SÃO PAULO - BRASIL

“O Senhor fez em mim maravilhas.” (Lc 1,49)

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"O Senhor fez em mim maravilhas." (Lc 1,49)

Celebrar, Encantar, Avançar

Achei interessante o tema da Assembleia Ordinária do CNLB Sul 1 que acontece neste primeiro final de semana de novembro: “Celebrar, Encantar, Avançar”.

Neste momento em que escrevo, não aconteceram ainda as eleições do 2º. Turno para o nosso País e Estado. Que fique bem claro! Independentemente do resultado das urnas, é preciso “celebrar, encantar, avançar.”

“Celebrar” faz parte de dois pilares das Comunidades Eclesiais Missionárias: Palavra e pão. Celebrar é atualizar em nossas vidas o mistério pascal de Nosso Senhor Jesus Cristo (de modo especialíssimo na Celebração Eucarística). Nunca poderíamos avançar sem celebrar. Pela Palavra e os Sacramentos somos gestados na fé. A nossa fé vence o mundo. Ao mesmo tempo que o “mundo” (mundanismo) precisa ser vencido, precisamos com a nossa fé ser presença no coração do mundo. Estamos a serviço da salvação do mundo. É na missão que a Igreja precisa “avançar” para águas mais profundas (cf. Lc 5,4).

Fica difícil avançar sem se “encantar” ou se “reencantar”.

Em nossa diocese – que bom! – temos tido, em geral, boa participação em nossas celebrações. Infelizmente, a resposta ativa do que é celebrado, tem ficado a desejar na obra da evangelização. Alguns dos nossos agentes de pastoral estão desencantados. Outros estão se confundindo nas polarizações políticas e partidárias. Outros, ainda, abertamente declararam que não estão mais disponíveis para os serviços pastorais que estavam realizando antes da pandemia. Desta forma os pilares da caridade e da missionariedade ficam rachados. A Comunidade Eclesial Missionária não pode assim se sustentar.

Para “encantar”, é necessário primeiramente a conversão pessoal no seguimento de Jesus Cristo. Este seguimento de Jesus só pode ser realizado em comunidade. Foi assim desde os tempos apostólicos. A Igreja é por natureza missionária. O discípulo de Jesus é discípulo missionário. A conversão pessoal verdadeira faz brotar o desejo de anunciar aos outros a obra salvadora de Jesus. Nossas pastorais e movimentos precisam se “reencantar” com o ardor missionário. Temos falado tanto em ser Igreja em saída e agora estamos precisando também ser “Igreja em entrada”. Sem entrada não há saída. Recobremos no Senhor a nossa força missionária!

Nunca irei me cansar de dizer que o anúncio do Evangelho possui uma dimensão sociotransformadora. Aqui está o pilar da caridade, que se concretiza na prática das nossas Pastorais Sociais e Defesa da vida, da concepção até a morte natural. Não é trabalho assistencialista e muito menos uma ONG. É vivência do Evangelho. O resultado das eleições pode ter desanimado a alguns, animado a outros, mas a necessidade de vivenciar os valores do Reino de Deus em nossa sociedade para que possa se tornar mais justa, fraterna e solidária não depende das urnas, depende do testemunho dos discípulos de Jesus. Quem não está “encantado” com o Evangelho pode acabar refém do mundanismo. Quem não está “encantado” com o mistério pascal de Jesus Cristo pode acabar se deixando instrumentalizar e deixar que instrumentalizem a nossa própria fé.

Em novembro temos os encontros sobre a vocação laical. Desejo que os grupos de rua e reflexão possam ir trabalhando com este material colocado aqui na Folha Diocesana. Na solenidade de Cristo Rei será aberto o 3º Ano Vocacional no Brasil. Que possamos redescobrir a nossa vocação cristã e o serviço ao qual o Senhor nos chama para vivenciá-la. Ainda no mês de novembro, antes do início do Advento, teremos a abertura nas foranias da Novena do Natal de 2022, sobre a família. Este é um ótimo momento missionário para as nossas comunidades retomarem a esperança e a alegria do Evangelho.

Sejamos construtores da paz!

 

Dom Edmilson Amador Caetano, O.Cist. – Bispo diocesano

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