“Repensando a Masculinidade a partir da Paternidade”
Já foi o tempo em que ser pai resumia-se a trabalhar para sustentar a família e o seu papel dentro de casa não passava do comediante divertido que de vez em quando brincava com as crianças, enquanto a criação e educação ficava a cargo da mãe. Com as mudanças ocorridas nos últimos tempos na configuração familiar, as figuras paterna e materna estão se renovando e hoje espera-se do pai, um papel mais ativo no cuidado com os filhos. A noção de Paternidade Ativa surgiu a partir de um documento produzido pela Unicef em que se aborda justamente a importância da figura paterna no processo de educação.
A formação da personalidade e do caráter do que vai ser o adulto no futuro, depende em grande parte do modelo com o qual a criança cresceu e aprendeu, num processo complexo que envolve a interação entre pais e filhos em diversas situações, numa constante troca, que se dá tanto no aspecto consciente quanto no inconsciente. A pergunta interessante então é: de onde vem o caráter agressivo e muitas vezes violento que se observa em alguns homens quando eles se relacionam com as mulheres? Relacionado a mesma pergunta: quantos casos de estupro e de violência contra a mulher estão presentes nos noticiários nos últimos tempos?
Uma reflexão sobre as questões acima nos faz entender o quanto é importante o homem ocupar o seu devido lugar na formação das crianças e se fazer mais presente, sem os estereótipos machistas que ensinam que homem não chora, não sente dor, é corajoso etc. Por outro lado, que a mulher é frágil, delicada, carente e insegura. A figura ativa do pai nos cuidados com a criança, pode contribuir para alterar esses padrões, trazendo para a formação de sua personalidade, o masculino positivo relacionado com atitudes de acolhimento, respeito, emotividade, compaixão etc. Historicamente essas qualidades estão associadas a figura feminina doada pela mãe enquanto que o oposto disso vem do masculino representado pelo pai.
Felizmente essa cultura está mudando aos poucos e hoje vemos homens preocupados em ter mais tempo de qualidade junto aos filhos. Uma pesquisa realizada pela USP em 2017 relatou diversos benefícios da Paternidade Ativa, tanto para os pais como para os filhos. Num tempo de guerra, de conflitos e de polarização que resulta em violência, precisamos semear a paz e reconstruir a família humana a partir de nós mesmos. Como disse o Papa Francisco: “É necessário esculpir a própria vocação em prol da humanidade e do bem comum. ” Seja um pai ativo na educação de seu filho.
Doe-se!
Romildo R. Almeida – Psicólogo Clínico