meio das peregrinações, das visitas piedosas à lugares sagrados, das obras de misericórdia e penitência.

As peregrinações que podem ser realizadas aos diversos santuários e igrejas pelo mundo, como o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida. Em nossa Diocese, se poderá receber as indulgências peregrinando para a Catedral Nossa Senhora da Conceição, ao Santuário Nossa Senhora do Bonsucesso, ao Santuário Bom Jesus da Cabeça (Cabuçu), ao Santuário São Judas Tadeu, e para a Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus. Por ocasião da peregrinação participar da Santa Missa, ou de celebração penitencial, ou ainda da celebração da liturgia das horas, da recitação do hino do Akáthistos, do rosário, da via sacra.

As visitas piedosas que podem ser realizadas aos mesmos lugares das peregrinações, sendo necessário dedicar um tempo razoável a adoração eucarística ou a meditação, concluindo com o Pai-Nosso, a Profissão de Fé e qualquer forma legítima de invocação à Maria, Mãe de Deus.

As obras piedosas que podem ser a participação em Missões populares, em exercícios espirituais ou em encontros de formação sobre os textos do Concílio Vaticano II e do Catecismo da Igreja Católica, que se realizem numa igreja ou em outro lugar adequado. Ainda, os que realizam as obras de misericórdia, por um razoável período, também podem fazê-lo aos que se encontram em necessidade ou dificuldade (doentes, presos, idosos em solidão, pessoas com alguma deficiência, …).

Ainda, se recorda a possibilidade de se redescobrir a penitência própria das sextas-feiras, quer pelo jejum ou pela abstinência, como meio para obter indulgência plenária no ano Jubilar. No Brasil, conforme o cân. 1253 do CIC, quando não for possível realizar o jejum ou a abstinência, é possível comutá-los por um outro ato de piedade ou de caridade.

A concessão das indulgências no ano Jubilar, de forma tão alargada, tem uma razão, que o Papa Francisco nos recorda: “o próximo Jubileu há de ser um Ano Santo caracterizado pela esperança que não conhece ocaso, a esperança em Deus” e ainda pela certeza que “estamos ancorados na esperança da graça, capaz de nos fazer viver em Cristo, superando o pecado, o medo e a morte … sem perder de vista a grandeza da meta a que somos chamados: o Céu” (Spes non confundit, 25).

 

Padre Weber Galvani Pereira

Chanceler do Bispado

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Artigos Falando da Vida

O que você quer ser quando envelhecer?

Da infância à velhice. As metamorfoses que marcam nossa vida.

Existem quatro fases da nossa vida que impactam toda a nossa existência. A primeira delas é o nascimento que é marcado por uma mudança geral na família em todos os sentidos. Essa experiência, apesar de desafiadora, é vista como um momento feliz e vivida com grande intensidade. Em seguida vem a infância, uma fase colorida, pois tanto os pais como a própria criança vivem uma espécie de conto de fadas onde a fantasia ocorre de ambos os lados: os pais vivem a ideia de que seus filhos serão crianças para sempre e as crianças, vivem a fantasia de serem reis e rainhas. A infância dura até os 12 anos e a maioria das pessoas se pudessem voltar ao passado, escolheriam reviver essa fase.

A adolescência por sua vez, é marcada por uma explosão de hormônios caindo como uma bomba em cima daquele ser que, de repente, se percebe num novo corpo, numa nova pessoa. Mudanças físicas e psíquicas acontecem em todas as direções afetando os relacionamentos sociais, afetivos em forma de crise que se prolonga até os 19 anos. Após essa etapa temos um indivíduo que está pronto para exercer o seu papel na sociedade, com o potencial para realizar-se profissional e afetivamente. É a fase mais propícia para as realizações e, para o bem ou para o mal, ela marcará toda a existência.

A velhice, por sua vez, é a fase mais complicada.  Em um país onde a cultura e a mídia frequentemente enaltecem a beleza e a vitalidade da juventude, os idosos só são lembrados nos comerciais de venda de medicamentos. Programas de televisão, anúncios e até as redes sociais costumam apresentar como exemplos de velhice saudável, aquele idoso musculoso ou aquela velhinha animada saltando de paraquedas. Na verdade, esses estereótipos negam a velhice, pois, nas entrelinhas, estão defendendo que o idoso ideal nada mais é que um idoso travestido de jovem. Esse cenário resulta em uma deterioração não apenas da saúde física, mas também mental, levando a quadros de depressão e solidão.

