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“O Senhor fez em mim maravilhas.” (Lc 1,49)

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"O Senhor fez em mim maravilhas." (Lc 1,49)

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Encontro do Apostolado da Oração

No dia 17 de novembro, ocorreu na Catedral Imaculada Conceição dos Guarulhos o Encontro do Apostolado da Oração da Diocese de Guarulhos realizado e conduzido pelo Diretor Diocesano Pe. Gildarte Abílio da Costa.

No encontro ocorreu a Santa missa, Pregação, Oração do Santo Terço e convivência entre os membros do Movimento.

Confira algumas fotos do encontro diocesano:

Encontro do Apostolado da Oração
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Reunião da Pastoral da Sobriedade

Nossa última reunião em 16 de Novembro de 2024 teve a ilustre presença do padre Lauro que enriquece-nos motivando com sua visão, sugestões e orientações em nossa missão.

Nossa gratidão pelos seus ensinamentos. Estamos com 06 Grupos Ativos e atuantes da Pastoral da Sobriedade na Diocese de Guarulhos e estamos nos organizando para implantar novos Grupos em todas as Foranias da Diocese para ajudar mais famílias a lidar com as dependências que cada vez mais atinge Jovens, Adultos e Crianças numa grande variedade de dependências dos tempos em que vivemos.

Luiz R. Delgado

Coord. Diocesano da Pastoral da Sobriedade

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Retiro Espiritual dos Diáconos Permanentes da Diocese de Guarulhos

Reflexão sobre a Oração do Pai Nosso

Entre os dias 15 e 17 de novembro, a Diocese de Guarulhos vivenciou um retiro espiritual profundo e transformador para os diáconos permanentes, suas esposas e os alunos da Escola Diaconal São Lourenço. O retiro foi realizado no Centro de Espiritualidade Flos Carmeli, em Mairiporã-SP, e teve como tema central a meditação sobre a Oração do Pai Nosso.

O evento, que teve como objetivo renovar o espírito de serviço e fortalecer a vocação dos diáconos, foi conduzido por Dom Edmilson Amador Caetano, bispo diocesano de Guarulhos. Com sua sabedoria pastoral, Dom Edmilson guiou os participantes em reflexões profundas sobre a Oração do Pai Nosso. Ele fragmentou essa oração em sete pregações, aprofundando cada uma de suas partes e convidando os presentes a vivenciar o significado pleno de chamar Deus de “Pai” e como essa relação filial deve ser refletida em suas vidas diárias e no exercício do ministério do diaconado.

A reflexão passou por aspectos centrais da oração, como a confiança em Deus, a santificação do Seu nome, o desejo pela vinda do Reino, a importância de pedir o pão diário, o perdão dos pecados, a luta contra a tentação e o livramento do mal. Cada pregação foi um convite para os participantes se aprofundarem nesses temas, compreendendo a profundidade espiritual de cada petição e como ela se aplica no serviço e na vida cristã cotidiana.

Em todos os dias do retiro, foi rezada a Liturgia das Horas, prática essencial para a vida de oração dos diáconos, que ao longo do dia se uniram em oração comunitária, louvando e bendizendo a Deus pelas diferentes horas do dia. Esse momento de oração litúrgica, repleto de cânticos e salmos, fortaleceu a espiritualidade dos participantes e os uniu ainda mais em comunhão.

Além disso, o retiro contou com Missas diárias, celebradas com grande devoção e participação dos presentes. Essas celebrações eucarísticas foram momentos de oração intensa, onde todos puderam se alimentar do Corpo e Sangue de Cristo, renovando sua fé e o compromisso com a missão do diaconado.

A participação das esposas dos diáconos e dos alunos da Escola Diaconal São Lourenço enriqueceu ainda mais este retiro, pois trouxe uma dimensão de comunhão e de fortalecimento da vida familiar no ministério. Juntos, diáconos, esposas e formandos aprofundaram o sentido da oração em suas vidas e a importância da oração diária como fonte de fortalecimento e direção em suas missões de serviço.

Além das pregações, o retiro contou com momentos de silêncio, oração e meditação, espaço para a convivência fraterna e troca de experiências. O ambiente de oração, em sintonia com a reflexão sobre a Oração do Pai Nosso, ajudou os participantes a perceberem ainda mais o valor do diaconado como uma vocação de serviço a Deus e aos irmãos, e o quanto a oração é essencial para viver essa vocação de forma autêntica e fiel.

Ao longo desses três dias, Dom Edmilson, com suas palavras de sabedoria e orientação, incentivou cada um dos presentes a viver a Oração do Pai Nosso de maneira concreta em suas vidas. A oração, que é um modelo de confiança e entrega a Deus, foi apresentada como um ponto de partida para uma renovação no compromisso com a missão do diaconado e com a vida cristã.

Este retiro foi, portanto, um convite à reflexão, à oração e à renovação do espírito missionário dos diáconos da Diocese de Guarulhos. Que, ao retornar para suas comunidades, todos possam viver com mais intensidade a espiritualidade que o Pai Nosso nos ensina: uma vida de confiança, serviço, perdão e dedicação à construção do Reino de Deus.

