SÃO PAULO - BRASIL

“O Senhor fez em mim maravilhas.” (Lc 1,49)

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"O Senhor fez em mim maravilhas." (Lc 1,49)

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Artigos Vocação e Seminário

Um sempre falar sobre vocação!

Nesse artigo de encerramento dessa coluna vocacional torna-se oportuno realizarmos um agradecimento por todos aqueles que permitiram, com as expressão das letras, expor e exortar a importância da consciência vocacional em nossas comunidades através da Folha Diocesana. É imprescindível não deixar de agradecer o empenho dos bispos de nossa Diocese que incentivaram as vocações na abertura que as páginas da Folha proporcionaram para se falar, se debater e compreender vocação na vida da Igreja. É louvável também agradecer os formadores do Seminário, aos diretores diversos que se dedicaram à Folha e por cada escritor de artigo que se empenharam na dinâmica de responder ao apelo da Igreja para que “as iniciativas de oração e animação pastoral reforcem a sensibilidade vocacional nas nossas famílias, nas paróquias, nas comunidades de vida consagrada, nas associações e nos movimentos eclesiais” (Mensagem do Papa Francisco para o 60º Dia Mundial de Oração pelas Vocações).

Encerramos com um incentivo para se falar sobre vocação. Seja pelos impressos, em vídeos, em posts, status, enfim: é sempre tempo e lugar propícios para rezar e animar as vocações nos meios que estamos inseridos, pois, com os “corações ardentes e pés a caminho”, o Senhor a de enviar mais operários para a sua messe.

 

Sem. Edson Vitor – 4º ano de Teologia

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Artigos Falando da Vida

Por que a Guerra?

A interessante pergunta que Einstein fez à Freud.

Enquanto você lê esse artigo, milhares de pessoas estão morrendo em decorrência de guerras ou sofrendo as suas consequências. Desde 2525 a.C, quando aconteceu o primeiro conflito militar de que se tem notícia, a humanidade não parou mais de guerrear por diferentes motivos como: desentendimentos religiosos, interesses políticos, econômicos, rivalidades étnicas, etc. Além de causar mortes, as guerras provocam perdas econômicas, destruição do meio ambiente e traumas que ficam na mente dos sobreviventes.

Depois da guerra Franco-Prussiana, em 1871 que terminou com mais de 150 mil mortos, instaurou-se na Europa um movimento chamado de Belle Époque. De fato, era o sonho de uma bela época em que a humanidade viveria em paz, a partir dos avanços tecnológicos proporcionados pela Revolução Industrial. Os grandes pensadores ficaram tão otimistas que imaginavam que naquele mundo civilizado não haveria mais lugar para as guerras. No entanto, em 1914 eclodiu a primeira guerra mundial que deixou mais de 40 milhões de mortos e 30 anos mais tarde veio a segunda que matou mais de 55 milhões.

Em 1932 Albert Einstein escreveu uma carta à Sigmund Freud, criador da Psicanálise, com a seguinte pergunta: Por que a guerra? Existe alguma forma de livrar a humanidade dessa ameaça? A resposta de Freud foi desanimadora; segundo ele, existem dois instintos básicos na nossa psique: o instinto de vida ligado à preservação da mesma, chamado de Eros e o da Morte ligado a destruição, chamado de Thanatos. Esses dois princípios fundamentais se combinam e se completam de modo que um depende do outro. Por esse motivo, segundo Freud, a violência sempre acompanhará o homem no curso da sua história.

Considerando essa teoria, não devemos esperar que a paz aconteça, pois a humanidade carrega na sua constituição a semente da violência como estratégia de poder e dominação.  Violência contra seu semelhante, violência contra os animais, contra o meio ambiente e, em última análise, contra si mesmo. No entanto, não podemos viver de teorias. Precisamos acreditar na paz e construí-la de maneira simples a partir da nossa realidade. É preciso começá-la de algum lugar e o melhor lugar é dentro de nós mesmos. Precisamos ter paz interior para depois construir a paz exterior. Que a paz seja buscada, mesmo em meio a guerra, afinal, como disse o próprio Albert Einstein “Não se pode manter a paz pela força, mas sim pela concórdia. ”

Nesta última edição impressa deste jornal, quero agradecer a direção da Folha Diocesana, bem como os leitores, pela oportunidade a mim confiada, de compartilhar minhas ideias e reflexões através dessa coluna. Essa experiência me trouxe um grande aprendizado tanto na vida profissional como no aspecto pessoal. Obrigado e até breve!

 

Romildo R. Almeida – Psicólogo clínico

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Artigos Liturgia

A Liturgia: lugar de encontro com Cristo

Recordando a Carta Apostólica Desiderio Desideravi, sobre a formação litúrgica do Povo de Deus, gostaríamos de destacar alguns pontos de grande importância nesta etapa de acolhida da terceira edição do Missal Romano em nossas paróquias.

Percebemos que a liturgia se torna o hoje da história da salvação. O mistério da cruz e da ressurreição (Páscoa) é antecipado e tornado presente na Última Ceia: “Isto é meu corpo que será entregue por vós… Este é o cálice do meu sangue, o sangue da nova e eterna Aliança, que será derramado por vós e por todos para remissão dos pecados”. Jesus realizou este evento histórico, uma vez por todas, mas o sacramento o torna presente em cada celebração eucarística, de todos os tempos: “A Igreja sempre guardou como seu tesouro mais precioso o mandamento do Senhor: ‘Fazei isto em memória de mim’”.

