SÃO PAULO - BRASIL

“O Senhor fez em mim maravilhas.” (Lc 1,49)

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Ataque às escolas no Brasil

A tecnologia une iguais, para o bem ou para o mal

É difícil colocar-se no lugar da professora de 71 anos, morta por um adolescente numa escola de São Paulo. É difícil também imaginar-se no lugar dos pais que perderam seus filhos na creche de Blumenau em Santa Catarina. Mas é fácil reduzir esses acontecimentos a simples falhas de segurança nas escolas. Fala-se em aumentar o número de policiais, instalar câmeras de vídeo e revistar alunos. Essas medidas são válidas, mas levam em conta apenas um lado da questão, pois a verdadeira causa do problema é complexa e tem a ver com a saúde mental das pessoas.

De acordo com as estatísticas, somente entre 2022 e 2023, o número de ataques em escolas no Brasil já supera o total registrado nos 20 anos anteriores. Qualquer projeto que tente estudar esse fenômeno, tem que considerar as influências que as redes sociais exercem no desenvolvimento da personalidade de um jovem ainda em formação. A verdade é que, para o bem ou para o mal, o acesso fácil à internet promove alterações na maneira de pensar e de agir das pessoas que fazem uso constante desse recurso. Os adolescentes e as crianças, pela sua vulnerabilidade, são os principais afetados.

A Internet facilitou a vida das pessoas, mas se tornou uma espécie de caldeirão no qual se misturam os mais variados personagens, por meio de afinidades e interesses. É nesse ambiente virtual que o ódio se articula e ganha corpo, manifestando-se em ações violentas contra pessoas ou instituições. Esse potencial destrutivo sempre existiu na história da humanidade, pois pertence ao inconsciente coletivo, mas faltava algo que fosse capaz de ativá-lo e ampliá-lo, fazendo-o saltar da imaginação para a realidade. Agora não falta mais, pois a internet preencheu essa lacuna. Infelizmente as interações sociais e afetivas estão sendo substituídas pelo ambiente virtual. As crianças, muito cedo, aprendem a navegar e tornam-se dependentes.

A discussão em torno da regulação das redes, encontra grande barreira representada pelo interesse de poderosos grupos econômicos que lucram alto com as atuais regras que regem a publicação de conteúdo. Resta uma saída chamada conscientização e ela tem que começar na família. Uma criança com menos de 12 anos não deve ter perfil na internet, Smartphones não são brinquedos e deveriam vir com um alerta: “Desaconselhável para crianças. ”

Antes de permitir que uma criança navegue na rede, saiba que ela vai entrar num mundo onde céu e inferno estão muito próximos; e a porta que divide um do outro é de apenas um click, portanto, Cuidado!

 

Romildo R. Almeida

Psicólogo clínico

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