Diáconado Permanente – Diocese de Guarulhos

 

Confira algumas fotos do retiro dos Diáconos:

Retiro Espiritual dos Diáconos Permanentes da Diocese de Guarulhos
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Comunicados da Chancelaria – Novembro de 2024

Chancelaria – NOV/2024

COMUNICADO DE NOMEAÇÕES E TRANSFERÊNCIAS

Dom Edmilson Amador Caetano, O. Cist., após reunião do conselho presbiteral, nomeou:

  • Padre Lucas Kauan, reitor do Seminário Propedêutico Santo Antônio;
  • Padre Pelegrino de Rosa Neto, pároco da paróquia Nossa Senhora de Lourdes;
  • Padre Rodrigo Burim, pároco da Paróquia Santa Cruz e Nossa Senhora do Carmo (Taboão);
  • Padre Fábio Herculano, pároco da Paróquia Sagrada Família (Carmela);
  • Diácono Edson Vitor Silva Azevedo (após ordenação presbiteral em 30/11), vigário paroquial para a Área Pastoral São José – Paróquia Santo Antônio – Pimentas;
  • Padre Leonardo Henrique da Silva, vigário paroquial nas paróquias São Pedro e São Francisco de Assis (Gopoúva);
  • Padre Gildarte Abílio Costa, vigário paroquial na Paróquia Santa Cruz e Nossa Senhora do Carmo (Taboão);
  • Padre Bruno Santana, vigário paroquial na paróquia Santa Luzia (Mikail);
  • Diácono William Júnior da Silva (após ordenação presbiteral em 30/11), vigário paroquial no Santuário São Judas Tadeu;
  • Diácono Guilherme Rodrigo Barbosa (após ordenação presbiteral em 30/11), vigário paroquial na Catedral Nossa Senhora da Conceição;
  • Padre Renato Bernardes Duarte, vigário paroquial na Paróquia Santo Alberto Magno e Nossa Senhora das Graças;
  • Padre Jair Oliveira Costa, em missão em Brasília, a serviço na CNBB
  • Diácono João Edson de Souza (após ordenação presbiteral em 30/11), vigário paroquial na Paróquia Santa Luzia (parque Alvorada);
  • Diácono Bruno José de Lima Conti (após ordenação presbiteral em 30/11), vigário paroquial na paróquia São Judas (Jardim Alice);
  • Diácono Daniel Felipe de Souza Júnior (após ordenação presbiteral em 30/11), vigário paroquial na Paróquia Santa Cruz e Nossa Senhora do Carmo (Taboão);

As transferências ocorrerão entre dezembro e janeiro, em datas a serem posteriormente divulgadas.

Guarulhos, 14 de novembro de 2024

 

Padre Weber Galvani Pereira

Chanceler do Bispado

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Artigos Falando da Vida

O que você quer ser quando envelhecer?

Da infância à velhice. As metamorfoses que marcam nossa vida.

Existem quatro fases da nossa vida que impactam toda a nossa existência. A primeira delas é o nascimento que é marcado por uma mudança geral na família em todos os sentidos. Essa experiência, apesar de desafiadora, é vista como um momento feliz e vivida com grande intensidade. Em seguida vem a infância, uma fase colorida, pois tanto os pais como a própria criança vivem uma espécie de conto de fadas onde a fantasia ocorre de ambos os lados: os pais vivem a ideia de que seus filhos serão crianças para sempre e as crianças, vivem a fantasia de serem reis e rainhas. A infância dura até os 12 anos e a maioria das pessoas se pudessem voltar ao passado, escolheriam reviver essa fase.

A adolescência por sua vez, é marcada por uma explosão de hormônios caindo como uma bomba em cima daquele ser que, de repente, se percebe num novo corpo, numa nova pessoa. Mudanças físicas e psíquicas acontecem em todas as direções afetando os relacionamentos sociais, afetivos em forma de crise que se prolonga até os 19 anos. Após essa etapa temos um indivíduo que está pronto para exercer o seu papel na sociedade, com o potencial para realizar-se profissional e afetivamente. É a fase mais propícia para as realizações e, para o bem ou para o mal, ela marcará toda a existência.

A velhice, por sua vez, é a fase mais complicada.  Em um país onde a cultura e a mídia frequentemente enaltecem a beleza e a vitalidade da juventude, os idosos só são lembrados nos comerciais de venda de medicamentos. Programas de televisão, anúncios e até as redes sociais costumam apresentar como exemplos de velhice saudável, aquele idoso musculoso ou aquela velhinha animada saltando de paraquedas. Na verdade, esses estereótipos negam a velhice, pois, nas entrelinhas, estão defendendo que o idoso ideal nada mais é que um idoso travestido de jovem. Esse cenário resulta em uma deterioração não apenas da saúde física, mas também mental, levando a quadros de depressão e solidão.

Para vivenciar positivamente essa fase é preciso incorporar de maneira radical a noção de autocuidado tanto no aspecto físico quanto no psíquico. Comece enquanto é jovem a comer alimentos saudáveis, praticar exercícios físicos, ler bons livros e ser útil. O filósofo e poeta Sêneca nos ensina: “Quando a velhice chegar, aceita-a, ama-a. Ela é abundante em prazeres se souberes amá-la. Os anos que vão gradualmente declinando estão entre os mais doces da vida de um homem. Mesmo quando tenhas alcançado o limite extremo dos anos, estes ainda reservam prazeres”

 

Romildo R. Almeida

Psicólogo clínico

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Artigos Liturgia

Mistagogia e Liturgia

Vida cristã é antes de tudo adesão à pessoa de Jesus Cristo, seguimento no caminho dele, identificação com ele em sua morte e ressurreição, em sua entrega total a serviço do Reino.

