SÃO PAULO - BRASIL

“O Senhor fez em mim maravilhas.” (Lc 1,49)

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"O Senhor fez em mim maravilhas." (Lc 1,49)

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Artigos Vocação e Seminário

A Missão na Formação do Seminário

Celebramos como Igreja do Brasil em outubro, o Mês Missionário, oportunidade anual para intensificarmos a nossa ação como discípulos missionários – lembrando que todo batizado é missionário por essência. Neste ano, o mês missionário traz como tema: “Ide! Da Igreja local aos confins do mundo” e como lema: “corações ardentes, pés a caminho”, recordando o 3º Ano Vocacional do Brasil.

As diretrizes para a formação presbiteral, no número 221, afirma que é na “formação missionária que prepara o presbítero a servir á Igreja, em sua realidade local na e em seu horizonte sem fronteiras”.

Dessa forma todo aquele que se prepara para o ministério ordenado é convidado, neste mês, iluminado pela temática do mês missionário a se colocar em estado permanente de missão, visando sempre os confins do mundo que é onde somos enviados: nossas pastorais paroquiais, missões e trabalhos específicos, para que, colocando seus dons e carismas a serviço, possamos cada vez mais consolidar o Reino de Deus nas realidades que estamos inseridos e assim fazer o coração arder e os pés a caminho.

O COMISE – Conselho Missionário de Seminaristas – é um conselho ligado às POM – Pontifícias Obras Missionárias – é quer ajudar na formação dos seminaristas, futuros ministros ordenados, para o despertar missionário auxílio com formações, encontros e experiências missionárias para que, desde a formação inicial, os seminaristas possam criar consciência da sua missão, não somente a missão “Ad Gentes” – mas, sobretudo, nas realidades paroquiais que estão inseridos.

Confiantes, rezemos ao Senhor da messe que envie operários para a messe, pois a messe é grande e os operários são poucos.

 

Sem. Guilherme Rodrigo – 4° ano de Teologia

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Artigos Liturgia

Nova Tradução do Missal Romano

A Igreja no Brasil se prepara para receber e implementar o uso da 3ª edição típica do Missal Romano. Com a tradução para o Português do Brasil aprovada pela Santa Sé, as dioceses terão até o 1º domingo do Advento para iniciar oficialmente o uso dos textos litúrgicos atualizados.

Mas, afinal, na prática quais são as novidades?

No Próprio do Tempo, a primeira parte do Missal, que garante a centralidade do mistério de Cristo nos ciclos da Páscoa, do Natal e do Tempo Comum, destacam-se:

– Os formulários completos para as Missas feriais do Tempo do Advento e do Tempo Pascal;

– A Missa da Vigília da Epifania do Senhor;

– As orações sobre o povo, ao final da Missa, desde a Quarta-feira de Cinzas até a Quarta-feira da Semana Santa;

– A Missa da Vigília em forma prolongada na solenidade de Pentecostes.

O Ordinário da Missa também inclui elementos novos, tais como:

– Os doze prefácios que foram acrescentados (Depois da Ascensão do Senhor; Domingos do Tempo Comum X; Matrimônio; Bem-Aventurada Virgem Maria III, IV e V; Mártires II; Santos Pastores II; Doutores da Igreja I e II; Comum VII, VIII e IX);

– A minuciosa revisão da tradução das Orações Eucarísticas, com a inclusão do nome de São José naquelas determinadas pelo Papa Francisco (isto é, na II, III e IV), além das novas formas de suscitar a aclamação memorial e da ratificação e necessária harmonização das pequenas aclamações;

– A mudança na primeira forma do Ato Penitencial, o Confesso a Deus: “por minha culpa, minha culpa, minha tão grande culpa”, respeitando o original latino;

– A sétima forma de introduzir o Pai-Nosso, tomada da rica tradição do rito ambrosiano: “Guiados pelo Espírito Santo, que ora em nós e por nós, elevemos as mãos ao Pai e rezemos juntos a oração que o próprio Jesus nos ensinou”.

O Próprio dos Santos, no que se refere ao Calendário próprio do Brasil, recordamos, por exemplo:

– Santos André de Soveral, Ambrósio Francisco Ferro, presbíteros, Mateus Moreira e companheiros, mártires (Rio Grande do Norte, 1645);

– Santa Dulce Lopes Pontes, virgem (Bahia, 1992);

– Santo Antônio de Sant’Ana Galvão, presbítero (São Paulo, 1998).

