No mês passado falamos sobre ‘como nasce uma vocação ao sacerdócio’, desta vez falaremos sobre a formação da vocação nascida. O que é um seminário? O que é um propedeuta? Talvez algumas coisas corriqueiras que passam despercebidas aos nossos olhos. O convívio com o seminarista nem nos faz perguntar sobre todo o processo pelo qual ele passa. Mas agora vamos nos familiarizar com estas coisas…
O seminário é um lugar onde os seminaristas se preparam através de uma formação rigorosa acerca da vocação a qual reconhecem que Deus os chama e que cabe à Igreja ajudá-los a discernir. Mas, nem sempre foi assim… Antes, o candidato se apresentava, logo recebia o acesso às ordens sacras e passava a ajudar o bispo local. Com o Concílio de Trento e a aplicação, por parte de São Carlos Borromeu, da necessidade de uma formação mais robusta, criam-se os seminários. Reconhecemos também a grandiosíssima contribuição do Concílio Vaticano II nas exigências para a formação do padre.
No seminário propedêutico os candidatos recebem uma formação introdutória para as realidades que nortearão a vida deles. Neste período de um ano o candidato é colocado diante do encontro pessoal com Cristo. Não é possível que se doe a vida à Igreja e aos irmãos sem que o encontro com Cristo se faça presente. Se, como disse o papa Bento em Aparecida: “não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma grande ideia, mas pelo encontro com um acontecimento, com uma pessoa, que dá um novo horizonte à vida e, com isso, uma orientação decisiva” (DAp 12), muito mais a um futuro sacerdote. A decisão deve estar atrelada ao encontro com Aquele que nos chama: E disse Jesus: “Sigam-me, e eu os farei pescadores de homens” (Mt 4,19).
São João Paulo II muito contribuiu para esquematizar também a formação abrangendo todos os aspectos necessários. Na Exortação Apostólica Pastores Dabo Vobis lança mão de uma formação que envolva a dimensão humana, espiritual, intelectual e pastoral. Por que todos estes aspectos? Podemos usar como resposta a própria exortação: “Certamente, há uma fisionomia essencial do sacerdote que não muda: o padre de amanhã, não menos que o de hoje, deverá assemelhar-se a Cristo. Quando vivia sobre a terra, Jesus ofereceu, em Si mesmo, o rosto definitivo do presbítero, realizando um sacerdócio ministerial do qual os apóstolos foram os primeiros a serem investidos; aquele é destinado a perdurar, a reproduzir-se incessantemente em todos os períodos da história. O presbítero do terceiro milênio será, neste sentido, o continuador dos padres que, nos precedentes milênios, animaram a vida da Igreja.” São necessários os aspectos todos da formação para que se assemelhe a Cristo!
Na formação humana, o candidato é acompanhado por psicólogos que o ajudam no amadurecimento da personalidade até que se torne imagem de Cristo, o Bom Pastor, que dá a vida por suas ovelhas. Na dimensão espiritual, acompanhado por um diretor espiritual, o candidato é introduzido na comunhão com a Trindade Santa, deixando-se sempre guiar pela ação do Espírito Santo. Modelar sua vontade à de Deus. Na dimensão intelectual, o candidato é exigido a dar respostas adequadas e fiéis ao Evangelho. Na dimensão pastoral, o candidato é formado a compreender-se na dinâmica de Cristo, Mestre e Pastor que veio para servir e não ser servido.
Sabendo das exigências iniciais da formação dos futuros padres, assumamos o compromisso de rezar por eles e ajudar com nossas valiosas contribuições para mantermos os nossos seminaristas na formação necessária. E que a Mãe das Vocações interceda pela Igreja de Cristo para que tenhamos santos sacerdotes.
Padre Cristiano Sousa – Representante dos Presbíteros