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“O Senhor fez em mim maravilhas.” (Lc 1,49)

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"O Senhor fez em mim maravilhas." (Lc 1,49)

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Papa Cria 21 novos Cardeais e os exorta a serem testemunhas da fraternidade e artesãos da comunhão

Emocionado e de joelho, dom Jaime Spengler, o arcebispo de Porto Alegre (RS), presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e do Conselho Episcopal Latino-americano e Caribenho (Celam), foi o nono cardeal a receber das mãos do Papa Francisco neste sábado, 7 de dezembro, o barrete cardinalício, o anel e a atribuição do título da Igreja de São Gregório Magno, na Via Magliana Nova, no Consistório Ordinário Público.

A cerimônia marcou a entrada de 21 novos membros no Colégio Cardinalício, que são os colaboradores mais próximos do Papa e os responsáveis pela eleição de um novo bispo de Roma no caso de um Conclave. O mais idoso, aos 99 anos, a receber o título de cardeal foi o arcebispo Angelo Arcebi, prelado da Soberana Ordem Militar de Malta e decano dos núncios apostólicos na Santa Marta.

“Na interioridade do homem habita Cristo”

Em sua reflexão, durante a cerimônia, o Papa Francisco exortou os purpurados a pensarem para onde estão indo o seu coração hoje? E exortou os cardeais a voltarem o seu coração ao senhor e ao seu próprio coração, onde se encontra a imagem de Deus. “Na interioridade do homem habita Cristo. É necessário retornar ao coração para voltar ao mesmo caminho de Jesus. É disto que precisamos”, disse o Santo Padre.

Aos que receberam o cardinalato, o Sumo Pontífice pediu o cuidado de caminhar na estrada de Jesus. “Voltes para Ele e O coloque no centro de tudo. Não vamos nos concentrar no que é acessório. Não deixemos nos orientar pelas superficialidades frente ao que realmente importa. Jesus é centro de gravidade de todo nosso serviço e o ponto cardeal da nossa vida”, disse.

O Santo Padre pediu também aos cardeais para cultivarem a paixão do encontro ao invés de se isolarem dos acontecimentos e dores do mundo. “Desejamos que todos se sintam à vontade na família eclesial, sem exclusivismos ou isolamentos nocivos que prejudicam a caridade na unidade. O Senhor os chama a ser testemunhas da fraternidade, artesãos da comunhão e construtores da unidade”, reforçou.

O Papa convidou os cardeais a seguirem os caminhos de Jesus que veio curar a dor do mundo, quebrar o pecado da escravidão e encontrou-se com o rosto das pessoas marcadas pelo sofrimento, levantou os caídos, curou os doentes, enxugou as lágrimas dos que choram e curou os de coração atribulado. E chamou os purpurados à aventura da estrada, ao encontro com o outro e o cuidado aos mais frágeis. “Ao longo da estrada a Igreja começou. Ao longo das estradas do mundo, a Igreja continua. Caminhar na estrada de Jesus significa ser construtor de comunhão e da unidade”.

Rito da criação de novos cardeais

O Consistório tem um rito próprio. O Papa Bento XVI, em um de seus consistórios realizados, disse que o rito “exprime o valor supremo da fidelidade”. Destacam-se na cerimônia a imposição do barrete cardinalício, uma peça do vestiário litúrgico na cor vermelha usa sobre a cabeça dos cardeais; a entrega do anel e a atribuição do título ou da diaconia.

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Dom Jaime Spengler é anunciado entre os 21 novos Cardeais criados pelo Papa

O Papa Francisco anunciou neste domingo, 6 de outubro, a criação de 21 novos cardeais num Consistório a ser celebrado no dia 8 de dezembro, Solenidade da Imaculada Conceição. Entre eles, está o arcebispo de Porto Alegre (RS) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Jaime Spengler. Aos 64 anos, dom Jaime também tem atuado na presidência do Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho (Celam), para a qual foi eleito poucas semanas depois de sua eleição para a Presidência da CNBB, em 2023.

Além de dom Jaime, foram escolhidos para o cardinalato bispos e padres que atuam na cúria romana e de outras partes do mundo, como Argentina, Peru, Equador, Chile, Japão, Filipinas, Sérvia, Costa do Marfim, Argélia, Indonésia, Irã, Itália, Canadá e Ucrânia.

“A proveniência deles expressa a universalidade da Igreja que continua a anunciar o amor misericordioso de Deus a todos os homens da terra. A inclusão na diocese de Roma manifesta, portanto, o vínculo inseparável entre a Sé de Pedro e as Igrejas particulares espalhadas pelo mundo”, afirmou o Papa Francisco.

Papa Francisco durante a oração do Angelus na qual anunciou a criação de novos cardeais | Foto: Vatican Media

Em vídeo enviado de Roma, dom Jaime manifestou gratidão ao Papa Francisco pela indicação e recordou o clero e o povo de Deus da arquidiocese de Porto Alegre e, especialmente, os que foram marcados pelas tragédias climáticas no Rio Grande do Sul, com as enchentes; no Centro-Oeste, com as queimadas; e na Amazônia, com as secas. Também dirigindo-se aos bispos do Brasil e da América Latina e do Caribe, dom Jaime fez votos de que “juntos possamos cooperar da melhor forma para promover o Evangelho em todas as realidades da nossa sociedade”.

“Caminhemos juntos na comunhão a fim de que possamos promover já entre nós o Reino de Deus e a sua justiça. Muito obrigado, em primeiro lugar, novamente ao Santo Padre, mas um obrigado também à proximidade, à fraternidade de cada irmão e de cada irmã. Deus a todos abençoe!”

 

Biografia e trajetória eclesial

Dom Jaime Spengler nasceu em 6 de setembro de 1960, em Gaspar (SC). Ingressou na Ordem dos Frades Menores, também conhecida por Ordem de São Francisco (Franciscanos) em 20 de janeiro de 1982, pela admissão no Noviciado na cidade de Rodeio (SC). Cursou Filosofia no Instituto Filosófico São Boaventura, de Campo Largo (PR), e Teologia no Instituto Teológico Franciscano de Petrópolis (RJ), concluindo-o no Instituto Teológico de Jerusalém, em Israel.

Foi ordenado sacerdote em 17 de novembro de 1990, na sua cidade natal. Fez doutorado em Filosofia na Pontifícia Universidade Antonianum, em Roma, e atuou dentro da Ordem dos Frades Menores em diversas missões e cidades do país até 2010, quando foi nomeado pelo Papa Bento XVI como bispo auxiliar da arquidiocese de Porto Alegre. A ordenação episcopal, presidida por dom Lorenzo Baldisseri, núncio apostólico no Brasil na ocasião, ocorreu dia 5 de fevereiro de 2011, na paróquia São Pedro Apóstolo, em Gaspar.

Dom Jaime Spengler é arcebispo metropolitano de Porto Alegre desde 18 de setembro de 2013, quando foi nomeado pelo Papa Francisco que, concomitantemente, recebeu o pedido de renúncia de dom Dadeus Grings. Escolheu como seu lema episcopal “Gloriar-se na Cruz” (Cl 6,14) – In Cruce Gloriari.

No quadriênio de 2011 a 2015, foi membro da Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenado e a Vida Consagrada da CNBB. Em 2015, foi eleito presidente desta comissão. Entre os destaques de sua atuação à frente do colegiado, consta a aprovação das novas Diretrizes para a Formação de Presbíteros da Igreja no Brasil, em 2018.