Este mistério pascal do Senhor, que se torna presente na liturgia, não é um simples conceito, uma ideia ou pensamento, mas a possibilidade de um verdadeiro e privilegiado encontro, o caminho da comunhão escolhido pela Santíssima Trindade. Afirma o Santo Padre: “A fé cristã ou é um encontro com Ele vivo, ou não existe” (n. 10 e 33). Somos, portanto, convivas da Santa Ceia, para ouvir a voz do Senhor, alimentar-nos do seu Corpo e do seu Sangue. A força de seu mistério pascal chega a nós. Agora chegou a nossa vez de sermos Nicodemos, a mulher samaritana e tantos outros personagens que foram atingidos pela graça e pela salvação. Ele continua a perdoar-nos, curar-nos, a salvar-nos com o poder dos sacramentos.

A Liturgia nos garante a possibilidade de tal encontro. Para nós, uma vaga lembrança da Última Ceia não adiantaria. Precisamos estar presentes nessa Ceia, para poder ouvir a sua voz, comer o seu Corpo e beber o seu Sangue. Nós precisamos Dele.

Diante do mistério pascal que estava para acontecer, toda a criação, toda a história estava para tornar-se história da salvação. Esse dom de grandeza infinita estava para ser confiado aos apóstolos a fim de que fosse levado a cada homem e mulher, de todos os tempos, não por seus méritos, mas por convite do amor de Deus que deseja restabelecer a comunhão com toda humanidade.

Diante da iniciativa amorosa de Deus, espera-se a nossa resposta de fé: deixar-se atrair por este amor de Deus para tornar-se discípulo missionário do mesmo amor. É desejo divino que todos possam participar da Ceia do sacrifício do Cordeiro e viver d’Ele. Cada vez que vamos à missa somos atraídos por esta vontade do Senhor. Neste sentido, podemos recordar nossa resposta à saudação inicial de cada celebração eucarística: “Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo”.

Pe. Fernando GonçalvesComissão Diocesana de Liturgia

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Artigos Vida Presbiteral

Semana de Atualização do Clero de Guarulhos

Os padres da Diocese de Guarulhos sob o governo de Dom Edmilson Amador Caetano, estiveram reunidos no Hotel Mirra Serra na cidade de Passa Quatro em Minas Gerais no período de 06 a 09 de novembro para a tradicional Semana de Atualização do Clero, este ano o tema tratado foi a respeito da Gestão Eclesial com base no tripé: Eficiência, Eficácia e Excelência. O responsável pela formação foi Dom Edson José Oriolo dos Santos, Bispo de Leopoldina-MG. Em um dos momentos, Dom Edson recordou o que diz o Documento de Aparecida:

“Gestão é competência para coordenar processos e liderar pessoas, em vista de resultados, a fim de realizar com eficácia a missão de uma instituição de grupo organizado.” (DAp 281-285).

Na última manhã a formação esteve focada nas principais mudanças e orientações sobre a nova edição do missal romano, sob a responsabilidade dos padres Antônio Bosco, Fernando Gonçalves e Jair Oliveira. O Padre Romualdo Nunes de Almeida, representante dos presbíteros, agradeceu a presença dos formadores e aos irmãos do presbitério, encerrando o período formativo de 2023.

“Uma instituição sem gestão fracassa, sem espiritualidade se esvazia.” ( Irmão Afonso Murad )

Semana de Atualização do Clero de Guarulhos
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Artigos Voz do Pastor

Uma Igreja Sinodal em Missão

No último dia 28 de outubro foi encerrada a primeira sessão do Sínodo dos Bispos sobre a sinodalidade: comunhão participação e missão. No mesmo dia 28 de outubro foi publicado um RELATÓRIO SÍNTESE, UMA IGREJA SINODAL EM MISSÃO, da primeira sessão desta XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos. Não se trata de um documento conclusivo, mas fiel ao espírito proposto neste Sínodo, torna-se manifesto alguns pontos discernidos que precisam ser aprofundados. De fato, o documento dividido em três partes (1. O rosto da Igreja Sinodal 2. Todos os discípulos, todos missionários 3. Tecer laços, construir comunidade) distribuídas em 20 tópicos, apresenta para cada tópico Convergências, Questões a aprofundar e Propostas.

Não me julgo capaz de fazer um comentário teológico-pastoral sobre os resultados desta primeira sessão, mas quero, aqui, partilhar algumas coisas que me tocaram e amadurecem-me no caminhar numa Igreja Sinodal.

Já no Documento Preparatório de 2021, a retomada da Igreja Povo de Deus, fiel ao espírito do capítulo segundo da Lumen Gentium, destacando aquilo que nos faz membros deste povo (um só batismo e um só e mesmo Espírito) e que é de importância capital, sem subestimar os dons, carismas e serviços à missão deste povo no mundo, nos preparava para o primeiro grande momento da ESCUTA. Escutar faz parte da espiritualidade de comunhão, sem a qual não se pode falar em sinodalidade. A Igreja, ainda que assim o pareça, não possui na sua natureza uma estrutura piramidal. Se quisermos aplicar-lhe uma forma geométrica, poderíamos dizer circular, onde todos têm sua participação e possuem dons e carismas específicos de serviço. Todos pudemos observar a disposição da Aula Sínodal em vários círculos de reflexão nas sessões plenárias.

Como bispo ao contemplar estas coisas não me sinto desvalorizado, pois a valorização da Igreja, Povo de Deus, dá sentido ao serviço para o qual fui escolhido estando na Igreja.  Sinto também que, assim como o capítulo segundo da Lumen Gentium foi retomado com vigor, não com menos vigor e veracidade foi retomado o capítulo terceiro da Constituição Dogmática Lumen Gentium: A Constituição Hierárquica da Igreja. Interessante que dentre as Convergências, questões a serem aprofundadas e propostas, aparece a necessidade de estabelecer as características de sinodalidade e colegialidade. Aparecem também indicações para que sejam estabelecidas relações e distinções entre uma Assembleia Sinodal e uma Assembleia Eclesial.