Esta identificação com Cristo, não se faz de um dia para o outro, requer um longo processo. No centro deste processo de vida cristã, encontramos a liturgia como ‘cume e fonte’ (SC n.10), como celebração memorial de Cristo, morto e ressuscitado.

Liturgia é ação ritual que expressa o mistério de Cristo, não apenas explicita o mistério, mas o realiza em nós com eficácia sacramental. Viver da Liturgia que se celebra significa viver daquilo que a liturgia faz viver. Não se trata de uma compreensão meramente intelectual, mas de uma compreensão espiritual e existencial, que necessita, do esforço e do empenho da inteligência. Sendo assim, a Igreja recuperou da tradição o método da mistagogia que permite aos cristãos conhecer os significados dos textos e dos gestos litúrgicos, a fim de interiorizarem o mistério que celebram. A mistagogia é o método e o instrumento que a Igreja antiga nos entrega para fazer com que os fiéis vivam daquilo que celebram. Aquilo que a lectio divina é para as Escrituras, a mistagogia é para a liturgia. É uma dinâmica na qual o anúncio da fé dialoga com cada pessoa. “É conduzir para dentro do mistério”1. Não são explicações sobre a fé, mas uma experiência de Deus, que está no mais íntimo de cada um.

Os padres da igreja utilizavam-se da catequese para explicar a liturgia, os sacramentos e a vida cristã a partir de trechos da escritura, atualizando-os para a vida de Cristo e da comunidade. Esta mistagogia, se tornou uma teologia do mistério litúrgico, capaz de revelar o mistério de Cristo e, desenvolver a vida do cristão. Para os Padres da Igreja, portanto, o mistério se revela quando é celebrado, ele se comunica, ele se dá a conhecer. Isto significa reconhecer que a liturgia é ação teologal, ação de Deus, e que ela realiza aquilo que significa. O sentido etimológico da palavra mistagogia significa “conduzir para dentro do mistério”.2 O teólogo e liturgista italiano Enrico Mazza, a partir de estudos sobre Ambrósio de Milão, Teodoro de Mopsuéstia, João Crisóstomo, Cirilo [ou João] de Jerusalém e Agostinho de Hipona, estabeleceu em cinco passos o método mistagógico que estes padres utilizavam em suas catequeses e que foi estudado por teólogos, entre eles, Taborda.3 São eles:

1) Descrição do rito, gesto, ação ou formulário litúrgico.

2) Identificação na Escritura (AT e NT) da passagem ou das passagens que explicitam a salvação que se celebra no rito em questão.

3) Aprofundamento do evento salvífico narrado no(s) texto(s) escolhido(s), de forma a mostrar, com recurso a outros textos e à reflexão teológica, seu significado para a salvação. Neste passo o enfoque é o evento salvífico e não o sacramento enquanto tal.

4) Retorno ao rito, aplicando a ele o que foi visto nos passos anteriores. A liturgia é, assim, interpretada a partir dos textos bíblicos que se referem ao evento que a fundamenta.

5) Explicitação do dinamismo do conjunto a partir de uma terminologia propriamente sacramental, recorrendo à gama de termos específicos para designar a dinâmica sacramental: mistério, sacramento, figura, imagem, semelhança e os pares semânticos imagem-verdade e tipo-antítipo. Principalmente nestes últimos se pode ver o aspecto relacional do sacramento: o sacramento se relaciona com o evento salvífico que lhe serve de base numa relação de identidade e diferença.

 

Caetana Cecília | Pe. Jair Costa

Comissão Diocesana de Liturgia / Música Litúrgica

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Artigos Vocação e Seminário

A Missão, como grande escola de vida

Caríssimos irmãos em Cristo, bendito seja Deus, que em Cristo Jesus, chamou-nos a fé, e por nosso testemunho, chama tantas outras pessoas, que através da evangelização e a adesão à vida de Cristo, tornam-se nossos irmãos! (2Tm 1,9-10). Só a experiência com um grande amor, nos arranca de nós mesmos, e no faz sair para chegar ao “desconhecido”; Na revelação Bíblica, Deus chama o seu povo, a fazer um caminho, uma caminhada totalmente fundamentada na experiência de fé do povo; e nesta fé, se deixam guiar!