Em maio de 2019, foi eleito primeiro vice-presidente da CNBB. No mesmo quadriênio, foi bispo referencial da CNBB para o Colégio Pio Brasileiro, em Roma, vice-presidente da Comissão Especial para o Acordo Brasil-Santa Sé da CNBB e bispo referencial CNBB – Regional Sul 3 para Vida Consagrada e Ministérios Ordenados.

No dia 24 de abril de 2023, foi eleito presidente da CNBB para o quadriênio 2023-2027. Semanas depois, no dia 17 de maio, foi eleito presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho (Celam). A partir desta função, foi nomeado padre sinodal da XVI Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos, cuja segunda etapa ocorre em Roma até o próximo dia 27.

 

Papa Francisco recebe dom Jaime Spengler em visita à Santa Sé | Foto: Vatican Media
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XVI Assembleia do Sínodo dos Bispos

Papa Francisco: “Não precisamos de uma Igreja sentada e desistente, mas de uma Igreja que acolhe o grito do mundo e suja as mãos para servir o Senhor”

 

No dia 27 de outubro, a Basílica de São Pedro acolheu cerca de cinco mil fiéis para a missa conclusiva da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, presidida pelo Papa Francisco. O Pontífice dirigiu-se a cardeais, bispos, sacerdotes, religiosos e leigos, convocando-os a refletir sobre a postura da Igreja diante dos desafios atuais, através do exemplo de Bartimeu, o cego que, mesmo marginalizado, encontrou forças para gritar a Jesus e seguir pelo caminho.

A partir da passagem do Evangelho do trigésimo domingo do tempo comum (Mc 10, 46-52), que narra a cura de Bartimeu, o Papa ressaltou a importância de uma Igreja em movimento, atenta às necessidades e clamores da Humanidade: “Uma Igreja sentada é uma Igreja estagnada, incapaz de enxergar o Senhor em seu meio e de responder aos apelos do mundo”.

Papa Francisco usou a imagem do cego “à margem da estrada” para ilustrar a necessidade de uma comunidade que não se limite a observar de longe, mas que, impulsionada pelo chamado de Cristo, se levante e siga adiante.

 

Escutar e responder ao grito do mundo

O Papa, ao proferir a homilia, destacou que, ao longo da Assembleia Sinodal, a Igreja foi chamada a abrir-se ao grito dos marginalizados, daqueles que buscam acolhimento, e daqueles que, silenciosamente, sofrem. A exemplo de Bartimeu, Francisco enfatizou que a Igreja não pode ignorar o sofrimento e as necessidades de tantos irmãos e irmãs. Recordemos isto, enfatizou o Santo Padre, “o Senhor passa, o Senhor passa sempre e cuida da nossa cegueira. E é bonito que o Sínodo nos impulsione a ser Igreja como Bartimeu: a comunidade dos discípulos que, ouvindo passar o Senhor, sente a emoção da salvação, deixa-se despertar pela força do Evangelho e começa a gritar-Lhe. E fá-lo acolhendo o grito de todos os homens e mulheres da terra: o grito dos que querem descobrir a alegria do Evangelho e dos que, pelo contrário, se afastaram; o grito silencioso dos indiferentes; o grito dos que sofrem, dos pobres e dos marginalizados; a voz quebrada dos que já nem sequer têm força para gritar a Deus, porque não têm voz ou porque se resignaram”.

“Não precisamos de uma Igreja sentada e desistente, mas de uma Igreja que acolhe o grito do mundo e suja as mãos para servir o Senhor.”

 

Uma Igreja missionária e sinodal

Ao lembrar a interação entre Bartimeu e Jesus, Francisco explicou que, assim como o cego clamou por ajuda e foi atendido, também a Igreja deve escutar ativamente os clamores de hoje, fazendo-se próxima dos que necessitam de amparo espiritual, material e humano. A postura sinodal da Igreja, recordou o Papa, também pode ser simbolizada pelo seguimento de Bartimeu no caminho de Jesus: “uma comunidade em constante movimento, iluminada pelo Espírito Santo e impulsionada pela missão de levar a luz do Evangelho ao mundo”. Não caminhemos sozinhos ou segundo os critérios do mundo, mas juntos, como discípulos do Senhor, reforçou o Santo Padre:

“Irmãos e irmãs: não uma Igreja sentada, mas uma Igreja em pé. Não uma Igreja muda, mas uma Igreja que acolhe o grito da Humanidade. Não uma Igreja cega, mas uma Igreja iluminada por Cristo, que leva aos outros a luz do Evangelho. Não uma Igreja estática, mas uma Igreja missionária, que caminha com o Senhor pelas estradas do mundo.”

 

Amor, unidade e misericórdia

O Pontífice, ao voltar seu olhar para a relíquia da “Cátedra de São Pedro”, restaurada e exposta para a veneração dos fiéis, recordou o verdadeiro significado do poder e da liderança na Igreja. Para Francisco, esta imagem da Cátedra expressa a essência do serviço e da unidade, valores essenciais para a Igreja sinodal:

“Enquanto damos graças ao Senhor pelo caminho percorrido em conjunto, poderemos ver e venerar a relíquia da antiga Cátedra de São Pedro, cuidadosamente restaurada. Recordemos que esta é a Cátedra do amor, da unidade e da misericórdia, segundo o preceito que Jesus deu ao Apóstolo Pedro de não exercer domínio sobre os outros, mas de os servir na caridade. E admirando o majestoso baldaquino de Bernini, mais resplandecente do que nunca, redescobrimos que ele enquadra o verdadeiro ponto focal de toda a Basílica, isto é, a glória do Espírito Santo. Esta é a Igreja sinodal: uma comunidade cujo primado está no dom do Espírito, que nos torna irmãos em Cristo e nos eleva até Ele.”

“Coragem, levanta-te, Ele te chama”

Ao encerrar a homilia, o Papa exortou os presentes a deixarem para trás qualquer manto de resignação ou paralisia que possa ter invadido a Igreja, e incentivou a comunidade a confiar a própria “cegueira” a Deus e, como Bartimeu, levantar-se e seguir o Senhor. “Coragem, levanta-te, Ele te chama. Coloquemo-nos de pé e levemos a alegria do Evangelho pelos caminhos do mundo”, concluiu.

 

Thulio Fonseca – Vatican News

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Mensagem do Papa Francisco VIII Dia Mundial dos Pobres

A oração do pobre eleva-se até Deus (cf. Sir 21, 5)

Caros irmãos e irmãs!

