A vocação religiosa é vivenciada por homens e mulheres que dizem “sim” a Deus e entregam suas vidas no amor e para o amor, seguindo Cristo e servindo-o no outro, consagrando-se ao seu projeto. A consagração acontece por meio da realização dos votos de pobreza, obediência e castidade em uma Congregação Religiosa.
Toda Congregação religiosa tem um Carisma específico, que é um dom de Deus para a realização de uma missão, uma espiritualidade que lhe sustenta e uma história que evidencia a fidelidade de Deus.
Nós, Irmãs Operárias, nascemos na região norte da Itália em 1900, logo após a publicação em 1891, no pontificado de Leão XIII, da encíclica “Rerum Novarum” (Das Coisas Novas), considerada o documento fundador da doutrina social da Igreja. Nascemos da preocupação de um padre diocesano, Santo Arcângelo Tadini, com todas as transformações da revolução industrial no mundo do trabalho na vida das famílias, sobretudo das jovens e das mulheres da sua Paróquia que começavam a entrar para as fábricas de tecelagem para trabalharem em um ambiente hostil, de muita exploração e degradação moral que as afastavam da vida cristã.
Tadini desejou que aquelas jovens tivessem como colegas de trabalho Irmãs Religiosas que as ajudassem a fazer brilhar a sua humanidade e a fazer emergir a presença de Jesus trabalhador em Nazaré. Irmãs que falassem da boa nova de um Deus próximo, que se fez carne, entrou na história, assumiu condição humana e deu nova vida a tudo e vocaciona todos para a santidade.
Na Igreja, como Irmãs Operárias da Santa Casa de Nazaré, somos chamadas a evangelizar o mundo do trabalho. Entramos no mistério de Nazaré e aprendemos a ler toda a vida à sua luz, para anunciar o sentido do trabalho e da vida comum. Voltamos sempre a Nazaré para caminhar na história com fidelidade criativa!
Nossa atuação se dá em três dimensões: Partilha do trabalho assalariado como operárias, serviço aos trabalhadores e o apostolado na Igreja local. Queremos imitar Jesus em Nazaré que durante 30 anos “Trabalhou com mãos humanas, pensou com uma inteligência humana, agiu com uma vontade humana” (GS 22).
A nossa história no Brasil começa nos meados de 1985 e é manifestação da fidelidade Divina, e testemunho de que a leitura orante da Palavra é um meio eficaz para discernir a vontade de Deus na nossa vida e queremos contar lembrando um texto da Palavra de Deus que está em 1RS 17,7-16:
7 Algum tempo depois, o córrego secou, porque não tinha chovido na região. 8 Então Javé dirigiu a palavra a Elias: 9 «Levante-se, vá para Sarepta, que pertence à região de Sidônia, e fique morando aí. Porque eu ordenei a uma viúva que dê comida para você». 10 Elias se levantou e foi para Sarepta. Chegando à porta da cidade, encontrou uma viúva que estava recolhendo lenha. Elias a chamou e disse: «Por favor! Traga-me um pouco de água no seu balde para eu beber». 11 Quando a mulher já estava indo buscar água, Elias gritou para ela: «Traga-me também um pedaço de pão». 12 Ela respondeu: «Pela vida de Javé, o seu Deus, não tenho nenhum pão feito; tenho apenas um pouco de farinha numa vasilha e um pouco de azeite na jarra. Estou ajuntando uns gravetos para preparar esse resto para mim e meu filho. Depois, vamos comer e ficar esperando a morte». 13 Mas Elias lhe disse: «Não tenha medo! Vá e faça o que está dizendo. Mas primeiro prepare um pãozinho com o que você tem e traga para mim. Só depois você prepara um pão para você e seu filho. 14 Pois assim diz Javé, Deus de Israel: A vasilha de farinha não ficará vazia e a jarra de azeite não se esgotará, até o dia em que Javé mandar chuva sobre a terra». 15 A mulher foi fazer o que Elias tinha mandado. E comeram, tanto ele como também ela e o filho, durante muito tempo. 16 A vasilha de farinha não se esvaziou e a jarra de azeite não se esgotou, como Javé tinha anunciado por meio de Elias.
Padre Berardo Graz, que é padre da diocese de Guarulhos, é Italiano e tinha uma tia Religiosa na nossa Congregação, Irmã Valeriana Graz, ele vivia escrevendo a ela dizendo que o Brasil era lugar de missão para as Irmãs Operárias e fez com que o Bispo da época, Dom João Bergese, escrevesse uma carta, para Madre Geral das Irmãs Operárias, solicitando a presença da Congregação no Brasil. Mas eram tempos de seca vocacional, na Itália tinham mais de 10 anos sem nenhuma nova vocação para nossa família e a Madre Geral convocou o Conselho Geral para escrever uma carta agradecendo o convite do Bispo, mas recusando a vinda, eram poucas irmãs já na Itália seria impossível enviar alguém para o Brasil . Mas, na liturgia daquele dia do conselho, tinha esta leitura da viúva de Sarepta e as irmãs reunidas em oração perceberam um sinal de Deus, sobretudo nesta parte da leitura da Palavra, “a vasilha de farinha não se esvaziou e a jarra de azeite não se esgotou”, entenderam que era preciso dar tudo o que tinham e confiar na fidelidade de Deus. E em 1987 as três primeiras Irmãs Italianas: Liliana, Serafina e Clara chegaram ao Brasil na Diocese de Guarulhos e se instalaram no território da Paróquia Santo Alberto Magno e desde então todos os anos temos novas vocações na Itália, no Burundi na África e também aqui no Brasil.
Por esta história sempre cantamos com muita gratidão: aquele que vos chamou, aquele que vos chamou É fiel, é fiel. Fiel é aquele que vos chamou.
Ir. Adriana Costa, IOP – Irmãs Operárias da Santa Casa de Nazaré