Para vivenciar positivamente essa fase é preciso incorporar de maneira radical a noção de autocuidado tanto no aspecto físico quanto no psíquico. Comece enquanto é jovem a comer alimentos saudáveis, praticar exercícios físicos, ler bons livros e ser útil. O filósofo e poeta Sêneca nos ensina: “Quando a velhice chegar, aceita-a, ama-a. Ela é abundante em prazeres se souberes amá-la. Os anos que vão gradualmente declinando estão entre os mais doces da vida de um homem. Mesmo quando tenhas alcançado o limite extremo dos anos, estes ainda reservam prazeres”

 

Romildo R. Almeida

Psicólogo clínico

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Artigos Liturgia

Mistagogia e Liturgia

Vida cristã é antes de tudo adesão à pessoa de Jesus Cristo, seguimento no caminho dele, identificação com ele em sua morte e ressurreição, em sua entrega total a serviço do Reino.

Esta identificação com Cristo, não se faz de um dia para o outro, requer um longo processo. No centro deste processo de vida cristã, encontramos a liturgia como ‘cume e fonte’ (SC n.10), como celebração memorial de Cristo, morto e ressuscitado.

Liturgia é ação ritual que expressa o mistério de Cristo, não apenas explicita o mistério, mas o realiza em nós com eficácia sacramental. Viver da Liturgia que se celebra significa viver daquilo que a liturgia faz viver. Não se trata de uma compreensão meramente intelectual, mas de uma compreensão espiritual e existencial, que necessita, do esforço e do empenho da inteligência. Sendo assim, a Igreja recuperou da tradição o método da mistagogia que permite aos cristãos conhecer os significados dos textos e dos gestos litúrgicos, a fim de interiorizarem o mistério que celebram. A mistagogia é o método e o instrumento que a Igreja antiga nos entrega para fazer com que os fiéis vivam daquilo que celebram. Aquilo que a lectio divina é para as Escrituras, a mistagogia é para a liturgia. É uma dinâmica na qual o anúncio da fé dialoga com cada pessoa. “É conduzir para dentro do mistério”1. Não são explicações sobre a fé, mas uma experiência de Deus, que está no mais íntimo de cada um.

Os padres da igreja utilizavam-se da catequese para explicar a liturgia, os sacramentos e a vida cristã a partir de trechos da escritura, atualizando-os para a vida de Cristo e da comunidade. Esta mistagogia, se tornou uma teologia do mistério litúrgico, capaz de revelar o mistério de Cristo e, desenvolver a vida do cristão. Para os Padres da Igreja, portanto, o mistério se revela quando é celebrado, ele se comunica, ele se dá a conhecer. Isto significa reconhecer que a liturgia é ação teologal, ação de Deus, e que ela realiza aquilo que significa. O sentido etimológico da palavra mistagogia significa “conduzir para dentro do mistério”.2 O teólogo e liturgista italiano Enrico Mazza, a partir de estudos sobre Ambrósio de Milão, Teodoro de Mopsuéstia, João Crisóstomo, Cirilo [ou João] de Jerusalém e Agostinho de Hipona, estabeleceu em cinco passos o método mistagógico que estes padres utilizavam em suas catequeses e que foi estudado por teólogos, entre eles, Taborda.3 São eles:

1) Descrição do rito, gesto, ação ou formulário litúrgico.

2) Identificação na Escritura (AT e NT) da passagem ou das passagens que explicitam a salvação que se celebra no rito em questão.

3) Aprofundamento do evento salvífico narrado no(s) texto(s) escolhido(s), de forma a mostrar, com recurso a outros textos e à reflexão teológica, seu significado para a salvação. Neste passo o enfoque é o evento salvífico e não o sacramento enquanto tal.

4) Retorno ao rito, aplicando a ele o que foi visto nos passos anteriores. A liturgia é, assim, interpretada a partir dos textos bíblicos que se referem ao evento que a fundamenta.

5) Explicitação do dinamismo do conjunto a partir de uma terminologia propriamente sacramental, recorrendo à gama de termos específicos para designar a dinâmica sacramental: mistério, sacramento, figura, imagem, semelhança e os pares semânticos imagem-verdade e tipo-antítipo. Principalmente nestes últimos se pode ver o aspecto relacional do sacramento: o sacramento se relaciona com o evento salvífico que lhe serve de base numa relação de identidade e diferença.

 

Caetana Cecília | Pe. Jair Costa

Comissão Diocesana de Liturgia / Música Litúrgica