A nova tradução também incorporou as disposições realizadas pelo Papa Francisco. Além de incluir São José nas Orações Eucarísticas acima citadas, o Santo Padre modificou a rubrica do rito do lava-pés na Quinta-feira da Ceia do Senhor, passando-a de “os homens escolhidos” para “as pessoas escolhidas”, e fez várias mudanças no Calendário Litúrgico Universal, enriquecendo-o: instituiu a festividade da Bem-Aventurada Virgem Maria, Mãe da Igreja, na segunda-feira depois de Pentecostes, e a dos Santos Marta, Maria e Lázaro, em substituição à memória de Santa Marta; elevou a memória de Santa Maria Madalena ao grau de festa, conferindo-lhe um prefácio próprio: “Apóstola dos Apóstolos”; e determinou que fossem incluídas as memórias da Bem-Aventurada Virgem Maria de Loreto, de São Gregório de Narek, São João de Ávila e Santa Hildegarda de Bingen, doutores da Igreja, dos Papas São João XXIII, São Paulo VI e São João Paulo II, e de Santa Faustina Kowalska.

 

Padre Fernando Gonçalves – Comissão Diocesana de Liturgia

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Artigos CNBB

CNBB sobre a tramitação da ADPF 442

A Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou uma nota, na quinta-feira, 14 de setembro, sobre o pedido de inclusão em pauta da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 442 no Supremo Tribunal Federal (STF).

A ação pleiteia a possibilidade de descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação. No texto, os bispos reafirmam o posicionamento contrário ao pedido feito na ADPF: “jamais aceitaremos quaisquer iniciativas que pretendam apoiar e promover o aborto”.

“Jamais um direito pode ser exigido às custas de outro ser humano, mesmo estando apenas em formação. O fundamento dos direitos humanos é que o ser humano nunca seja tomado como meio, mas sempre como fim”, reforçam os bispos. Na nota, também recordam a posição “em defesa da integralidade, inviolabilidade e dignidade da vida humana, desde a sua concepção até a morte natural”, diz um trecho do documento.

Outro destaque é o entendimento que os pedidos da ADPF 442 “foram conduzidos como pauta antidemocrática pois, atropelando o Congresso Nacional, exigem do Supremo Tribunal Federal (STF) uma função que não lhe cabe, que é legislar diante de uma suposta e inexistente omissão do Congresso Nacional”.

A Presidência da CNBB salienta que “se até hoje o aborto não foi aprovado como querem os autores da ADPF não é por omissão do Parlamento, senão por absoluta ausência de interesse do Povo Brasileiro, de quem todo poder emana, conforme parágrafo único do art. 1º da Constituição Federal”.

NOTA DA CNBB
VIDA: DIREITO INVIOLÁVEL

“Propus a vida e a morte; escolhe, pois a vida” (Dt 30,19).

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), por meio de sua Presidência, reafirma sua posição em favor da vida desde a concepção.

Diante do pedido de inclusão em pauta da ADPF 442 (2017), no Supremo Tribunal Federal (STF), que pleiteia a possibilidade de aborto legal até a 12ª semana de gestação, reafirmamos que “o aborto constitui a eliminação de uma vida humana, trata-se, pois, de uma ação intrinsecamente má e, portanto, não pode ser legitimada como um bem ou um direito” (Vida: Dom e Compromisso II: fé cristã e aborto, Edições CNBB, 2021, n.96).

Jamais um direito pode ser exigido às custas de outro ser humano, mesmo estando apenas em formação. O fundamento dos direitos humanos é que o ser humano nunca seja tomado como meio, mas sempre como fim. “Ninguém nunca poderá reivindicar o direito de escolher o que mais convém por meio de uma ação direta que elimine uma vida humana, pois nenhuma pessoa tem o direito de escolha sobre a vida dos outros” (Vida: Dom e Compromisso II, n. 97).

“A decisão deliberada de privar um ser humano inocente da sua vida é sempre má, do ponto de vista moral, e nunca pode ser lícita nem como fim, nem como meio para um fim bom” (Evangelium Vitae, n. 57).

