Diocese de Guarulhos

SÃO PAULO - BRASIL

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Josué: Pela Fé, em defesa da terra e das Famílias (CLÃS)

O livro de Josué toma o nome do protagonista dos fatos nele contidos. Moisés, libertando o povo da escravidão dos egípcios, organizou-o na península do Sinai e o conduziu até às margens do Jordão. Para continuar a mesma missão de Moisés, sucede-lhe Josué. Tinha na sua frente duas tarefas: ocupar a terra de Canaã ou Terra Prometida, expulsando os antigos habitantes, e dividir, o país entre as várias tribos de Israel. O livro de Josué é a narração, ora pormenorizada e viva, ora esquematizada, desta grande empresa. Daí a divisão lógica do livro em duas partes: ocupação da Terra Prometida e sua partilha; segue-se um apêndice sobre os últimos fatos de Josué.

Os fatos aqui resumidos abrangem um período de cerca de 30 anos, como se pode inferir de dois indícios oferecidos pelo próprio livro. Josué, sendo quase da mesma idade de Caleb (Nm 13, 6 – 8 ;14, 6 – 38 ), tinha, no tempo do Êxodo, aproximadamente 40 anos (Js 14, 7); morreu com 110 anos. Tendo em conta os 40 anos passados no deserto, resulta que empreendeu a ocupação da Palestina aos 80 anos, sobrevivendo mais trinta.

Cronologicamente, esses 30 anos coincidiram com a época de ‘el-Amarna se, conforme alguns, colocarmos o Êxodo no reinado de Amenófis II; se, conforme outros, o colocarmos no de Mernepta, então coincidiram com o fim do reinado de Ramsés III (1198-1167 a.C.) e de seus fracos sucessores. Duas indicações do próprio livro de Josué estariam a favor dessa data: não existe indício algum duma dominação dos egípcios na Palestina; pelo contrário, encontramos firmemente estabelecidos e fortalecidos os filisteus (13, 2 – 3), dois fatos explicados pela decadência do Egito sob a XX dinastia dos Ramésidas.

O relato do glorioso passado visa a uma dupla finalidade: evidenciar a fidelidade divina no cumprimento das suas promessas (vide 21, 43) e agir sobre o povo como um estímulo a repelir o desânimo no tempo da provação e a continuar fielmente no serviço do Senhor.

O livro de Josué foi considerado pelas escolas críticas do século XIX, intimamente ligado ao Pentateuco. Os mesmos documentos do Pentateuco teriam servido para a sua compilação, que seria obra de vários autores sucessivos, e cuja última redação teria visto a luz por volta dos séculos V ou IV a.C. Porém, a maioria dos racionalistas considera o livro de Josué como um livro independente; reconhece-se que a sua composição é diferente da composição do Pentateuco, formando um conjunto distinto e bastante harmônico. É uma espécie de retorno ao qual ambas as tradições judaica e cristã sempre defenderam.

Apesar dessas concessões, entretanto, não se deixa de impugnar, embora sem sólido fundamento, a unidade do livro e a sua origem antiga. É verdade que se encontram alguns trechos de estilo diferente, certas expressões e algumas repetições discordantes do corpo do livro, mas para explicar isso seria suficiente supor um único autor que tenha aproveitado documentos parciais.

Da unidade do livro não se pode facilmente chegar à determinação concreta e segura nem da data de origem, nem do autor. Alguns indícios levariam a concluir que o livro é anterior ao tempo de Isaías (cf. 8, 28 com Is 10, 28), de Salomão (16, 10 com 1 Rs 9, 16), de Davi (15, 63 com 2 Sm 5, 6 – 9 ). Não faltam, entretanto, dificuldades em contrário, que podem, porém, ser adequadamente solucionadas. Uma das principais é a repetição da fórmula: “até o dia de hoje” (4, 9; 5, 9; 6, 25; 7, 26; 8, 29; 9, 27; 10, 27; 13, 13; 14, 14; 15, 63; 16, 10; 22, 3 – 17), que faz supor se tenha passado um longo período de tempo entre os fatos e a composição do livro. Mas, os trinta anos decorridos entre estes fatos e a morte de Josué são espaço de tempo suficiente para legitimar tais expressões.

A origem antiga do livro de Josué e o fim que o autor sagrado se propôs contribuem para fortalecer a autoridade do livro. Os seus relatos são confirmados, em muitos pontos, pelos documentos oficiais encontrados em el-Amarna, a oriente do Egito, bem como pelas escavações feitas na Palestina desde 1902 especialmente em Jericó, Betel, Gezer e Laquis, que nos revelaram vestígios da invasão dos israelitas, ou pouco antes.

         A obra narra o confronto de Josué e Caleb, seu companheiro, contra os reis cananeus (veja Js 1 – 12 e 22 – 24)

         – os reis cananeus estavam organizados em cidades-estado nas planícies de Canaã (Tanac, Hasor, Suném, Jerusalém (Jebus), Siquém, Meguido, Dor, etc), detinham o monopólio de toda produção agrícola, eram vassalos do faraó do Egito, embora fossem de diferentes grupos (heteus, amorreus, ferezeus, heveus, jebuseus (Ex 3, 8), amalecitas e cananeus (Nm 13, 29)) e mantinham leis que os pirivilegiavam e um exército permanente; estabeleciam a exploração através da religião politeísta (com seus deuses Baal, Astarte, Asera, Dágon, Moloc, etc).

– o grupo de de Josué e Caleb vivia um sistema de tribalismo igualitário, organizado por clãs e tribos nas montanhas, com poder descentralizado (poder exercido pelos “anciãos do povo”), não havia rei, a liderança era baseada no carisma de Josué e Caleb, havia autonomia na produção, sem impostos ou tributos, a propriedade era coletiva, as leis comunitárias; este grupo conseguiu  uma ocupação rápida e militar das terras em Canaã, cultuando o Deus Libertador do Êxodo (Iahweh); a fé no Deus Uno os uniu num ideal de um só e mesmo povo, Israel.

O povo das aldeias: viviam em torno das cidades-estado cananeias cultivando a terra, que não era sua; vivia desprotegido e exposto a saqueadores e, ao mesmo tempo, espoliados por reis cananeus, através de tributos; em troca de proteção, deveriam sustentar a corte dos reis e o exército; vivam como escravos, numa situação miserável; nessa época, houve crescimento do empobrecimento nas aldeias e desse meio surgiram os assim chamados hapirus.

 

Pe. Éder Aparecido Monteiro – Vigário Paroquial – Paróquia Sta. Cruz Pres. Dutra

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Nesta edição da Folha Diocesana somos chamados a refletir sobre o tema escolhido pela Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da Conferência