Diocese de Guarulhos

SÃO PAULO - BRASIL

“O Senhor fez em mim maravilhas.” (Lc 1,49)

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Ensaio com a Assembleia

Um dos maiores desafios do grupo de cantores litúrgicos é a formação de lideranças capazes de ensaiar, ensinar e tomar a assembleia sujeito da ação celebrativa. Isto é: tornar a premissa do Concilio Vaticano II uma realização da participação ativa e frutuosa dos fiéis: “Para promover a participação ativa, cuide-se de incentivar as aclamações dos fiéis, as respostas, a salmodia, as antífonas, os cânticos, bem como as ações, gestos e atitudes. Seja também obser-vado, a seu tempo, o silêncio sagrado.”78

É desejo da Igreja que a participação ativa e consciente solicitada pelo Concilio Vati-cano II alcance todo povo cristão, imbuído pelo espírito litúrgico, e celebre intensamente o mistério de Cristo como direito e obrigação, por força do batismo. Portanto é preciso que haja no grupo de cantores lideranças para conduzir a assembleia na participação com o povo de Deus. Para isso, é necessário investir numa formação específica para terem domínio das melo-dias, postura corporal condizente com o ambiente e a celebração, comunicação eficiente, res-peito com a assembleia e ter consciência de que este é um momento de aprender e se encher do espírito, momento de preparação para celebrar e não para catequizar. Entender que o espaço litúrgico é um lugar onde a espiritualidade nos conduz a entender que a assembleia é corpo místico de Cristo e que todos, inclusive a equipe de canto e liturgia, fazem parte dele.

Pelo menos quinze minutos antes do início da celebração, tudo deve estar preparado. Não deve haver nenhuma correria, pois uma das tarefas do grupo de cantores é contribuir para criar um ambiente propício para celebrar. Iniciar a acolhida da assembleia com um refrão orante é um caminho eficaz para criar sintonia, inclusão e unidade. O ensaio com a assembleia é uma ferramenta necessária para criar sintonia e corpo entre as pessoas e sua realização exige uma preparação prévia para não gerar dispersão. Escolher um canto ou um refrão para ensaiar com o povo de maneira leve, sem dar broncas, conduzindo “o corpo místico” a uma experiência musical ritual desde aquele momento.

Durante a celebração, todos os envolvidos nos diversos serviços: coroinhas, leitores, cantores, ministros, instrumentistas, coordenadores, etc…) devem ter uma movimentação dis-creta e somente quando necessário. A movimentação durante a celebração sem ter uma razão distrai e cria um ruido desnecessário para todos dificultando a atenção e concentração. O des-taque da música litúrgica é para a voz e não para o instrumento, que deve ter o papel deacompanhamento e sustentação da afinação e do ritmo. Os músicos devem silenciar quando não estão exercendo sua função.

O grupo de cantores e instrumentistas deve estar num lugar que manifeste claramente que faz parte da assembleia dos fiéis e desempenhe eficazmente a sua missão. Sua localização já indica sua real função. Se necessário, avaliar se a quantidade de músicos e cantores é apro-priada para ocupar os espaços que, em muitos casos, são restritos. Se houver um coral, este não deve substituir o canto da assembleia, mas estar a serviço dela. Existem partes próprias de diá-logo do coro com a assembleia, que podem ser eficientemente explorados. Assim sendo, o coral desempenhará um verdadeiro ministério litúrgico.

Qualquer que seja o grupo que esteja à frente da música na celebração, é preciso co-nhecer o perfil da Assembleia que está servindo para que na celebração, através do rito, a música encontre sua finalidade. Por isso, a responsabilidade de construir o “coro do Senhor” cria mais vitalidade quando se tem consciência do papel de “animadores” cheios do Espírito Santo, para dar alma e entusiasmo ao povo reunido em nome de Cristo. A palavra entusiasmo vem do grego “enthousiasmos” en (dentro) e theos (Deus), significando etimologicamente “ter Deus dentro de si”.79 Perceba que animação não é agitação, mas um entusiasmo movido pela ação divina que dá força profética na missão musical.


78 SC n.30.

 

79 A palavra entusiasmo deriva do grego “enthousiasmos” que significa “ter um Deus interior”. “Sou eu quem estou mandando que você seja firme e corajoso. Portanto, não tenha medo e não se acovarde, porque o Senhor seu Deus está com você aonde quer que você vá” Josué1,9

 

Caetana Cecília | Pe. Jair Oliveira

Comissão Diocesana de Liturgia / Música Liturgica

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