Assim foram chamadas certas personagens insignes que, depois da morte de Josué até à constituição do reino – isto é, desde o século XII ao XI a.C. – libertaram, em várias circunstâncias, o povo de Israel dos inimigos.
Não formaram uma série ininterrupta, mas eram chamados pelo Senhor segundo as necessidades. Eram uma espécie de “líderes” que, cumprida a missão libertadora, continuavam a exercer autoridade sobre o povo pelo resto da vida. Não dominavam sobre todo o povo, mas só nas tribos que libertavam do inimigo; desta forma não é impossível que alguns juízes exercitassem ao mesmo tempo sua função.
O livro dos juízes narra as empresas desses beneméritos libertadores do povo eleito. Em vez de uma história propriamente dita, da época, é uma coleção de memórias dos diversos heróis. São doze ao todo, classificados em maiores e menores, não tanto pela diferente importância dos empreendimentos e dos heróis, quanto pelo modo de serem apresentados. Dos menores, o autor contenta-se com citar o nome, alguma notícia da família, a duração de sua atividade e o lugar da sepultura, sem especificar o empreendimento; ao passo que dos maiores narra a história com mais particularidades, segundo um esquema fixo, que comporta quatro momentos: o pecado do povo (práticas idolátricas), o castigo (dominação estrangeira), o arrependimento e a libertação por obra de um juiz.
Esse esquema está em perfeita harmonia com o pensamento dominante (2, 11 – 19) da introdução especial (2, 6 – 3, 6) ao corpo do livro, que defende a tese segundo a qual Israel foi feliz enquanto se manteve fiel ao Senhor, e infeliz quando se apartou dele. Com isto dá-nos a conhecer a finalidade do autor: afastar eficazmente os israelitas do culto idolátrico.
Destarte o corpo da obra resulta composto, com sua própria introdução, à qual foi anteposta outra introdução geral (1, 1 – 2, 5) e foram acrescentados dois apêndices (17 – 18 e 19 – 22).
Não é fácil precisar a data dos dois fatos narrados nesses apêndices; há, contudo, razões sérias para admitir que ambos se deram nos primeiros tempos dos juízes, pois no episódio dos danitas aparece como sacerdote um neto de Moisés (Jz 18, 30) e um neto de Aarão é contemporâneo de outro episódio. A cronologia do corpo do livro é uma das dificuldades mais laboriosas que possam ocupar os intérpretes e entre as soluções propostas não há nenhuma que satisfaça plenamente. Como quer que seja, sem entrar em discussões inúteis, basta recordar que segundo (1Rs 6, 1), entre o Êxodo e a construção do templo (4° ano do reinado de Salomão) passaram 480 anos. Portanto, se desse número subtrairmos 4 anos de Salomão, 40 de Davi e outros tantos de Saul (At 13, 21), e ainda 70 anos que decorreram desde o Êxodo à primeira opressão, restariam ainda 330 anos para o período dos juízes. Esse resultado estaria suficientemente de acordo com o que disse Jefté ao rei de Amon (11, 26). Somando-se, porém, todos os tempos das opressões e os dos domínios dos juízes, obtêm-se 410 anos. Deve-se, portanto, admitir que o autor relatou números aproximados.
A parte principal (2, 6 – 16, 31) é obra de um só autor, como prova o esquema delineado e fielmente seguido em toda a narração. O autor, porém, não podia ter sido testemunha de tudo o que narra, já que sua história abrange um período de quase dois séculos. Serviu-se, portanto, de documentos preexistentes e de tradições orais. A sua fidelidade às várias fontes se manifesta na concisão com que narra fatos de máxima importância e que um escritor menos escrupuloso teria ampliado a seu bel-prazer.
Quando foi composto o livro? Com boa verossimilhança pode-se crer que foi nos primeiros anos do reinado de Saul. Com efeito, quatro vezes observa-se nos apêndices que os inconvenientes narrados aconteceram quando “em Israel não havia rei e cada um fazia o que lhe agradava.” Tal coisa só podia ter sido escrita nos primeiros tempos da monarquia, quando se gozava dos seus bons efeitos e ainda não pesavam gravames que sobreviriam mais tarde.
Portanto, os juízes se constituíram lideranças carismáticas, cuja função era função: julgar, liderar, guerrear, aconselhar
Estabeleceram uma ocupação gradual das terras de Canaã através da coalizão entre tribos e grupos diferentes para auto-defesa/solidariedade;
Interessante notar que o livro ignora totalmente o protagonismo de Josué na ocupação das terras de Canaã.
Principais juízes: Otoniel e Aod (3, 7 – 11 e 12 – 30) Débora (4, 4s), Barac, Jael, Gedeão(6, 11 – 24), Jefté(12, 7), Sansão(13, 1 – 16, 31).
Das montanhas, clãs de Hebreus descem à planície;
– Jz 1, 1 – 21: fala das tribos do Sul (Judá e Simeão) – e de alguns grupos menores (Caleb, Otoniel, quenitas e outros)
– Jz 1, 22 – 26: menciona a casa de José, que toma Betel de forma triçoeira.
– Jz 1, 27 – 36: lista de cidades que os israelitas não conseguiram conquistar.
As informações de Jz é a chave de leitura histórica para entender a ocupação de Canaã; o livro não oculta os conflitos entre algumas tribos (ex.: Jz 19, 1 – 20, 48)
A proposta de vida era a distribuição justa de terras conquistadas; a fé no Deus único, Deus da Aliança numa Fidelidade conforme a dinâmica de Abraão e de Moisés;
Os juízes conseguiram a Organização de ocasionais exércitos para a defesa contra os inimigos internos (reis cananeus e grupos dissidentes) e inimigos externos (como os filisteus, madianitas, hititas, etc).
As Decisões fundamentais eram decididas em assembleias. Destaque: Assembleia de Siquém (ver Js 24 = Jz 20).
Pe. Éder Aparecido Monteiro – Vigário Paroquial – Paróquia Sta. Cruz Pres. Dutra