Como já nos manifestamos em 2017, por meio de Nota “Pela vida, contra o aborto”, reiteramos nossa posição em defesa da integralidade, inviolabilidade e dignidade da vida humana, desde a sua concepção até a morte natural. Entendemos que os pedidos da ADPF 442 foram conduzidos como pauta antidemocrática pois, atropelando o Congresso Nacional, exigem do Supremo Tribunal Federal (STF) uma função que não lhe cabe, que é legislar diante de uma suposta e inexistente omissão do Congresso Nacional, pois se até hoje o aborto não foi aprovado como querem os autores da ADPF não é por omissão do Parlamento, senão por absoluta ausência de interesse do Povo Brasileiro, de quem todo poder emana, conforme parágrafo único do art. 1º da Constituição Federal.

De qualquer forma, jamais aceitaremos quaisquer iniciativas que pretendam apoiar e promover o aborto.

Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, ajude-nos na missão de escolher a vida, como dom de Deus e compromisso de toda humanidade.

Brasília- DF, 13 de setembro de 2023

Dom Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre – RS
Presidente da CNBB

Dom João Justino de Medeiros da Silva
Arcebispo de Goiânia – GO
1º Vice- Presidente da CNBB

Dom Paulo Jackson Nóbrega de Sousa
Arcebispo de Olinda e Recife – PE
2º Vice-Presidente da CNBB

Dom Ricardo Hoepers
Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Brasília – DF
Secretário-Geral da CNBB

 

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Artigos Enfoque Pastoral

A Missão revigora a Fé

A Igreja é missionária por sua essencia e tem sua origem na missão do Filho e do Espírito Santo, segundo o desígnio do Pai (AG 2). Em outubro celebramos o mês dedicado as missões e em nossas liturgias estaremos relfetindo a natureza missionária da Igreja e seus membros: os batizados. “A Missão renova a Igreja, revigora a sua fé e identidade, dá a ela novo entusiasmo e novas motivações. É doando a fé, que se fortalece! A nova evangelização dos cristãos também encontrará inspiração e apoio no empenho pela Missão universal” (São João Paulo II).

A partir da cruz de Jesus, aprendemos a lógica divina da oferta de nós mesmos (1 Cor 1, 17-25) como anúncio do Evangelho para a vida do mundo (Jo 3, 16). O Mês das Missões deve lembrar a cada um de nós, que é missão de todo batizado ser evangelizador. Não é cristão de verdade quem não fala de Cristo e da Igreja! O Batismo nos faz “membros do Corpo de Cristo” e participantes de sua missão no mundo: “Ser sacramento de salvação” (LG). A Igreja é portadora de uma alegria contagiante e em sua essência é missionária (Ad Gentes, 2). Foi o Senhor que nos ordenou: “Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulos...” (Mt 28, 19-20). A missão do Pai foi encarnada no Filho, e através do Espírito Santo realiza-se na Igreja.

Neste mês a Igreja quer nos animar na realização das atividades missionárias no Brasil e no mundo. Em nossa Diocese vemos claramente o esforço missionário desempenhado em nossa Cidade desde o seu inicio. Recebemos padres, religiosos e leigos que anunciaram o Evangelho com muita alegria, suscitaram vários trabalhos pastorais e pequenas comunidades, que vieram depois a se tornarem matrizes paroquiais. É tempo de reanimar a missão em nossa Igreja, também tempo de agradecer. Hoje os frutos da missão aqui realizada impulsiona a nossa Igreja particular de Guarulhos para o mundo, enviando missionários para anunciarem com alegria o Evangelho.

Outubro também é o mês de celebrar Nossa Senhora Aparecida, padroeria do Brasil. Todas as nossas paróquias celebram a Imaculada Conceição Aparecida em 12 de outubro e inspiram-se em Maria no seu SIM fecundo e missionário. Roguemos a Deus, por sua maternal itercessão, as bênçãos de Deus em nossos trabalhos missionários. Coragem!

 

Pe. Marcelo Dias Soares – Coordenador Diocesano de Pastoral

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Artigos Voz do Pastor

A Avaliação Moral do Aborto

Como todos sabem de 01 a 08 de outubro celebramos a SEMANA DA VIDA. Quero propor para a reflexão de todos um artigo de D. Pedro Carlos Cipolini, bispo diocesano de Santo André. Certamente ajuda a refletir sobre o julgamento da ADPF 442 que está prestes a ser “julgada”.