  1. A oração do pobre eleva-se até Deus (cf. Sir21, 5). No ano dedicado à oração, em vista do Jubileu Ordinário de 2025, esta expressão da sabedoria bíblica é ainda mais oportuna a fim de nos preparar para o VIII Dia Mundial dos Pobres, que acontecerá no próximo 17 de novembro. A esperança cristã inclui também a certeza de que a nossa oração chega à presença de Deus; não uma oração qualquer, mas a oração do pobre. Reflitamos sobre esta Palavra e “leiamo-la” nos rostos e nas histórias dos pobres que encontramos no nosso dia-a-dia, para que a oração se torne um modo de comunhão com eles e de partilha do seu sofrimento.
  2. livro de Ben-Sirá, ao qual nos referimos, não é muito conhecido e merece ser descoberto pela riqueza dos temas que aborda, sobretudo quando se refere à relação do homem com Deus e com o mundo. O seu autor, Ben-Sirá, é um mestre, um escriba de Jerusalém que, provavelmente, escreve no século II a.C. Radicado na tradição de Israel, é um homem sábio, que ensina sobre vários domínios da vida humana: desde o trabalho à família, desde a vida em sociedade à educação dos jovens; presta atenção às questões relacionadas com a fé em Deus e a observância da Lei. Aborda os problemas nada fáceis da liberdade, do mal e da justiça divina, que hoje são de grande atualidade também para nós. Inspirado pelo Espírito Santo, Ben-Sirá pretende transmitir a todos o caminho a seguir para uma vida sábia e digna de ser vivida diante de Deus e dos irmãos.
  3. Um dos temas a que este autor sagrado dedica mais espaço é a oração, e fá-lo com grande ardor, porque dá voz à sua própria experiência pessoal. Efetivamente, nenhum texto sobre a oração poderia ser eficaz e fecundo se não partisse de quem se encontra diariamente na presença de Deus e escuta a sua Palavra. Ben-Sirá declara que, desde a sua juventude, procurou a sabedoria: «Quando eu era ainda jovem, antes de ter viajado, busquei abertamente a sabedoria na oração» (Sir51, 13).
  4. No seu caminho, descobre uma das realidades fundamentais da revelação, ou seja, o facto de os pobres terem um lugar privilegiado no coração de Deus, a tal ponto que, perante o seu sofrimento, Deus se “impacienta” enquanto não lhes faz justiça: «A oração do humilde penetrará as nuvens, e não se consolará, enquanto ela não chegar até Deus. Ele não se afastará, enquanto o Altíssimo não olhar, não fizer justiça aos justos e restabelecer a equidade. O Senhor não tardará nem terá paciência com os opressores» (Sir35, 17-19). Deus, porque é um Pai atento e carinhoso para com todos, conhece os sofrimentos dos seus filhos. Como Pai, preocupa-se com aqueles que mais precisam dele: os pobres, os marginalizados, os que sofrem, os esquecidos… Ninguém está excluído do seu coração, uma vez que, diante d’Ele, todos somos pobres e necessitados. Somos todos mendigos, pois sem Deus não seríamos nada. Nem sequer teríamos vida se Deus não no-la tivesse dado. E, no entanto, quantas vezes vivemos como se fôssemos os donos da vida ou como se tivéssemos de a conquistar! A mentalidade mundana pede que sejamos alguém, que nos tornemos famosos independentemente de tudo e de todos, quebrando as regras sociais para alcançar a riqueza. Que triste ilusão! A felicidade não se adquire espezinhando os direitos e a dignidade dos outros.

A violência causada pelas guerras mostra claramente quanta arrogância move aqueles que se consideram poderosos aos olhos dos homens, enquanto aos olhos de Deus são miseráveis. Quantos novos pobres produz esta má política das armas, quantas vítimas inocentes! Contudo, não podemos recuar. Os discípulos do Senhor sabem que cada um destes “pequeninos” traz gravado em si o rosto do Filho de Deus, e que a nossa solidariedade e o sinal da caridade cristã devem chegar até eles. «Cada cristão e cada comunidade são chamados a ser instrumentos de Deus ao serviço da libertação e promoção dos pobres, para que possam integrar-se plenamente na sociedade; isto supõe estar docilmente atentos, para ouvir o clamor do pobre e socorrê-lo» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 187).

  1. Neste ano dedicado à oração, precisamos de fazer nossa a oração dos pobres e rezar com eles. É um desafio que temos de aceitar e uma ação pastoral que precisa de ser alimentada. Com efeito, «a pior discriminação que sofrem os pobres é a falta de cuidado espiritual. A imensa maioria dos pobres possui uma especial abertura à fé; tem necessidade de Deus e não podemos deixar de lhe oferecer a sua amizade, a sua bênção, a sua Palavra, a celebração dos Sacramentos e a proposta dum caminho de crescimento e amadurecimento na fé. A opção preferencial pelos pobres deve traduzir-se, principalmente, numa solicitude religiosa privilegiada e prioritária» (ibid., 200).

Tudo isto requer um coração humilde, que tenha a coragem de se tornar mendigo. Um coração pronto a reconhecer-se pobre e necessitado. Existe, efetivamente, uma correspondência entre pobreza, humildade e confiança. O verdadeiro pobre é o humilde, como afirmava o santo bispo Agostinho: «O pobre não tem de que se orgulhar, o rico tem o orgulho para combater. Portanto, escuta-me: sê um verdadeiro pobre, sê virtuoso, sê humilde» (Discursos, 14, 4). O homem humilde não tem nada de que se vangloriar nem nada a reclamar, sabe que não pode contar consigo próprio, mas acredita firmemente que pode recorrer ao amor misericordioso de Deus, diante do qual se encontra como o filho pródigo que regressa a casa arrependido para receber o abraço do pai (cf. Lc 15, 11-24). O pobre, sem nada em que se apoiar, recebe a força de Deus e coloca n’Ele toda a sua confiança. Com efeito, a humildade gera a confiança de que Deus nunca nos abandonará e não nos deixará sem resposta.

  1. Aos pobres que habitam as nossas cidades e fazem parte das nossas comunidades, recomendo que não percam esta certeza: Deus está atento a cada um de vós e está perto de vós. Ele não se esquece de vós, nem nunca o poderia fazer. Todos nós fazemos orações que parecem não ter resposta. Por vezes, pedimos para sermos libertados de uma miséria que nos faz sofrer e nos humilha, e Deus parece não ouvir a nossa invocação. Mas o silêncio de Deus não significa distração face ao nosso sofrimento; pelo contrário, contém uma palavra que pede para ser acolhida com confiança, abandonando-nos a Ele e à sua vontade. É ainda Ben-Sirá que o testemunha: “O juízo de Deus será em favor dos pobres” (cf. 21, 5). Da pobreza, portanto, pode brotar o canto da mais genuína esperança. Lembremo-nos de que «quando a vida interior se fecha nos próprios interesses, deixa de haver espaço para os outros, já não entram os pobres, já não se ouve a voz de Deus, já não se goza da doce alegria do seu amor, nem fervilha o entusiasmo de fazer o bem. […] Esta não é a vida no Espírito que jorra do coração de Cristo ressuscitado» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 2).
  2. Dia Mundial dos Pobrestornou-se um compromisso na agenda de cada comunidade eclesial. É uma oportunidade pastoral que não deve ser subestimada, porque desafia cada fiel a escutar a oração dos pobres, tomando consciência da sua presença e das suas necessidades. É uma ocasião propícia para realizar iniciativas que ajudem concretamente os pobres, e também para reconhecer e apoiar os numerosos voluntários que se dedicam com paixão aos mais necessitados. Devemos agradecer ao Senhor pelas pessoas que se disponibilizam para escutar e apoiar os mais pobres: sacerdotes, pessoas consagradas e leigos que, com o seu testemunho, são a voz da resposta de Deus às orações daqueles que a Ele recorrem. Portanto, o silêncio quebra-se sempre que se acolhe e abraça um irmão necessitado. Os pobres têm ainda muito para ensinar, porque numa cultura que colocou a riqueza em primeiro lugar e que sacrifica muitas vezes a dignidade das pessoas no altar dos bens materiais, eles remam contra a corrente, tornando claro que o essencial da vida é outra coisa.

A oração, por conseguinte, encontra o certificado da sua autenticidade na caridade que se transforma em encontro e proximidade. Se a oração não se traduz em ações concretas, é vã; efetivamente, «a fé sem obras está morta» (Tg 2, 26). Contudo, a caridade sem oração corre o risco de se tornar uma filantropia que rapidamente se esgota. «Sem a oração quotidiana, vivida com fidelidade, o nosso fazer esvazia-se, perde a alma profunda, reduz-se a um simples ativismo» (BENTO XVI, Catequese, 25 de abril de 2012). Devemos evitar esta tentação e estar sempre vigilantes com a força e a perseverança que nos vem do Espírito Santo, que é dador de vida.

