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O preceito dominical (Parte I)

O católico é obrigado a participar das missas aos domingos?

Instituído para amparo da vida cristã, o domingo adquire, naturalmente, também um valor de testemunho e anúncio. Dia de oração, de comunhão e alegria, ele repercute sobre a sociedade, irradiando sobre ela energias de vida e motivos de esperança. O domingo é o anúncio de que o tempo, habitado por Aquele que é o Ressuscitado e o Senhor da história, não é o túmulo das nossas ilusões, mas o berço de um futuro sempre novo, a oportunidade que nos é dada de transformar os momentos fugazes desta vida em sementes de eternidade. O domingo é convite a olhar para diante, é o dia em que a comunidade cristã eleva para Cristo o seu grito: ‘Maranatha: Vinde, Senhor!’ (1Cor 16,22). Com esse grito de esperança e expectativa, ela se faz companheira e sustentáculo da esperança dos homens. E domingo a domingo, iluminada por Cristo, caminha para o domingo sem fim da Jerusalém celeste, quando estiver completa em todas as suas feições a mística Cidade de Deus, que ‘não necessita de Sol nem de Lua para a iluminar, porque é iluminada pela glória de Deus, e a sua luz é o Cordeiro’” (Ap 21,23) (São João Paulo II, Dies Domini, n. 84).

A participação da Santa Missa aos domingos é um compromisso de particular importância em nossa experiência de fé. O Catecismo da Igreja Católica ensina-nos que a celebração da Eucaristia dominical, do Dia do Senhor, está no coração da vida da Igreja. “O domingo, em que se celebra o mistério pascal, por tradição apostólica, deve guardar-se em toda a Igreja como o primordial dia festivo de preceito”. (Catecismo da Igreja Católica, n. 2177)

No entanto, antes de ser uma obrigação para nós católicos, a participação da Santa Missa aos domingos é uma exigência que está inscrita na essência da vida cristã. Por isso, na Igreja nascente, não havia o preceito dominical, já que os fiéis tinham a assembleia dominical como o ponto mais alto e importante da vida espiritual.

Na Igreja antiga a participação da missa dominical era uma obrigação de consciência, que tem sua razão der ser na necessidade interior que os cristãos dos primeiros séculos sentiam tão intensamente, assim a Igreja Católica nunca deixou de afirmar, embora, no início, não julgou ser necessário prescrevê-la.

Mas, com o tempo, devido à tibieza ou à negligência de alguns, a Igreja teve de explicitar aos fiéis o dever da participação na Missa aos domingos. Na maior parte das vezes, fez isso sob a forma de exortação, mas, às vezes, também recorreu a disposições canônicas concretas.

O primeiro e o mais importante mandamento da Igreja determina que somos obrigados a participar da Santa Missa aos domingos e nas solenidades de preceito: “No domingo e nos outros dias festivos de preceito, os fiéis têm obrigação de participar na Missa” (Catecismo da Igreja Católica, n. 2180). Cumprimos esse preceito se participarmos da Santa Missa celebrada em rito católico, no próprio dia festivo ou na tarde do dia anterior.

 

Pe. Fernando Gonçalves – Comissão Diocesana de Liturgia

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A Liturgia como lugar privilegiado da Palavra de Deus

A Exortação Apostólica Verbum Domini, do Papa Bento XVI, tem como finalidade tratar da Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja. No numero 52 da exortação, retomando a teologia da Constituição Litúrgica Sacrosancum Concilium, explicita o papel fundamental da Palavra de Deus durante o momento celebrativo:

Considerando a Igreja como “casa da Palavra”, deve-se antes de tudo dar atenção à Liturgia sagrada. Esta constitui, efetivamente, o âmbito privilegiado onde Deus nos fala no momento presente da nossa vida: fala hoje ao seu povo, que escuta e responde. Cada ação litúrgica está, por sua natureza, impregnada da Sagrada Escritura… Mais ainda, deve-se afirmar que o próprio Cristo “está presente na sua palavra, pois é Ele que fala ao ser lida na Igreja a Sagrada Escritura”. Com efeito, a celebração litúrgica torna-se uma contínua, plena e eficaz proclamação da Palavra de Deus. (VD 52)

A assembleia litúrgica é o contexto por excelência para a leitura e interpretação da Sagrada Escritura. “É na Liturgia que Deus fala ao Seu povo, e Cristo continua a anunciar o Evangelho”. A Bíblia, testemunho mais eloquente da Revelação, unida à Tradição da Igreja, tem na Liturgia seu lugar de cumprimento.

A Palavra de Deus, na sagrada Liturgia, é algo vivo e atual. Sua ação salvífica se concretiza de modo privilegiado nos Sacramentos, em particular na Eucaristia. As leituras que compõem o Lecionário têm como finalidade transmitir o conteúdo da Sagrada Escritura de modo acessível e pedagógico.

A Liturgia é a celebração dos mistérios de Cristo no tempo. Na Liturgia não proclamamos apenas uma Palavra, não fazemos simplesmente uma leitura da História da Salvação, mas a mesma atualiza-se: a Liturgia proclama e realiza os mistérios da salvação na vida do povo de Deus.

Sempre que a Palavra de Deus é proclamada, é o Espírito que fala por meio da voz do leitor e doa o fervor para que a mesma e única Palavra seja interpretada de modos diversos, uma vez que o mesmo Espírito Santo foi quem inspirou a Escritura.

Diante do exposto ate aqui, recordamos aos leitores que não basta ler! O leitor deve saber proclamar o texto. Sua leitura proclamada deve atingir a atenção e o coração dos ouvintes. O leitor deve projetar a sua voz para fora, de forma que fique nítida aos ouvidos da assembleia. Será que em nossas comunidades podemos ser mais caprichosos na proclamação da liturgia da Palavra?

 

Pe. Fernando GonçalvesComissão Diocesana de Liturgia