Voltando à temática da ESCUTA, nestes dias da Assembleia Sinodal apareceu um termo iluminado e que precisa ser mais explicitado: a conversação no Espírito. A Palavra de Deus e a oração de coração sincero, abrem o nosso ser para escutar o outro, compreendê-lo e discernir de que modo o Espírito Santo fala nele. Esta conversação entendo como algo dinâmico, interior e de conversão. Ainda que não concorde com o outro, ainda que o outro no seu modo de pensar e agir não esteja de acordo com a fé da Igreja, é preciso compreender o que realmente o outro sente.

Uma Igreja Sinodal é uma Igreja que, sem trair a sua natureza e missão, coloca-se num processo transformador pela ação do Espírito. A terceira parte do Relatório, Tecer laços, construir comunidade, é desafiadora, pois aborda perspectivas que me desafiam e deixam-me incomodado. Difícil para mim ser pastor na orientação dos missionários digitais e conduzir com maestria um discernimento eclesial e dar respostas exatas a questões abertas.  Se estamos num processo que se desenrola na história, nem tudo terá resposta satisfatória ou mesmo conclusiva com a segunda sessão do Sínodo.

Até mesmo após a conclusão deste Sínodo precisaremos de tempo e espaço para desenvolvermos caminhadas sinodais. Os anos da minha vida estão contados para Deus. Não sei se fará parte da minha missão conduzir todos os processos. Hoje estamos aqui, neste momento histórico salvífico, e necessitamos deixarmo-nos conduzir pelo Espírito. Cada um de nós é chamado por Deus para um serviço específico na Igreja. Ensina-nos Jesus que, como servos, devemos dizer após a missão ser concluída: “somos servos inúteis, fizemos somente o que deveríamos ter feito.”

Reproduzo aqui um trecho profundo e inspirador do Relatório, no seu epílogo, “Para prosseguir o Caminho”: “Como será isso?”, perguntava-se Maria em Nazaré (Lc 1,34) depois de ter escutado a Palavra. A resposta é apenas uma: ficar à sombra do Espírito e deixar-se envolver pelo seu poder… Adsumus Sancte Spiritus,”

 

Dom Edmilson Amador Caetano, O. Cist. – Bispo diocesano

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Artigos Enfoque Pastoral

É tempo de renovar a esperança!

Amados diocesanos, caminhamos para a conclusão de mais um ano cheio da graça do Senhor. Foram inúmeras atividades pastorais realizadas em nossa diocese de Guarulhos, nas paróquias e nas atividades diocesanas. Sabemos que durante o ano de 2023 tivemos dificuldades, mas queremos reconhecer aqui todo o esforço de nosso bispo, padres, diáconos, consagrados, leigos e leigas na ação pastoral de nossa Igreja. “Os que esperam no Senhor renovarão suas forças e subirão  com asas como águias; correrão e não cansarão; caminharão e não se fatigarão” (Is 40,31), estes são nossos votos a todos que se entregam ao anúncio e instalação do Reino de Deus.

Em destaque pastoral, colocamos neste mês os grupos de novena de Natal, que levam as famílias esperança e a alegria do Natal de Jesus, Nosso Senhor e Salvador. É um grande movimento de evangelização realizados nas casas e apartamentos. Com entusiasmo e alegria nossos coordenadores de grupos de rua preparam as famílias para ‘caminharem a presença de Jesus com ações de graças’ (Sl 95,2). Também destaco aqui outros movimentos em preparação a celebração do Natal como: os mutirões de confissões, a montagem do presépios e árvores de natal, as iluminações das igrejas, as assembleias paroquiais em planejamento para o novo ano, as confraternizações nas pastorais e paróquias, etc. É tempo de refletir sobre tudo que passou e agradecer.

Além de agradecer, é hora de se comprometer. Estamos iniciando um tempo novo através da liturgia, o advento, que nos prepara para o Natal, tempo para mergulhar no mistério da Encarnação do Verbo de Deus. “Cristo entra em nosso mundo e em nossa história para assumir em tudo a nossa existência” (cf. Evangelii Gaudium 24). É tempo de renovar as nossas esperanças.

Por fim amados diocesanos, quero agradecer a todos que ao longo dos anos em nossa diocese tem contribuido com a Folha Diocesana, que a partir do próximo ano passa a não ser mais impressa. Teremos este lindo trabalho a ser desenvolvidos em outras mídias, que respondam melhor os desafios de nosso tempo.

Que neste ano novo de 2024, sejamos inspirados e animados pelo Espírito Santo na missão confiada a todos os batizados. E pedimos a todos que no uso do calendário diocesano de pastoral e de outros instrumentos oferecidos, o exercício pastoral seja realizado com alegria e abertura a orientação de nosso Bispo Dom Edmilson. Inspirando-nos no ‘Sim” de Maria, a Imaculada Conceição, continuemos nossa ação pastoral na Igreja e no mundo. Coragem!

Pe. Marcelo Dias Soares – Coordenador Diocesano de Pastoral

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Artigos CNBB Destaques Diocese

MENSAGEM DO SANTO PADRE FRANCISCO PARA O VII DIA MUNDIAL DOS POBRES

XXXIII Domingo do Tempo Comum
19 de novembro de 2023
«Nunca afastes de algum pobre o teu olhar» (Tb 4, 7)

1. O Dia Mundial dos Pobres, sinal fecundo da misericórdia do Pai, vem pela sétima vez alentar o caminho das nossas comunidades. Trata-se duma ocorrência que se está a radicar progressivamente na pastoral da Igreja, fazendo-a descobrir cada vez mais o conteúdo central do Evangelho. Empenhamo-nos todos os dias no acolhimento dos pobres, mas não basta; a pobreza permeia as nossas cidades como um rio que engrossa sempre mais até extravasar; e parece submergir-nos, pois o grito dos irmãos e irmãs que pedem ajuda, apoio e solidariedade ergue-se cada vez mais forte. Por isso, no domingo que antecede a festa de Jesus Cristo, Rei do Universo, reunimo-nos ao redor da sua Mesa para voltar a receber d’Ele o dom e o compromisso de viver a
pobreza e servir os pobres.