  1. Neste contexto, é bom recordar o testemunho que nos deixou Madre Teresa de Calcutá, uma mulher que deu a vida pelos pobres. Esta santa repetia continuamente que a oração era o lugar dondetirava força e fépara a sua missão de serviço aos últimos. Quando falou na Assembleia Geral da ONU, a 26 de outubro de 1985, mostrando a todos as contas do terço que trazia sempre na mão, disse: «Sou apenas uma pobre freira que reza. Ao rezar, Jesus põe o seu amor no meu coração e eu vou dá-lo a todos os pobres que encontro no meu caminho. Rezai vós também! Rezai, e sereis capazes de ver os pobres que tendes ao vosso lado. Talvez no mesmo andar da vossa casa. Talvez até nas vossas próprias casas há quem espera pelo vosso amor. Rezai, e abrir-se-ão os vossos olhos e encher-se-á de amor o vosso coração».

E como não recordar aqui, na cidade de Roma, São Bento José Labre (1748-1783), cujo corpo jaz e é venerado na igreja paroquial de Santa Maria ai Monti. Peregrino desde França até Roma, rejeitado em muitos mosteiros, viveu os seus últimos anos pobre entre os pobres, passando horas e horas em oração diante do Santíssimo Sacramento, com o terço, recitando o breviário, lendo o Novo Testamento e a Imitação de Cristo. Não tendo sequer um pequeno quarto para se alojar, dormia habitualmente num canto das ruínas do Coliseu, como “vagabundo de Deus”, fazendo da sua existência uma oração incessante que subia até Ele.

  1. No caminho para o Ano Santo, exorto todos a fazerem-se peregrinos da esperança, dando sinais concretos de um futuro melhor. Não nos esqueçamos de guardar «os pequenos detalhes do amor» (Exort. ap.Gaudete et Exsultate, 145): parar, aproximar-se, dar um pouco de atenção, um sorriso, uma carícia, uma palavra de conforto… Estes gestos não podem ser improvisados; antes, exigem uma fidelidade quotidiana, muitas vezes escondida e silenciosa, mas fortalecida pela oração. Neste momento, em que o canto da esperança parece dar lugar ao ruído das armas, ao grito de tantos inocentes feridos e ao silêncio das inúmeras vítimas das guerras, dirijamos a Deus a nossa invocação de paz. Somos pobres de paz e, para a acolher como um dom precioso, estendemos as mãos, ao mesmo tempo que nos esforçamos por costurá-la no dia-a-dia.
  2. Em todas as circunstâncias, somos chamados a ser amigos dos pobres, seguindo os passos de Jesus, que foi o primeiro a solidarizar-se com
    Fonte de Nossa Senhora de Banneux, na Bélgica – Virgem dos Pobres

    os últimos. Que a Santa Mãe de Deus, Maria Santíssima, nos sustente neste caminho; ela que, aparecendo em Banneux, nos deixou uma mensagem a não esquecer: «Eu sou a Virgem dos pobres». A ela, a quem Deus olhou pela sua humilde pobreza e em quem realizou grandes coisas com a sua obediência, confiemos a nossa oração, convictos de que subirá até ao céu e será ouvida.

 

Roma – São João de Latrão, na Memória de Santo António, Patrono dos pobres, 13 de junho de 2024.

FRANCISCO

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MENSAGEM DE SUA SANTIDADE PAPA FRANCISCO PARA O DIA MUNDIAL DAS MISSÕES 2024

Ide e convidai a todos para o banquete (cf. Mt 22, 9)

Queridos irmãos e irmãs!

Para o Dia Mundial das Missões deste ano, tirei o tema da parábola evangélica do banquete nupcial (cf. Mt 22, 1-14). Depois que os convidados recusaram o convite, o rei – protagonista da narração – diz aos seus servos: «Ide às saídas dos caminhos e convidai para as bodas todos quantos encontrardes» (22, 9). Refletindo sobre esta frase-chave, no contexto da parábola e da vida de Jesus, podemos ilustrar alguns aspetos importantes da evangelização. Tais aspetos revelam-se particularmente atuais para todos nós, discípulos-missionários de Cristo, nesta fase final do percurso sinodal que, de acordo com o lema «Comunhão, participação, missão», deverá relançar na Igreja o seu empenho prioritário, isto é, o anúncio do Evangelho no mundo contemporâneo.

1. «Ide e convidai»: a missão como ida incansável e convite para a festa do Senhor

No início da ordem do rei aos seus servos, há dois verbos que expressam o núcleo da missão: «ide» e chamai, «convidai».

Quanto ao primeiro verbo, convém recordar que antes os servos tinham sido já enviados para transmitir a mensagem do rei aos convidados (cf. 22, 3-4). Daqui se deduz que a missão é ida incansável rumo a toda a humanidade para a convidar ao encontro e à comunhão com Deus. Incansável! Deus, grande no amor e rico de misericórdia, está sempre em saída ao encontro de cada ser humano para o chamar à felicidade do seu Reino, apesar da indiferença ou da recusa. Assim Jesus Cristo, bom pastor e enviado do Pai, andava à procura das ovelhas perdidas do povo de Israel e desejava ir mais além para alcançar também as ovelhas mais distantes (cf. Jo 10, 16). Quer antes quer depois da sua ressurreição, disse aos discípulos «ide», envolvendo-os na sua própria missão (cf. Lc 10, 3; Mc 16, 15). Por isso, a Igreja continuará a ultrapassar todo e qualquer limite, sair incessantemente sem se cansar nem desanimar perante dificuldades e obstáculos, a fim de cumprir fielmente a missão recebida do Senhor.

Aproveito o momento para agradecer aos missionários e missionárias que, respondendo ao chamamento de Cristo, deixaram tudo e partiram para longe da sua pátria a fim de levar a Boa Nova aonde o povo ainda não a recebera ou só recentemente é que a conheceu. Irmãs e irmãos muito amados, a vossa generosa dedicação é expressão tangível do compromisso da missão ad gentes que Jesus confiou aos seus discípulos: «Ide e fazei discípulos de todos os povos» (Mt 28, 19). Por isso continuamos a rezar e a agradecer a Deus pelas novas e numerosas vocações missionárias para esta obra de evangelização até aos confins da terra.

E não esqueçamos que todo o cristão é chamado a tomar parte nesta missão universal com o seu testemunho evangélico em cada ambiente, para que toda a Igreja saia continuamente com o seu Senhor e Mestre rumo às «saídas dos caminhos» do mundo atual. Sim, «hoje o drama da Igreja é que Jesus continua a bater à porta, mas da parte de dentro, para que O deixemos sair! Muitas vezes acabamos por ser uma Igreja (…) que não deixa o Senhor sair, que O retém como “propriedade sua”, quando o Senhor veio para a missão e quer que sejamos missionários» (Discurso aos participantes no Congresso promovido pelo Dicastério para os leigos, a família e a vida, 18/II/2023). Oxalá todos nós, batizados, nos disponhamos a sair de novo, cada um segundo a própria condição de vida, para iniciar um novo movimento missionário, como nos alvores do cristianismo.

Voltando à ordem do rei aos servos na parábola, vemos que caminham lado a lado o «ir» e o chamar ou, mais precisamente, «convidar»: «Vinde às bodas!» (Mt 22, 4). Isto faz-nos vislumbrar outro aspeto, não menos importante, da missão confiada por Deus. Como se pode imaginar, aqueles servos-mensageiros transmitiam o convite do soberano assinalando a sua urgência, mas faziam-no também com grande respeito e gentileza. De igual modo, a missão de levar o Evangelho a toda a criatura deve ter, necessariamente, o mesmo estilo d’Aquele que se anuncia. Ao proclamar ao mundo «a beleza do amor salvífico de Deus manifestado em Jesus Cristo morto e ressuscitado» (Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium, 36), os discípulos-missionários fazem-no com alegria, magnanimidade, benevolência, que são fruto do Espírito Santo neles (cf. Gal 5, 22); sem imposição, coerção nem proselitismo; mas sempre com proximidade, compaixão e ternura, que refletem o modo de ser e agir de Deus.