A polêmica sobre o aborto é grande na sociedade. A favor ou contra? Permitido ou não? Legaliza-se sua prática ou não? Do ponto de vista social o aborto é um flagelo, pela enormidade dos males que causa à sociedade. Quem já ouviu o depoimento de uma mãe que abortou e se arrependeu, sabe do que se trata. É uma chaga oculta por onde se esvai um precioso potencial de vida, especialmente nas sociedades, nas quais diminui drasticamente o número de crianças.

Não falo aqui do aborto do ponto de vista religioso, mas antropológico. É uma questão humanitária que não pode considerar os direitos somente dos mais fortes, os adultos envolvidos, mas dos mais fracos, os fetos que perguntam: por que matar quem tem direito à vida?

 Do ponto de vista moral, o aborto é um atentado contra a vida de um ser humano, vivendo ainda na dependência do organismo materno (encarregado de formá-lo e protegê-lo, constituindo, porém, já um ser autônomo), com uma lei peculiar à sua evolução. Dentre os crimes contra a vida, o aborto provocado apresenta características que o tornam abjurável. Isto é reconhecido por 90% da população brasileira, segundo pesquisa Data/Folha.

Desta forma, as propostas de certos grupos da sociedade para legalizar o aborto não estão em sintonia com a democracia, que deve levar em conta a vontade da maioria. São grupos de interesses, revestidos de argumentos que não se sustentam diante da mais elementar consciência humana, não subjugada por ideologias. Diante do direito à vida, nenhum legislador pode se arvorar em “Deus” para decretar a morte de inocentes e indefesos.

Além do valor intrínseco como membro da espécie humana, o feto não teria nenhum outro direito? Seria um feto humano, inferior aos fetos das tartarugas marinhas, protegidos por lei antes de saírem do ovo, antes de nascerem? O Império Romano concedia à pátria potestas, o direito do infanticídio, do abandono das crianças, venda dos filhos como escravos e do aborto. Na mentalidade do mundo greco-romano, somente o cidadão livre é sujeito do direito: não o escravo nem a criança.

Parece-nos que, após um progresso significativo, uma evolução do Direito, estamos involuindo, ao perder a percepção da gravidade e criminalidade do aborto. A aceitação do aborto na mentalidade, costumes e na própria lei é sinal de uma crise do sentido moral, que se torna cada vez mais incapaz de distinguir o bem do mal, mesmo quando está em jogo o direito fundamental à vida: “Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem, chamam mal, os que tem as trevas por luz e a luz por trevas” (Is 5,20).

 Todo ser humano, inclusive o feto, tem direito à vida que lhe vem imediatamente do Criador, não dos pais nem de qualquer autoridade humana. O ser humano é chamado a colaborar com o Criador na transmissão da vida, mas não é o senhor da vida. Não existe ademais uma pessoa humana com título válido ou indicação suficiente para uma disposição deliberada sobre uma vida inocente. Apenas se justifica o aborto não provocado ou espontâneo, independente da vontade humana.

Dados científicos, interesses políticos e econômicos, correntes filosóficas e morais com ideias equivocadas de liberdade, que inclui a eliminação do outro, soberba dos legisladores, que se arvoram em senhores da vida ou da morte, como se fossem Deuses, tudo isto vai aos poucos incutindo na sociedade o projeto de uma “sociedade abortista”.

 Numa sociedade que legisla a morte de inocentes e crianças, aos poucos se chega a legislar a morte dos idosos, depois a legislar a morte dos doentes incuráveis, dos inúteis ao Mercado etc. É urgente a “humanização” baseada na importância de toda vida humana e que dá o mesmo valor a todo ser humano desde seu início a seu fim natural.”

+D. Pedro Carlos Cipolini

Bispo diocesano de Santo André

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Artigos Vida Consagrada

Irmãs Operárias da Santa Casa de Nazaré

A vocação religiosa é vivenciada por homens e mulheres que dizem “sim” a Deus e entregam suas vidas no amor e para o amor, seguindo Cristo e servindo-o no outro, consagrando-se ao seu projeto.  A consagração acontece por meio da realização dos votos de pobreza, obediência e castidade em uma Congregação Religiosa.

