Diocese de Guarulhos

SÃO PAULO - BRASIL

“O Senhor fez em mim maravilhas.” (Lc 1,49)

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A quem ousamos chamar de Pai?

Em nossa última reflexão, onde falávamos sobre o Pai Nosso, tema central da oração neste ano em que nos preparamos para o Ano Santo de 2025, refletíamos sobre a nossa grandeza de filhos de Deus e como que, em Cristo, podemos chamar a Deus de Pai. Entretanto, unido a esta grandeza está a dificuldade de ouvirmos o “outro pai”, o pai da mentira. Em Jo 8,43-45, Jesus falando aos que haviam acreditado nele (cf. Jo 8,31), diz: “Por que não entendeis a minha fala? É porque não sois capazes de escutar minha palavra. Vós tendes por pai o diabo e quereis fazer o que vosso pai deseja. Ele era homicida desde o princípio e não permaneceu na verdade. Quando ele fala mentira, fala do que é próprio dele, pois ele é mentiroso e pai da mentira. Em mim, ao contrário, não credes, porque falo a verdade.”

Impressionante! Jesus não fala aos que diziam não acreditar nele, mas àqueles que diziam ter crido nele. Então, esta Palavra toca a nós sempre muito de perto, pois professamos acreditar em Jesus. E, tantas vezes, como testemunham os nossos pecados, realizamos as obras do pai da mentira. Isso nos impede, tantas vezes, de chamar a Deus de Pai.

Na última reflexão tivemos a ajuda de São Cipriano de Cartago na sua bela exposição sobre a Oração do Senhor. Desta vez quero buscar a ajuda de um dos grandes Santos Padres Capadócios do século IV, São Gregório de Nissa, através da sua homilia sobre o Pai Nosso: Que coração devemos ter para esta palavra “Pai”! É evidente que nenhum homem sensato se permitirá usar o vocábulo “pai” se reconhece que não se assemelha em nada a Ele…Se alguém que aspira à purificação entra em si mesmo e descobre a própria consciência repleta de vícios e imundície e, apesar de se reconhecer pecador, diz que tem tal parentesco com Deus, que pode chamar de “Pai”  Áquele que é a pureza, sem se purificar previamente de suas próprias prevaricações, tal homem será um presunçoso e um blasfemo, porque chama a Deus de pai de sua própria iniquidade, Porque ao nome de pai está atribuindo a responsabilidade da sua perversão…Se te apegas ao dinheiro, se te deixas arrastar pela sedução do mundo, se buscas a estima dos homens, se te deixas levar pela concupiscência da carne e depois rezas a oração do Pai Nosso, o que pensará Aquele que escruta teu coração enquanto escuta tuas palavras?…É perigoso, pois, antes de se ter corrigido a própria vida, recitar esta oração e ter a OUSADIA de chamar a Deus: Pai.”  (S. Gregório de Nissa, II Homilia sobre a Oração do Senhor)

Esta “periculosidade” no rezar o Pai Nosso é patente em nossas vidas. Somos pecadores. No entanto, em Jesus Cristo estão sempre abertas as portas da conversão e da vida nova. Jesus Cristo é o Filho de Deus. Somente NELE, aderindo ao seu Evangelho é que podemos dizer Pai Nosso. Somos filhos no Filho. A fórmula litúrgica do convite à oração do Pai Nosso fala sempre em ousadia, pois no amor de Cristo temos sempre acesso ao Pai: “Obedientes à palavra do Salvador e formados por seu divino ensinamento OUSAMOS dizer.” “Guiados pelo Espírito de Jesus e iluminados pela sabedoria do Evangelho OUSAMOS dizer.

Sejamos ousados para renunciar ao pai da mentira. Sejamos ousados, mesmo com a indignidade a que nos submetem os nossos pecados, a estarmos diante do Pai por Cristo e em Cristo. Em verdadeiro espírito de conversão sejamos sempre ousados em dizer PAI NOSSO.

 

Dom Edmilson Amador Caetano, O. Cist.

Bispo diocesano

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