Deus deu a Abraão uma promessa, e ele, nela, depositou a sua vida: “Sai da tua terra, e vai para a terra que te mostrarei” (Gn 12,1-5).!  Nesta promessa de Deus, Abraão Creu e seguiu. Deixemo-nos também, ser guiado pela virtude da fé, atraídos pela mesma confiança no seu poder; Ele nos conduza onde quer que sejamos seus instrumentos.  O nosso trabalho de evangelização, consiste em procurarmos “recuperar” o verdadeiro sentido e missão, da comunidade de fé, neste mundo; sem o testemunho de fé da comunidade ‘discípula’, corre-se o risco, da Comunidade perder o sentido, da sua existência eclesial no mundo. Em cada lugar, a experiência missionária que realizamos, é “diversificada e múltipla”, porque a missão é movimento, eis a beleza do ser missionário! Estar em movimento, de modo que a vida de Cristo impulsione o ser e o agir do missionário e, através dele, alcançar e impulsionar aos outros, para Cristo Jesus!  Sem uma autêntica experiência espiritual, as comunidades de fé, não serão transformadas em Comunidades Discípulas Missionárias, Servidoras do Evangelho! Precisamos amar muito a Jesus Cristo, para amar também os irmãos na fé, em qualquer parte do mundo. É preciso um exercício de fé e de escuta ao Senhor, para aprendermos discernir quando Deus bate novamente, a porta do nosso coração, nos convidando mais uma vez, Nele, a lançar com esperança, as redes de nossas vidas, em águas mais profundas; lançar as nossas vidas no Mistério da sua grande promessa, para assim deste modo, deixar Ele nos guiar até onde Ele queira.

Exatamente há quatro meses, que cheguei ao estado do Mato Grosso, especificamente na Diocese de Barra de Garças, exercendo a missão recebida da Igreja local, como pároco de duas paróquias, em cidades diferentes, uma experiência ímpar!  No dia 15 de junho às 19hs na Paróquia Nossa Senhora da Abadia, no Município de Ribeiraozinho fui empossado pároco, e no dia 16 do mesmo mês, às 8hs da manhã, na paróquia São João Bosco, município de Torixoré, empossado pároco da mesma.

O rosto da Igreja da Diocese de Barra do Garças, é um rosto plural, devido as diversas realidades das comunidades que refletem, o seu povo: Comunidades urbanas, Comunidades indígenas, Comunidades Rurais, Comunidades em fazendas.  Às vocações, uma realidade desafiadora nesta nossa região, no momento, temos 05 seminaristas entre teologia e filosofia que estudam em Cuiabá, á 400km da Cidade de Barra do Garças.  Nenhum no seminário propedêutico. Há padres assim como eu, com duas paróquias; de uma paróquia para outra de onde estou, percorro 60km, tenho comunidades rurais, que da sede da paróquia fica há 100 km em strada de terra, inclusive, essa mesma Comunidade também tem o fuso horário, uma hora a menos do horário do Barra do Garças, porque em Cuiabá capital, é uma hora a menos, do horário de Brasília.

De Domingo a quarta feira, fico numa paróquia, de quinta feira a sábado a noite na outra. Há grandes desafios na evangelização nesta região, falta muita presença; na forania onde estou, somos dois sacerdotes, cada um com duas paróquias; somente uma presença de uma única congregação. As distancias, o calor intenso e as secas, a falta de mais presença para evangelizar, são desafios. Numa comunidade, havia 05 anos que teve a última Missa, isto cortou meu coração.  Em tudo, agradeço ao bom Deus, por conduzir-me, a estes meus irmãos na fé, par servi-los.

Recentemente, esteve em visita e ficou duas semanas entre nós, o reverendíssimo Pe. Luís Fernando, secretário executivo do Regional Sul1, da CNBB, que veio para uma visita fraterna e ao mesmo tempo, para avaliarmos o projeto de Cooperação Missionária, do Regional Sul1, com a Diocese de Barra do Garças. A Palavra se fez esperança, a palavra se fez Missão; a esperança sempre nos permite ver outra possibilidade!

Rezemos pelas missões da Igreja, venham ser missionário na Diocese de Barra do Garças.

Deus lhe abençoe.

Em Cristo, procurando viver e fazer a vontade do Pai!

 

Pe. Salvador Maria Rodrigues de Brito

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Artigos CNBB

Dom Jaime Spengler é anunciado entre os 21 novos Cardeais criados pelo Papa

O Papa Francisco anunciou neste domingo, 6 de outubro, a criação de 21 novos cardeais num Consistório a ser celebrado no dia 8 de dezembro, Solenidade da Imaculada Conceição. Entre eles, está o arcebispo de Porto Alegre (RS) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Jaime Spengler. Aos 64 anos, dom Jaime também tem atuado na presidência do Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho (Celam), para a qual foi eleito poucas semanas depois de sua eleição para a Presidência da CNBB, em 2023.

Além de dom Jaime, foram escolhidos para o cardinalato bispos e padres que atuam na cúria romana e de outras partes do mundo, como Argentina, Peru, Equador, Chile, Japão, Filipinas, Sérvia, Costa do Marfim, Argélia, Indonésia, Irã, Itália, Canadá e Ucrânia.

“A proveniência deles expressa a universalidade da Igreja que continua a anunciar o amor misericordioso de Deus a todos os homens da terra. A inclusão na diocese de Roma manifesta, portanto, o vínculo inseparável entre a Sé de Pedro e as Igrejas particulares espalhadas pelo mundo”, afirmou o Papa Francisco.

Papa Francisco durante a oração do Angelus na qual anunciou a criação de novos cardeais | Foto: Vatican Media

Em vídeo enviado de Roma, dom Jaime manifestou gratidão ao Papa Francisco pela indicação e recordou o clero e o povo de Deus da arquidiocese de Porto Alegre e, especialmente, os que foram marcados pelas tragédias climáticas no Rio Grande do Sul, com as enchentes; no Centro-Oeste, com as queimadas; e na Amazônia, com as secas. Também dirigindo-se aos bispos do Brasil e da América Latina e do Caribe, dom Jaime fez votos de que “juntos possamos cooperar da melhor forma para promover o Evangelho em todas as realidades da nossa sociedade”.

