SÃO PAULO - BRASIL

“O Senhor fez em mim maravilhas.” (Lc 1,49)

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"A Esperança não decepciona" (Rm 5,5)

Ano Santo Jubilar e as Indulgências

Ao falar aqui de maneira simples sobre as Indulgências, espero não estar “pecando” através da linguagem.

Quando pecamos, ferimos a nossa existência. Quanto mais pecamos, a nossa existência vai se amoldando às consequências do pecado em nós. Com o passar do tempo, nódoas profundas, como uma sujeira impregnante, vão se acumulando como a sujeira numa piscina: por cima tudo pode estar limpo, mas no fundo está a sujeira.

O Sacramento da Penitência, sim, perdoa os nossos pecados. O Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo nos remiu de todo pecado. No entanto, as chamadas penas temporais (consequências) continuam aí. Faz-se necessário uma profunda conversão em toda a nossa existência para que as manchas sejam retiradas. Precisamos de purificação. Caso não tenhamos em nossa existência terrena esta purificação, o amor de Deus, por quem fizemos opção fundamental, irá nos purificar após a nossa peregrinação terrena. É o que a Igreja ensina sobre o Purgatório. Quem “está” no Purgatório não está condenado, está salvo, mas necessita desta atenção amorosa de Deus.

As Indulgências que a Igreja ordinariamente nos oferece, em certas ocasiões, nos ajudam na libertação destas penas temporais do pecado em nós. As Indulgências especiais concedidas no Ano Santo Jubilar, como este que estamos celebrando, são uma grande oportunidade de purificação para todos nós. Com as Indulgências “a Igreja, esposa de Cristo, alcança o pecador perdoado e liberta-o de qualquer resíduo das consequências do pecado.”  (Papa Francisco, Misericordiae Vultus 22). Podemos assim experimentar a ilimitada misericórdia de Deus. Atenção: não só para conosco, mas em algumas circunstâncias, para as almas do Purgatório, em virtude da fé que professamos “creio na comunhão dos santos”. A Igreja peregrina está em comunhão, não somente com a “Igreja celeste”, mas também, como se dizia, com a “Igreja padecente”.

A Penitenciaria Apostólica ao falar sobre a concessão das Indulgências para este Jubileu declara: “Durante o Jubileu Ordinário de 2025, permanecem em vigor todas as outras concessões de Indulgência. Todos os fiéis verdadeiramente arrependidos, excluindo qualquer apego ao pecado, que forem movidos por um espírito de caridade e que, no decurso do Ano Santo, purificados pelo Sacramento da Penitência e revigorados pela Sagrada Comunhão, rezarem segundo as intenções do Sumo Pontífice, estes poderão obter, do tesouro da Igreja, pleníssima Indulgência, remissão e perdão dos seus pecados, que se pode aplicar às almas do Purgatório sob forma de sufrágio.

Estejamos atentos: não se trata de fazer simplesmente as coisas exteriores prescritas: peregrinações e visitas pessoais aos lugares sagrados do Jubileu, realizar as obras de misericórdia e penitência, participar de missões populares, encontros de formação sobre o Concílio Vaticano II, visita aos doentes e idosos, redescobrir o valor penitencial das sextas-feiras etc. etc. Primeiramente é preciso sentir em nós a dor do pecado. Depois ter um verdadeiro arrependimento. Em seguida, buscar o Sacramento da Penitência (sem o qual não se pode lucrar as Indulgências). Realizar os modos de lucrar as Indulgências com todo sentimento de desapego ao pecado.

Assim sendo, o sermos Peregrinos de Esperança, vai transformando o nosso ser à medida em que espelhamos em nós a vida nova que nos vem do Cristo.

 

Dom Edmilson Amador Caetano, O.Cist.

Bispo diocesano

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