“…elas foram ao túmulo. E diziam entre si: ‘Quem rolará para nós a pedra da entrada do túmulo?” era uma pedra muito grande. (Mc 16,2-4)
Temos uma grande pedra, impossível de ser removida, que faz a morte triunfar. É a grande pedra da inimizade, do fechamento ao outro. É a grande pedra do hiper individualismo que afeta nossas famílias, nossas comunidades cristãs, nossa sociedade. As obras da morte manifestam sua força, pois cada vez mais vai se propagando o olhar sobre si mesmo e os próprios projetos. Cada vez mais vai se propagando o não escutar o outro.
Há uma grande pedra custodiando a morte em nossas famílias, pois o fechamento ao outro diante de posicionamentos cheios de radicalismos e polarizações, estão impedindo o diálogo e a acolhida do diverso, que tantas vezes pode ser rico e abertura para o amor libertador. O matrimônio eivado de individualismo fecha-se ao amor e opõe-se à abertura à vida.
Há uma grande pedra tentando custodiar atitudes de morte em nossa Igreja, em nossa comunidade. A oposição à escuta do outro, impede que o Espírito – que sopra onde quer – revele o que é melhor para a obra da evangelização nos nossos dias. Os abertos ataques ao Papa e à sua missão querem fazer avançar atitudes de morte na condução pastoral em tantos aspectos da obra evangelizadora da Igreja. A dificuldade de colocar em prática a “conversação no Espírito”, ensinada e praticada na última sessão do Sínodo dos Bispos, assinala a possibilidade de necrose em alguns avanços da evangelização no mundo contemporâneo. Estas polarizações, que atingem também nossas comunidades, fazem a morte rondar com a murmuração e a fofoca.
Há uma grande pedra permitindo a putrefação da morte em nossa sociedade, tão enraizada no hiper individualismo, como está refletindo a Campanha da Fraternidade 2024, que gera várias obras de morte: assédio (e violência) moral e sexual, bullying, defesa do aborto, inimizade (e não adversidade) política, devastação ambiental, feminicídios, repressão da liberdade religiosa, tráfico de drogas, tráfico de pessoas, armamentismo (e todas as guerras), situações análogas à escravidão, discurso de ódio, propagação de falsas notícias, inteligência artificial utilizada para destruir o outro, corrupção, fome…
Cada um de nós nesta celebração pascal pode identificar as várias situações de morte custodiadas por esta grande pedra que não somos capazes de remover.
No entanto, a grande notícia deste dia pascal é que a pedra foi removida, não por obra humana – como pensavam as mulheres que iam ao sepulcro -, mas pelo amor mais forte do que a morte. Este amor é que estamos celebrando e tornando presente na celebração da Páscoa da Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele acolheu-nos a todos com seu gesto de amor, amor tão profundo e radical que é também amor aos inimigos. Somente a acolhida e vivência deste amor pode remover a grande pedra que custodia a morte. Este amor anunciado nos evangelhos, custodiado pela Tradição da Igreja será sempre capaz de remover a grande pedra. Não é possível falar de fraternidade e amizade social sem ter como pressuposto este amor. Este é o amor vencedor. Convertamo-nos a este amor ou a pedra continuará imóvel, irremovível. “…pois um só é vosso Mestre e vós todos sois irmãos…só tendes o Pai Celeste…pois um só é o vosso guia, Cristo. Antes o maior entre vós será aquele que vos serve.” (cf. Mt 23,8-11)
Aleluia! A pedra foi removida da entrada do sepulcro, Aleluia, Aleluia!
Dom Edmilson Amador Caetano, O.Cist.
Bispo diocesano


A pauta principal da reunião, segundo o bispo de Bonfim (BA) e presidente da Comissão Episcopal para a Liturgia da CNBB, dom Hernaldo Pinto (à direita na foto), foi construir uma visão de conjunto sobre os assuntos de liturgia que serão apresentados na 61ª Assembleia da CNBB, de 10 a 19 de abril.