“Caminhemos juntos na comunhão a fim de que possamos promover já entre nós o Reino de Deus e a sua justiça. Muito obrigado, em primeiro lugar, novamente ao Santo Padre, mas um obrigado também à proximidade, à fraternidade de cada irmão e de cada irmã. Deus a todos abençoe!”

 

Biografia e trajetória eclesial

Dom Jaime Spengler nasceu em 6 de setembro de 1960, em Gaspar (SC). Ingressou na Ordem dos Frades Menores, também conhecida por Ordem de São Francisco (Franciscanos) em 20 de janeiro de 1982, pela admissão no Noviciado na cidade de Rodeio (SC). Cursou Filosofia no Instituto Filosófico São Boaventura, de Campo Largo (PR), e Teologia no Instituto Teológico Franciscano de Petrópolis (RJ), concluindo-o no Instituto Teológico de Jerusalém, em Israel.

Foi ordenado sacerdote em 17 de novembro de 1990, na sua cidade natal. Fez doutorado em Filosofia na Pontifícia Universidade Antonianum, em Roma, e atuou dentro da Ordem dos Frades Menores em diversas missões e cidades do país até 2010, quando foi nomeado pelo Papa Bento XVI como bispo auxiliar da arquidiocese de Porto Alegre. A ordenação episcopal, presidida por dom Lorenzo Baldisseri, núncio apostólico no Brasil na ocasião, ocorreu dia 5 de fevereiro de 2011, na paróquia São Pedro Apóstolo, em Gaspar.

Dom Jaime Spengler é arcebispo metropolitano de Porto Alegre desde 18 de setembro de 2013, quando foi nomeado pelo Papa Francisco que, concomitantemente, recebeu o pedido de renúncia de dom Dadeus Grings. Escolheu como seu lema episcopal “Gloriar-se na Cruz” (Cl 6,14) – In Cruce Gloriari.

No quadriênio de 2011 a 2015, foi membro da Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenado e a Vida Consagrada da CNBB. Em 2015, foi eleito presidente desta comissão. Entre os destaques de sua atuação à frente do colegiado, consta a aprovação das novas Diretrizes para a Formação de Presbíteros da Igreja no Brasil, em 2018.

Em maio de 2019, foi eleito primeiro vice-presidente da CNBB. No mesmo quadriênio, foi bispo referencial da CNBB para o Colégio Pio Brasileiro, em Roma, vice-presidente da Comissão Especial para o Acordo Brasil-Santa Sé da CNBB e bispo referencial CNBB – Regional Sul 3 para Vida Consagrada e Ministérios Ordenados.

No dia 24 de abril de 2023, foi eleito presidente da CNBB para o quadriênio 2023-2027. Semanas depois, no dia 17 de maio, foi eleito presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho (Celam). A partir desta função, foi nomeado padre sinodal da XVI Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos, cuja segunda etapa ocorre em Roma até o próximo dia 27.

 

Papa Francisco recebe dom Jaime Spengler em visita à Santa Sé | Foto: Vatican Media
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Artigos CNBB

XVI Assembleia do Sínodo dos Bispos

Papa Francisco: “Não precisamos de uma Igreja sentada e desistente, mas de uma Igreja que acolhe o grito do mundo e suja as mãos para servir o Senhor”

 

No dia 27 de outubro, a Basílica de São Pedro acolheu cerca de cinco mil fiéis para a missa conclusiva da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, presidida pelo Papa Francisco. O Pontífice dirigiu-se a cardeais, bispos, sacerdotes, religiosos e leigos, convocando-os a refletir sobre a postura da Igreja diante dos desafios atuais, através do exemplo de Bartimeu, o cego que, mesmo marginalizado, encontrou forças para gritar a Jesus e seguir pelo caminho.

A partir da passagem do Evangelho do trigésimo domingo do tempo comum (Mc 10, 46-52), que narra a cura de Bartimeu, o Papa ressaltou a importância de uma Igreja em movimento, atenta às necessidades e clamores da Humanidade: “Uma Igreja sentada é uma Igreja estagnada, incapaz de enxergar o Senhor em seu meio e de responder aos apelos do mundo”.

Papa Francisco usou a imagem do cego “à margem da estrada” para ilustrar a necessidade de uma comunidade que não se limite a observar de longe, mas que, impulsionada pelo chamado de Cristo, se levante e siga adiante.

 

Escutar e responder ao grito do mundo

O Papa, ao proferir a homilia, destacou que, ao longo da Assembleia Sinodal, a Igreja foi chamada a abrir-se ao grito dos marginalizados, daqueles que buscam acolhimento, e daqueles que, silenciosamente, sofrem. A exemplo de Bartimeu, Francisco enfatizou que a Igreja não pode ignorar o sofrimento e as necessidades de tantos irmãos e irmãs. Recordemos isto, enfatizou o Santo Padre, “o Senhor passa, o Senhor passa sempre e cuida da nossa cegueira. E é bonito que o Sínodo nos impulsione a ser Igreja como Bartimeu: a comunidade dos discípulos que, ouvindo passar o Senhor, sente a emoção da salvação, deixa-se despertar pela força do Evangelho e começa a gritar-Lhe. E fá-lo acolhendo o grito de todos os homens e mulheres da terra: o grito dos que querem descobrir a alegria do Evangelho e dos que, pelo contrário, se afastaram; o grito silencioso dos indiferentes; o grito dos que sofrem, dos pobres e dos marginalizados; a voz quebrada dos que já nem sequer têm força para gritar a Deus, porque não têm voz ou porque se resignaram”.