2. «Para o banquete»: a perspetiva escatológica e eucarística da missão de Cristo e da Igreja

Na parábola, o rei pede aos seus servos que levem o convite para o banquete das bodas de seu filho. Este banquete reflete o banquete escatológico; é imagem da salvação final no Reino de Deus – já em realização com a vinda de Jesus, o Messias e Filho de Deus, que nos deu a vida em abundância (cf. Jo 10, 10), simbolizada pela mesa preparada com «carnes gordas, acompanhadas de vinhos velhos» –, quando Deus «aniquilar a morte para sempre» (cf. Is 25, 6-8).

A missão de Cristo é missão da plenitude dos tempos, como Ele mesmo declarou no início da sua pregação: «Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo» (Mc 1, 15). Ora, os discípulos de Cristo são chamados a continuar esta mesma missão do seu Mestre e Senhor. A propósito, recordemos o ensinamento do Concílio Vaticano II sobre o caráter escatológico do compromisso missionário da Igreja: «A atividade missionária desenrola-se entre o primeiro e o segundo advento do Senhor (…). Antes de o Senhor vir, tem de ser pregado o Evangelho a todos os povos» (Decr. Ad gentes, 9).

Sabemos que o zelo missionário, nos primeiros cristãos, possuía uma forte dimensão escatológica. Sentiam a urgência do anúncio do Evangelho. Também hoje é importante ter presente tal perspetiva, porque nos ajuda a evangelizar com a alegria de quem sabe que «o Senhor está perto» e com a esperança de quem propende para a meta, quando estivermos todos com Cristo no seu banquete nupcial no Reino de Deus. Assim, enquanto o mundo propõe os vários «banquetes» do consumismo, do bem-estar egoísta, da acumulação, do individualismo, o Evangelho chama a todos para o banquete divino onde reinam a alegria, a partilha, a justiça, a fraternidade, na comunhão com Deus e com os outros.

Temos esta plenitude de vida, dom de Cristo, antecipada já agora no banquete da Eucaristia, que a Igreja celebra por mandato do Senhor em memória d’Ele. Por isso o convite ao banquete escatológico, que levamos a todos na missão evangelizadora, está intrinsecamente ligado ao convite para a mesa eucarística, onde o Senhor nos alimenta com a sua Palavra e com o seu Corpo e Sangue. Como ensinou Bento XVI, «em cada celebração eucarística realiza-se sacramentalmente a unificação escatológica do povo de Deus. Para nós, o banquete eucarístico é uma antecipação real do banquete final, preanunciado pelos profetas (cf. Is 25, 6-9) e descrito no Novo Testamento como “as núpcias do Cordeiro” (Ap 19, 7-9), que se hão de celebrar na comunhão dos santos» (Exort. ap. pós-sinodal Sacramentum caritatis, 31).

Assim, todos somos chamados a viver mais intensamente cada Eucaristia em todas as suas dimensões, particularmente a escatológica e a missionária. Reafirmo, a este respeito, que «não podemos abeirar-nos da mesa eucarística sem nos deixarmos arrastar pelo movimento da missão que, partindo do próprio Coração de Deus, visa atingir todos os homens» (Ibid., 84). A renovação eucarística, que muitas Igrejas Particulares têm louvavelmente promovido no período pós-Covid, será fundamental também para despertar o espírito missionário em todo o fiel. Com quanta mais fé e ímpeto do coração se deveria pronunciar, em cada Missa, a aclamação «Anunciamos, Senhor, a vossa morte, proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!»

Por conseguinte, no Ano dedicado à oração como preparação para o Jubileu de 2025, desejo convidar a todos para intensificarem também e sobretudo a participação na Missa e a oração pela missão evangelizadora da Igreja. Esta, obediente à palavra do Salvador, não cessa de elevar a Deus, em cada celebração eucarística e litúrgica, a oração do Pai Nosso com a invocação «Venha a nós o vosso Reino». E assim a oração quotidiana e de modo particular a Eucaristia fazem de nós peregrinos-missionários da esperança, a caminho da vida sem fim em Deus, do banquete nupcial preparado por Deus para todos os seus filhos.

3. «Todos»: a missão universal dos discípulos de Cristo e a Igreja toda sinodal-missionária

A terceira e última reflexão diz respeito aos destinatários do convite do rei: «todos». Como sublinhei, «no coração da missão, está isto: aquele “todos”. Sem excluir ninguém. Todos. Por conseguinte, cada uma das nossas missões nasce do Coração de Cristo, para deixar que Ele atraia todos a Si» (Discurso aos participantes na Assembleia Geral das Pontifícias Obras Missionárias, 03/VI/2023). Ainda hoje, num mundo dilacerado por divisões e conflitos, o Evangelho de Cristo é a voz mansa e forte que chama os homens a encontrarem-se, a reconhecerem-se como irmãos e a alegrarem-se pela harmonia entre as diversidades. Deus «quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade» (1 Tim 2, 4). Por isso, nas nossas atividades missionárias, nunca nos esqueçamos que somos enviados a anunciar o Evangelho a todos, e «não como quem impõe uma nova obrigação, mas como quem partilha uma alegria, indica um horizonte estupendo, oferece um banquete apetecível» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 14).

Os discípulos-missionários de Cristo trazem sempre no coração a preocupação por todas as pessoas, independentemente da sua condição social e mesmo moral. A parábola do banquete diz-nos que, seguindo a recomendação do rei, os servos reuniram «todos aqueles que encontraram, maus e bons» (Mt 22, 10). Além disso, os convidados especiais do rei são precisamente «os pobres, os estropiados, os cegos e os coxos» (Lc 14, 21), isto é, os últimos e os marginalizados da sociedade. Assim, o banquete nupcial do Filho, que Deus preparou, permanece para sempre aberto a todos, porque grande e incondicional é o seu amor por cada um de nós. «Tanto amou Deus o mundo, que lhe entregou o seu Filho Unigénito, a fim de que todo o que n’Ele crê não se perca, mas tenha a vida eterna» (Jo 3, 16). Toda a gente, cada homem e cada mulher, é destinatário do convite de Deus para participar na sua graça que transforma e salva. Basta apenas dizer «sim» a este dom divino gratuito, acolhendo-o e deixando-se transformar por ele, como se se revestisse com um «traje nupcial» (cf. Mt 22, 12).

A missão para todos requer o empenho de todos. Por isso é necessário continuar o caminho rumo a uma Igreja, toda ela, sinodal-missionária ao serviço do Evangelho. De per si a sinodalidade é missionária e, vice-versa, a missão é sempre sinodal. Por conseguinte, hoje, é ainda mais urgente e necessária uma estreita cooperação missionária seja na Igreja universal, seja nas Igrejas Particulares. Na esteira do Concílio Vaticano II e dos meus antecessores, recomendo a todas as dioceses do mundo o serviço das Pontifícias Obras Missionárias, que constituem meios primários «quer para dar aos católicos um sentido verdadeiramente universal e missionário logo desde a infância, quer para promover coletas eficazes de subsídios para bem de todas as missões segundo as necessidades de cada uma» (Decr. Ad gentes, 38). Por esta razão, as coletas do Dia Mundial das Missões em todas as Igrejas Particulares são inteiramente destinadas ao Fundo Universal de Solidariedade, que depois a Pontifícia Obra da Propagação da Fé distribui, em nome do Papa, para as necessidades de todas as missões da Igreja. Peçamos ao Senhor que nos guie e ajude a ser uma Igreja mais sinodal e mais missionária (cf. Homilia na Missa de encerramento da Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, 29/X/2023).