Toda Congregação religiosa tem um Carisma específico, que é um dom de Deus para a realização de uma missão, uma espiritualidade que lhe sustenta e uma história que evidencia a fidelidade de Deus.

Irmãs Operárias no Brasil

Nós, Irmãs Operárias, nascemos na região norte da Itália em 1900, logo após a publicação em 1891, no pontificado de Leão XIII, da encíclica “Rerum Novarum” (Das Coisas Novas), considerada o documento fundador da doutrina social da Igreja. Nascemos da preocupação de um padre diocesano, Santo Arcângelo Tadini, com todas as transformações da revolução industrial no mundo do trabalho na vida das famílias, sobretudo das jovens e das mulheres da sua Paróquia que começavam a entrar para as fábricas de tecelagem para trabalharem em um ambiente hostil, de muita exploração e degradação moral que as afastavam da vida cristã.

Tadini desejou que aquelas jovens tivessem como colegas de trabalho Irmãs Religiosas que as ajudassem a fazer brilhar a sua humanidade e a fazer emergir a presença de Jesus trabalhador em Nazaré. Irmãs que falassem da boa nova de um Deus próximo, que se fez carne, entrou na história, assumiu condição humana e deu nova vida a tudo e vocaciona todos para a santidade.

Na Igreja, como Irmãs Operárias da Santa Casa de Nazaré, somos chamadas a evangelizar o mundo do trabalho. Entramos no mistério de Nazaré e aprendemos a ler toda a vida à sua luz, para anunciar o sentido do trabalho e da vida comum. Voltamos sempre a Nazaré para caminhar na história com fidelidade criativa!

Nossa atuação se dá em três dimensões: Partilha do trabalho assalariado como operárias, serviço aos trabalhadores e o apostolado na Igreja local. Queremos imitar Jesus em Nazaré que durante 30 anos “Trabalhou com mãos humanas, pensou com uma inteligência humana, agiu com uma vontade humana” (GS 22).

A nossa história no Brasil começa nos meados de 1985 e é manifestação da fidelidade Divina, e testemunho de que a leitura orante da Palavra é um meio eficaz para discernir a vontade de Deus na nossa vida e queremos contar lembrando um texto da Palavra de Deus que está em 1RS 17,7-16:

7 Algum tempo depois, o córrego secou, porque não tinha chovido na região. 8 Então Javé dirigiu a palavra a Elias: 9 «Levante-se, vá para Sarepta, que pertence à região de Sidônia, e fique morando aí. Porque eu ordenei a uma viúva que dê comida para você». 10 Elias se levantou e foi para Sarepta. Chegando à porta da cidade, encontrou uma viúva que estava recolhendo lenha. Elias a chamou e disse: «Por favor! Traga-me um pouco de água no seu balde para eu beber». 11 Quando a mulher já estava indo buscar água, Elias gritou para ela: «Traga-me também um pedaço de pão». 12 Ela respondeu: «Pela vida de Javé, o seu Deus, não tenho nenhum pão feito; tenho apenas um pouco de farinha numa vasilha e um pouco de azeite na jarra. Estou ajuntando uns gravetos para preparar esse resto para mim e meu filho. Depois, vamos comer e ficar esperando a morte». 13 Mas Elias lhe disse: «Não tenha medo! Vá e faça o que está dizendo. Mas primeiro prepare um pãozinho com o que você tem e traga para mim. Só depois você prepara um pão para você e seu filho. 14 Pois assim diz Javé, Deus de Israel: A vasilha de farinha não ficará vazia e a jarra de azeite não se esgotará, até o dia em que Javé mandar chuva sobre a terra». 15 A mulher foi fazer o que Elias tinha mandado. E comeram, tanto ele como também ela e o filho, durante muito tempo. 16 A vasilha de farinha não se esvaziou e a jarra de azeite não se esgotou, como Javé tinha anunciado por meio de Elias.