“Não precisamos de uma Igreja sentada e desistente, mas de uma Igreja que acolhe o grito do mundo e suja as mãos para servir o Senhor.”

 

Uma Igreja missionária e sinodal

Ao lembrar a interação entre Bartimeu e Jesus, Francisco explicou que, assim como o cego clamou por ajuda e foi atendido, também a Igreja deve escutar ativamente os clamores de hoje, fazendo-se próxima dos que necessitam de amparo espiritual, material e humano. A postura sinodal da Igreja, recordou o Papa, também pode ser simbolizada pelo seguimento de Bartimeu no caminho de Jesus: “uma comunidade em constante movimento, iluminada pelo Espírito Santo e impulsionada pela missão de levar a luz do Evangelho ao mundo”. Não caminhemos sozinhos ou segundo os critérios do mundo, mas juntos, como discípulos do Senhor, reforçou o Santo Padre:

“Irmãos e irmãs: não uma Igreja sentada, mas uma Igreja em pé. Não uma Igreja muda, mas uma Igreja que acolhe o grito da Humanidade. Não uma Igreja cega, mas uma Igreja iluminada por Cristo, que leva aos outros a luz do Evangelho. Não uma Igreja estática, mas uma Igreja missionária, que caminha com o Senhor pelas estradas do mundo.”

 

Amor, unidade e misericórdia

O Pontífice, ao voltar seu olhar para a relíquia da “Cátedra de São Pedro”, restaurada e exposta para a veneração dos fiéis, recordou o verdadeiro significado do poder e da liderança na Igreja. Para Francisco, esta imagem da Cátedra expressa a essência do serviço e da unidade, valores essenciais para a Igreja sinodal:

“Enquanto damos graças ao Senhor pelo caminho percorrido em conjunto, poderemos ver e venerar a relíquia da antiga Cátedra de São Pedro, cuidadosamente restaurada. Recordemos que esta é a Cátedra do amor, da unidade e da misericórdia, segundo o preceito que Jesus deu ao Apóstolo Pedro de não exercer domínio sobre os outros, mas de os servir na caridade. E admirando o majestoso baldaquino de Bernini, mais resplandecente do que nunca, redescobrimos que ele enquadra o verdadeiro ponto focal de toda a Basílica, isto é, a glória do Espírito Santo. Esta é a Igreja sinodal: uma comunidade cujo primado está no dom do Espírito, que nos torna irmãos em Cristo e nos eleva até Ele.”

“Coragem, levanta-te, Ele te chama”

Ao encerrar a homilia, o Papa exortou os presentes a deixarem para trás qualquer manto de resignação ou paralisia que possa ter invadido a Igreja, e incentivou a comunidade a confiar a própria “cegueira” a Deus e, como Bartimeu, levantar-se e seguir o Senhor. “Coragem, levanta-te, Ele te chama. Coloquemo-nos de pé e levemos a alegria do Evangelho pelos caminhos do mundo”, concluiu.

 

Thulio Fonseca – Vatican News

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Artigos Bíblia CNBB

Mensagem do Papa Francisco VIII Dia Mundial dos Pobres

A oração do pobre eleva-se até Deus (cf. Sir 21, 5)

Caros irmãos e irmãs!

