A Igreja vive este novo tempo litúrgico, tempo da Quaresma, como tempo verdadeiramente favorável, que Deus nos concede para a reflexão, um convite à conversão: “Como colaboradores de Cristo, nós vos exortamos a não receberdes em vão a graça de Deus, pois ele diz: “No momento favorável, eu te ouvi e, no dia da salvação, eu te socorri”. É agora o momento favorável, é agora o dia da salvação” (2Cor 6,1-2).
É tempo de nos refazer, mudar de vida. O próprio Senhor nos diz: “Não quero a morte do pecador, mas que mude de conduta” (Ez 33,11). Voltados para Deus, devemos redirecionar nossa vida à Ele, reconhecer que somos pecadores, necessitados do Seu perdão, implorar humildemente sua misericórdia.
As práticas penitenciais nos ajudam a viver de modo mais intenso este espirito quaresmal, encontrando na oração, na esmola e no jejum a força restauradora para seguir adiante nosso compromisso de discípulo de Jesus Cristo. Sejamos dóceis à ação do Espírito de Deus e deixemos que tais práticas nos impulsione a viver o que Deus tem para cada um de nós.
A Igreja no Brasil durante este período litúrgico vive a Campanha da Fraternidade, que neste ano nos convida a lançar o olhar para os irmãos mais necessitados, afetados pelo flagelo da fome. É inadmissível que em nosso país, pessoas morram de fome. Isso é grave e deve nos fazer refletir, pois o país produz quantidade suficiente para saciar a todos. Em meio a tanta abundância na produção de alimentos, a fome ainda mata no país. Devemos nos perguntar, por que produzimos tanto e, ainda assim, uma parcela da população morre de fome? Em paralelo a isso, descartam-se toneladas de alimentos, ou seja, a partilha não acontece.
A partir do lema da CF deste ano: “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16), somos chamados a acolher de Jesus a missão de partilhar com os irmãos, sobretudo, os que mais precisam, alimento material, mas também espiritual, apresentar o Senhor aos irmãos, pois a prática da caridade feita ao irmão é saciar o próprio Cristo que diz “todas as vezes que fizestes isso a um destes mais pequenos, foi a mim que o fizestes” (Mt 25,35.40).
O dízimo ao tratar da Dimensão Caritativa tem o compromisso de tornar presente este mandato de Jesus, ter compaixão dos que sofrem, colocar-se a serviço dos pobres. Eis a missão da Igreja, de todo dizimista, de todo cristão. Por isso, é importante termos clareza de que toda partilha realizada na comunidade faz com esta dimensão ganhe força e dê mais dignidade aos filhos e filhas de Deus que passam necessidade.
Roguemos a Deus e supliquemos que a Virgem Aparecida nos ajude na reflexão desta temática, que seja acolhida por toda a Igreja e desperte em cada um de nós a consciência de que somos chamados à partilha, ofertar aos irmãos e à Igreja o que gratuitamente recebemos de Deus. A partilha não pode ser restrita a uma campanha apenas, mas deve ser uma atitude constante de cada cristão que verdadeiramente fez o encontro pessoal com Jesus Cristo. Partilhar é uma missão!
Pastoral do Dízimo Diocesana