Irmãs Operárias de Guarulhos

Padre Berardo Graz, que é padre da diocese de Guarulhos, é Italiano e tinha uma tia Religiosa na nossa Congregação, Irmã Valeriana Graz, ele vivia escrevendo a ela dizendo que o Brasil era lugar de missão para as Irmãs Operárias e fez com que o Bispo da época, Dom João Bergese, escrevesse uma carta, para Madre Geral das Irmãs Operárias, solicitando a presença da Congregação no Brasil. Mas eram tempos de seca vocacional,  na Itália tinham mais de 10 anos sem nenhuma nova vocação para nossa família e a Madre Geral convocou o Conselho Geral para escrever uma carta agradecendo o convite do Bispo, mas recusando a vinda, eram poucas irmãs já na Itália seria impossível enviar alguém para o Brasil . Mas, na liturgia daquele dia do conselho, tinha esta leitura da viúva de Sarepta e as irmãs reunidas em oração perceberam um sinal de Deus, sobretudo nesta parte da leitura da Palavra, “a vasilha de farinha não se esvaziou e a jarra de azeite não se esgotou”, entenderam que era preciso dar tudo o que tinham e confiar na fidelidade de Deus. E em 1987 as três primeiras Irmãs Italianas: Liliana, Serafina e Clara chegaram ao Brasil na Diocese de Guarulhos e se instalaram no território da Paróquia Santo Alberto Magno e desde então todos os anos temos novas vocações na Itália, no Burundi na África e também aqui no Brasil.

Irmãs Operárias em Missão pelo Mundo

Por esta história sempre cantamos com muita gratidão: aquele que vos chamou, aquele que vos chamou É fiel, é fiel. Fiel é aquele que vos chamou.

 

Ir. Adriana Costa, IOP Irmãs Operárias da Santa Casa de Nazaré

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Artigos Movimentos Diocesanos

Jubileu de Ouro – 50 anos de presença do Instituto Secular Missionárias Diocesanas de Jesus Sacerdote

(outubro de 1973 – outubro 2023)

Neste tempo da graça do Senhor, nós as Missionárias Diocesanas de Jesus Sacerdote, estamos celebrando os 50 anos de presença do Instituto no Brasil – Jubileu de ouro, e também os 40 anos de presença na Diocese de Guarulhos.

Louvamos e bendizemos a Deus por tanto amor que tem nos dado, e pela vida de cada uma das missionárias diocesanas que no decorrer destes 50 anos doaram e ainda doam suas vidas, vivendo a consagração secular, sendo luz no mundo e testemunhando Jesus Sacerdote, nas atividades pastorais, na vida profissional e na sociedade.

Queremos fazer memória das primeiras missionárias que vieram da Itália: Pina, Pinuccia e Nete, e logo após, sob a providência divina, Maria Lingua  e Vittorina, para, assim, continuarem o grande sonho de nosso fundador, padre Stefano Gerbaudo, de vivermos a santidade no cotidiano da vida, no lugar onde o Senhor nos designou, sonho este que se perpetua até os dias de hoje. Também fazemos memória e rendemos graças pela vida doada de nossas irmãs que já estão na morada eterna: Doracy, Angela, Maria Helena e Maria das Graças Mendes.

Louvado seja Deus por todos aqueles que caminham conosco e contribuem com a nossa missão de consagradas seculares.

Padre Stefano Gerbaudo, servo de Deus, intercedei a Deus por nós!

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Artigos Vocação e Seminário

A vocação precede a existência

Perdoe-me a complexidade da sentença do título do artigo com o seu teor tanto quanto filosófico – e, de fato, ela é uma paráfrase da máxima da filosofia existencialista. Ao dizer que a vocação precede a existência é – baseando-se nas palavras de Santa Teresinha do Menino Jesus – compreender que, uma vez que “nada acontece que Deus não tenha previsto desde toda a eternidade”, o assumir a vocação é uma resposta ao apelo de Deus prenunciado desde as origens.

É só pensarmos que, considerando que a vocação é um chamado – não sendo uma disposição própria do homem, mas uma iniciativa de quem o convida –, ela é um projeto único e bem-aventurado que o Onipresente quis desde toda a eternidade, como recordado nas palavras de exortação de Deus ao chamado do profeta Jeremias: “antes que no seio fosses formado, eu já te conhecia; antes de teu nascimento, eu já te havia consagrado, e te havia designado profeta das nações” (Jr 1,5).