  1. A oração do pobre eleva-se até Deus (cf. Sir21, 5). No ano dedicado à oração, em vista do Jubileu Ordinário de 2025, esta expressão da sabedoria bíblica é ainda mais oportuna a fim de nos preparar para o VIII Dia Mundial dos Pobres, que acontecerá no próximo 17 de novembro. A esperança cristã inclui também a certeza de que a nossa oração chega à presença de Deus; não uma oração qualquer, mas a oração do pobre. Reflitamos sobre esta Palavra e “leiamo-la” nos rostos e nas histórias dos pobres que encontramos no nosso dia-a-dia, para que a oração se torne um modo de comunhão com eles e de partilha do seu sofrimento.
  2. livro de Ben-Sirá, ao qual nos referimos, não é muito conhecido e merece ser descoberto pela riqueza dos temas que aborda, sobretudo quando se refere à relação do homem com Deus e com o mundo. O seu autor, Ben-Sirá, é um mestre, um escriba de Jerusalém que, provavelmente, escreve no século II a.C. Radicado na tradição de Israel, é um homem sábio, que ensina sobre vários domínios da vida humana: desde o trabalho à família, desde a vida em sociedade à educação dos jovens; presta atenção às questões relacionadas com a fé em Deus e a observância da Lei. Aborda os problemas nada fáceis da liberdade, do mal e da justiça divina, que hoje são de grande atualidade também para nós. Inspirado pelo Espírito Santo, Ben-Sirá pretende transmitir a todos o caminho a seguir para uma vida sábia e digna de ser vivida diante de Deus e dos irmãos.
  3. Um dos temas a que este autor sagrado dedica mais espaço é a oração, e fá-lo com grande ardor, porque dá voz à sua própria experiência pessoal. Efetivamente, nenhum texto sobre a oração poderia ser eficaz e fecundo se não partisse de quem se encontra diariamente na presença de Deus e escuta a sua Palavra. Ben-Sirá declara que, desde a sua juventude, procurou a sabedoria: «Quando eu era ainda jovem, antes de ter viajado, busquei abertamente a sabedoria na oração» (Sir51, 13).
  4. No seu caminho, descobre uma das realidades fundamentais da revelação, ou seja, o facto de os pobres terem um lugar privilegiado no coração de Deus, a tal ponto que, perante o seu sofrimento, Deus se “impacienta” enquanto não lhes faz justiça: «A oração do humilde penetrará as nuvens, e não se consolará, enquanto ela não chegar até Deus. Ele não se afastará, enquanto o Altíssimo não olhar, não fizer justiça aos justos e restabelecer a equidade. O Senhor não tardará nem terá paciência com os opressores» (Sir35, 17-19). Deus, porque é um Pai atento e carinhoso para com todos, conhece os sofrimentos dos seus filhos. Como Pai, preocupa-se com aqueles que mais precisam dele: os pobres, os marginalizados, os que sofrem, os esquecidos… Ninguém está excluído do seu coração, uma vez que, diante d’Ele, todos somos pobres e necessitados. Somos todos mendigos, pois sem Deus não seríamos nada. Nem sequer teríamos vida se Deus não no-la tivesse dado. E, no entanto, quantas vezes vivemos como se fôssemos os donos da vida ou como se tivéssemos de a conquistar! A mentalidade mundana pede que sejamos alguém, que nos tornemos famosos independentemente de tudo e de todos, quebrando as regras sociais para alcançar a riqueza. Que triste ilusão! A felicidade não se adquire espezinhando os direitos e a dignidade dos outros.

A violência causada pelas guerras mostra claramente quanta arrogância move aqueles que se consideram poderosos aos olhos dos homens, enquanto aos olhos de Deus são miseráveis. Quantos novos pobres produz esta má política das armas, quantas vítimas inocentes! Contudo, não podemos recuar. Os discípulos do Senhor sabem que cada um destes “pequeninos” traz gravado em si o rosto do Filho de Deus, e que a nossa solidariedade e o sinal da caridade cristã devem chegar até eles. «Cada cristão e cada comunidade são chamados a ser instrumentos de Deus ao serviço da libertação e promoção dos pobres, para que possam integrar-se plenamente na sociedade; isto supõe estar docilmente atentos, para ouvir o clamor do pobre e socorrê-lo» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 187).

  1. Neste ano dedicado à oração, precisamos de fazer nossa a oração dos pobres e rezar com eles. É um desafio que temos de aceitar e uma ação pastoral que precisa de ser alimentada. Com efeito, «a pior discriminação que sofrem os pobres é a falta de cuidado espiritual. A imensa maioria dos pobres possui uma especial abertura à fé; tem necessidade de Deus e não podemos deixar de lhe oferecer a sua amizade, a sua bênção, a sua Palavra, a celebração dos Sacramentos e a proposta dum caminho de crescimento e amadurecimento na fé. A opção preferencial pelos pobres deve traduzir-se, principalmente, numa solicitude religiosa privilegiada e prioritária» (ibid., 200).

Tudo isto requer um coração humilde, que tenha a coragem de se tornar mendigo. Um coração pronto a reconhecer-se pobre e necessitado. Existe, efetivamente, uma correspondência entre pobreza, humildade e confiança. O verdadeiro pobre é o humilde, como afirmava o santo bispo Agostinho: «O pobre não tem de que se orgulhar, o rico tem o orgulho para combater. Portanto, escuta-me: sê um verdadeiro pobre, sê virtuoso, sê humilde» (Discursos, 14, 4). O homem humilde não tem nada de que se vangloriar nem nada a reclamar, sabe que não pode contar consigo próprio, mas acredita firmemente que pode recorrer ao amor misericordioso de Deus, diante do qual se encontra como o filho pródigo que regressa a casa arrependido para receber o abraço do pai (cf. Lc 15, 11-24). O pobre, sem nada em que se apoiar, recebe a força de Deus e coloca n’Ele toda a sua confiança. Com efeito, a humildade gera a confiança de que Deus nunca nos abandonará e não nos deixará sem resposta.

