Queridos irmãos e irmãs, como diz o apóstolo Paulo, “Aquele que vos chamou é fiel” (1Tm 5,24), e aqui estamos, em mais uma Páscoa, onde o Cristo venceu a morte para que possamos viver por Ele e para Ele e, assim, podermos viver a vocação do coração de Deus.
A Páscoa que hoje vivemos é a nossa vocação, no sentido do novo Êxodo, onde vamos ao encontro da Terra Prometida, que é a graça, saindo da vida velha. Neste sentido, é preciso compreender que somos seguidores do Crucificado, Aquele que tomou a sua cruz, e foi até o fim, com a certeza que da ressurreição ao terceiro dia.
A nossa vocação, seja ela qual for – familiar, religiosa, consagrada ou sacerdotal – exige que que tomemos o exemplo de Cristo, na exigência que carreguemos nossas cruzes. A resposta que damos ao chamado de Deus está neste caminho no qual fazemos todos os dias em busca da santidade do nosso sim a Ele. Por mais radical que seja a nossa opção vocacional e por mais profunda que seja a entrega incondicional do vocacionado à causa do Reino, ainda assim, ninguém está isento da cruz. Sabemos que nossas fragilidades muitas vezes falam mais alto e que acabamos caindo, porém é na certeza desse chamado que levantamos e seguimos em frente.
Na verdade, todas as nossas dores e sofrimentos faz com que nos aproximemos cada vez mais no Cristo e nos permite nos aprofundarmos na intimidade com Ele. E uma vez que não temos essa intimidade, não teremos força em nossa vocação, deixando de lado a radicalidade evangélica e não conseguindo doar por inteiro ao serviço do Reino e nem ao próximo.
Cada vocação, é uma experiência pascal. Nela vivemos dores e sofrimentos, mas sabemos que que temos a graça da vitória do Cristo Redentor. Páscoa é a vida nova para todos, independente da vocação que abraçamos. Nesta Páscoa, que hoje podemos retornar a celebrar em nossas comunidades, que é a mística de Cruz e Ressurreição, possamos dar o nosso verdadeiro testemunho ao mundo, precisamos ser “luz do mundo e sal da terra” (Mt 5,13-14).
Nossa vocação como cristãos nos tempos atuais – onde ainda vivemos um período pandêmico da história – é um compromisso de ser, de testemunhar e de anunciar a Boa Notícia do Cristo, para que assim seja feita total realização do Reino em nossas vidas. Precisamos ajudar a reascender as vocações que foram se apagando com o tempo; precisamos mostrar que o Filho de Deus está vivo e nos chama; precisamos ser esse sinal vivo para as pessoas retornem com mais fervor para as suas comunidades.
Não sabemos quanto tempo nós temos aqui nesta terra, mas sabemos que temos o agora, que temos esta Páscoa. Que neste período possamos realmente aprofundar o nosso chamado – seja em um momento de escuta; num momento de partilha ou até mesmo no momento de serviço. Que esta Páscoa nos renove e nos dê um novo ânimo na vivência da vocação a qual fomos chamados desde o ventre materno (Jr 1,5).
Igor Henrique – 2° ano de Filosofia