A alegria pascal da conversão
O Sacramento da Penitência e Reconciliação está intimamente ligado ao mistério pascal: Cristo é o vencedor do pecado e da morte. O fiel cristão participa do movimento da graça libertadora e vivificadora que vem da Páscoa do Salvador: ele nos livra das amarras do pecado e da morte.
Nas chamadas parábolas da misericórdia, nosso Senhor Jesus destaca a alegria do encontro da ovelha perdida, que foi ansiosamente buscada pelo pastor: “Regozijai-vos comigo, achei a minha ovelha que se havia perdido. Digo-vos que assim haverá maior júbilo no céu por um só pecador que fizer penitência do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento”.(Lucas 15, 6-7) Igualmente refere a alegria da mulher que procurara sua moedinha perdida até encontrá-la: “E tendo-a encontrado, reúne as amigas e vizinhas, dizendo: Regozijai-vos comigo, achei a dracma que tinha perdido. Digo-vos que haverá júbilo entre os anjos de Deus por um só pecador que se arrepende.” (Lucas 15, 9-10)
Por fim, Jesus descreve o movimento libertador da graça do Pai misericordioso que gera a vida nova no filho, perdido, buscado, reencontrado, festejado alegremente: “comamos e façamos uma festa. Este meu filho estava morto, e reviveu; tinha se perdido, e foi achado. E começaram a festa.” (Lucas 15, 23-24)
“O fato novo, o anel e o banquete festivo são símbolos desta vida nova, pura, digna, cheia de alegria, que é a vida do homem que volta para Deus e para o seio da família que é a Igreja. Só o coração de Cristo, que conhece a profundidade do amor do seu Pai, pôde revelar-nos o abismo da sua misericórdia, de um modo tão cheio de simplicidade e beleza.” (CIC 1439)
Nas parábolas da misericórdia acima referidas, a ovelha desgarrada é reintegrada ao rebanho; a moeda perdida volta à coleção de sua dona, e o filho perdido e encontrado, volta ao seio da família.
O pecado é ruptura com Deus e com a Igreja. Por essa razão a conversão proporciona, simultaneamente, o perdão de Deus e a reconciliação com a Igreja. O rito sacramental da penitência celebra liturgicamente esse perdão e essa reconciliação.
Jesus, o filho de Deus, tem o poder de perdoar os pecados e o transmitiu a sua Igreja.
O Senhor desejou quis que a sua Igreja sinal e instrumento do perdão e da reconciliação que Ele nos conquistou pelo preço do seu sangue. O apóstolo é enviado «em nome de Cristo» e «é o próprio Deus» que, através dele, exorta e suplica: «Deixai-vos reconciliar com Deus» (2 Cor 5, 20).
“Jesus não somente perdoou os pecados, como também manifestou o efeito desse perdão: reintegrou os pecadores perdoados na comunidade do povo de Deus, da qual o pecado os tinha afastado ou mesmo excluído. Sinal bem claro disso é o facto de Jesus admitir os pecadores à sua mesa, e mais ainda: de se sentar à mesa deles, gesto que exprime ao mesmo tempo, de modo desconcertante, o perdão de Deus, e o regresso ao seio do povo de Deus” (CIC 1443). A reconciliação com a Igreja é inseparável da reconciliação com Deus.
O Sacramento da Penitência e Reconciliação cura as feridas do pecado, devolve a graça batismal àquele que a perdeu pelo pecado, reintegra à comunhão com toda a Igreja, fortifica o fiel para a vivência das virtudes cristãs e concede a plena alegria e exultação: “e o vosso coração se alegrará e ninguém vos tirará a vossa alegria.” (Jo 16,22)
Pe. Antônio Bosco da Silva