«Nunca afastes de algum pobre o teu olhar» (Tb 4, 7). Esta recomendação ajuda-nos a compreender a essência do nosso testemunho. Deter-se no Livro de Tobite, um texto pouco conhecido do Antigo Testamento, eloquente e cheio de sabedoria, permitir-nos-á penetrar melhor no conteúdo que o autor sagrado deseja transmitir. Abre-se diante de nós uma cena de vida familiar: um pai, Tobite, despede-se do filho, Tobias, que está prestes a iniciar uma longa viagem. O velho Tobite teme não voltar a ver o filho e, por isso, deixa-lhe o seu «testamento espiritual». Foi deportado para Nínive e agora está cego; é, por conseguinte, duplamente pobre, mas sempre viveu com a certeza que o próprio nome exprime: «O Senhor foi o meu bem». Este homem que sempre confiou no Senhor, deseja, como um bom pai, deixar ao filho não tanto bens materiais, mas sobretudo o testemunho do caminho que há de seguir na vida. Por isso diz-lhe: «Lembra-te sempre, filho, do Senhor, nosso Deus, em todos os teus dias, evita o pecado e observa os seus mandamentos. Pratica a justiça em todos os dias da tua vida e não andes pelos caminhos da injustiça» (Tb 4, 5).

2. Como salta à vista, a recordação, que o velho Tobite pede ao filho para guardar, não se reduz simplesmente a um ato da memória nem a uma oração dirigida a Deus. Faz referência a gestos concretos, que consistem em praticar boas obras e viver com justiça. E a exortação torna-se ainda mais específica: «Dá esmolas, conforme as tuas posses. Nunca afastes de algum pobre oteu olhar, e nunca se afastará de ti o olhar de Deus» (Tb 4, 7).

Muito surpreendem as palavras deste velho sábio. Não esqueçamos, de facto, que Tobite perdeu a vista precisamente depois de ter praticado um ato de misericórdia. Como ele próprio conta, desde a juventude que se dedicou a obras de caridade, «dando muitas esmolas aos meus irmãos, os da minha nação que comigo tinham sido levados cativos para a terra dos assírios, em Nínive (…), fornecendo pão aos esfomeados e vestindo os nus e, se encontrava morto alguém da minha linhagem, atirado para junto dos muros de Nínive, dava-lhe sepultura» (Tb 1, 3.17).

Por causa deste seu testemunho de caridade, viu-se privado de todos os seus bens pelo rei, ficando na pobreza completa. Mas, o Senhor precisava ainda dele! Foi-lhe devolvido o seu lugar de administrador e ele não teve medo de continuar o seu estilo de vida. Ouçamos a sua história, que hoje nos fala também a nós: «Pela festa do Pentecostes, que é a nossa festa das Semanas, mandei preparar um bom almoço e reclinei-me para comer. Mas, ao ver a mesa coberta com tantas comidas finas, disse a Tobias: “Filho, vai procurar, entre os nossos irmãos cativos em Nínive, um pobre que seja de coração fiel, e trá-lo para que participe da nossa refeição. Eu espero por ti, meu filho”» (Tb 2, 1-2). Como seria significativo se, no Dia dos Pobres, esta preocupação de Tobite fosse também a nossa! Ou seja, convidar para partilhar o almoço dominical, depois de ter partilhado a Mesa Eucarística. A Eucaristia celebrada tornar-se-ia realmente critério de comunhão. Aliás, se ao redor do altar do Senhor temos consciência de sermos todos irmãos e irmãs, quanto mais visível se tornaria esta fraternidade, compartilhando a refeição festiva com quem carece do necessário!

Tobias fez como o pai lhe dissera, mas voltou com a notícia de que um pobre fora morto e deixado no meio da praça. Sem hesitar, o velho Tobite levantou-se da mesa e foi enterrar aquele homem. Voltando cansado para casa, adormeceu no pátio; caíram-lhe nos olhos excrementos de pássaros, e ficou cego (cf. Tb 2, 1-10). Ironia do destino! Pratica um gesto de caridade e sucedelhe uma desgraça… Apetece-nos pensar assim, mas a fé ensina-nos a ir mais a fundo. A cegueira de Tobite tornar-se-á a sua força para reconhecer ainda melhor tantas formas de pobreza ao seu redor. E, mais tarde, o Senhor providenciará a devolver ao velho pai a vista e a alegria de rever o filho Tobias. Quando chegou este momento, «Tobite lançou-se-lhe ao pescoço e, chorando, disse: “Vejo-te, filho, tu que és a luz dos meus olhos!” E continuou: “Bendito seja Deus e bendito o seu grande nome! Benditos os seus santos anjos! Que seu nome esteja sobre nós e benditos sejam todos os seus anjos, pelos séculos sem fim! Ele puniu me, mas eis que volto a ver Tobias, o meu filho”» (Tb 11, 13-14).

