Diocese de Guarulhos

SÃO PAULO - BRASIL

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O Episcopado: fazer presente a Igreja de Jesus – VII

Progredimos em nossa jornada na explicitação da vocação ao ministério ordenado e em seus graus. Nas últimas matérias falamos sobre o grau do diaconado e presbiterado. Agora é a vez do último grau do sacramento da ordem. Em nossas catequeses, quando falamos sobre este sacramento, as pessoas nem imaginam sua importância e abrangência. A Igreja, zelosa em nos fazer conhecer a verdade manifestada por Cristo, apresenta o sacramento da ordem. Vejamos mais uma vez o que diz o catecismo: “a Ordem é o sacramento graças ao qual a missão confiada por Cristo aos Apóstolos continua a ser exercida na Igreja, até ao fim dos tempos: é, portanto, o sacramento do ministério apostólico. E compreende três graus: o episcopado, o presbiterado e o diaconado”.

Mas quem é o bispo? Recorramos à língua latina e grega. A palavra bispo em latim é escrita “episcopus” e em grego “Episkopien”, atribuída aos apóstolos e a seus sucessores. Tomemos cuidado com os muitos que, por aí, se dizem bispos e bispas. Saibamos discernir e compreender a fé que professamos. Na Igreja de Cristo, a Igreja Católica, os bispos são escolhidos após criteriosa consulta e sagrados para o exercício deste ministério tão excelso. Não se autoproclamam. Recebem de Deus este encargo.

A função do bispo é o cuidado com o rebanho de Cristo e o fazer presente a Igreja de Cristo. O grande doutor Agostinho de Hipona já nos disse: “Onde está o bispo, aí está a Igreja”. É grande a tarefa e árdua ao mesmo tempo, o exercício de fazer presente a Igreja de Cristo. O múnus laborioso precisa ser acompanhado com nossas preces e súplicas. Não esqueçamos de rezar por nosso bispo.

Como sucessor dos apóstolos, o bispo deve zelar, com solicitude pastoral, pelo rebanho que lhe foi confiado. Dom Pedro Carlos Cipolini, Diocese de Santo André, em artigo no site da CNBB, respondendo à pergunta quais as tarefas e ofícios dos bispos, diz: “É o próprio Jesus Cristo que age na Igreja através de seus ministros. Para isso os bispos recebem a efusão dos dons do Espírito Santo, mediante a imposição das mãos (desde os tempos apostólicos) na ordenação episcopal (cf. At 1,8; Jo 20,22-23; 2Tm 1, 6-7). O bispo recebe a plenitude do sacramento da Ordem para ser ministro de Cristo e dispensador dos mistérios de Deus e garantia da unidade de sua Igreja (cf. 1Cor 4,1); dar testemunho do Evangelho pela pregação (cf. Rm 15,16), administrar a justiça e o Espírito (cf. 2Cor 3,8-9). A sagração episcopal confere ao bispo a tarefa de santificar, ensinar e governar a Igreja que lhe é confiada. O Concílio Vaticano II assim se expressa: “Os Bispos, pois com seus auxiliares, os presbíteros e diáconos, receberam o encargo de servir a comunidade, presidindo no lugar de Deus ao rebanho do qual são pastores, como mestres da doutrina, sacerdotes do culto sagrado e ministros do governo (LG n. 20).”

É, pois, um sacramento conferido àquele que foi eleito por Deus e nomeado para tal ministério. Ministério que, como vimos, é responsável pelo múnus de santificar, governar e ensinar. O decreto Christus Dominus de São Paulo VI, sobre o múnus pastoral dos bispos na Igreja, define com clareza o tríplice múnus:

Sobre o múnus de Ensinar: “No exercício do seu múnus de ensinar, anunciem o Evangelho de Cristo aos homens, que é um dos principais deveres dos Bispos, (2) chamando-os à fé com a fortaleza do Espírito ou confirmando-os na fé viva. Proponham-lhes, na sua integridade, o mistério de Cristo, isto é, aquelas verdades que não se podem ignorar sem ignorar o mesmo Cristo. E ensinem-lhes o caminho que Deus revelou para ser glorificado pelos homens e estes conseguirem a bem-aventurança eterna (3).