  1. Aos pobres que habitam as nossas cidades e fazem parte das nossas comunidades, recomendo que não percam esta certeza: Deus está atento a cada um de vós e está perto de vós. Ele não se esquece de vós, nem nunca o poderia fazer. Todos nós fazemos orações que parecem não ter resposta. Por vezes, pedimos para sermos libertados de uma miséria que nos faz sofrer e nos humilha, e Deus parece não ouvir a nossa invocação. Mas o silêncio de Deus não significa distração face ao nosso sofrimento; pelo contrário, contém uma palavra que pede para ser acolhida com confiança, abandonando-nos a Ele e à sua vontade. É ainda Ben-Sirá que o testemunha: “O juízo de Deus será em favor dos pobres” (cf. 21, 5). Da pobreza, portanto, pode brotar o canto da mais genuína esperança. Lembremo-nos de que «quando a vida interior se fecha nos próprios interesses, deixa de haver espaço para os outros, já não entram os pobres, já não se ouve a voz de Deus, já não se goza da doce alegria do seu amor, nem fervilha o entusiasmo de fazer o bem. […] Esta não é a vida no Espírito que jorra do coração de Cristo ressuscitado» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 2).
  2. Dia Mundial dos Pobrestornou-se um compromisso na agenda de cada comunidade eclesial. É uma oportunidade pastoral que não deve ser subestimada, porque desafia cada fiel a escutar a oração dos pobres, tomando consciência da sua presença e das suas necessidades. É uma ocasião propícia para realizar iniciativas que ajudem concretamente os pobres, e também para reconhecer e apoiar os numerosos voluntários que se dedicam com paixão aos mais necessitados. Devemos agradecer ao Senhor pelas pessoas que se disponibilizam para escutar e apoiar os mais pobres: sacerdotes, pessoas consagradas e leigos que, com o seu testemunho, são a voz da resposta de Deus às orações daqueles que a Ele recorrem. Portanto, o silêncio quebra-se sempre que se acolhe e abraça um irmão necessitado. Os pobres têm ainda muito para ensinar, porque numa cultura que colocou a riqueza em primeiro lugar e que sacrifica muitas vezes a dignidade das pessoas no altar dos bens materiais, eles remam contra a corrente, tornando claro que o essencial da vida é outra coisa.

A oração, por conseguinte, encontra o certificado da sua autenticidade na caridade que se transforma em encontro e proximidade. Se a oração não se traduz em ações concretas, é vã; efetivamente, «a fé sem obras está morta» (Tg 2, 26). Contudo, a caridade sem oração corre o risco de se tornar uma filantropia que rapidamente se esgota. «Sem a oração quotidiana, vivida com fidelidade, o nosso fazer esvazia-se, perde a alma profunda, reduz-se a um simples ativismo» (BENTO XVI, Catequese, 25 de abril de 2012). Devemos evitar esta tentação e estar sempre vigilantes com a força e a perseverança que nos vem do Espírito Santo, que é dador de vida.

  1. Neste contexto, é bom recordar o testemunho que nos deixou Madre Teresa de Calcutá, uma mulher que deu a vida pelos pobres. Esta santa repetia continuamente que a oração era o lugar dondetirava força e fépara a sua missão de serviço aos últimos. Quando falou na Assembleia Geral da ONU, a 26 de outubro de 1985, mostrando a todos as contas do terço que trazia sempre na mão, disse: «Sou apenas uma pobre freira que reza. Ao rezar, Jesus põe o seu amor no meu coração e eu vou dá-lo a todos os pobres que encontro no meu caminho. Rezai vós também! Rezai, e sereis capazes de ver os pobres que tendes ao vosso lado. Talvez no mesmo andar da vossa casa. Talvez até nas vossas próprias casas há quem espera pelo vosso amor. Rezai, e abrir-se-ão os vossos olhos e encher-se-á de amor o vosso coração».

E como não recordar aqui, na cidade de Roma, São Bento José Labre (1748-1783), cujo corpo jaz e é venerado na igreja paroquial de Santa Maria ai Monti. Peregrino desde França até Roma, rejeitado em muitos mosteiros, viveu os seus últimos anos pobre entre os pobres, passando horas e horas em oração diante do Santíssimo Sacramento, com o terço, recitando o breviário, lendo o Novo Testamento e a Imitação de Cristo. Não tendo sequer um pequeno quarto para se alojar, dormia habitualmente num canto das ruínas do Coliseu, como “vagabundo de Deus”, fazendo da sua existência uma oração incessante que subia até Ele.

  1. No caminho para o Ano Santo, exorto todos a fazerem-se peregrinos da esperança, dando sinais concretos de um futuro melhor. Não nos esqueçamos de guardar «os pequenos detalhes do amor» (Exort. ap.Gaudete et Exsultate, 145): parar, aproximar-se, dar um pouco de atenção, um sorriso, uma carícia, uma palavra de conforto… Estes gestos não podem ser improvisados; antes, exigem uma fidelidade quotidiana, muitas vezes escondida e silenciosa, mas fortalecida pela oração. Neste momento, em que o canto da esperança parece dar lugar ao ruído das armas, ao grito de tantos inocentes feridos e ao silêncio das inúmeras vítimas das guerras, dirijamos a Deus a nossa invocação de paz. Somos pobres de paz e, para a acolher como um dom precioso, estendemos as mãos, ao mesmo tempo que nos esforçamos por costurá-la no dia-a-dia.
  2. Em todas as circunstâncias, somos chamados a ser amigos dos pobres, seguindo os passos de Jesus, que foi o primeiro a solidarizar-se com
    Fonte de Nossa Senhora de Banneux, na Bélgica – Virgem dos Pobres

    os últimos. Que a Santa Mãe de Deus, Maria Santíssima, nos sustente neste caminho; ela que, aparecendo em Banneux, nos deixou uma mensagem a não esquecer: «Eu sou a Virgem dos pobres». A ela, a quem Deus olhou pela sua humilde pobreza e em quem realizou grandes coisas com a sua obediência, confiemos a nossa oração, convictos de que subirá até ao céu e será ouvida.

 

Roma – São João de Latrão, na Memória de Santo António, Patrono dos pobres, 13 de junho de 2024.

FRANCISCO