Ao dizer que a vocação é precedente à nossa existência é dizer, literalmente, que Deus anseia pela nossa santidade e salvação antes mesmo de passarmos a existir. Torna-se belo pensarmos que você, na sua vocação assumida, é uma resposta a um desejo eterno de Deus, na correspondência ao apelo existencial do Criador “para nos fazer participantes da sua santidade” (Hb 12,10). Como consequência, ao aceitarmos a nossa vocação, correspondemos ao apelo do Eterno e de nossa própria existência.

 

Sem. Edson Vitor – 4º ano de Teologia

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Artigos Liturgia

Quando e quem pode receber o Sacramento da Unção dos Enfermos

Continuamos a falar sobre o sacramento da Unção dos Enfermos. E como já afirmamos este sacramento é celebrado pela Igreja na situação de doença grave ou de perigo de morte de um fiel. A Santa Mãe Igreja, sempre sensível e cheia de compaixão diante da experiência de sofrimento de seus filhos, administra esse sacramento com o objetivo de fazer com que o fiel doente ou em perigo de morte possa se unir livremente à Paixão do Senhor e participar de sua Ressurreição, sendo salvo de seus pecados e recebendo a força do Espírito Santo.

Mas, quais as circunstâncias que este sacramento pode ser administrado? Quais são as condições para que um fiel possa receber o sacramento da Unção dos enfermos de forma válida e lícita?

A Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium sobre a Sagrada Liturgia deixa muito claro que a Unção dos enfermos “não é sacramento só dos que estão no fim da vida. É já certamente tempo oportuno para a receber quando o fiel começa, por doença ou por velhice, a estar em perigo de morte” (n. 73). O cânon 1004 do Código de Direito Canônico complementa essa mesma ideia adicionando a necessidade do fiel “ter atingido o uso da razão”.

Com isso, já podemos concluir várias condições para receber o Sacramento da Unção dos Enfermos: em primeiro lugar, a pessoa deve ser batizada (o termo ‘fiel’ supõe o Batismo); em segundo lugar, o fiel deve ter atingido o uso da razão que, conforme o cânon 97, pode ser presumido quando a pessoa já tiver completado 7 anos de idade; em terceiro lugar, o fiel deve estar em perigo de morte, por motivo de uma doença grave ou velhice. “Para avaliar a gravidade da doença, basta que se tenha dela um juízo prudente ou provável, consultando-se o médico, se for o caso, para remover, com sua opinião, qualquer dúvida” (Ritual da Unção dos Enfermos, n. 8).

A Igreja também permite que esse sacramento seja administrado antes de uma operação cirúrgica, sempre que uma doença grave seja a causa de tal operação (cf. Ritual, n. 10), assim como às pessoas de idade cujas forças estão claramente debilitadas, mesmo quando não se trate de grave enfermidade (cf. Ritual, n. 11).

Pode surgir a pergunta sobre o que fazer quando a pessoa está inconsciente, sem capacidade de pedir, ela mesma, a Unção. Diante desse cenário possível, a Igreja nos ensina que se deve administrar esse sacramento “aos doentes que, ao menos implicitamente, o pediram quando estavam no uso de suas faculdades”. Sabemos, pela fé, que o sacramento dado nessas circunstâncias é tão eficaz como quando é dado a uma pessoa totalmente consciente.

Finalmente, vale a pena ressaltar que a Igreja recomenda muito, na medida do possível, que o doente, ou aquele que está em perigo de morte, se confesse antes de receber o sacramento da Unção dos Enfermos. Quando possível, o ideal é que se siga o que se chama o rito contínuo, que contempla a administração da Confissão Sacramental, seguida pela Unção dos Enfermos e, finalmente, a Sagrada Eucaristia.

 

Pe. Fernando Gonçalves – Comissão Diocesana de Liturgia

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Artigos Bíblia

Profetas: Começo e evolução do profetismo

A palavra “profeta” (NABI, em hebraico) hoje tem muitos sentidos. Muitos caracterizam os prfetas como previsores de futuro (precognitivos, videntes, como em 1Sm 9, 9). Podemos encontra-los em grupos de “homens em transe” (1Sm 10, 5s; 19, 24; 10, 10; Dt 13, 2 – 4; 1Rs 17, 17s; 2Rs 2, 19 – 22; Nm 22, 2 – 6), como intérpretes de sonhos (Cf Dt 13, 2 – 4) ou simples consultores de Deus (1Sm 8, 6 – 7). Às vezes, eles aparecem como conselheiros de reis (conf. Khalil Gibran), integrados a uma corte, como os prpfetas Natã e Isaías (veja 1Sm 10, 1.24; 16, 12 -13; 2Sm 7, 1 – 7; 24, 11 – 19; 1Rs 1, 34; 11, 29 – 31; 22, 5).

