Dentre todas as vocações que recordamos no mês vocacional está a vocação matrimonial, a vocação de ser família. Na segunda de agosto vivenciamos a Semana Nacional da Família. O matrimônio – primeira vocação humana que aparece na Bíblia – é graça e, para o cristão, é também missão. Inerente à vocação matrimonial está a vocação do ser família. Em algumas realidades familiares cristãs, por vários motivos, não se faz presente o Sacramento do Matrimônio. Isso não anula a missão de ser família conforme os valores do Reino dos Céus.
Dentre os vários aspectos da missão de ser família, está a educação na fé dos filhos, das crianças e dos jovens que pertencem à família. O testemunho dos avós também está incluído nesta missão.
A educação na fé dos filhos, crianças e jovens da família é concomitante com a formação dada por outros setores da sociedade, como a escola. Temos enfrentado na educação familiar, muitas vezes, o contraste dos valores da fé cristã que brota do Evangelho de Jesus Cristo, com os valores apresentados pela escola e pela sociedade: consumismo, ideologia de gênero, questões sobre a sexualidade, tais como LGBT (e toda a gama de siglas), contracepção, aborto, ataques à própria instituição familiar etc. Não se trata de atacar as pessoas que pensam e vivem diferentemente dos valores cristãos. O respeito e a acolhida às pessoas é início para um diálogo fraterno. Por outro lado, temos também a liberdade de expressar o que sentimos e cremos.
A formação intelectual das crianças e jovens é importantíssima para o serviço à sociedade. Não pode ser dispensada. No entanto, é necessário que os educadores na família tenham uma participação ativa dentro da escola. É verdade, tantas ideologias propagadas parecem sufocar a educação que é dada nos lares cristãos. Os pais e educadores sentem-se fracos e fracassados. Até mesmo os professores cristãos sentem-se oprimidos por quase serem forçados a dizer aos alunos pareceres que são contrários às suas próprias consciências.
Que postura tomar?
A pontualidade de cada aspecto mereceria aqui várias abordagens. Não é o caso agora de fazê-lo. Entretanto, como bispo, não é a minha missão ser educador familiar. É, sim, minha missão, recordar a missão de ser família neste aspecto da educação na fé e chamar a família cristã a exercer nesta nossa sociedade a profecia, o anúncio da verdade dos valores do Reino dos céus.
O profeta não é aceito. O profeta é rejeitado. O profeta é apedrejado. Apesar disso tudo, ele é presença de Deus. Pais e educadores, não tenham medo de combater pela fé na educação dos valores do Reino dos Céus!
Pode-se pensar na escola católica como um valor presente na sociedade. No entanto, ela precisa mesmo ser profética, ainda que, por não acolher diretrizes, possa vir a ser fechada.
A Escola Católica é e deve ser confessional. É preciso participar das questões da escola pública com voz profética, ainda que se passe por ridicularizações e retaliações.
Alguns irmãos e irmãs de nossa diocese (tenho notícias aqui e ali) estão buscando até outras cidades para que os educandos da família possam ter outro ambiente formativo mais condizente com os valores do Evangelho. A maioria das nossas famílias não tem condições desta tomada de atitude. A grande parte das famílias têm os educandos na escola pública.
Outros estão buscando as alternativas de “homeschooling”. Particularmente, sou de parecer que isso é fugir do combate cristão. Filhos, crianças e jovens precisam aprender a viver os valores da fé na sociedade e não isolando-se dela.
Ainda que minhas palavras aos pais e educadores na família possam ser aqui confusas e pobres, exorto a que combatam o combate da fé.
Dom Edmilson Amador Caetano, O. Cist. – Bispo diocesano