Por fim, voltemos o olhar para Maria, que obteve de Jesus o primeiro milagre precisamente numa festa de núpcias, em Caná da Galileia (cf. Jo 2, 1-12). O Senhor ofereceu aos noivos e a todos os convidados a abundância do vinho novo, sinal antecipado do banquete nupcial que Deus prepara para todos no fim dos tempos. Também hoje peçamos a sua intercessão materna para a missão evangelizadora dos discípulos de Cristo. Com o júbilo e a solicitude da nossa Mãe, com a força da ternura e do carinho (cf. Exort. ap. Evangelii gaudium, 288), saiamos e levemos a todos o convite do Rei Salvador. Santa Maria, Estrela da evangelização, rogai por nós!

Roma – São João de Latrão, na Festa da Conversão de São Paulo, 25 de janeiro de 2024.

FRANCISCO

Fonte: Vatican News

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Regional Sul 1 da CNBB realiza 45ª Assembleia Eclesial

Igreja Sinodal: alargar a tenda da oração, escuta e da comunicação”. Esse foi o tema central da 45ª edição da Assembleia Eclesial do Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. O encontro, no Mosteiro de Itaici, em Indaiatuba, reuniu arcebispos, bispos, coordenadores diocesanos de pastoral, agentes de comunicação e participantes das dinâmicas sinodais entre os dias 27 e 29 de setembro.

A Diocese de Guarulhos esteve representada na 45ª Assembleia Eclesial pelo bispo, Dom Edmilson Amador Caetano, O. Cist., pelo coordenador de pastoral, Pe. Marcelo Dias, pelo representante da Pastoral da Comunicação, Sérgio Silva, pela representante do Conselho de Leigos, Célia Soares, pelo coordenador da Pastoral Carcerária, Pe. Marcos Alves, pelo representante da Pastoral do Povo da Rua, Pe. Paulo Leandro, pela representante da Música Litúrgica, Caetana Cecília e mais duas representantes dos leigos de nossa Diocese.

NOVAS DIRETRIZES
“Senhor, eu quero entrar no santuário pra te louvar”. O firme propósito, entoado em forma de canto, ecoou durante a Celebração de Abertura da 45ª Assembleia Eclesial do Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Superados os primeiros passos, o caminho a ser percorrido de hoje, dia 27, até domingo, dia 29, será orientado, em dinâmica sinodal, pelo Espírito Santo.
Sob a terna proteção de Nossa Senhora Aparecida, 42 bispos e arcebispos, 66 padres, diáconos e religiosos, e cerca de 140 leigos seguiram em procissão, como “Igreja em Saída”, para o auditório do Mosteiro de Itaici para aprovação do programa da Assembleia.
ASSEMBLEIA ECLESIAL EM CONVERSA NO ESPÍRITO
Suscitadas pelo Espírito Santo, as contribuições de 18 grupos formados com os participantes da 45ª Assembleia Eclesial do Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) foram apresentadas na terceira sessão do encontro que acontece no Mosteiro de Itaici em Indaiatuba. Também etapa inicial do segundo dia foi dedicada à dinâmica.
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E PASTORAL
Missa de Nossa Senhora no sábado. O segundo dia da Assembleia Eclesial do Regional Sul 1 da CNBB foi consagrado à Virgem Maria; aquela que, aos pés da Cruz, manteve a fé viva mesmo enquanto aguardava a ressurreição de seu Filho.
Sinal dessa esperança e símbolo da valiosa colaboração das mulheres na Igreja, a imagem de Nossa Senhora do Patrocínio foi conduzida ao presbitério pelas agentes presentes ao encontro realizado no Mosteiro de Itaici. “Nós sabemos que ela patrocina as nossas intenções e as nossas súplicas”, sublinhou o primeiro bispo da Diocese de Jaú, Dom Francisco Carlos da Silva, ao destacar o título mariano escolhido como padroeiro da mais nova Igreja Particular do Brasil.
 
Outros desafios
 
“Inteligência artificial e seu impacto na Pastoral”. Em duas sessões dirigidas por Moisés Sbardelotto, o tema foi apresentado aos bispos e agentes de pastoral de Dioceses Paulistas. A reflexão do doutor em comunicação passou pelos conceitos, circulou entre os resultados de pesquisas para alcançar o Magistério do Papa Francisco. O Pontífice, muito recentemente (para citar apenas dois exemplos) se dedicou à nova realidade tecnológica quando do Dia Mundial da Paz e das Comunicações Sociais. “É o Santo Padre que nos apresenta a ideia de galáxia de realidades diversas”, disse Sbardelotto ao situar o tempo presente em um “regime de tecnociência”.
PAINÉIS TEMÁTICOS E AÇÃO PASTORAL
Momento Orante estabeleceu a sintonia dos corações com o Espírito Santo em prol da terceira etapa da Assembleia Eclesial, na tarde de sábado, dia 28. A 10ª sessão, no trânsito da programação, foi igualmente apoiada na dinâmica da conversa espiritual.
 
Antes das atividades em grupos, a partir da organização das sub-regiões, o cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, apresentou análise de conjuntura eclesial vigorosamente profunda e realista. “Vivemos um tempo de polarização ideológica que envolve também a Igreja”, disse. O religioso igualmente situou parte de sua exposição nos desafios relacionados às vocações. Os conflitos ao redor do mundo e a busca de caminhos que conduzam à paz também mereceram a atenção do cardeal.
 
Confira algumas fotos da 45ª Assembleia Eclesial:
45ª Assembleia Eclesial do Regional Sul 1 - CNBB
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CNBB publica nota sobre eventos climáticos extremos e pede correção de rumos

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), por meio de sua Presidência, publicou na sexta-feira, 20 de setembro, uma nota sobre os eventos climáticos extremos. No documento, a CNBB aponta que “a gravidade deste momento exige de todos coragem, sensatez e pronta correção de rumos”.

A nota chama a atenção para as alterações no clima que ultimamente tem mudado numa velocidade impressionantes. A enchente no sul do país, uma das maiores secas em amplo território nacional e o aumento assustador de queimadas são sintomas desta mudança apontada pela Conferência.

“Aproximando-nos da festa de São Francisco de Assis, somos instados a reconhecer o momento crucial e decisivo para a proteção do equilíbrio ambiental e climático em todo planeta”, diz um trecho do documento.

A nota afirma ainda que os povos e comunidades que mais demonstram habilidade e cuidado na proteção dos biomas são, paradoxalmente, os mais ameaçados e desconsiderados. A nota aponta a urgência dos poderes públicos adotarem intervenções rápidas, eficazes e estruturadas para enfrentar os eventos climáticos e garantir o cumprimento da legislação, fiscalização e punição dos culpados e investimento em prol de políticas ambientais que promovam os direitos de toda Criação.

A CNBB se solidariza com todas as vítimas de eventos climáticos extremos no país e conclama o povo brasileiro à corresponsabilidade, compromisso e o cuidado com a Casa Comum.  Confira, abaixo, a íntegra da nota.