No profetismo clássico da Bíblia, eles aparecem como defensores dos pobres e ferrenhos críticos dos desmandos dos monarcas e são reconhecidos como “homens de Deus”, homens da fé em Deus. Sua fé se fundamenta no Deus libertador do Êxodo (go’el). Alguns profetas formarão grupos proféticos com o objetivo de manter vigilância crítica sobre os abusos dos reis. Durante o Exílio na Babilônia (ver Is 40 – 55 e Ez) serão os consoladores do povo sofrido.

 

O MOVIMENTO PROFÉTICO:

O profetismo também esteve presente em outros povos do Oriente Antigo (Egito, Mesopotâmia, Pérsia, etc). Nos textos proféticos da nossa Bíblia encontramos afinidade entre os escritos de Mari (Mesopotâmia) e profetas de Israel: o profeta era um ser humano que recebia uma missão nos momentos de crise.

A diferença consiste em que os profetas de outros povos se constituíam mensageiros de deuses e os profetas de Israel se dirigiam ao povo e aos reis exigindo conversão interior e exterior, anunciavam a Palavra de Deus e denunciavam as injustiças, arriscando suas vidas. Certos anúncios dos profetas eram feitos com ações simbólicas.

         Temos duas fases do profetismo em Israel no tocante à sua relação com os reis (monarquia):

1º fase: apoio à monarquia (ver 1 Sm 22, 5; 2 Sm 24, 11-19).

2º fase: crítica e combate à monarquia (ver 1Rs 19, 10.14) = fase da independência do Profetismo.

 

SEPARAÇÃO ENTRE PROFETISMO E MONARQUIA

O Deus anunciado pelos profetas era o Deus da Aliança (Iahweh), um Deus que legitimava tudo o que os reis faziam.

Os profetas de Israel estavam a serviço da Aliança entre Deus e o povo. Por isso, era preciso estabelecer uma certa independência ou até oposição aos atos dos reis (Elias, Jeremias, Amós, Oséias, Miquéias, etc). E, quando falam em nome de Deus contra os desmandos dos reis, encontram dificuldades para a missão (perseguições, por exemplo).

 

OS PRIMEIROS PROFETAS:

Samuel: foi um opositor da monarquia (1Sm 8), mas acabou ungindo Saul e Davi como reis de Israel (1Sm 10; 15, 10 – 23) por ordem de Deus.

Natã: sempre presente na corte de Davi (2Sm 7, 2; 12 e 1Rs 1); favorável à dinastia davídica, mas crítico diante dos pecados do rei Davi.

Gad: chamado “vidente”, era mais severo (ver 2Sm 24, 11 – 14. 18 – 19; 1Cr 21, 9 – 13 . 29; 29, 9; 1Sm 22, 5).

Natã e Gad: conselheiros severos do rei Davi (2Sm 7; 12; 24).

 

Já no tempo do rei Saul, os profetas reagem contra os erros dos reis, que prejudicavam o povo (ex.: Samuel). Alguns eram até próximos dos palácios, mas não eram coniventes com tudo o que os reis faziam!

        Após o Cisma de 931 a.C., quanto aos profetas do Norte (Israel), o profetismo floresceu em fidelidade às tradições javistas do tribalismo; os profetas eram “mais conservadores” e exerciam severas intervenções como “homens de Deus”, criando uma distância cada vez maior entre eles e o palácio dos reis e dos templos oficiais do culto nacional (ex.: Elias, Eliseu e Amós).

Já no Reino do Sul (Judá), o profetismo será um pouco mais tardio e estará condicionado às promessas messiânicas a partir de Davi ou da dinastia davídica (Natã e Isaías), mas sempre voltado para a fidelidade à Aliança com Deus (Jeremias, Sofonias, Miqueias, por exemplo).

Padre Éder Aparecido Monteiro