SÃO PAULO - BRASIL

“O Senhor fez em mim maravilhas.” (Lc 1,49)

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"O Senhor fez em mim maravilhas." (Lc 1,49)

POR UMA CONVERSÃO EFETIVA E GLOBALIZADA

Aproximando-se a páscoa, chega o tempo de nos encontrarmos profundamente com o amor de Jesus que nos liberta das amarras do pecado. Nesta experiência que nos renova, devemos encontrar as disposições para praticar as boas obras que implementam o Reino!

Nas lições do Apóstolo Paulo, compreendemos que somos salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de nós, é dom de Deus (Ef. 2, 8-9). Todavia, a partir do encontro com Jesus Cristo, que perdoa os pecados, como viver como cristãos? É o mesmo Apóstolo que, prosseguindo, nos responde que “fomos feitos por ele, criados em Cristo Jesus para as boas obras, previamente preparadas por Deus para que andássemos nela (Ef. 2,10). É desejo do próprio Jesus que a luz dos cristãos resplandeça a partir de boas obras para que o Pai seja glorificado (Mt. 5,16).

Que imensa tristeza causa a nós cristãos, sabermos que há lugares do mundo nos quais se implementam obras de destruição, a exemplo da atual guerra entre a Rússia e a Ucrânia. É nossa missão, sem nenhuma dúvida, orar incessantemente pelo fim do conflito, que até o fechamento desta edição, já tinha vitimado cerca de mil pessoas.

Todavia, não devemos nos esquecer que há inúmeros outros conflitos ao redor do mundo que, provavelmente, por não interferirem em interesses comerciais de importantes nações, recebem menos atenção dos principais atores mundiais, ajuda internacional e até oração. Exemplo disso é o conflito do Iêmen, que já dura cerca de 11 anos e contabiliza cerca de 233 mil mortos e 2,3 milhões de crianças em desnutrição aguda. Ou, ainda, o conflito na Etiópia, que, em 16 meses, já deixou cerca de 900 mil pessoas em situação de fome, com relatos de assassinatos de civis e estupros em massa.

Pode ser que valha a pena refletir até que ponto a captação de nossas atenções e solidariedade à guerra que ocorre na Europa – que é inquestionavelmente cruel, repito – pode nos causar uma espécie de paralisia que nos rouba, de forma imperceptível, a consciência da importância de praticarmos as boas ações que nos são possíveis, sobretudo em âmbito local e familiar.

Nesse contexto, não custa lembrar que no Brasil, de acordo com dados do Datasus, registra-se uma média de 6 mil mortes por ano por complicações decorrentes de desnutrição. Muitas dessas vítimas, por certo, moram em nossa cidade, às quais somos chamados a socorrer, com nossos recursos financeiros, orações, e também com um voto consciente em candidatos comprometidos com o bem comum.

Ainda, é preciso lembrar que mesmo em nossas famílias, muitos de nossos filhos passam fome, senão de alimento, de atenção e direção, que se saciaria com a presença amorosa dos pais, que por vezes estão por demais ocupados com outras atribuições – por vezes até dentro da própria Igreja – e acabam por abdicar de sua missão de primeiros e principais educadores de seus filhos.

Por isso, ao me referir a uma conversão globalizada, quero indicar a necessidade de uma mudança de vida integral – nesse sentido, global, que nos faça sensíveis e atuantes com relação aos problemas mundiais, mas também que nos faça cumprir a missão a nós concretamente reservada, em nosso dia-a-dia.

Digo isso não para pregar um ativismo exclusivamente materialista, que por certo, não é característico da vida cristã. Mas para convidar a todos, a começar por mim, a que, nessa Páscoa, a partir da experiência da ressurreição de Cristo, nos desapeguemos de nós mesmos para nos darmos mais aos outros, em uma autêntica experiência cristã de amor e serviço desinteressado, do qual o maior exemplo é Nosso Senhor Jesus, e com Ele, tantos santos que de igual modo, nos indicam o caminho a seguir.

 

Marcos Antônio Favaro – Procurador Jurídico, pós-graduando em Teologia, mestre em Direito pela PUC-SP

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