3. Podemos questionar-nos: Donde tira Tobite a coragem e a força interior que lhe permitem servir a Deus no meio dum povo pagão e amar o próximo até ao ponto de pôr em risco a própria vida? Estamos diante dum exemplo extraordinário: Tobite é um marido fiel e um pai carinhoso; foi deportado para longe da sua terra e sofre injustamente; é perseguido pelo rei e pelos vizinhos de casa… Apesar de ânimo tão bom, é posto à prova. Como muitas vezes nos ensina a Sagrada Escritura, Deus não poupa as provações a quem pratica o bem. E porquê? Não o faz para nos humilhar, mas para tornar firme a nossa fé n’Ele. Tobite, no período da provação, descobre a própria pobreza, que o torna capaz de reconhecer os pobres. É fiel à Lei de Deus e observa os mandamentos, mas para ele isto não basta. A solicitude operosa para com os pobres torna-se-lhe possível, porque experimentou a pobreza na própria pele. Por isso, as palavras que dirige ao filho Tobias constituem a sua verdadeira herança:

«Nunca afastes de algum pobre o teu olhar» (Tb 4, 7). Enfim, quando nos deparamos com um pobre, não podemos virar o olhar para o lado oposto, porque impediríamos a nós próprios de encontrar o rosto do Senhor Jesus. E notemos bem aquela expressão «de algum pobre», de todo o pobre. Cada um deles é nosso próximo. Não importa a cor da pele, a condição social, a proveniência… Se sou pobre, posso reconhecer de verdade quem é o irmão que precisa de mim. Somos chamados a ir ao encontro de todo o pobre e de todo o tipo de pobreza, sacudindo de nós mesmos a indiferença e a naturalidade com que defendemos um bem-estar ilusório.

4. Vivemos um momento histórico que não favorece a atenção aos mais pobres. O volume sonoro do apelo ao bem-estar é cada vez mais alto, enquanto se põe o silenciador relativamente às vozes de quem vive na pobreza. Tende-se a ignorar tudo o que não se enquadre nos modelos de vida pensados sobretudo para as gerações mais jovens, que são as mais frágeis perante a mudança cultural em curso. Coloca-se entre parênteses aquilo que é desagradável e causa sofrimento, enquanto se exaltam as qualidades físicas como se fossem a meta principal a alcançar. A realidade virtual sobrepõe-se à vida real, e acontece cada vez mais facilmente confundirem-se os dois mundos. Os pobres tornam-se imagens que até podem comover por alguns momentos, mas quando os encontramos em carne e osso pela estrada, sobrevêm o fastídio e a marginalização. A pressa, companheira diária da vida, impede de parar, socorrer e cuidar do outro. A parábola do bom samaritano (cf. Lc 10, 25-37) não é história do passado;
desafia o presente de cada um de nós. Delegar a outros é fácil; oferecer dinheiro para que outros pratiquem a caridade é um gesto generoso; envolver-se pessoalmente é a vocação de todo o cristão.

5. Damos graças ao Senhor porque há tantos homens e mulheres que vivem a dedicação aos pobres e excluídos e a partilha com eles; pessoas de todas as idades e condições sociais que praticam a hospitalidade e se empenham junto daqueles que se encontram em situações de marginalização e sofrimento. Não são super-homens, mas «vizinhos de casa» que encontramos cada dia e que, no silêncio, se fazem pobres com os pobres. Não se limitam a dar qualquer coisa: escutam, dialogam, procuram compreender a situação e as suas causas, para dar conselhos adequados e indicações justas. Estão atentos tanto à necessidade material como à espiritual, ou seja, à promoção integral da pessoa. O Reino de Deus torna-se presente e visível neste serviço generoso e gratuito; é realmente como a semente que caiu na boa terra da vida destas pessoas, e dá fruto (cf. Lc 8, 4-15). A gratidão a tantos voluntários deve fazer-se oração para que o seu testemunho possa ser fecundo.

6. No 60º aniversário da Encíclica Pacem in terris, é urgente retomar as palavras do Santo Papa João XXIII quando escrevia: «O ser humano tem direito à existência, à integridade física, aos recursos correspondentes a um digno padrão de vida: tais são especialmente a nutrição, o vestuário, a moradia, o repouso, a assistência sanitária, os serviços sociais indispensáveis. Segue-se daí, que a pessoa tem também o direito de ser amparada em caso de doença, de invalidez, de viuvez, de velhice, de desemprego forçado, e em qualquer outro caso de privação dos meios de sustento por circunstâncias independentes da sua vontade» (n. 11).

Quanto trabalho temos ainda pela frente para tornar realidade estas palavras, inclusive através dum sério e eficaz empenho político e legislativo! Não obstante os limites e por vezes as lacunas da política para ver e servir o bem comum, possa desenvolver-se a solidariedade e a subsidiariedade de muitos cidadãos que acreditam no valor do empenho voluntário de dedicação aos pobres. Isto, naturalmente sem  deixar de estimular e fazer pressão para que as instituições públicas cumpram do melhor modo possível o seu dever. Mas não adianta ficar passivamente à espera de receber tudo «do alto». E, quem vive em condição de pobreza, seja também envolvido e apoiado num processo de mudança e responsabilização.

7. Mais uma vez, infelizmente, temos de constatar novas formas de pobreza que se vêm juntar às outras descritas já anteriormente. Penso de modo particular nas populações que vivem em cenários de guerra, especialmente nas crianças privadas dum presente sereno e dum futuro digno. Ninguém poderá jamais habituar-se a esta situação; mantenhamos viva toda a tentativa para que a paz se afirme como dom do Senhor Ressuscitado e fruto do empenho pela justiça e o diálogo.

Não posso esquecer as especulações, em vários setores, que levam a um aumento dramático dos preços, deixando muitas famílias numa indigência ainda maior. Os salários esgotam-se rapidamente, forçando a privações que atentam contra a dignidade de cada pessoa. Se, numa família, se tem de escolher entre o alimento para se nutrir e os remédios para se curar, então deve fazer-se ouvir a voz de quem clama pelo direito a ambos os bens, em nome da dignidade da pessoa humana.

