O ser humano é a única criatura que deve ser educada, por isso, a escola é foco de onde irradia a luz que clareia a sociedade. Com educação apropriada nos tornamos pessoas completas e realizadas, sem educação nos tornamos animais ferozes. Por isso, afirmava alguém: “o verdadeiro órfão é o que não recebeu educação, nem da família nem da escola”.
Falemos de nossas escolas. O que está acontecendo? Pelo Brasil afora existe uma onda de ataques às escolas. Muitas mortes e vários feridos estão assombrando o todo da sociedade. Ameaças, violências, tragédias, insegurança, rondam nossas escolas que deveriam ser lugares “sagrados”, onde se aprende a crescer no conhecimento e no amadurecimento para a vida.
A Educação em nosso pais sofre ha décadas de descaso, projetos inconclusos, mudanças frequentes de objetivos, planos e ministros da educação. Muito recurso é destinado à Educação, os resultados são decepcionantes. Entre a corrupção e a incompetência instalou-se agora o medo. Medo de que os brasileiros aprendam a pensar melhor, medo de libertar da ignorância milhares de pessoas, medo de uma nação onde a auto estima, a segurança que o saber confere às pessoas, possa ser patrimônio de todos.
A sociedade brasileira está gravemente doente, pais ausentes e filhos carentes, brinquedos que promovem violência, o cruel armamento da população e muito fortemente a falta de um vínculo religioso sério. Estamos mergulhados numa dura ditadura das minorias (a sociedade dividida em grupos afins e fechados). A valorização do subjetivo das diferentes pessoas, fruto de um egoísmo intenso, está transformando cada um em seu próprio ponto referencial. O perigo está presente: isolamento social, falta de perspectivas, pobreza degradante, sobretudo nas grandes cidades…
Isto conduz a sociedade humana ao mundo da fantasia (vazio existencial). É a “sociedade do vazio e da decepção”, da qual fala o filósofo Giles Lipovetsky. Ele indica o consumismo frustrante e o esvaziamento das instituições (da família e da religião), como causas da espiral de frustração em uma sociedade da (in)comunicação e a (in)diferença.
Entendo que os três pilares sustentadores da saudável convivência social (família, escola e fé) estão relegados a um plano muito vulgar, desconectadas entre si e desligadas da realidade. A disciplina é mal vista e substituída pelo sistema de escolha e persuasão, assim a insegurança é geral.
Invistamos nas famílias(santuário da vida); nas escolas que devem oferecer os valores universais e na formação religiosa das crianças. Para a nossa Igreja Católica a necessidade reside em dois pontos vitais: pastoral familiar e catequese em todos os níveis, e vão de mãos dadas. A Educação é um direito de todos e a Igreja exorta os seus filhos a colaborarem generosamente no campo da Educação. Sobretudo ajudando que ela possa beneficiar a todos em uma perspectiva inclusiva.
Afirmava Licurgo, sábio da antiguidade grega: “O primeiro objetivo do legislador deve ser a educação” e outro sábio desta mesma cultura afirmava: “Educai as crianças e não será preciso punir os adultos”(Pitágoras). Portanto: quanto mais escolas tivermos, menos cadeias precisaremos. Pasmem: ainda é custoso aceitar que fica mais barato construir e sustentar escolas do que cadeias.
Acordemos enquanto é tempo!
Dom Pedro Cipollini
Bispo de Santo André (SP)