Mostrem, além disso, que as coisas terrestres e as instituições humanas no plano de Deus Criador se ordenam também para a salvação dos homens e podem, por conseguinte, contribuir não pouco para a edificação do Corpo de Cristo.

Ensinem, por isso, quanto, segundo a doutrina da Igreja, valem a pessoa humana, com a sua liberdade e a própria vida corpórea; a família e a sua unidade e estabilidade, a procriação e a educação dos filhos; a sociedade civil, com as suas leis e profissões; o trabalho e o descanso, as artes e a técnica; a pobreza e a riqueza. Exponham, por fim, os princípios com que se hão de resolver os problemas gravíssimos da posse, do aumento e da justa distribuição dos bens materiais, da paz e da guerra, e da convivência fraterna de todos os povos (4)”.

Sobre o múnus de Santificar: “No exercício do seu múnus de santificar, lembrem-se os Bispos que foram escolhidos dentre os homens e constituídos a favor dos homens nas coisas que se referem a Deus, para oferecerem dons e sacrifícios pelos pecados. Na verdade, os Bispos têm a plenitude do sacramento da Ordem, e deles dependem, no exercício do seu poder, quer os presbíteros — que são consagrados verdadeiros sacerdotes do Novo Testamento para serem cooperadores providentes da ordem episcopal — quer os diáconos, ordenados para servir o Povo de Deus em união com o Bispo e com o seu presbitério; os Bispos são, portanto, os principais dispensadores dos mistérios de Deus, como também ordenadores, promotores e guardas da vida litúrgica na igreja a si confiada (8).

Não se poupem, por isso, a esforços para que os fiéis, por meio da Eucaristia, conheçam e vivam cada vez mais perfeitamente o mistério pascal, de modo a formarem um corpo bem compacto na unidade da caridade de Cristo; (9) «insistindo na oração e no ministério da palavra» (Act. 6, 4) esforcem-se por que todos aqueles que estão entregues aos seus cuidados sejam unânimes na oração (10), e, por meio da recepção dos sacramentos, cresçam na graça e sejam testemunhas fiéis do Senhor.

Como santificadores, procurem os Bispos promover a santidade dos seus clérigos, dos religiosos e dos leigos, segundo a vocação de cada um (11), lembrando-se da obrigação que têm de dar exemplo de santidade pela caridade, humildade e simplicidade de vida. Santifiquem de tal modo as igrejas que lhes estão confiadas, que nelas brilhe plenamente o modo de sentir de toda a Igreja de Cristo. Por isso, promovam o mais possível as vocações sacerdotais e religiosas, e de modo particular, as missionárias”.

Sobre o múnus de Governar:No exercício do seu múnus de pais e pastores, comportem-se os Bispos no meio dos seus como quem serve (12), como bons pastores que conhecem as suas ovelhas e por elas são conhecidos como verdadeiros pais que se distinguem pelo espírito de amor e de solicitude para com todos, de modo que todos se submetam facilmente à sua autoridade recebida de Deus. Reúnam à sua volta a família inteira da sua grei e formem-na de tal modo que todos, conscientes dos seus deveres, vivam e operem em comunhão de caridade.”

Numa sucessão ininterrupta que liga diretamente aos 12 escolhidos por Jesus, os bispos continuam a trazer e fazer presente a Igreja de nosso Senhor Jesus Cristo. A solicitude pastoral do pastor e o zelo por suas ovelhas manifestam o Cristo Bom Pastor que dá a vida por suas ovelhas. Rezemos para que não falte ao rebanho a solicitude do pastor e nem ao pastor a obediência do rebanho.

 

Padre Cristiano Sousa – Representante dos Presbíteros

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