Integra do documento:
Nota da CNBB sobre eventos climáticos extremos 

Foto de capa:
Mayanddi Inzaulgarat/Ibama

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CNBB e MCCE lançam nota sobre PLP n° 192 do Senado que altera a Lei da Ficha Limpa

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) publicaram na segunda-feira, 2 de setembro, uma nota sobre o Projeto de Lei Complementar (PLP) nº 192/2023 que está tramitando no Senado e propõe alterações significativas na Lei da Ficha Limpa (Lei Complementar nº 135, de 2010), uma das mais importantes conquistas democráticas da sociedade brasileira, resultado de uma ampla mobilização popular coordenadas pelas duas organizações.

No documento, a CNBB e o MCCE apontam que o projeto de lei ameaça desfigurar os principais mecanismos de proteção da Lei da Ficha Limpa, beneficiando especialmente aqueles condenados por crimes graves, cuja inelegibilidade poderá ser reduzida ou mesmo anulada antes do cumprimento total das penas.

A CNBB e o MCCE afirmam não ser “possível que uma das únicas leis de iniciativa popular de nosso país seja alterada sem um diálogo com todos os setores da sociedade brasileira” e exige um amplo debate com participação de todos sobre o PLP.

As organizações convidam os senadores a refletirem cuidadosamente sobre as consequências dessa proposta, que será debatida no plenário do Senado Federal e vista do “compromisso com a ética e a justiça, valores fundamentais para a construção de um Brasil mais justo, democrático e solidário.”

Clique aqui para acessar o documento.

Confira a nota na íntegra:

NOTA SOBRE O PLP nº 192/2023, que desfigura a Lei da Ficha Limpa 

“É necessária a política melhor, a política colocada ao serviço do verdadeiro bem comum”. (Papa Francisco, Fratelli Tutti, 154)

O Projeto de Lei Complementar (PLP) nº 192/2023, que propõe alterações significativas na Lei da Ficha Limpa (Lei Complementar nº 135, de 2010), uma das mais importantes conquistas democráticas da sociedade brasileira, está na pauta do plenário do Senado Federal e representa um grave retrocesso para o país. Esta Lei, fruto da mobilização de milhões de brasileiros e brasileiras, convidados à participação por dezenas de grandes organizações sociais, foi aprovada por unanimidade pelas duas Casas do Congresso Nacional em 2010, representa um marco na luta contra a corrupção e pela transparência e ética na política.

O referido Projeto de Lei ameaça desfigurar os principais mecanismos de proteção da Lei da Ficha Limpa, beneficiando especialmente aqueles condenados por crimes graves, cuja inelegibilidade poderá ser reduzida ou mesmo anulada antes do cumprimento total das penas. Além disso, a proposta visa isentar de responsabilidade aqueles que, mesmo derrotados nas urnas, tenham praticado graves abusos de poder político e econômico, o que enfraquece o combate às práticas corruptas que comprometem a democracia brasileira.

As relações entre os poderes da República merecem todo o respeito. Contudo, as decisões políticas, com o objetivo do bem comum, exigem amplo debate e participação de todos. Não é possível que uma das únicas leis de iniciativa popular de nosso país seja alterada sem um diálogo com todos os setores da sociedade brasileira.

A Conferência Nacional dos Bispos Brasil-CNBB e o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral-MCCE, duas das instituições que contribuíram com a mobilização em torno da Lei da Ficha Limpa, convidam os senhores senadores e as senhoras senadoras a refletir cuidadosamente sobre as consequências dessa proposta, que será debatida no plenário do Senado Federal. Cabe aqui recordar as palavras do Papa Francisco, que soam como alerta: “Atualmente muitos possuem uma má noção da política, e não se pode ignorar que frequentemente, por trás deste fato, estão os erros, a corrupção e a ineficiência de alguns políticos” (FT 176).

Assim como a vontade do povo é soberana nas eleições, deve ser igualmente respeitada nas leis de iniciativa popular, a sociedade brasileira, que construiu e apoia a Lei da Ficha Limpa, acompanha atentamente esse debate e espera que o PLP nº 192/2023 seja rejeitado, em respeito à vontade popular e à integridade das nossas instituições democráticas. Que prevaleça o compromisso com a ética e a justiça, valores fundamentais para a construção de um Brasil mais justo, democrático e solidário.

Brasília – DF, 2 de setembro de 2024

Dom Jaime Spengler
Arcebispo da Arquidiocese de Porto Alegre – RS
Presidente da CNBB

Dom João Justino de Medeiros Silva 
Arcebispo da Arquidiocese de Goiânia – GO
1º Vice-Presidente da CNBB

Dom Paulo Jackson Nóbrega de Sousa 
Arcebispo da Arquidiocese de Olinda e Recife – PE
2º Vice-Presidente da CNBB

Dom Ricardo Hoepers 
Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Brasília – DF
Secretário-Geral da CNBB

Assinaturas Diretores do MCCE e entidades que eles representam:

Haroldo Santos Filho 
CFC – Conselho Federal de Contabilidade

Inácio Guedes Borges
CFA – Conselho Federal de Administração e MCCE-AM (Comitê MCCE Amazonas)

Luciano Caparroz P. dos Santos 
CSDDH (Centro Santos Dias de Direitos Humanos da Arquidiocese de São Paulo) e MCCE-SP (Comitê MCCE São Paulo)

Tania Fernanda P. Pereira 
ADPF – Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal

 

Texto e foto: CNBB

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8º Encontro Nacional da Pascom

De 12 a 14 de julho, o Centro de Eventos Padre Vítor Coelho de Almeida, em Aparecida, foi o palco do 8º Encontro Nacional da Pastoral da Comunicação (Pascom), reunindo mais de 900 participantes de todas as regiões do Brasil. O evento contou com uma programação diversificada de conferências, seminários, oficinas e workshops, centrados no tema “Pastoral da Comunicação em uma mudança de época: desafios e perspectivas.”

Primeiro dia – 12 de julho de 2024

O evento começou com uma recepção calorosa, superando as expectativas de público. Monsenhor Lucio Adrian Ruiz, Secretário do Dicastério para a Comunicação da Santa Sé, abriu as palestras com reflexões sobre o papel crucial da comunicação na missão da Igreja. Ele enfatizou: “É essencial adaptar-se às dinâmicas da cultura contemporânea sem perder a essência da mensagem cristã.” A reflexão sobre “Inteligência Artificial: o futuro no presente” foi conduzida por Everthon de Souza Oliveira e Aline Amaro da Silva. Everthon, professor do CEFET-MG, destacou “a necessidade de integrar a tecnologia de forma ética e eficaz no serviço pastoral.” Aline, teóloga e jornalista, complementou ao afirmar que “a inteligência artificial pode ser uma ferramenta poderosa para a evangelização, desde que usada com discernimento.”  

Segundo dia – 13 de julho de 2024

O segundo dia começou com a palestra “Comunicadores da Esperança”, apresentada por Dom Amilton Manoel da Silva, bispo de Guarapuava, membro da Comissão Episcopal para a Comunicação Social da CNBB. É graduado em Filosofia, História, Psicologia e Teologia. Possui especialização em formação humana, espiritualidade, liturgia e parapsicologia. Dom Amilton, ressaltou a importância de “serem comunicadores da paz e da esperança em um mundo tão necessitado de boas notícias.” Moisés Sbardelotto, jornalista e professor, seguiu com a conferência “Igreja em saída nas rodovias digitais”, sublinhando que “a presença dos cristãos nas redes sociais deve ir além dos instrumentos e envolver uma compreensão profunda das mudanças culturais e sociais que ocorrem no contexto digital.” Ele lembrou as palavras do Papa Francisco: “Entre as estradas estão também as digitais, congestionadas de humanidade, muitas vezes ferida.” À tarde, os participantes se dividiram em grupos temáticos para discutir tópicos como inteligência artificial, planejamento pastoral, espiritualidade nas paróquias, tendências para mídias sociais, comunicação para transformação social, e protagonismo feminino na comunicação. Sbardelotto refletiu sobre o impacto das redes sociais na saúde mental, afirmando que “o aumento de depressão e suicídio entre os jovens demanda da Igreja uma reflexão profunda sobre sua missão no ambiente digital.”

