SÃO PAULO - BRASIL

“O Senhor fez em mim maravilhas.” (Lc 1,49)

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"A Esperança não decepciona" (Rm 5,5)

Uma só Igreja, um só Pastor, e a Esperança que não decepciona

Em 21 de abril, segunda-feira da Oitava de Páscoa, o mundo recebia com tristeza a notícia do falecimento do Papa Francisco, um dia depois de ter passado em sua frágil condição de saúde no meio dos fiéis reunidos na praça de São Pedro e dar a benção do dia de Páscoa à cidade de Roma e ao mundo. Naturalmente, com sua partida surgiu uma grande expectativa à medida que os fiéis se preparavam para o conclave que escolheria seu sucessor.

A expectativa em torno da escolha de um novo pontífice logo suscitou um renovado interesse pelas tradições da Igreja e questionamentos sobre quem seria o novo papa e quais seriam suas prioridades. Se, por um lado, tais perguntas ecoaram nas paróquias, nas ruas e nas redes sociais, refletindo a esperança do povo católico diante da escolha de seu pastor, por outro, revelaram especulações muitas vezes descompromissadas com a fé e baseadas em visões unilaterais, sensacionalistas e ideológicas.

Mas o que é o papado? É, para início de conversa, uma instituição divina, não humana. Jesus escolheu Simão, pescador galileu, a quem chamou Pedro (pedra), e lhe conferiu a missão de apascentar seu rebanho (Jo 21,17). O Romano Pontífice (construtor de pontes), também conhecido como papa (termo que remete à sua paternidade eclesial), é o sucessor de Pedro, doce Cristo na terra, sinal visível de unidade, servo dos servos de Deus, e enquanto Bispo da diocese de Roma, é cabeça do colégio episcopal, no sentido de ser o primeiro a zelar pelo Depósito da fé e transmiti-lo com fidelidade na caridade do Espírito Santo.

No que diz respeito a eleição papal e ao “conclave” (cum clavis, que significa “com chave”), pode-se dizer que tal eleição remonta aos primeiros sucessores de São Pedro como bispos de Roma, e evoluiu significativamente ao longo dos séculos, refletindo tanto a dinâmica interna da Igreja quanto as influências externas. Inicialmente, os papas eram escolhidos pelo clero e pelo povo de Roma, mas a crescente interferência secular gerou tumultos, como o massacre durante a eleição de São Dâmaso em 366 d.C. Com o tempo, o clero romano assumiu um papel central, levando à criação do conclave por Gregório X no século XI. Uma resposta à necessidade de um processo mais organizado e menos suscetível a influências externas.

Voltando ao presente, depois de um conclave relativamente rápido, os cardeais elegeram o purpurado norte-americano Robert Francis Prevost, de 69 anos, que foi superior geral da Ordem de Santo Agostinho, bispo em Chiclayo, no Peru, e até então ocupava o cargo de prefeito do Dicastério para os bispos da Cúria romana. Ele escolheu o nome de Leão XIV, uma referência a Leão XIII, papa do final do séc. XIX, que abordou importantes questões sociais durante a Revolução Industrial. O novo pontífice quer continuar esse legado, trabalhando pela justiça social e pelos direitos dos trabalhadores, especialmente diante dos desafios da nova revolução tecnológica e da inteligência artificial.

A eleição do Papa Leão trouxe um sopro de esperança renovada para os católicos. Com um nome que inevitavelmente evoca a coragem e a força, o novo papa já pode ser visto como sinal de uma Igreja enraizada em sua Tradição e em diálogo com os desafios contemporâneos. Nesse sentido, ele é chamado, em um mundo marcado por desigualdades, crises, guerras, polarizações, e sobretudo, pela crise de fé e da própria existência, a trabalhar incansavelmente em prol da evangelização, da justiça social e da dignidade humana. Ele deverá abordar temas atuais, como a crise ambiental, a paz entre os povos e o acolhimento dos migrantes, sempre à luz do Evangelho.

Além disso, o Papa Leão é chamado a dialogar com todos, independentemente de crenças e culturas, construindo pontes e promovendo a unidade em um mundo frequentemente dividido. Que ele possa ser um líder que não apenas proclama, mas também escuta, compreende e acolhe.

A pregação da unidade será um dos grandes desafios do novo Papa. Em um tempo em que as divisões parecem crescer, ele deve ser um farol de esperança – ainda mais nesse ano jubilar no qual somos chamados a refletir a esperança que não decepciona (Rm 5,5) e comemorar o 1700° aniversário do primeiro concílio ecumênico da história, realizado em Niceia, testemunho eclesial de unidade – convidando todos os católicos a se unirem em torno da missão de anunciar o Evangelho da salvação de Jesus Cristo.

Outro desafio do Papa Leão XIV é dar continuidade ao processo sinodal iniciado pelo Papa Francisco, promovendo o diálogo e a participação ativa de todos os membros da Igreja. Essa abordagem sinodal visa fortalecer a comunhão e a colaboração dentro da Igreja, buscando uma maior inclusão e escuta dos fiéis.

Neste novo capítulo da história da Igreja, a eleição do Papa Leão XIV é um convite a renovação da fé e à vivência do amor cristão. Que ele, guiado pelo Espírito Santo, possa conduzir a Igreja sempre com um coração aberto e disposto a servir. Que sua liderança traga esperança, não só para os católicos, mas para toda pessoa humana de boa vontade, reafirmando o compromisso da Igreja com a verdade do Evangelho e a promoção da vida em abundância para todos.

 

Padre Leonardo Henrique

Comissão de Liturgia

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