SÃO PAULO - BRASIL

“O Senhor fez em mim maravilhas.” (Lc 1,49)

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Liturgia nos Ritos da Iniciação Cristã (Parte 2)

No artigo anterior apresentamos este tema, que para muitos de nós ainda é novidade, as liturgias inseridas na vida da comunidade a partir da catequese. Neste texto vamos aprofundar o sentido dos símbolos e sinais que os catequizandos vivenciam, na preparação para os sacramentos da iniciação cristã. Na celebração do 1º Domingo da Quaresma, que é a “Eleição”, os catequizandos, são chamados de “eleitos”. Depois voltam a participar das celebrações específicas, onde símbolos e sinais marcam a caminhada, apontando para os passos futuros. Comentarei aqui as celebrações que já estão no site da Diocese de Guarulhos, as celebrações específicas para a catequese de crianças, disponíveis no link  https://diocesedeguarulhos.com.br/catequese/catequese-criancas/ 4ª etapa.

Os momentos específicos para os catequizandos / eleitos são chamados de “escrutínios”. São ritos para purificar as intenções e clarear o chamado divino para cada um deles. Estes ritos acontecem no 3º, 4º e 5º domingos da Quaresma Em todos os escrutínios há preces específicas que a comunidade faz pelos eleitos.

No primeiro escrutínio acontece a assinalação dos sentidos com o sinal da cruz. Os padrinhos, pais ou catequistas assinalam os eleitos nos sentidos, para que a salvação se torne um “sinal sensível”, um sinal sacramental, na vida de cada eleito. O texto por si mesmo já é bem elucidativo: Recebam o sinal-da-cruz nos ouvidos, para que vocês ouçam a voz do Senhor… nos olhos, para que vocês vejam a glória de Deus… na boca, para que vocês respondam à Palavra de Deus… no peito, para que Cristo habite pela fé em seus corações… nos ombros, para que vocês carreguem o jugo suave de Cristo. Este ritual simboliza o seguinte: que a pessoa toda, sendo marcada com o sinal da cruz, que sua vida transmita a vida nova de Cristo, na qual ela será iniciada pelos sacramentos.

O segundo escrutínio traz o rito do “Éfeta”. Novamente os sentidos são alertados: tocam-se os ouvidos e os lábios de cada eleito, com a seguinte prece: “Éfeta, isto é, abre-te, a fim de proclamares o que ouviste, para louvor e glória de Deus”. E a prece continua: “Pai de bondade… libertai estes eleitos dos erros que cegam. Concedei-lhes, de olhos fixos na verdade, tornem-se para sempre filhos da luz”.

No terceiro escrutínio os eleitos são ungidos com o óleo dos catecúmenos, que simboliza a força de Cristo para viver a vida nova do seu Reino. Quem preside suplica: “… concedei a estes catecúmenos a força, a sabedoria e as virtudes divinas, para quem sigam o caminho do Evangelho de Jesus, tornem-se generosos no serviço do reino e, dignos da adoção filial, alegrem-se por terem renascido e viverem em vossa Igreja”. Depois que os eleitos são ungidos, continua a prece: “… arrancai da morte os que escolhestes e desejam receber a vida pelo Batismo… Submetei-os ao poder do vosso Filho amado, para receberem dele a força da ressurreição e testemunharem, diante de todos, a vossa glória”.

As preces, ritos e gestos dos escrutínios querem tornar visível e sensível o sentido dos sacramentos da iniciação cristã: mergulhar a pessoa toda na vida de Cristo, na Palavra de Deus, na vida de oração e no testemunho da comunidade. A beleza dos ritos aponta para dimensões muito práticas da vida cristã. Em todos os escrutínios, a comunidade ora pelos eleitos, que ainda não têm a profundidade de tudo que vão experimentar nos sacramentos, mas sua vida será marcada para sempre com a graça do Batismo. Por isso a comunidade deve acompanhá-los, nesta preparação imediata, e também nos passos posteriores, para que a semente de vida nova que receberam dê muitos frutos para a esperança da comunidade e do mundo.

 

Pe Jair Costapela Comissão Diocesana de Liturgia

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