Terceiro e último dia – 14 de julho de 2024

O último dia começou com a Santa Missa, presidida por Dom Valdir Castro, Presidente da Comissão Episcopal para a Comunicação da CNBB, que destacou a importância da comunicação na evangelização: “A Pascom desempenha um papel crucial na união dos fiéis e no fortalecimento da fé.” Em sua homilia, ele ressaltou a necessidade de uma comunicação que “seja verdadeira, acolhedora e promotora da paz.” Ele destacou que “a comunicação eficaz é aquela que constrói pontes, não muros. Nós, como comunicadores, somos chamados a ser construtores de paz em meio às adversidades do mundo moderno.” Após a Santa Missa, aconteceu a última conferência do encontro que foi apresentada pela da Irmã Joana Puntel, irmã Paulina, jornalista pela Faculdade Casper Líbero- SP. Possui mestrado em Comunicação pela Universidade Metodista de S. Paulo – Unesp, doutorado em Comunicação pela Simon Fraser University (Vancouver, Canadá) e pela Universidade de S. Paulo (USP). Pesquisadora na The London School of Economics and Political Science (Londres, Inglaterra). intitulada “Artesãos da comunhão: a comunicação eclesial num ambiente polarizado”, forneceu orientações práticas para os agentes de comunicação. Ela destacou que “num mundo polarizado, a comunicação deve ser um instrumento de unidade e compreensão.” Na conclusão do evento, Marcus Tullius agradeceu pelos seis anos de liderança na Pascom Brasil, e Janaína Gonçalves foi anunciada como a nova coordenadora nacional. Janaína comentou sobre a emoção de ver o Centro de Eventos do Santuário Nacional lotado: “É uma alegria imensa celebrar a comunicação e olhar para os novos passos da Pascom, especialmente com o Jubileu de 2025 e o processo sinodal.” O encontro encerrou com o envio dos pasconeiros e pasconeiras. Dom Valdir animou os presentes a “serem comunicadores da paz, da fraternidade e da esperança em suas comunidades, paróquias e dioceses.” A bênção final, pela intercessão de Nossa Senhora Aparecida, trouxe um sentimento de renovação e compromisso, marcando um encerramento emocionante para todos os participantes.  
Foto Oficial do 8º Encontro Nacional da Pascom – Foto: Maurício Aoki
8º Encontro Nacional da Pascom em Aparecida destacou a relevância da comunicação na missão da Igreja, abordando os desafios e perspectivas em uma era de rápidas mudanças culturais e tecnológicas. O evento reforçou a necessidade de uma comunicação autêntica e eficaz, capaz de integrar tecnologia e espiritualidade na disseminação da missionariedade da Boa Nova.
“falar com o coração no processo sinodal” em curso na Igreja. Fala de uma “escuta sem preconceitos” que seja “atenta e disponível” e sustenta que “na Igreja temos urgente necessidade de uma comunicação que inflame os corações, seja bálsamo nas feridas e ilumine o caminho dos irmãos e irmãs” (Papa Francisco)
Confira algumas fotos da participação da Pascom Diocesana no Encontro:
8º Encontro Nacional da Pascom
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Encontro Nacional de Coordenadores de Pastoral da CNBB

O Encontro Nacional de Coordenadores de Pastoral, promovido pelo Secretariado Geral da CNBB aconteceu de 08 a 12 de julho e reuniu 203 coordenadores e coordenadoras de pastoral de todo o país na Casa dom Luciano, em Brasília.

O padre Marcelo Dias, coordenador de pastoral da Diocese de Guarulhos esteve presente no Encontro, juntamente com os coordenadores da Regional Sul 1 da CNBB.

O Encontro

Sob o olhar das perspectivas para a ação evangelizadora da Igreja no Brasil, o arcebispo incentivou os participantes a refletirem sobre suas experiências pastorais, a partir de eixos como a formação e a comunicação. Para ajudar na reflexão, utilizou-se de oito pontos centrais que vão desde as perspectivas da pessoa, passando pela missão/missionariedade até a reflexão sobre a construção de uma sociedade mais justa e fraterna. 

“O termo perspectiva vem do latim e significa enxergar claramente. Perspectiva é a capacidade de visualizar as coisas a partir do lugar em que você está. Para nós, aqui, tem a ver com a sensibilidade, visão, escuta”, iniciou dom João Justino. 

Refletindo sobre a perspectiva da pessoa e o desafio da massificação, o arcebispo salientou que é preciso que os coordenadores pensem a pastoral de forma individual e que não deve-se olhar a ação pastoral sem pensar nas pessoas. “Daqui vem o valor, a defesa, a promoção da pessoa humana. Não pode haver pastoral sem pensar na pessoa humana (seus desafios, motivações)”, explicou. 

Dom João Justino incentivou os coordenadores a conhecerem a realidade na qual estão inseridos para que possam cada vez mais identificar as necessidades pastorais. “Devemos conhecer a realidade, as pessoas, como elas vivem, quais questões elas nos trazem”, disse.

Missão e missionariedade

Sob olhar da missão/missionariedade, segundo ponto discutido, o arcebispo incentivou os coordenadores de pastoral a irem além, saírem do conformismo. Explicou que é preciso pensar na importância de se articular estruturas missionárias. “Nossa igreja diocesana é missionária? A missão está relacionada às pessoas?”, enfatizou. 

Na perspectiva da iniciação à vida cristã levantou o desafio de se transmitir a fé às novas gerações. Chamou atenção para o fato de que vive-se em um mundo de diversidades e que é preciso pensar em como transmitir a fé, diante de um cenário de diferentes expressões e vivências. 

O arcebispo alertou, ainda, para o desafio de se enfrentar o individualismo e o anonimato, sobretudo nas grandes cidades. E destacou as pequenas comunidades como o quarto ponto a ser refletido.

“Como proposta a igreja aposta nas pequenas comunidades. A paróquia é como uma rede de pequenas comunidades. O próprio Papa Francisco fala que a paróquia não é uma realidade caduca, precisamente porque possui uma grande dinamicidade. Existe uma vitalidade nas paróquias”, argumentou.  

Animação bíblica da pastoral

Falando da perspectiva, sob a visão da animação bíblica da pastoral, dom João Justino questionou o excesso de “devocionalismo”, que é segundo ele, quando as devoções ocupam um lugar de prioridade não deixando sombra para a experiência do conteúdo da fé baseada na Palavra de Deus.  

“Há experiências bonitas, como por exemplo, o Mês da Bíblia. Uma fé alimentada pela Palavra, mas nem sempre damos centralidade à Palavra. Nós damos valor a palavra que nos inspira? A Palavra de Deus cabe na sua ação evangelizadora?”, questionou.  

O sexto ponto abordado foi a ministerialidade, a partir de uma reflexão sobre a participação das mulheres na vida da Igreja. Dom João Justino afirmou que não se pode pensar a Igreja sem discutir a participação das mulheres. Os últimos dois outros pontos citados foram a  sinodalidade e de uma construção de uma sociedade mais justa e fraterna. O encontro terminou com uma missa presidida pelo arcebispo. 

 

Fonte: cnbb.org.br

Encontro Nacional de Coordenadores de Pastoral - CNBB