Além disso, como não assinalar a desordem ética que marca o mundo do trabalho? O tratamento desumano reservado a muitos trabalhadores e trabalhadoras; a remuneração não equivalente ao trabalho realizado; o flagelo da precariedade; as demasiadas vítimas de incidentes, devidos muitas vezes à mentalidade que privilegia o lucro imediato em detrimento da segurança… Voltam à mente as palavras de São João Paulo II: «O primeiro fundamento do valor do trabalho é o próprio homem. (…) O homem está destinado e é chamado ao trabalho, contudo antes de mais nada o trabalho é “para o homem”, e não o homem “para o trabalho”» (Enc. Laborem exercens, 6).

8. Este elenco, já em si mesmo dramático, dá conta apenas de modo parcial das situações de pobreza que fazem parte da nossa vida diária. Não posso deixar de fora, em particular, uma forma de mal-estar que aparece cada dia mais evidente e que atinge o mundo juvenil. Quantas vidas frustradas e até suicídios de jovens, iludidos por uma cultura que os leva a sentirem-se «inacabados» e «falidos». Ajudemo-los a reagir a estas instigações nocivas, para que cada um possa encontrar a estrada que deve seguir para adquirir uma identidade forte e generosa.

É fácil cair na retórica, quando se fala dos pobres. Tentação insidiosa é também parar nas estatísticas e nos números. Os pobres são pessoas, têm rosto, uma história, coração e alma. São irmãos e irmãs com os seus valores e defeitos, como todos, e é importante estabelecer uma relação pessoal com cada um deles.

O Livro de Tobias ensina-nos a ser concretos no nosso agir com e pelos pobres. É uma questão de justiça que nos obriga a todos a procurar-nos e encontrar-nos reciprocamente, favorecendo a harmonia necessária para que uma comunidade se possa identificar como tal. Portanto, interessar-se pelos pobres não se esgota em esmolas apressadas; pede para restabelecer as justas relações interpessoais que foram afetadas pela pobreza. Assim «não afastar o olhar do pobre» leva a obter os benefícios da misericórdia, da caridade que dá sentido e valor a toda a vida cristã.

9. Que a nossa solicitude pelos pobres seja sempre marcada pelo realismo evangélico. A partilha deve corresponder às necessidades concretas do outro, e não ao meu supérfluo de que me quero libertar. Também aqui é preciso discernimento, sob a guia do Espírito Santo, para distinguir as verdadeiras exigências dos irmãos do que constitui as nossas aspirações. Aquilo de que seguramente têm urgente necessidade é da nossa humanidade, do nosso coração aberto ao amor. Não esqueçamos: «Somos chamados a descobrir Cristo neles: não só a emprestar-lhes a nossa voz nas suas causas, mas também a ser seus amigos, a escutá-los, a compreendê-los e a acolher a misteriosa sabedoria que Deus nos quer comunicar através deles» (Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium, 198). A fé ensina-nos que todo o pobre é filho de Deus e que, nele ou nela, está presente Cristo: «Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes» (Mt 25, 40).

10. Este ano completam-se 150 anos do nascimento de Santa Teresa do Menino Jesus. Numa página da sua História de uma alma, deixou escrito: «Compreendo agora que a caridade perfeita consiste em suportar os defeitos dos outros, em não se escandalizar com as suas fraquezas, em edificar-se com os mais pequenos atos de virtude que se lhes vir praticar; mas compreendi, sobretudo, que a caridade não deve ficar encerrada no fundo do coração: “Ninguém, disse Jesus, acende uma candeia para a colocar debaixo do alqueire, mas coloca-a sobre o candelabro para alumiar todos os que estão em casa”. Creio que essa luz representa a caridade, que deve iluminar e alegrar, não só os que são mais queridos, mas todos aqueles que estão na casa, sem excetuar ninguém» (Manuscrito C, 12rº: História de uma alma, Avessadas 2005, 255-256).

Nesta casa que é o mundo, todos têm direito de ser iluminados pela caridade, ninguém pode ser privado dela. Possa a tenacidade do amor de Santa Teresinha inspirar os nossos corações neste Dia Mundial, ajudar-nos a «nunca afastar de algum pobre o olhar» e a mantê-lo sempre fixo no rosto humano e divino do Senhor Jesus Cristo.

Roma – São João de Latrão, na Memória de Santo António, Patrono dos pobres, 13 de junho de 2023.

FRANCISCO

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Artigos Enfoque Pastoral

Nada te perturbe

Amados, estamos nos aproximando do fim de ano. Reconheçamos a bondade e providência divina em nossas vidas. As vezes somos tomados pelo medo e o pavor diante de notícias ruins, esperemos no Senhor. “Nada te perturbe, nada te amedronte, tudo passa, a paciência tudo alcança. A quem tem Deus, nada falta! Só Deus basta!” (Santa Teresa D’Avila). Deus é nossa grande riqueza, sejamos gratos ao Senhor, pois Ele tem cuidado de nós.

Ao celebramos o dia dos fiéis defuntos, nos apresentemos diante do mistério da morte. Algumas perdas em nossas vidas parecem não ter sentido nenhum. É neste momento que nossa fé vem em nosso socorro, nos enchendo de esperança. Os nossos corações encontram em Cristo Jesus, o Bom pastor, forças para continuar batendo e amando. Independentemente das circunstâncias, Deus é um refúgio seguro e uma fonte de força e conforto. Ele promete estar conosco em todos os momentos e nunca nos abandonar. “Espera no Senhor e tem coragem, espera no Senhor” (Salmo 27,14).

Com o fim do mês de outubro e das comemorações do Outubro Rosa, inicia-se o mês de novembro, com mais um movimento que objetiva alertar a população. O Novembro Azul, que trata da prevenção e conscientização sobre o câncer de próstata, o tipo que mais ocorre em homens em todo Brasil, e a necessidade de diagnóstico precoce.

