Acredito que todos já ouvimos a fábula do menino perdido que procurava por sua mãe. Quando lhe perguntavam como seria sua mãe, ele dizia: “É a mulher mais linda do mundo!” Todos então saíram à procura da mulher mais bela. Quando lhe apresentavam as mulheres lindas que encontravam, o menino dizia: “Não é esta! Minha mãe é a mulher mais linda do mundo!” Encontraram, então, uma senhora encurvada, marcada por rugas de sofrimentos, que procurava por seu filho. Pensaram: “ Mas, será esta? Esta não é a mulher mais linda do mundo.” Apresentaram a tal mulher ao menino. Vendo-a ele disse: “Esta é a minha mãe! Ela é a mulher mais linda do mundo!”
A Igreja é também nossa mãe. Dela todos nós, pelo batismo, nascemos. É a mais linda do mundo, pois tem a beleza da Palavra e a graça dos Sacramentos e continua no mundo a mais bela obra, a obra redentora de Nosso Senhor Jesus Cristo. “…Cristo amou a Igreja e se entregou por ela, a fim de purificá-la com o banho da água e santificá-la pela Palavra, para apresentar a si mesmo a Igreja, gloriosa, sem mancha nem ruga, ou coisa semelhante, mas sana e irrepreensível.” (Ef 5,25-27) Esta realidade sacramental da Igreja é indestrutível, mesmo diante das rugas e feiura dos pecados de seus membros.
Ao respondermos à consulta diocesana para o Sínodo de 2023, não podemos duvidar da santidade e missão da Igreja, nem mesmo esquecer da maternidade da Igreja e que somos filhos dela. Seria duvidar do próprio Cristo. (Isso é dito para os católicos). Responder à consulta numa atitude de ataque e desprezo, é como atacar e desprezar a própria mãe, que mesmo enrugada e deficiente é a mais linda do mundo e do seu ventre todos nascemos. Por outro lado, somos chamados a discernir como vivenciamos em nossas atividades e estruturas eclesiais a vocação de ser Igreja.
A consulta diocesana para o Sínodo brota da questão fundamental colocada no Documento Preparatório: Anunciando o Evangelho, uma Igreja sinodal caminha em conjunto: como é que este caminhar juntos se realiza em nossa Igreja Particular? Que passos o Espírito nos convida a dar para crescermos no nosso caminhar juntos?
Para responder aos dez núcleos que emanam desta questão fundamental, penso que seja importante:
a) Conhecer a história da diocese de Guarulhos no que diz respeito à sua caminhada pastoral.
b) Saber enumerar as experiências positivas e que alegria proporcionaram.
c) Saber citar as intuições que foram suscitadas na caminhada, bem como momentos em que se experimentou um consenso inspirado pelo Espírito e escuta da Palavra.
d) Saber enumerar as estruturas que já temos na diocese e que favorecem a sinodalidade.
e) Saber dizer quais os vícios que tais estruturas possuem e que estão dificultando da sinodalidade.
f) Ter consciência das dificuldades no caminhar juntos e também quais foram as feridas abertas pelos pecados contra a unidade e comunhão.
Neste momento aprendermos a nos escutar é o método para podermos atingir o objetivo que é discernir. Participação é o caminho. Assim sendo, animemo-nos em nossas comunidades a responder em grupo a esta consulta.
Desde o início de fevereiro temos também no site da diocese algumas questões dirigidas aos não católicos e grupos da sociedade, cujas respostas nos ajudarão neste objetivo de discernir.
Dom Edmilson Amador Caetano, O.Cist. – Bispo diocesano