Neste mês quero colocar em destaque pastoral o dia pobre, que será celebrado no terceiro domingo. Também a semana do laicato e a celebração do dia do leigo em Cristo Rei. No fim do mês terremos o lançamento da Novena de Natal. E tantos outros eventos que estão programados para ocorrerem em novembro.

Gratidão a Deus por seu amor e providência em nossa Igreja. Roguemos a Nossa Senhora das Graças para que continue inspirando a nós, seus filhos, no anúncio e construção do Reino de Deus.

 

Pe. Marcelo Dias Soares – Coordenador Diocesano de Pastoral

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Artigos Vida Consagrada

Congregação Irmãs da Caridade de Ottawa

Fundadora Madre Elisabeth Bruyère (1818-1876)

Nossa Congregação das Irmãs da Caridade de Ottawa, nasceu em Byton, hoje Ottawa, capital do Canadá. Em 1843, Monsenhor Patrick Phelan e Padre Adrien Telmon solicitaram a presença das “Irmãs Grises da Cruz” de Montreal, Canadá, para uma nova missão em Byton, uma área desfavorecida, uma região de muitos migrantes, muita violência, muitos vícios. O bispo e o padre queriam uma Congregação religiosa para criarem obras sociais, que não existiam naquela cidade, até então e abrir um escola bilingue (em francês e em inglês) para as crianças que vinham de vários países. Foi então, que em 1845 que Irmã Elisabeth Bruyère, filha espiritual de Santa Marguerite d’Youville, foi enviada com mais três companheiras religiosas e duas jovens em formação, para enfrentar este grande desafio em Byton. Madre Elisabeth Bruyère tinha 26 anos de idade. Ela procurou viver o Carisma de revelar o amor compaixão de Deus Pai/Mãe/Providência e também iniciar uma grande missão evangelizadora naquela Igreja local.

Desde então, as Irmãs da Caridade de Ottawa, conhecidas no Canada como “Irmãs Grises da Cruz”, seguiram os passos de Madre Elisabeth Bruyère e foram crescendo e se espalhando em diversas partes do mundo. Ainda hoje temos missões no Canadá, Lesoto e República Africana, na Africa do Sul; no Malawi e Zâmbia, Africa Central; Japão; Estado Unidos da América; em 1960 as primeiras irmãs canadenses chegaram ao Brasil.

Nós, as Irmãs da Caridade de Ottawa estamos engajadas em várias frentes de missão: na educação, na saúde, em Projetos Sociais com adolescentes e mulheres violentadas, no Serviço Social, na Orientação Espiritual e na Pastoral em geral.

Aqui no Brasil estamos em quatro estados onde vivenciamos nosso carisma da compaixão de maneira bem diversificada. Estamos em Conceição do Coité/BA, diocese de Serrinha; diocese de Colatina/ES; na cidade de Nanuque/MG, diocese de Teófilo Otoni; em Santa Barbara D’Oeste/SP, diocese de Piracicaba; na diocese de Guarulhos/SP. Em todas essas cidades  estamos em várias frentes nos trabalhos Pastorais: com as juventudes, na Formação de Lideranças, acompanhamento das CEBs e de Grupos de base, assessoria da Catequese, Liturgia, Canto Pastoral, Pastoral da Criança, acompanhamento espiritual e Secretariado diocesano de Pastoral. Temos uma grande atuação no Serviço Social: Bazar solidário, para as famílias carentes, contribuímos na “Panela Solidária”, que faz e leva refeições para os moradores em situação de rua. Estamos no Projeto “Recanto Vida”, que acolhe mulheres que sofrem violência doméstica, estamos com um Projeto com crianças e adolescentes “Conectados no Ser’’. No projeto ajudamos as crianças e adolescentes a se preparem para seus estudos tornando-se pessoas com responsabilidades para o seu crescimento pessoal e para o mercado de trabalho.

Nossa casa do Noviciado está localizada na cidade de Santa Bárbara D’Oeste/SP, onde as jovens noviças conhecem melhor a Congregação, a espiritualidade e o carisma e se preparam para assumir seu primeiro “Sim” através dos três votos de Obediência, Pobreza e Castidade.

Na cidade de Guarulhos/SP, está localizada nossa casa Regional.

Como Madre Bruyère, as Irmãs da Caridade de Ottawa querem servir nas áreas que exigem uma escuta atenta, querem ser uma mão estendida a quem precisa e um coração amoroso e compassivo.

Hoje, a nossa Congregação tornou-se multicultural, permitindo-nos experimentar a riqueza das diversas culturas. A missão ainda é muito viva tanto no Canadá como nos outros países. Na vivência do carisma temos parceiros e parceiras, isto é, mulheres e homens que querem engajar-se conosco para revelar o amor de compaixão no serviço aos pobres e na missão educativa como leigo e leiga onde quer que estejam, nos lugares onde nós não conseguimos chegar, no trabalho, na família, no lazer, na escola. Assim o nosso carisma toma uma dimensão grande e poderá ser conhecido através do testemunho de nossos Associados e Associadas. Temos também as Leigas Consagradas que vivem, na sua casa, trabalho, escola sua consagração leiga revelando o amor de compaixão. Seu testemunho nos ajudar a espalhar para mais gente, esse lindo dom que Madre Bruyère recebeu do Espírito Santo e nos deixou para vive-lo.

Madre Bruyère foi uma mulher ousada, destemida, determinada, corajosa, uma mulher além de seu tempo. Ela deu o melhor de si durante toda sua vida. Em junho de 1875, foi diagnosticada com um coração dilatado. Nossa venerável fundadora entrou na Casa do Pai no dia 5 de abril de 1876, aos cinquenta e oito anos. A Congregação que ela dirigiu durante trinta e um anos tinha então noventa e oito irmãs. Suas últimas palavras: “Meu bom Jesus”, refletem o seu abandono e resumem toda a sua vida. Seu testamento nós o trazemos em nosso coração para vivermos com grande amor e ardor o carisma que dela herdamos: “Minhas queridas e bem-amadas filhas, sejam caridosas, amando-se umas às outras e prestem serviço ao próximo por amor a Deus. Sejam todas um só coração e uma só alma” (07/10/1875). O corpo e o coração da nossa Venerável e bem-amada Fundadora estão conservados num oratório na Casa Mãe, no Canadá.

Pelo batismo, somos chamadas à perfeição evangélica da caridade. Respondendo a um convite especial de Cristo e beneficiando-nos de um dom particular do Espírito, nós escolhemos o caminho dos Conselhos Evangélicos e uma espiritualidade fundamentada na Encarnação de Jesus e bem encarnada na realidade atual. Nós afirmamos e testemunhamos o absoluto de Deus. Pela vida fraterna, proclamamos o grande amor do Pai que, por seu filho quer reunir todos seus filhos e filhas. Nossa missão de Vida Consagrada é uma missão em si mesma e no coração da vida e do mundo uma missão que testemunha Jesus Cristo e anuncia a Boa Nova.

Nós Irmãs da Caridade de Ottawa, conduzidas pelo Espirito e configurada por Ele no Cristo, vivemos nossa Consagração Religiosa e nossa missão Educativa e de Serviço aos pobres, segundo o espírito de “Elisabeth Bruyère’’. A seu exemplo, somos animadas de um ardente desejo de aderir à vontade Deus. Unidas a Jesus, descobrimos o sentido da Cruz que salva e liberta. Buscamos, no coração do Pai a compaixão com a qual amamos e servimos nossos irmãos e irmãs, sobretudo os mais necessitados. Sustentadas por uma firme esperança, colocamos nossa confiança em Deus Pai/Providência. Foi essa confiança que moveu Madre Bruyère na sua missão. Ela dizia: “Se não fosse minha confiança na Divina Providência, eu teria abandonado meus melhores projetos”! É essa confiança que nos impulsiona ainda hoje para continuar viva a espiritualidade e o carisma de nossa Congregação. Rezamos todos os dias à Providência colocando em suas mãos toda nossa missão: “Providência de Deus, eu creio em Ti! Providência de Deus, espero em Ti! Providência de Deus, eu Te amo com todo o meu ser! Providência de Deus, agradeço tudo a Ti!

Nossa fundadora também nos deixou um lindo legado de cuidado com o planeta e cuidado para com as pessoas especialmente os mais vulneráveis da sociedade. Ela nos chama a viver o amor doação total a Deus e aos irmãos: “No momento em que perdermos o amor pelos pobres, perderemos nosso espírito próprio”!(MB)

 

Irmãs Claricia Gramarin e Maria de Oliveira Martins

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Artigos Falando da Vida

Positividade Tóxica

A negação do sofrimento pode ser prejudicial à Saúde mental.

Todos devemos encarar a vida com otimismo e ter uma postura positiva frente às adversidades. Não há dúvidas de que a motivação é uma alternativa melhor do que o pessimismo em qualquer situação. Mas existe uma ideia que tem se difundido muito nos últimos tempos, principalmente nas mídias sociais. Trata-se da Positividade Tóxica que é o excesso de otimismo que as pessoas impõem a si mesmas no processo de condução de suas vidas. Evitar compulsivamente o contato com emoções negativas, disfarçar o sofrimento, forçar falsos sorrisos, podem ser, a longo prazo, atitudes prejudiciais à saúde mental.

A negação, conforme sustentava Sigmund Freud, é um mecanismo de defesa do ego e está relacionada ao propósito de fuga da realidade. A princípio parece bom, mas a longo prazo é prejudicial à saúde mental causando ansiedade, pânico e depressão. Por outro lado, a aceitação natural dos acontecimentos penosos, vivenciando todas as suas etapas, contribui para a sua superação, além de trazer amadurecimento e equilíbrio à personalidade. Não devemos confundir Positividade Tóxica com o otimismo que algumas pessoas têm. Enfrentar as adversidades com esperança, sem ignorar a realidade é bem diferente da postura do indivíduo com Positividade Tóxica.

A falta de empatia é, também, uma característica marcante da Positividade tóxica; o indivíduo preocupado consigo mesmo, não consegue colocar-se na perspectiva do outro, tornando-se, assim, egoísta. Quando alguém compartilha um sofrimento com um positivista tóxico, é comum ouvir, como resposta, frases evasivas tipo: isso não é nada, você é forte, etc. A tendência de querer positivar também é outra característica marcante do positivista tóxico. Por exemplo, quando alguém reclama do emprego, ouvir de volta algo como pelo menos você tem emprego. Isso promove desconexão além de não validar o sentimento do outro.

A ideia de que o agradável, o prazeroso, o motivador, devem estar acima das outras emoções consideradas negativas, gera egoísmo tanto no aspecto individual como no social. O distanciamento empático não contribui para um ideal de sociedade humana e fraterna, sobretudo nesses tempos difíceis pelo qual o mundo está passando. Desligar o rádio e a TV, fechar os olhos para as tragédias, não melhora o indivíduo e tampouco o mundo em que ele vive. Compartilhar a humanidade é aceitar que a dor do outro é, também, a minha dor. Nesse contexto, somos todos palestinos, judeus, russos e ucranianos, pois somos todos humanos. É melhor abrir os olhos para ver e o coração para sentir, pois o pior sofrimento é aquele em que fingimos estar felizes.

 

Romildo R. Almeida – Psicólogo Clínico